Ligeiros, mundo afora

Brasil suspende projetos de ajuda a Honduras, em protesto contra o “golpe” que depôs o presidente Zelaya;  “[p]or determinação do governo, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) interrompeu por tempo indeterminado a ajuda a Honduras, incluindo a da área de etanol. Ontem, a União Europeia também suspendeu sua ajuda de quase US$ 100 milhões”. Uma curiosidade: existem projetos do governo brasileiro de ajuda a Cuba?

¿Presiona Lula a Estados Unidos a favor de Zelaya? Uma denúncia que é bizarra e que não sei se é verdadeira; mas, vindo do PT, eu não duvido de nada. Segundo fontes hondurenhas, o presidente Lula “presiona a Estados Unidos, a quienes habría advertido que de no ser restituido Zelaya en el poder, tomaría la decisión que Brasil ingrese a la Alianza Bolivariana de las Américas (ALBA), grupo liderado por el presidente de Venezuela, Hugo Chávez”. É… as coisas estão ficando cada vez mais complicadas…

[E]xpresa tu más firme rechazo al atentado contra la Parroquia de Santa Genoveva. Basta clicar, para exigir das autoridades espanholas manifestações firmes de repúdio à tentativa de atentado contra uma igreja na semana passada. “El incremento del odio antirreligioso debe ser atajado y condenado de raíz en España. Usted incurrirá en una gravísima irresponsabilidad de no hacerlo. Su amnesia histórica en este asunto supone un claro ejemplo de complicidad con actos que pueden considerarse plenamente terroristas”.

Comunhão na boca JÁ!

Mundo afora, as pessoas estão preocupadas com a propagação da gripe suína. De diversos lugares, chegam-nos notícias de que os hábitos das pessoas estão sendo adaptados para minimizar os riscos de contágio com o temível vírus.

Uma mudança que encontramos em quase todos os lugares é a orientação para que, nas missas, a Sagrada Comunhão seja distribuída nas mãos dos fiéis, e não na boca, para diminuir o risco de contágio. Tal costume, segundo me informou um amigo, está bastante forte também em terras brasileiras, particularmente no Rio Grande do Sul.

Tal medida é claramente abusiva – porque ninguém pode obrigar o fiel a comungar nas mãos caso ele deseje receber a Santíssima Eucaristia na boca – e, ainda, é inadequada como “medida profilática” para o presente caso de pandemia. Faz muito mais sentido proibir a comunhão na mão, como muito argutamente apontou uma amiga.

Vejamos: a pessoa chega na igreja, possivelmente de ônibus. Senta-se nos bancos onde outras pessoas já sentaram, apoiando as mãos no banco da frente. Pega em jornaizinhos que foram utilizados anteriormente por outras pessoas. Pega em dinheiro na hora do ofertório. Aperta as mãos de cinco ou seis pessoas durante o “abraço da paz”. Dá as mãos durante o pai-nosso. Depois de tudo isso, sem lavar as mãos, ela vai receber a Eucaristia e, pegando-A com as mãos sujas, leva-a à boca! É muito mais razoável que o sacerdote, com as mãos lavadas antes da Santa Missa e durante o ofertório, coloque diretamente a hóstia sagrada na boca dos comungantes, bastando que ele distribua a comunhão como deve fazer, isto é, sem tocar nos lábios dos fiéis.

Não deixemos que as pessoas se aproveitem da situação difícil que atravessamos para, em nome de preocupações sanitárias – de cuja sinceridade não duvidamos, mas que são contra-producentes, como acabamos de mostrar -, proibirem as legítimas práticas da piedade cristã. Procuremos as nossas paróquias, os nossos padres e os nossos bispos, pedindo que eles reflitam com mais cuidado em suas determinações. Incentivemos a recepção da Sagrada Eucaristia diretamente na boca. Diante do atual surto de gripe, piedade cristã e boa medida profilática se encontram.

Resposta do pe. Fábio de Melo

Leiam a resposta que o pe. Fábio de Melo enviou à Carta Aberta escrita pelo Gustavo Souza, após aquela entrevista em Jô Soares que provocou escândalo entre os católicos. O texto é grande e eu não vou reproduzir; leiam na íntegra lá. Apenas destaco algumas frases soltas escritas pelo Reverendíssimo sacerdote (recomendando enfaticamente que as leiam na íntegra do texto, para que eu não cometa o erro de descontextualizar o pensamento do pe. Fábio):

[A] Teologia nos ensina que a Plenitude da Revelação é Cristo, mas esta plenitude não significa esgotamento da verdade.  Os desdobramentos desta verdade estão em todos os lugares do mundo. Deus continua se revelando. Plenitude não significa finalização. […] Deus continua se revelando ao mundo. O limite da Revelação é a inteligência humana.

A linguagem metafórica não é mentirosa. Sou professor universitário e ensinei Antropologia Teológica. É uma clareza que não posso perder de vista. Ao falar da condição adâmica nós precisamos pensar na humanidade como um todo. Não temos a certidão de nascimento de Adão. O que temos é a fé de que Deus criou a humanidade.

[A] fé não é um conjunto de certezas, meu caro. Não temos provas concretas para muitos aspectos da fé que professamos. Se as tivéssemos não precisaríamos ter fé. Acreditamos no que não vemos.

O mito não é uma mentira, mas também não precisa ser verdade, diz ele. O importante é a fé que ele sugere. O importante é reconhecer que ele está a serviço de uma verdade superior, porque não cabe no tempo. […] O mesmo não se dá com as nossas convicções religiosas?

[S]ua visão soteriológica é muito estreita. Salvar almas, somente? Essa visão compartimentada do ser humano é herética. Precisamos salvar a totalidade do humano, meu caro. Esqueceu o postulado fundamental da Antropologia cristã? Somos corpo e alma. Unidade.

Minha roupa de padre não me garante muita coisa. O sacerdócio que o povo espera de mim não está no hábito que ostento, mas na sinceridade que preciso ter diante do meu compromisso assumido. Zelo para que Deus não seja transformado numa caricatura qualquer.

Cuidado com as generalizações. Você tem combatido as CEBS. Cuidado. Há muita gente honesta nestes movimentos. Eu as conheço. Vi de perto o trabalho frutuoso, espiritual, humano, salvação total acontecendo em muitos lugares deste grande Brasil. Vi nomes sendo citados de forma banal, irresponsável. Irmã Doroty morreu defendendo o evangelho, meu filho. Gostando você, ou não, ela é foi uma mulher comprometida com as causas de Jesus. É muito triste ver o nome dela citado no seu espaço, como se fosse uma “mulher qualquer”. Chico Mendes foi um homem que defendeu questões nobres. Só por isso já merece o nosso respeito. Frei Beto é um homem fabuloso. Já fez muita gente se aproximar de Deus, por meio de sua inteligência e sabedoria aguçada.

P.S.: Neste Ano Sacerdotal, rezemos pela santificação do clero. E roguemos insistentemente ao Senhor da Messe, para que Ele nos mande sempre santos sacerdotes.

O CFEMEA e a Concordata

Que coisa interessante: feministas são contra o acordo entre o Brasil e a Santa Sé! Em um livreto intitulado “Brasil e Vaticano: o (DES)acordo Republicano”, cuja capa está repleta de palavras de ordem como “direitos reprodutivos”, “orientação sexual”, “pessoas livres”, “estados laicos” e “democracia”, o Centro Feminista de Estudos e Assessoria explica como “é incompatível a influência dos ditames morais religiosos nas questões de Estado”. O que quer que signifique isso, porque está claramente faltando um pedaço da frase – já que “incompatibilidade” só pode existir entre pelo menos duas coisas – que as feministas não se preocuparam em procurar. Talvez elas tenham querido dizer que era “inaceitável”, mas enfim…

O acordo é este aqui. Não foi assinado entre o Brasil e “o Vaticano”, e sim entre o Brasil e a Santa Sé, como o próprio texto do CFEMEA diz logo na apresentação, embora não na capa. É importante ler o acordo, antes de sair lançando acusações que não têm nada a ver com o teor do documento.

O livreto do CFEMEA está repleto de bobagens. Fala que “aos órgãos e políticas dos Poderes de Estado cabe respeitar a diversidade religiosa e as liberdades de culto e não, aderir a uma fé e impor suas crenças ao conjunto de toda a sociedade” (p. 4) – a má redação é essa mesma -, quando o acordo não tem nada a ver com “impor” crenças ao “conjunto de toda a sociedade”. Fala que o acordo “entra de fato no âmago da vida nacional, interferindo em direitos de brasileiros e brasileiras, de todas as idades e de todos os modos de crer e não-crer” (p. 7), sem explicitar no entanto quais são os “direitos” nos quais o acordo está interferindo [apenas cita os “direitos trabalhistas”, referindo-se ao inventado vínculo empregatício que supostamente haveria entre um padre e sua diocese!]. Fala em “fé imposta por lei” e em “imposição religiosa do Estado”, pelo simples fato do acordo “estabelecer o ensino católico na escola pública brasileira” (p. 14), esquecendo-se no entanto de citar o próprio acordo, onde é dito com todas as letras que “[o] ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação” (Art. 11 §1º, grifos meus). Enfim, não vale a pena insistir mais no assunto.

Na página final, talvez por ato falho, o apoio: Safe Abortion Action Fund. Que é um fundo da IPPF para reduzir o “aborto inseguro” ao redor do mundo. Vejam que interessante: “Desde 2007, o CFEMEA conta com o apoio do Safe Abortion Action Fund (SAAF), fundo especialmente lançado pelo International Planned Parenthood Federation (IPPF) para captar iniciativas em prol da discriminalização e legalização do aborto em todo mundo” (Vozes latino-americanas pela legalização do aborto, p. 8). Entidades multimilionárias internacionais aplicando dinheiro para desestabilizar o ordenamento jurídico de um país e promover comportamento tipificado como crime por um estado soberano? Isso, sim, deveria ser rechaçado com veemência pela sociedade brasileira! Mas as feministas financiadas pela IPPF “esquecem-se” disso e vêm à praça pública rasgar as vestes diante de uma simples concordata. Haja hipocrisia!

Vício, Virtude, Totalitarismo

Virtude x Vício, texto muito bom publicado hoje no Estadão. Já falei aqui por outras vezes que existe um processo – no meu entender, deliberado – de substituição da Moral Católica, no inconsciente popular, por uma “moral” arbitrária e estranha ao catolicismo; felizmente, parece que não estou sozinho, porque o professor de Filosofia que assina o texto do Estado de São Paulo diz que “[o] politicamente correto apresenta-se, então, como se fosse, moralmente falando, uma forma do bem que estaria enfrentando o mal, no caso, o mau comportamento”.

O professor Denis Lerrer Rosenfield não fala especificamente sobre o cigarro, embora o inclua expressamente; fala também sobre o álcool e alguns alimentos “considerados daninhos ao organismo”. O problema de fundo é o mesmo – a demonização de uma coisa que, em si, é neutra, por causa dos efeitos maus indesejados advindos do seu uso – e tem tudo a ver com a “síndrome de Paulo Cintura” sobre a qual julgo já ter falado algures: a máxima “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa” parece ter se transformado em um axioma incontestável dos tempos modernos. Todo católico sabe que saúde interessa, sem dúvidas, mas não é o que mais interessa; a salvação da própria alma é muitíssimo mais importante, por exemplo. Fazem-se, no entanto, de surdos e mudos diante da imposição do culto ao corpo hodierno.

A análise do texto não é do ponto de vista meramente moral, mas principalmente histórico e político. Fala que esta ingerência estatal nos hábitos dos cidadãos remonta à Alemanha Nazista. “A propaganda nazista não cessava de apregoar a virtude de seus dirigentes, ressaltando que Hitler era antitabagista, enquanto seus inimigos, como Churchill, Roosevelt e Stalin, eram adeptos do fumo, o primeiro, de charutos e os outros dois, de cigarros. […] Na perspectiva nazista, assinalada em sua propaganda, Hitler era um homem virtuoso, que se dedicava a combater o vício, enquanto os seus adversários eram capitalistas ou comunistas degenerados, frutos de uma civilização decadente. Tratava-se, portanto, para ele, de fazer um resgate da virtude, em contraposição aos que se dedicavam ao vício”.

Aqui, falo eu: se Estado arvora-se em guardião da moralidade dos atos – papel que, absolutamente, não compete a ele -, é realmente espantoso que tal Estado torne-se, mais cedo ou mais tarde, totalitário? Não é óbvio? Quem pode o mais, pode o menos: se até mesmo nas consciências e liberdades individuais o Estado pode imiscuir-se, e tal atitude é referendada pelo silêncio ou até mesmo apoio entusiasta dos cidadãos, como será possível impedi-lo de se meter em demasia nas relações sociais, na produção intelectual, nas atividades econômicas, na liberdade religiosa? Se o Estado é guardião do vício e da virtude, e a tal ponto que é capaz não apenas de combater o primeiro e favorecer o segundo, mas de definir mesmo o que é vicioso e o que é virtuoso… como escapar do monstro?

Caiu a Alemanha Nazista com o seu Führer vegetariano e anti-tabagista; no entanto, o saldo foi bastante negativo. Ao fim da Guerra, entre outras coisas, os alemães que se libertaram do jugo de Hitler adquiriram novamente o direito de comer gordura, beber e fumar. Não pensemos que é pouca coisa; foi com a supressão destes simples direitos – que, aliás, pressupõe poderes estatais nada simples e nada pequenos – que começou a ascenção do III Reich. Defendamos o que precisa ser defendido, por pequeno que pareça; a história é testemunha de que grandes erros iniciam-se sempre com [aparentemente] pequenos desvios.

Ovelhas sem pastor

O “semanário litúrgico-catequético” da Paulus – O Domingo – estava hoje pior que de costume. Mas, por ironia, as leituras da Santa Missa do 16º Domingo Comum estavam perfeitamente adequadas ao jornalzinho que as continha.

Primeira leitura, do profeta Jeremias: “ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!”. Evangelho segundo São Marcos: “ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. Talvez numa irresponsável tentativa de colocar-se como exemplo daquilo que as Sagradas Escrituras condenam, O Domingo publicou uma vergonhosa “Oração da Assembleia”, que é como segue:

PR: Entre os próximos dias 21 e 25 será realizado, em Porto Velho, Rondônia, o 12º encontro intereclesial das CEBs. Rezemos, em dois coros, para que esse encontro traga novo ânimo e vigor às comunidades cristãs.

L1: Deus da vida e do amor, / Trindade santa, a melhor comunidade: / queremos acolher vossa palavra, partilhar a eucaristia, / assumir a missão na comunidade eclesial / e no movimento popular.

L2: Somos as CEBs do Brasil, / seguidores e seguidoras de Jesus / em missão profética, ecumênica e transformadora.

L1: Na opção pelos pobres / e na defesa da terra, da água, da vida.

L2: Do ventre da terra, profanada pelo latifúndio depredador, / nos chega o clamor dos povos indígenas / e do povo sem-terra.

L1: Dos nossos campos e das nossas cidades / nos chega o clamor por justiça, partilha e paz.

L2: Animados pelo Espírito do ressuscitado, / sob a proteção de Maria, a mãe, / e com tantas testemunhas de vida e de martírio, / seguiremos a caminhada, / como Igreja de Jesus, / nas lutas e na esperança do reino.

AS: Amém!

Os erros litúrgicos, catequéticos e pastorais, ao lado dos de colocação pronominal e de minúsculas recorrentes nas referências às Pessoas da Trindade Santa, são da lavra dos responsáveis pelo Semanário. Sinceramente, é difícil acreditar que pessoas capazes de colocar um lixo desses na celebração da Santa Missa ainda possuam Fé. Contemplando estarrecido os católicos revezarem-se na recitação desta porcaria, deparo-me com uma imagem viva das imprecações do profeta Jeremias e da compaixão sentida por Nosso Senhor, recém-proclamadas: verdadeiramente, os católicos que acompanham a missa pel’O Domingo estão como ovelhas sem pastor. Que o Altíssimo tenha misericórdia de nós todos.

Rejubilar-se com a verdade…

… de onde quer que ela venha! De um comentário feito ao texto sobre ateus e crentes do Ecce Medicus, aqui citado en passant ontem:

[N]ão concordo com esse pensamento absurdo de que “tornar-se ateu é render-se a razão”. Pelo contrário, tornar-se ateu lendo os inflamados livros de Dawkings é tão alienante quanto dizimar na igreja renascer.

Subscrevo in totum.

Encerrando a tarde

Fetos têm memória. Saiu também no NewsBusters. Pesquisadores holandeses “descobriram que fetos de 30 semanas conseguiam lembrar do som por dez minutos, enquantos os de 34 semanas conseguiam lembrar por quatro semanas”.

Igreja apoia golpe contra Zelaya em Honduras e se opõe a Hugo Chávez, mais uma da série “notícias desinformativas”. Só avisando aos navegantes que não existe golpe em Honduras. Mas a frase do cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga é excelente: “A coisa mais patriótica que ele [Zelaya] poderia fazer seria manter-se afastado”.

A entediante feminista malufista: leiam. A “velha guarda” do Deus lo Vult! vai reconhecer a Senhora Boring prontamente.

Deus, um desejo: um texto ateu acusando o Cristianismo… daquilo que fazem os ateus! “Mesmo que se ‘convença’ um homem ou mulher que ele(a) está errado(a) com fatos, números, lógica ou qualquer outro tipo de arma cognitiva que se queira usar, não se mata o desejo que ele(a) terá de que a história decorra assim, da forma como eles a veem” – é o típico ateu que tem fé inquebrantável na inexistência divina…

Colégio Nossa Senhora do Carmo

Eu estudei até os meus 14 anos no Colégio Nossa Senhora do Carmo, que fica no centro da cidade. Colégio religioso, pequeno, administrado pelas irmãs beneditinas missionárias, um pouco ofuscado pelo imponente Salesiano que ficava logo à esquina; foi lá, contudo, que passei praticamente a minha infância inteira.

Não devo minha formação religiosa a ele; apesar de ser um colégio católico, recordo-me de ter tido aula de “educação sexual”, ao mesmo tempo em que não me recordo das aulas de religião. Forçando a memória, o máximo que consigo lembrar é a minha antiga professora de religião falando sobre a Campanha da Fraternidade – que estava “belíssima” e cujo tema era “Os Excluídos” – para uma turma de sexta série nos idos de 1996.

Lembro-me também das minhas aulas de preparação para a Primeira Eucaristia, que fiz lá; não me lembro de ter aprendido heresias, graças a Deus, embora o curso preparatório não propiciasse um ardor eucarístico às crianças que iriam receber Nosso Senhor pela primeira vez. Como o que é necessário para que as crianças possam se aproximar da Sagrada Eucaristia é somente que elas saibam diferenciar o Pão Eucarístico do pão comum, fico tranqüilo, porque isso eu tenho certeza que sabia fazer aos 11 anos.

E lembrei-me ontem, na festa de Nossa Senhora do Carmo, do meu antigo colégio, e lembrei-me do hino que à época eu achava tão feio. Hoje (nem sei se ele ainda é ensinado) eu o vejo como um resquício de “catolicismo militante” – eu sei que é pleonasmo, mas infelizmente hoje em dia é preciso contrapô-lo à contradição “católico não-praticante” – transmitido aos alunos do colégio. Sob o patrocínio da Virgem do Carmelo / Trilhemos com alegria a vida estudantil; / Irradiando a Deus na Pátria e na Família, / heróicos a lutar pela glória do Brasil! É perfeitamente possível – e aliás até provável – que haja alguns erros neste hino da forma como me lembro; afinal, são mais de dez anos. Mas os versos são esses, à exceção talvez de uma ou outra palavra ou de uma posição trocada.

Avante! A luz do saber nos ilumine; / arautos da Verdade / procuremos ser! / Com a Virgem do Carmelo, nossa padroeira, / nos combates pelo bem / havemos de vencer! – era o estribilho. Lembro-me de não fazer então a mínima idéia do que seria um “arauto da Verdade”, mas eu ligava a expressão, até inconscientemente, aos “combates pelo bem” que haveríamos de vencer. Lembro-me de não ter muito claro o alcance do significado de irradiar “a Deus na Pátria e na Família”; mas nestes tempos de laicismo feroz que vivemos, tais versos soam-me hoje quase proféticos. Lembro-me também de mais dois versos aos quais eu bem gostaria que os anjos dissessem “amém”, cuja estrofe completa infelizmente eu não consigo lembrar: e nesta terra a Fé jamais se apagará, / Fé que foi legada ao país de Santa Cruz.

Belos versos, sem dúvidas. Bem que poderiam formar uma oração, que seria bem adequada aos dias de hoje; é uma pena eu não ter sido um aluno mais diligente, e não ter aprendido direito o hino do colégio. É à proteção da Virgem do Carmo, no entanto, que recorro; que Ela, tendo-me acompanhado desde a mais  tenra infância sem que eu tivesse consciência disso, possa estar comigo todos os dias da minha vida, e lembre-se – a despeito dos meus muitos pecados – de rogar por mim ao Seu Divino Filho.

* * *

Enquanto eu me lembrava disso, ontem, festa de Nossa Senhora do Carmo e comemoração do centenário da proclamação da Virgem do Carmelo como padroeira de Recife, Dom José Cardoso era ovacionado pelo povo católico. “Nesse momento era difícil identificar qualquer impopularidade do líder religioso, considerado uma figura polêmica por seus posicionamentos”. Claro; porque a “polêmica” só existe para quem não é católico, e quem não é católico não vai à festa pública em honra da Virgem Mãe de Deus.

Diversos: Chesterton, o Papa, a Virgem do Carmo

Chesterton beato? A mim, me agrada. Os textos do escritor inglês são excelentes (leitura praticamente obrigatória para os católicos dos nossos dias), e ele é um belo exemplo de como é possível e necessário dedicar-se à apologética nos tempos modernos. “Segundo as antigas categorias da Igreja, poderíamos definir Chesterton como um ‘confessor da fé’. Não foi só um apologista, mas também uma espécie de profeta que percebeu com grande antecipação o caráter dramático de questões da modernidade como a eugenia. O dominicano inglês Aidan Nichols sustenta que se deve olhar para Chesterton nada menos que como possível ‘padre da Igreja’ do século XX”.

– O Santo Padre sofreu um pequeno acidente e fraturou o pulso direito, após cair em seu quarto. Já passa bem e espera-se que seja liberado hoje à noite; rezemos pelo Papa.

Dom José celebra missa em tom de despedida; ontem, dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Recife – comemorou-se também o centenário da proclamação da Virgem do Carmelo como padroeira da Veneza Brasileira -, foi celebrada a Santa Missa por Sua Excelência Dom José Cardoso Sobrinho. Comentário do JC: “Durante o sermão, com direito a mensagem de bênção enviada pelo papa Bento 16, nada de surpresas: manteve o estilo sisudo e reafirmou dogmas da Igreja Católica”. Tem coisas que só o Jornal do Commercio faz por você…