O problema inexistente

Auguro que a este gesto meu [a retirada das excomunhões] siga o solícito empenho por sua [da FSSPX] parte de levar a cabo ulteriores passos necessários para chegar à plena comunhão com a Igreja, dando testemunho assim de fidelidade verdadeira e verdadeiro reconhecimento do magistério e da autoridade do Papa e do Concílio Vaticano II.
[Bento XVI, audiência geral de quarta-feira última (28/01)]

Estas foram as palavras ditas pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI, na audiência geral da quarta-feira passada, que ensejaram as notícias que circularam no meio católico segundo as quais o Papa havia pedido aos lefebvristas que reconhecessem o Concílio Vaticano II. No dia seguinte, quinta-feira 29 de janeiro, o Rorate Caeli publicou uma notícia (aqui reproduzida) que dizia ter Dom Fellay reconhecido teologicamente o Vaticano II (segundo informações do cardeal Castrillón Hoyos). Estranhamente, não vi nenhuma repercussão mais séria sobre estas declarações que me parecem, todavia, de importância capital.

Antes de mais nada, é preciso assumir que não se tem (pelo menos eu não tenho) muito claro o que vem a ser “reconhecer teologicamente” o Vaticano II, mantendo no entanto reservas sobre alguns pontos do Concílio. Isso pode significar qualquer coisa. No entanto, tenho esperanças de que signifique algo próximo da maneira como eu próprio vejo o Concílio, que não é de modo algum “invenção minha” mas, ao contrário, é a posição mais sensata que eu observo nos meios católicos que freqüento.

Trata-se de uma coisa simples: em suma, pode ser definido como reconhecer no Concílio aquilo que ele se propõe a ser, nem mais e nem menos. Baseia-se em alguns princípios, entre os quais dois são, a meu ver, fundamentais: (a) a radical incapacidade de que a Doutrina da Igreja tenha sido “adulterada” e (b) a legitimidade da decisão da Igreja de apresentar a Doutrina Católica da maneira como ela foi apresentada. Passemos rapidamente em revista estes (no meu entender) dois princípios chaves.

Quanto ao primeiro, trata-se da atitude de se reconhecer intelectualmente, a priori, antes mesmo de se debruçar sobre os textos conciliares, que a Doutrina da Igreja não foi modificada pelo simples fato de que ela não o pode ser. Assim, o esforço intelectual passa a ser não  o de “caçar heresias” nos textos do Vaticano II (expediente muitas vezes utilizado por alguns que se pretendem defensores da Igreja), mas sim o de buscar interpretar o que foi dito na única maneira em que é lícito interpretá-lo, i.e., em plena conformidade com tudo o que foi dito anteriormente pela Esposa de Nosso Senhor. Não se trata de um debate para se saber “se o Vaticano II foi heterodoxo”; esta resposta prescinde de qualquer debate porque, por definição, um Concílio Ecumênico legítimo não pode trair a Fé da Igreja. Não adianta perder tempo com isso; deve-se ter como um axioma, como um a priori, como um princípio basilar a ser estabelecido antes de todo o resto, que o Concílio não pode ter alterado a Fé Católica Imutável. Pôr isso em dúvida é perder tempo e correr o risco de se chegar a conclusões disparatadas.

Portanto, é verdade por definição que o Vaticano II não alterou a Fé da Igreja. No meio do turbilhão de idéias heterodoxas que encontramos nos meios católicos dos nossos dias, é preciso afirmar ousadamente a Fé Católica, não admitindo que os inimigos da Igreja utilizem-se indevidamente de textos conciliares para justificar as suas loucuras. É preciso dizer que “a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica” não contradiz de nenhuma maneira a verdade anteriormente afirmada de que a Igreja de Cristo é a Igreja Católica e somente Ela; é preciso dizer que as pessoas se salvam única e exclusivamente por meio da Igreja Católica, ou pertencendo-lhe às estruturas visíveis ou à Sua “alma” nos casos de Ignorância Invencível, e que dizer que o Espírito de Cristo não se recusa servir-se das seitas e dos cismas como meios de salvação não significa de nenhuma maneira afirmar um inexistente “poder salvífico” paralelo àquele que detém a Igreja de Nosso Senhor; é preciso dizer que os “elementa ecclesiae” que possuem as seitas e cismas não lhes são próprios, sendo portanto equiparáveis aos “vestigia ecclesiae” com a diferença terminológica de que “vestígio” indica uma reminiscência de algo que já se foi um dia, não havendo propriamente “vestígio” de catolicismo em um protestante que nunca foi católico; é preciso dizer que o homem possui uma Natureza Decaída devido ao Pecado Original, e que nenhuma “semente divina” no sentido de natureza sobrenatural intrínseca é-lhe imanente; é preciso dizer que a liberdade religiosa equipara-se, para os falsos cultos, à tolerância religiosa, com a diferença terminológica de que o Estado em Si considerado não tem potestade para arbitrar entre o bom e o mau (embora tenha capacidade para reconhecer a Igreja como verdadeira) e, portanto, não “tolera” propriamente os falsos cultos (quem os tolera é a Igreja); é preciso dizer que os bispos não têm um poder colegial próprio que seja independente do Primado do Romano Pontífice; é preciso, enfim, reafirmar com ousadia tudo que é de Fé Católica e Apostólica, a despeito do que alguns “defensores do Concílio” digam. E isso pode e deve ser feito sem nenhum escrúpulo de consciência, porque não pode ser um verdadeiro defensor do Concílio quem, ao mesmo tempo, ataca a Fé de sempre da Igreja que, conforme vimos, simplesmente não pode ser modificada nem por um Concílio Ecumênico.

Quanto ao segundo princípio, trata-se da atitude de filial submissão ao Magistério da Igreja, abstendo-se a Igreja Discente de arvorar-se Igreja Docente e de criticar como intrinsecamente maus alguns textos conciliares. Trata-se, se for para dizer em duas palavras, de, primum, afirmar a possibilidade de interpretação do Vaticano II em consonância com toda a Tradição da Igreja e, secundum, afirmar a potestade da Igreja de utilizar-Se dos termos que melhor Lhe aprouver para a expressão da Verdade Revelada, por mais que eles nos pareçam inadequados ou por mais que nos pareça que termos melhores pudessem ter sido escolhidos.

Ainda que existam, de fato, termos melhores que poderiam ser aplicados e maneiras melhores de se dizerem as coisas que foram ditas, não é este o ponto. O que deve ser salvaguardada é a ortodoxia (no sentido de “existência de interpretações ortodoxas”) das coisas que foram ditas da maneira como foram ditas; isto é que é o fundamental. Aqui, trata-se de evitar a atitude de (infelizmente!) não poucos católicos segundo os quais as “ambigüidades” conciliares excluem a possibilidade de interpretação ortodoxa do Vaticano II. Deixemos por ora de lado as discussões sobre as supostas ambigüidades, sua gênese e seus remédios; não é para que neguemos a possibilidade de interpretações disparatadas do Concílio. Mas é para que não neguemos a possibilidade de interpretações ortodoxas dele.

Postas estas duas coisas de maneira muito clara, verifica-se então que a questão central das discussões com rad-trads e com modernistas simplesmente não existe, porque por definição a Fé da Igreja não pode ser modificada por um Concílio Ecumênico Legítimo. Isto nos permite montar o seguinte silogismo:

Um Concílio Ecumênico Legítimo não pode modificar a Fé da Igreja (maior);
O Concílio Vaticano II foi um Concílio Ecumênico Legítimo (menor);
Logo, o Concílio Vaticano II não pode ter modificado a Fé da Igreja (conclusão).

Outra conclusão diferente não cabe. Não faz o menor sentido discutir-se a ortodoxia do Concílio, porque tal problema é inexistente; por definição, o Concílio, se é Concílio Legítimo, é ortodoxo. Se não fosse ortodoxo, não seria Concílio Legítimo (seria algo do tipo do “latrocínio de Éfeso” ou outra coisa similar). Esta é a única maneira que eu conheço de se encarar catolicamente a crise atual. Tenho esperanças de que as declarações de mons. Fellay de que “reconhece teologicamente” o Vaticano II apontem para alguma coisa parecida com isso. Reconhecendo a radical impossibilidade de modificação da Fé da Igreja por um Concílio Ecumênico, pode-se enfim buscar a interpretação dos textos conciliares da única maneira em que é lícito interpretar-lhes: em consonância com todo o Magistério da Igreja, sem rupturas, sem “novidades”, sem heresias. Permita Deus que a FSSPX possa enveredar por este caminho, já tantas vezes apontado pelo Papa Bento XVI, única via que pode conduzir as negociações entre a Igreja e a Fraternidade a um bom termo.

92 comentários em “O problema inexistente”

  1. Estimado Jorge…

    Permita-me, tecer um pequeno, mais substancial comentário.

    Assim como você deixou bastante claro em seu texto, ser a conclusão dele um entendimento próprio e por isso mesmo muito pessoal (“…no meu entender…”),… também eu quero, já de antemão, dizer que este meu comentário se trata de uma visão bastante pessoal.

    Pois bem!

    “Um Concílio Ecumênico Legítimo não pode modificar a Fé da Igreja (maior);
    O Concílio Vaticano II foi um Concílio Ecumênico Legítimo (menor);
    Logo, o Concílio Vaticano II não pode ter modificado a Fé da Igreja (conclusão).
    Outra conclusão diferente não cabe.”

    Acredito eu que exista sim um problema, e que não é o mesmo problema observado por você neste texto. Isso fica bem claro quando observado suas palavras acima destacadas. Mas o que ocorre de fato, é um outro problema que não foi, ou ao menos suficientemente, explanado no texto: que é o problema da interpretação do CVII, ou melhor ainda, do seu texto constitutivo. Já explico!

    Do nada não se vem nada, ou do não-existente não se vem nada. Portanto, se não houvesse um problema, também não haveria de ter comentários, pois, na ausência de algo, nada há que se fazer ou comentar.

    Quaisquer comentários que sejam, simplesmente não existiriam, até mesmo o seu post não haveria causa alguma de existência.

    Mas o que vemos e ouvimos em nosso dia-a-dia, nos diz o contrário. São muitas as discussões e relias que nos deparamos, a cada dia que passa a respeito do CVII, e isso advém desde seu primórdios, a cinquenta anos.

    E o problema então, a meu ver, não é o fato de que o CVII tenha modificado a Fé ou não, mas sim o seu texto, tomado por uma interpretação não condizente e com uma hermenêutica de DEScontinuidade, pode sim causar uma modificação na Fé. Assim ocorrendo surge assim, a frivolidade, a irreverência, a de sacralidade e tantas outras coisas que já estamos cansados de presenciar em nossas paróquias.

    Isto tudo pode até mesmo trazer, em níveis mais avançados e agudos, a total apostasia da Fé. E é claro que esta modificação na Fé, fica no âmbito subjetivo de cada pessoa, ou seja, na interpretação pessoal, sua Fé antes condizente com a continuidade e já exposta e explanada pela Tradição, ficaria agora enfraquecida por esta ruptura.

    Sendo assim, acredito eu, caiba sim outra conclusão para este problema (não o explanado por você), que de fato existe em nosso meio hoje: o problema da interpretação do CVII.

    A solução para isso?! Não sei ao certo, mas em minha observação bastante míope da coisa, creio que, a curto, médio ou longo prazo, o melhor a fazer seria a reedição de todo o texto, ou ao menos o dos trechos que causam tanto rebuliço. Isso é uma observação simplista, eu sei, mas que poderia ajudar.

    Lhe parabenizo mais uma vez, pelo empenho sempre aguçado em defender a Sã Doutrina e a Santa Igreja de Cristo. Fato este muito motivador e animador para muitos, que como eu, buscam amar cada vez mais a Deus em todas as coisas. A começar por aquelas coisa que Ele próprio nos deixou: sua Una, Santa, Católica, Apostólica Igreja.
    Que Nossa Senhora de Fátima, possa nos obter, por sua poderosa intercessão, tantas quanto forem necessárias as Graças para buscarmos sempre servir a Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Abraços e até mais ‘ver.’

    André Víctor

  2. Caríssimo André Víctor,

    Sim, concordo integralmente contigo. O “problema inexistente” ao qual me refiro no texto é o problema do Vaticano II em si; existe, no entanto, e é empírico, um problema da interpretação do Concílio. É este que provoca tanto estrago nos meios católicos atuais…

    E, no entanto, não raro as pessoas “erram de alvo” e “trazem à existência” o problema que não existe… e, assim, contribuem para a manutenção do status quo, porque condicionam a superação da crise à solução dos (imaginários) problemas que não podem ser resolvidos, pelo simples fato de não existirem. Não duvido da boa fé destas pessoas, mas o fato é que, “perdendo tempo” com discussões sobre coisas que só existem na cabeça delas, deixam de se empenhar como poderiam para fazer o que realmente precisa ser feito.

    É exatamente esta a mudança que eu espero que a FSSPX realize: ao invés de discutir sobre quimeras, passe a discutir com as autoridades romanas aqueles problemas – que tu apontaste – que são os problemas reais e, assim, possa contribuir para que a Esposa de Cristo seja exaltada e Deus Altíssimo receba a Glória que Lhe é devida.

    Abraços,
    Jorge

  3. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    Que tal isto:

    Um Concílio Ecumênico Legítimo não pode modificar a Fé da Igreja (maior);
    Ora, o Vaticano II modificou a Fé da Igreja (menor);
    Logo, o Vaticano II não foi um Concílio Ecumênico legítimo (conclusão).

    Pois não se trata de começar pela violação de um a priori inexpugnável; pelo contrário, é o próprio princípio de não-contradição que nos impede de aderir aos ensinamentos do Vaticano II ao mesmo tempo que ao Magistério da Igreja. E, ao buscarmos as causas disso, chegamos à conclusão de que o Vaticano II não é Magistério Católico.

    Suas interpretações engenhosas, caro Jorge, ou não salvam realmente o Vaticano II ou, quando o salvariam, não são, porém, as adotadas por Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI; aliás, estão em franca contradição com a interpretação autêntica dada por esses cabeças da Igreja Conciliar!

    E tentar salvar o Vaticano II das próprias interpretações de quem o promulgou e chefia sua aplicação… eis algo que, isso sim, podemos descartar como, a priori, absurdo.

    Outra coisa que cumpre conhecer é a “Teologia” dessa gente, suas obras teóricas. Assim se evita, por exemplo, essa discussão totalmente inepta entre aqueles dois sites Católicos leigos sobre se Bento XVI promove a crítica ao Vaticano II, e portanto não seria mais modernista (tese do ex-tradicionalista), ou se, pelo contrário, Bento XVI não promove a crítica ao Vaticano II, pois é absurdo um Católico criticar Concílios Ecumênicos (tese dos recém-convertidos do protestantismo); ambos corretos no que afirmam e errados no que negam: basta abrir os livros de Ratzinger para constatar que ele critica e reinterpreta todos os concílios, então, por que também não o faria com o Vaticano II?

    Se na Igreja Conciliar se dialoga sobre a justificação com os protestantes pondo Trento entre parênteses, se se busca reinterpretar o primado ao arrepio do Concílio do Vaticano no diálogo com os greco-cismáticos, por que não permitir a crítica construtiva de certos aspectos do Vaticano II aos Católicos? Não se sai da lógica do ecumenismo.

    Enfim, haveria talvez que provar muito disso, com citações em apoio, aliás bem fáceis de encontrar, mas por ora terá de bastar a só afirmação.

    Oremus pro invicem.

    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  4. É um problema insolúvel.

    Uma análise histórica e imparcial do CVII mostra claramente que havia um forte desejo de mudança entre os padres conciliares. Dizer que o CVII não alterou a Igreja é negar a realidade óbvia e palpável.

    Quando muito, podemos dizer que os documentos do Concílio permitem – felizmente – uma interpretação ortodoxa.

    Porém, é evidente que a linguagem utilizada também permite outras interpretações menos ortodoxas.

    A raiz do problema está no fato de que essas outras interpretações heterodoxas não ocorrem apenas devido a eventuais falhas ou má-fé de quem interpreta o CVII.

    Ao contrário do que muitos pensam, a possibilidade de interpretar o CVII heterodoxamente foi querida e desejada por muitos padres conciliares, alguns ingênuos, outros infectados por modernismo.

    Afinal, por que haveria alguém de dizer que a Igreja de Cristo “subsiste” em vez de dizer claramente a Igreja de Cristo “é”?

    Se não era intenção dos padres conciliares mudar nada na Igreja, afinal, por que foi então convocado o Concílio Vaticano II?

    JB

  5. Jorge, parabéns pelo post.

    É evidente que não precisamos jogar o Concílio fora para entender todas estas coisas que você falou.

    Não precisamos negar o CVII para saber que a missa afro, missa do boiadeiro, colocar um pastor ou um pai de santo no altar, vestir roupas de palhaço em um padre para rezar a missa é uma blasfêmia.

    Não precisamos pisar no concílio para entender que a missa é o sacrifício de Cristo, para saber que o padre fala na pessoa de Cristo, que na RCC existe exageros, que o ecumenismo serve para a conversão das pessoas para a igreja Católica.

    É necessário ficar atento, muitos colocam todos que aceitam o CVII em um balaio só, alto lá.

  6. Tudo bem sr. Emerson, aceitem o CVII só não digam que não houve mudanças e que não há ambiguidades.
    É isso aí.

  7. Caríssimo Felipe Coelho,
    Salve Maria!

    Eu tenho sincero apreço pela honestidade intelectual de quem leva as suas premissas às últimas conseqüências. De fato, para quem diz que o Concílio Vaticano II modificou a Fé da Igreja, a tua conclusão é a única possível. E, como já disse o Apóstolo São Paulo nas Escrituras Sagradas, se alguém anunciar uma Doutrina diferente daquela pregada pelos Apóstolos, anathema sit

    Não comungo desta visão fatalista, e ela me parece sinceramente estranha ao espírito católico. Mas é louvável que tal posição tenha ao menos a coerência que muitas outras não tem – como se fosse possível, ao mesmo tempo, rejeitar o Vaticano II sem rejeitar os Papas que o fizeram e a ele aderem explicitamente.

    É no entanto por reductio ad absurdum que rejeito esta tese, pois a conclusão a que ela chega é… injuriosa ao catolicismo. Não dá para conceber uma Igreja sem Hierarquia Legítima; se tal nonsense fosse possível, seria realmente desesperador, porque cada um, entregue somente às suas próprias forças, não poderia ir além dos limites de sua mediocridade. Os santos são santos porque ultrapassam-se a si próprios santificando-se na Igreja; não havendo Igreja Visível a Quem aderir, não vejo possibilidade de referencial para além da própria subjetividade…

    Sim, oremus pro invicem, a fim de que a crise da Igreja passe depressa, e a fim de que a Virgem Santíssima, Janua Coeli, conduza-nos pela mão no meio deste Vale de Lágrimas (particularmente doloroso nos nossos dias) e, in hora mortis, alcance-nos do Seu Divino Filho a graça da perseverança final.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  8. Caríssimos,

    Não nego a possibilidade de interpretações heterodoxas dos textos conciliares (isso seria negar os fatos), nem nego a existência de pessoas – até mesmo dentro da alta hierarquia da Igreja – que estavam à época do Concílio e estão nos dias de hoje mal intencionadas, empenhando-se na obra de demolição da Esposa de Nosso Senhor. No entanto, parece-me que este não é o ponto.

    O ponto é que o Concílio não pode ser simpliciter rejeitado, sob pena de se cair inexoravelmente no silogismo que o Felipe Coelho expôs acima. Não é um sofisma, está correcto. No entanto, acredito que há um outro cenário possível, mais condizente com a Esperança católica e menos perturbador.

    Acredito ser muito mais sensato rejeitar, simplesmente, os descalabros hermenêuticos como descalabros que são. Não é necessário, para isso, afirmar que um Concílio Legítimo convocado, presidido e referendado por cinco papas ao longo de quarenta anos é na verdade um “Latrocínio Vaticano” espúrio e bastardo, nem tampouco postular que a Sé está vacante por tempo indeterminado. Demos a cada coisa a importância que ela tem.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  9. Prezado Henrique.

    Se houvesse mudanças ou ambiguidades, eu não diria de forma clara e precisa tudo o que disse.

    Como pode de um texto modificado e ambiguo sair uma certeza de acordo com a tradição?

    Quem diz isso segue o espírito do concilio, ou a hermenêutica da ruptura, já atacada por Bento XVI.

  10. Justamente por isso, é um problema insolúvel.

    Sabemos que o CVII, por definicao, foi um “bom” concílio, mas também sabemos que certos textos e certa linguagem foi propositalmente introduzida para gerar confusão nos fiéis.

    O mesmo ocorre com a missa de Paulo VI. É uma missa católica e legítima. Mas é inegável que ela foi feita tendo vista a aproximaçao com os protestantes. É inegável que a missa de Paulo VI, ainda que válida e lícita, causou danos na fé dos crentes.

    Quanto ao seu novo post, faltou acrescentar que Kung, além de teólogo, é também sacerdote católico. Ele nunca foi excomungado e deve rezar missa – a de Paulo VI, imagino – diariamente.

    Por motivos de respeito, devemos nos referir a ele como Pe. Kung.

    JB

  11. Sendo seres humanos limitados, é muito comum que nossa linguagem não reflita exatamente aquilo que realmente pensamos. Por isso, quase todos os textos produzidos por seres humanos possuem em maior ou menor grau certas imprecisões.

    Resta saber se estas imprecisões são intencionais ou se são apenas fruto de nossas falhas humanas.

    No caso do CVII, parece-me claro que houve ingenuidade por parte dos chamados conservadores (possivelmente a maioria dos padres conciliares) e má-fé por parte dos progressistas (a minoria).

    O uso de termos novos nos documentos conciliares não foi mero acaso. Não foi questões meramente pastorais que se substituiu “est” por “subsist in”.

    Houve uma estratégia por trás dessa aparentemente inocente mudança. E os bons padres conciliares caíram que nem uns patinhos no golpe que os modernistas lhes prepararam.

    JB

  12. Caríssimo J.B.,

    Justamente, o problema se resolve “tomando” o Vaticano II das mãos dos adeptos da hermenêutica da ruptura e reconduzindo-o ao lugar que lhe compete por direito, que é no esteio do Magistério da Igreja, sem pretensões de “inventar” coisas novas (que ele nunca teve e que, aliás, nem poderia ter, por definição) e sem reduções simplórias dos textos como estão escritos às interpretações heterodoxas que deles fazem.

    “Imprecisões” não são “heresias”; se há imprecisões nos textos conciliares, a única opção razoável é conceder-lhes “o beneplácito da dúvida” e não interpretá-los de nenhuma maneira que seja contrária ao que a Igreja sempre ensinou. A “gênese” das imprecisões textuais – se deliberadas, se casuais – indicam a existência de inimigos da Igreja dentro d’Ela, mas não “deslegitimam” o texto conciliar, pois o que “entra” no Magistério é o texto escrito e não a intenção de quem escreveu. Intenções escusas não fazem parte do Magistério. Por isso que repito: urge resgatar o Concílio das mãos dos inimigos da Igreja.

    Por fim, quanto ao texto de hoje, não fui eu que escrevi e sim o Erickson. O nome dele aparece lá na autoria.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  13. Jorge,

    Parabéns pelo seu texto. Indubitavelmente a atitude honesta de um católico é ter como ponto de partida suas duas premissas. Se eu entender ambiguidade de um texto como a capacidade de possibilitar mais de uma interpretação diria, então, que somente afirmações monossilábicas (ou seus equivalentes) escapam dessa classificação.

    Diferentemente de você não vejo que a inversão de papel concebida pelo Felipe em suas premissas/conclusões é correta. Por vários motivos, e o primeiro (não necessariamente o principal ou dos mais importantes) é a pressuposição de que todo Concílio (para um católico que crê na ação do Espírito Santo e nas promessas de Cristo sobre sua Igreja) só é legítimo após análise de suas conclusões (e isso sem entrar no mérito da autoridade para tal interpretação).

    Sem contar que em termos históricos a possibilidade de múltiplas (e heteredoxas) interpretações de definições magisteriais é recorrente.

  14. Lampedusa,

    Obrigado. Apenas saliento que considero o silogismo do Felipe correto quanto à construção do raciocínio – e, portanto, não é um sofisma – mas não quanto ao valor das premissas. Obviamente não acho que o Vaticano II tenha modificado a Doutrina da Igreja e, por conseguinte, não subscrevo a conclusão à qual ele chegou.

    Abraços, em Cristo,
    Jorge Ferraz

  15. Sim. Estou inteiramente de acordo.

    Mas acho que, devido à sua apropriação pelos progressistas, é impossível resgatar o CVII das suas mãos. Pelo menos ainda durante algumas décadas, o CVII vai sofrer o estigma do modernismo.

    Quer gostemos quer não, a expressão “Concílio Vaticano II” é quase que sinônimo de modernismo. Acho que é até mesmo possível estimar o grau de modernismo de um católico pela quantidade de vezes que ele se refere ao CVII.

    Qualquer católico de bom senso sabe que quando um teólogo elogia o CVII, é melhor rezar porque vem heresia grossa a caminho.

    Tenho lido seu blog – muito bom por sinal – com frequência. Sempre que você se refere ao CVII é de maneira defensiva. De modo geral, apenas os progressistas referem-se ao CVII de maneira proativa.

    Por que você não tenta, por exemplo, escrever um artigo sobre o progresso das relações entre Judeus e Católicos desde a Nostra Aetate do CVII? Ou por que você não comenta sobre a felicidade que inundou a Cristandade desde que o CVII promulgou a Dignitatis Humanae? Enfim, brinde seus leitores – entre os quais tenho o prazer de estar – com um artigo sobre os aspectos positivos que o CVII trouxe para o mundo.

    Você disse muito bem: o que entra no Magistério é o que está escrito e não a intenção de quem escreveu. Infelizmente, aqueles que já eram nascidos nos anos 60 e 70 dificilmente conseguem ignorar as motivações de quem escreveu. Daí o rancor que muitos bons católicos sentem em relação ao CVII.

    Evidentemente, é possível que daqui a uns cem anos ou mais, quando os debates atuais forem olvidados, alguém descubra um tesouro escondido na Gaudium et Spes ou na Sacrosanctum Concilium. Por enquanto, permaneço aguardando a primavera que João XXIII nos prometeu.

    Coincidentemente, você sabia que o Pe. Kung era perito em teologia, nomeado por João XXIII, durante o CVII? Imagino o tipo de assessoria que deve ter dado aos padres-conciliares…

    Conhece algum modernista que NÃO goste do CVII?

    Conhece alguém que já tenha acusado o CVII de ter sido conservador?

    Conhece alguém que nega o aspecto de renovação/inovação imprimido à Igreja pelo CVII?

    JB

  16. Muito prezado Jorge, Ave Maria Puríssima!

    Concordo plenamente que é inaceitável a um Católico a conclusão absurda de que a Santa Igreja teria perdido suas notas essenciais e permanentes de Apostolicidade (existência de Bispos Católicos com posse ordinária de Jurisdição) e Visibilidade.

    Vou ainda além de você: afirmar essa perda seria afirmar uma verdadeira heresia! A qual repudio do fundo de minha alma.

    Compreendo que você, talvez, tenha sido levado a essa suposição por causa de alguns comentários menos felizes de sedevacantistas militantes (coisa que não sou) em fóruns da internet, acerca do fundamento da Igreja contra o qual as portas do inferno não prevalecerão (fundamento este que, em Sã Teologia, não pode se reduzir apenas ao Símbolo da Fé!) ou acerca de um muito difundido excerto da história do arianismo escrita pelo Cardeal Newman (do qual este se retratou, após ser, em razão dele, acusado de heresia em Roma por, entre outros, o Cardeal Manning, ninguém menos que o líder ultramontano no Concílio do Vaticano!).

    [Felizmente para os autores desses comentários desastrados, que quero considerar meus irmãos e mesmo amigos, não aplico a eles a interpretação leiga abstrusa que eles dão ao cânon 2200, segundo a qual qualquer tese herética proferida por um Católico faria presumir que este é herege pertinaz, o que, se fosse verdade (o que não é) me forçaria a ter de considerá-los hereges por causa desses comentários públicos infelizes, e não apenas bons e zelosos Católicos apenas um pouco mal-informados, como acredito que são…].

    Contudo, caro Jorge, voltando ao assunto (e pedindo perdão pela irresistível digressão entre colchetes), não me parece de modo nenhum evidente que uma eventual vacância prolongada da Sé Apostólica implique no desaparecimento de qualquer uma dessas duas notas essenciais e permanentes, que professamos no Credo rezado na Missa, da Igreja Católica, Santa e Indefectível.

    Num certo “Eclipse”, como profetizado por Nossa Senhora em La Salette e similarmente em Fátima, pode ser, mas jamais em seu desaparecimento!

    Enfim, se você quiser especificar melhor essa sua objeção, eu agradeceria muito, mas como por ora você se limita a afirmá-la, restrinjo-me eu também, por ora, a negá-la veementemente, para esclarecer minha posição, que nada tem que ver com essa heresia!

    Noto, em segundo lugar, que me parece não ter escrevido nada, no meu primeiro comentário, de especificamente sedevacantista: muitos tradicionalistas até anti-sedevacantistas consideram, também eles, que o “magistério conciliar” não é verdadeiro e legítimo Magistério (tese do Rev. Pe. Calderón, FSSPX, que o Prof. Nougué defende, se bem os compreendo). Não concordo que não seja lícita essa posição tradicionalista não-sedevacantista, pelo contrário, penso que há Católicos doutos e piedosos que a defendem com maestria!

    Nesses assuntos, esforço-me por manter a indiferença inaciana quanto a quem está certo, nessa quaestio disputata sobre nossa situação misteriosíssima, de modo a não ceder a qualquer partidarismo, o que sempre acarreta em fautas contra a Caridade, não é mesmo?

    Passando, assim, e para terminar, à virtude teologal da esperança, onde ela me parece realmente desnaturada é nessa atenção febril às notícias e nessa oscilação de humor constante que se lê por aí, causada pelos atos de Bento XVI, como se destes dependesse a verdade ou falsidade das promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que talvez revele também uma Fé vacilante desses nossos pobres irmãos. Pois não se esqueça, meu caro Jorge, do elogio da Sagrada Escritura (cf. Rom. IV, 18) ao “Contra spem in Spe” (Esperar [em Deus] contra toda esperança [humana])!

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

  17. Lampedusa,

    Não defendo de maneira nenhuma a tese galicana condenada que você, falsamente, me atribui.

    Como, porém, você nem se identifica adequadamente nem respeita os preceitos mais elementares da conversação, pois prefere seguir a lógica sectária de atribuir a todos os Católicos que discordam de você não apenas erro, mas desonestidade, não me estendo em explicações a você. Passe bem.

  18. Felipe Coelho,

    1 – Quais preceitos elementares da conversação feri? Eu nem ao menos me dirigi a você!!!

    2 – Em qual parte de meu comentário eu fui sectário?

  19. Caro Jorge,

    É claro que há gente que nega a legitimidade ou mesmo a validade do último concílio. Mas esse é um alvo fácil, ou mais um dentre tantos, a que você se restringe, pelo menos por agora, na defesa do Vaticano II. Elencar evidências de sua validade e legitimidade não é o mais difícil, quero dizer. Entretanto, é falsa a definição da qual parte toda a sua defesa ao CVII — de que, sendo válido e legítimo, todo o seu conteúdo estaria dotado automaticamente da marca da infabilidade. Um concílio legítimo e válido só é infalível 1) naquilo que assim for declarado, ou 2) que, no mínimo, repetir a doutrina que a Igreja sempre ensinou. Ora, com respeito à primeira possibilidade, nem João XXIII nem Paulo VI, nem o secretariado do Concílio quiseram impingir tamanha autoridade a seus documentos, porque reconheciam as inovações propostas e a carência de forma, respectivamente, incompatíveis e insuficientes para a nota da infabilidade.

    Você inclusive “proibe” seus interlocutores disso, de debater o concílio sobre suas ambigüidades e autocontradições, tachando-os preventivamente de “perdedores de tempo”. Ora, mais uma evidência contra isso é o recente levantamento das excomunhões dos bispos da FSSPX. Se todo o conteúdo magisterial do Vaticano II fosse infalível, o papa não poderia licitamente levantar as excomunhões de bispos que, enquanto católicos, se propõem precisamente a debater esse assunto. E isso não é ato de diálogo ecumênico, primeiro porque nenhuma das partes se propõe a negar pertinazmente nenhum dogma de fé que lhes permita serem tachados de protestantes. Segundo, pela evidência de que os “papas” do ecumenismo e do modernismo, dentre eles o cardeal Kasper, sequer foram comunicados, muito menos consultados, a respeito desse ato.

    Portanto, não há razão a priori que proiba ou condene quem discorde de pouco ou muito do que se ensinou em sede de vários documentos do concílio. Resta, na defesa deste, o embate sobre se este teria ou não repetido o que a Igreja sempre ensinou. Esse é o debate proposto pela fraternidade, e ao qual Roma finalmente se dispôs.

    Penso, entretanto, que o resultado disso é potencialmente limitado, porque um texto que é por demais interpretativo, por mais numerosas e veementes que sejam as interpretações ortodoxas eventualmente emanadas pelas autoridade, provavelmente restarão interpretações não positivamente rejeitadas numa matiz larga de outras possíveis. Ainda, às correções materialmente “perfeitas”, em não formalmente substituindo o texto que se deseja clarificar, se atribuirá na prática menos autoridade do que o texto conciliar que se desejou reparar. E aquelas outras “de compromisso” não deixam de ser vitória do inimigo, que já se contenta em existir ao lado da verdade, e com ela ser confundido.

    Abraço,

    Antonio

  20. “Lampedusa” dixit:

    “Indubitavelmente a atitude HONESTA de um católico é ter como ponto de partida suas duas premissas.” (http://januacoeli.wordpress.com/2009/02/02/o-problema-inexistente/#comment-5641)

    Logo, para você, “Lampedusa”, quem não compartilha daquelas duas premissas teria, como Católico, uma atitude NÃO HONESTA. E isso inclui todos os tradicionalistas do mundo!

    NB: Não só uma atitude gravemente errada, perigosíssima, terrivelmente horripilante, enfim, tudo que se possa dizer de pior contra essa atitude sem no entanto julgar do interior de quem a adota, mas… “desonesta”?!

    Você não se deu conta mesmo de que escreveu isso? Difícil de acreditar…

    Mas, se não quis dizer o que de fato disse, se sua intenção não era realmente ter falado o que acabou falando, e você quiser se explicar ou quem sabe até pedir desculpas, parece-me boa idéia, até porque, eu havia pensado numa ótima resposta à sua objeção, que só não escrevi por causa dessa sua, digamos assim, “indelicadeza”.

    Em JMJ, FC

  21. Ave, piíssima e misericordiosíssima sempre Virgem Maria!

    Peço-lhe, Sr. Jorge, mui gentilmente, o privilégio de ser veiculada em seu “blog” esta quase impetração, contrária aos sedevacantistas, de modo especialíssimo ao um conhecido, outrora amigo, Felipe Coelho.
    Servirá, outrossim, piedosamente espero, àqueles que, igualmente a mim, anseiam pela exaltação da Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana, e recitam orações incessantes pela conversão, santificação e salvação do sucessor de São Pedro, Bento XVI.
    Este incitativo contra os sedevacantistas não terá um delineamento filosófico e/ou teológico, nem mesmo diplomático, pois não sou diplomatista. Oxalá, não! Diplomacia esta, resvalada pelo modernismo. Não! “Libera nos, Domine!”. A argumentação que farei uso será “ad hominem”. Sim, “ad hominem”! Não será contra aquilo que alegam, porquanto consideram suas pseudo-argumentações irreprocháveis, reproduções irrefutáveis de todos os Santos Padres e de modo especial de Santo Tomás de Aquino. Esforços vãos.
    Esta minha argumentação será a do filho que possui um pai leproso, porém que não deixa de ser pai. A do filho que vendo e compreendendo a miséria paterna, não se esquece – por caridade – de auxiliá-lo. Não o abandona nem o vitupera. Mesmo quando as suas palavras são dúbias, ou, como querem, com sabor de heresia. Entretanto, Ele quer se levantar. Já é um grande começo. Uma grande e tormentosa batalha. Sim, não há quem possa interpelá-lO. A não ser eles, os orgulhosamente sedevacantistas. Quanto preciosismo, quanto eruditismo, quantas letras, quantas argumentações, que, embora muitas corretas, não se aplicam, pois não alcançam o juízo. E que por fim terminam as suas tergiversações, com as suas trombetas de arautos da verdade, a dizer “piedosamente” que rezam por nós, seres ignorantes, subespécies, soslaios. “Verdade” que só eles possuem e que “querem” fazer vê-la os outros. Verdade sem caridade! Nem verdade nem caridade! Se não rezam pelo Pai, como esperar que rezam por nós? Ó hipocrisia! Sim, argumentação “ad hominem”! Não entendam nem tomem, amigos, por favor, como falta de caridade ou de respeito, esse uso que faço. Nosso Senhor Jesus Cristo, Verbo Encarnado, por onde toda santidade nos vêm, argumentava “ad hominem” contra os judeus religiosos: “Fariseus hipócritas”, “Filhos do pai da mentira” etc.
    Somos filhos da Igreja Romana, exultemos pelo levantamento das excomunhões e da conduta de contrição de um tão crido sedevacantista pelos sedevacantistas, Dom Williamson.
    Vivam Cristo-Rei e Nossa Senhora, Virgem e Mãe!
    A sede não está vacante a não ser no imaginativo destes tertulianistas.

    Agradecimentos,
    Alexandre Moreira Fernandes (morefernandes@hotmail.com)

  22. Estimado Rodrigo, desculpe a demora em responder. Só hoje li sua resposta.

    1) No momento não estou mais em SP.
    2) Para seguir com o doutorado (que espero) preciso ter um curso de Teologia aprovado oficialmente
    3) Mas, obrigada pela dica!

    PAX

    JM

  23. Felipe

    Como também escrevi em meu post anterior, considero que a possibilidade de diferentes interpretações é inerente à quase totalidade das expressões humanas (e não chamo isso de ambiguidade) …

    Eu afirmei literalmente:
    ““Indubitavelmente a atitude HONESTA de um católico é ter como ponto de partida suas duas premissas.”

    Eu NÂO chamei de desonesto quem não ACEITA as duas premissas em tela, mas, sim, que é o único PONTO DE PARTIDA honesto para todo católico que crê nas promessas de Cristo sobre sua Igreja e na inspirição do Espírito Santo! E isso NÃO exclui que, apesar de partir desse ponto, conclua HONESTAMENTE algo diferente (ainda que para mim equivocadamente)!

    A sua postura defensiva (eu iria dizer sectária, mas não quero provocar suscetibilidades) é que leva a interpretações defensivas e tende a matizá-las “ad hominem”.

    Estou aberto também a um pedido de desculpas suas por interpretar equivocadamente minhas palavras em vez de, como manda as regras básicas da conversação, tentar esclarecer com seu autor qual das interpretações possíveis é sua intenção manifestar.

    Aliás, fazendo uso dessa “regra”, aproveito para lhe perguntar se você considera católico aquele que adere ao que você chama de “Igreja conciliar”, pois cabe, indubitavelmente nessa expressão, a interpretação de tratar-se de outra igreja que não a católica (como tradicionalmente é considerada) e não gostaria de interpretá-lo errado e injustamente.

  24. “Lampedusa”,

    (Poderia, por caridade, explicar o pseudônimo, caso se trate de um?)

    Na verdade, aquela sua sentença era e continua sendo inequívoca — e inequivocamente contraditória, por mais que você retoque sua redação — e, por isso, dispensa por completo a conferência do conteúdo com o autor.

    Vejo agora, porém, bastante aliviado, que o seu problema é com a lógica e com a sã criteriologia aristotélico-tomista (que repudia sua afirmação denegrindo a expressão humana) e não com o juízo temerário, ou seja é intelectual (sobretudo de interpretação de texto) e não moral (de calúnia).

    Sendo assim, podemos conversar amigavelmente, claro!

    (Se quiser insistir em sua distinção bizantina, porém, reservo-me o direito de não insistir nesta questão e deixo ao leitor consciencioso o julgamento de quemd e nós dois está com a razão).

    Já sua tentativa de retorsão é bem divertida, mas não colhe: não há nada de “sectário” em ser “gato escaldado com medo de água fria”, “cachorro mordido por cobra que tem medo de linguiça”…

    Sobretudo se você tiver em vista o post i-na-cre-di-tá-vel, que certamente diz mais do autor que do acusado, que acaba de escrever aqui meu velho amigo Alexandre, evidentemente aluno do Prof. Orlando Fedeli (“ça va sans dire, mais ça va mieux en le disant…”).

    * * *

    Deixando assim para trás as picuinhas, passo com muito gosto à sua pergunta, que é bem pertinente:

    Sem dúvida que, com Dom Mayer, considero que aderir completamente à igreja conciliar é cair em heresia e cisma para com a Igreja Católica (cf. artigo “A Anti-Igreja”, online). Mas, não sendo a igreja conciliar uma seita formalmente condenada, é possível que se o faça de boa fé (v. cit. abaixo). Ademais, quanto a boa parte dos Católicos (praticamente todos os tradicionalistas e ao menos certa parte dos conservadores), sua adesão à igreja conciliar é meramente nominal, protestos em contrário não obstantes.

    Para esclarecer o primeiro ponto, veja esta citação (para alguns, talvez surpreendente) de um Santo que conhecia bem a Teologia, que encontrei num artigo que acabo de traduzir para alguns de meus amigos:

    “…supondo que um papa fosse herege, e não condenado publicamente, ainda possuindo seu ofício; supondo que uma pessoa simples, não uma pessoa pública, inquirisse desse Senhor Papa acerca da unidade da Fé, e o papa então o instruísse naquela heresia que ele próprio considerava verdadeira; então um homem assim instruído, se ele não fosse conscientizado [desse erro] por alguma outra via, não deve ser considerado herege, visto que ele se acredita instruído na Fé Católica.” (São TIAGO DA MARCA, cit. em: Heresy and Authority in Medieval Europe, ed. Edward Peters, p. 248, cf. http://books.google.com/books?id=rnggrHo-dqUC&pg=PA248).

    Interessante, não?

    Um abraço,
    Em JMJ,
    Felipe Coelho

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