Deus lo Vult! – Retrospectiva 2011

Foram 316 posts publicados no Deus lo Vult! este ano. Abaixo, uma pequena lista de alguns que eu considero mais importantes; de textos que eu gostei particularmente de ter escrito e que, ainda hoje, julgo valerem uma leitura. Quem ainda não leu algum deles, tem agora a chance de o fazer. Quem já leu, vale a pena ler de novo.

Janeiro: embora curtas, são atemporais estas regras para o engajamento dos católicos na internet. E estas considerações sobre a diferença entre fazer uma coisa errada e defender que uma coisa errada é na verdade certa são um tema sempre recorrente.

Fevereiro: vale relembrar a imagem (de gesso!) de Nossa Senhora das Graças que resistiu às enchentes do início do ano. E reler alguns depoimentos sobre as guerras pernambucanas entre os católicos brasileiros e os holandeses calvinistas.

Março: a refutação de um texto ateu que “respeita” e “considera” as religiões. E também este primeiro artigo de uma série sobre o carnaval, a alegria e a posição cristã durante os dias do reinado de Momo.

Abril: gosto muito deste texto sobre a “Causa das causas” e o Bule Voador, mostrando como é ridícula a comparação dos neo-ateus. Foi em abril também a polêmica com o pe. Alex Cordeiro e os seus ataques descabidos ao pe. Paulo Ricardo. E vale também a pena ler este texto sobre intolerância e homofobia.

Maio: não deixe de ler estas dez dicas para a organização de celebrações litúrgicas. E foi também em maio o disparate do STF sobre a “união homoafetiva”.

Junho: Chesterton vs. Blatchford é imperdível. Junho também viu a blasfêmia com os santos católicos realizada na Parada Gay de São Paulo. E também em junho eu me utilizei de um verso de Gregório de Matos para protestar contra o pe. Fábio de Melo e sua política de “boa vizinhança” (para dizer o mínimo!) para com o Movimento Gay.

Julho: em julho nós descobrimos que os brasileiros não são nem homofóbicos e nem pró-gays. Também no sétimo mês do ano morreu a Amy Winehouse, e eu comentei um pouco sobre ela aqui. E eu fiz uma detalhada explicação sobre o mito de que Orígenes defendia a reencarnação espírita, inclusive citando textos do próprio Orígenes que desmentem esta tese.

Agosto: foi o mês da Jornada Mundial da Juventude em Madrid! Em particular, vale a pena lembrar de como os servos do Rei da Glória calaram os escravos do Príncipe das Trevas, bem como daquele inefável minuto onde o Vigário de Cristo olhou para nós. Sobre o aborto, merece menção a frieza deste depoimento de uma mulher que, após matar o seu filho, diz que é necessário apertar a descarga e torcer para não entupir.

Setembro: vejam o heroísmo católico em Iwo Jima. Em setembro refutei também estas provas da inexistência de Deus que algum estulto despejou na internet. E é também de setembro este conto sobre o Reino dos Papa-Bostas, forte candidato a post do ano do Deus lo Vult! e um dos que eu mais gostei de ter escrito.

Outubro: em outubro o Papa foi a Assis e disse que o “não” a Deus gerou violência sem medida. Em resposta às bravatas do Sakamoto, lembramos que foi a Igreja quem inventou a saúde pública sim. E em outubro também faleceu o Steve Jobs – fruto de uma gravidez indesejada.

Novembro: um homossexual simulando felação em uma parada gay no Acre provocou a indignação dos brasileiros e – pasmem! – a ABGLT respondeu acusando os ofendidos de serem falsos moralistas e hipócritas! Foi também em novembro que o movimento #CançãoNovaSemPT venceu e o petista Edinho Silva foi defenestrado da emissora católica (onde, no mesmo mês, tinha ganho um programa). E foi também em novembro que escrevi estas impressões sobre o Congresso Pró-Vida da Human Life International.

Dezembro: vimos um corajoso padre cancelar um batizado após descobrir que o padrinho era “casado” civilmente com outro homem. Numa absurda tentativa de reescrever a realidade, o Gabriel Chalita insiste em dizer que a Dilma é contra o aborto mesmo quando tem vídeos dela dizendo, com todas as letras, ser a favor da descriminalização. Foram também apresentados aqui os dogmas sem sentido do espiritismo. E, para fechar o ano com chave de ouro, o Deus lo Vult! venceu o Top Blog 2011 e levou o primeiro lugar na categoria Religião (Pessoal) pelo Júri Acadêmico.

A temperança e a situação de pecado

Durante o almoço natalino em família, após estarmos satisfeitos, sentamo-nos para descansar. Alguém ligou a televisão. Estava passando uma cena de uma novela da Globo – “Alma Gêmea”. Não sei o nome dos atores ou dos personagens, nem o contexto. Mas a cena era a seguinte:

Um casal recém-casado discutia. O marido dizia à mulher que ela o tinha enganado e que, por isso, ela não esperasse dele um bom marido. Lançando ao rosto da esposa as mentiras que ela havia contado para que conseguisse se casar com ele, o esposo dizia que não iria nem mesmo tocá-la, jamais, e se retirou para um quarto à parte, deixando-a sozinha.

A mulher não se conforma. Diz para si mesma que é linda, e que vai conseguir ter para si o homem amado. Sobe ao quarto do esposo, deixa cair o vestido, e pergunta ao marido se ele não é homem. Um instante terrível de hesitação. E então o marido, diante do corpo nu dela, afirma que é homem, sim, e que tem vontade de lançá-la à cama, mas que consegue se controlar. Passa por ela, impassível, entrega-lhe o vestido, diz para que se vista, e que saia.

Meu lado Poliana rejubila-se. Em uma novela da Globo, a força de vontade vence a tentação carnal. A temperança vence a luxúria. Um “não” resoluto e irrevogável vence o pecado. É possível resistir, é possível ter princípios mais nobres do que os impulsos sexuais: há uma alternativa ao comportamento meramente instintivo. Há humanidade.

Mas meu lado “não-Poliana” não fica satisfeito. Lembro-me de uma coisa que já li em algum lugar, sobre os cátaros: lembro-me que os líderes da seita, por serem “superiores”, vangloriavam-se de serem capazes de resistir às tentações e, para prová-lo, dormiam com belas moças sem as tocarem. O resultado era que outros cátaros, tentando imitar os seus líderes, faziam a mesma experiência e cediam à tentação durante a noite. Não eram “superiores” e o descobriam da pior maneira possível.

A castidade é virtude que se guarda protegendo-a, e não a pondo à prova. As situações de pecado, como sempre ensinou a Igreja, são para serem evitadas, e não enfrentadas. É admirável, sem dúvidas, o heroísmo dos que conseguem se manter impassíveis diante de uma tentação avassaladora. Mas este heroísmo é uma exceção, e não a regra. Que ninguém o pretenda possuir! Para que não aconteça de só descobrir que não consegue após não conseguir…

A perversão da infância

A Globo está retransmitindo, em Vale a Pena Ver de Novo, a novela “Mulheres Apaixonadas”. Descobri por acaso: passando por um ambiente onde havia uma televisão ligada, fui atraído pela música – da qual gosto – de Tom Jobim, “pela luz dos olhos teus”. O atrativo musical, no entanto, provocou-me estupor quando eu vi o que estava sendo exibido na televisão: uma jovem no seu quarto, em roupas íntimas, escolhendo um vestido. Olhei para o relógio: era perto das três horas da tarde.

Três horas da tarde, e uma senhorita de calcinha e soutien na televisão! A novela, quando foi exibida pela primeira vez (em 2003, segundo a wikipedia), só ia ao ar às nove horas da noite. Particularmente, considero que este tipo de censura de horário apresenta uma deficiência intrínseca, porque o que é imoral e contra os bons constumes não é para ser exibido em horário algum. No entanto, na atual conjuntura, é um mal menor que esse tipo de lixo fique restrito às horas mais avançadas da noite. Oras, pelo visto, nem esse cuidado nós temos mais, porque aquilo que era considerado inapropriado para a exibição “mais cedo” em 2003 é, hoje, exibido no meio da tarde, quando as crianças estão assistindo televisão!

Digam o que disserem, mas para mim é extremamente óbvio que a exposição de crianças a este tipo de estímulos inadequados à idade delas provoca efeitos extremamente deletérios. Um exemplo extremamente claro disso pode ser encontrado neste excremento que pretende ser uma publicação sobre educação (Cuidado! Conteúdo inadequado!), onde é citado um caso ocorrido em uma sala de aula. A menina – de oito anos – pergunta à professora: Professora, por que a minha [censurado] pisca quando vejo um homem e uma mulher se beijando na televisão?

Estes depravados que pervertem a inocência infantil deveriam ser presos, ao invés de ganharem destaque no cenário educacional com teorias estúpidas sobre “educação” para a sexualidade. O problema, no entanto, não se resume à pornografia nas escolas, porque a exposição da criança à depravação televisiva já desperta nela um interesse extemporâneo pela sua sexualidade, como nos mostra a citada reportagem da revista “Nova Escola”. Há outras coisas que apontam para a mesma dedução. Por exemplo, o fato de que a primeira menstruação das meninas vem cada vez mais cedo (embora esta reportagem negue o efeito do meio depravado ao qual são submetidas as crianças), o que é atestado inclusive pelo site do Governo Federal. Evidentemente, as meninas também fazem sexo cada vez mais cedo. E, sem dúvidas, a exibição de imoralidades como “Mulheres Apaixonadas” às três horas da tarde – esta novela, inclusive, é aquela que tem um casal de lésbicas – contribui para isso. Que os pais vigiem; a televisão não é mais inócua nem mesmo no meio da tarde.

Pobres de nós! Uma sociedade que defende a aberração anti-natural do homossexualismo (defendendo portanto também a descaracterização do ato sexual, que perde completa e intrinsecamente a sua finalidade procriativa), que promove o controle de natalidade, que legitima o aborto (assassinato de crianças indefesas) e que expõe seus futuros cidadãos à perversão desde a mais tenra infância, evidentemente não pode esperar para si senão um futuro sombrio. Um futuro que ninguém em sã consciência quer para os seus filhos. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.