Resposta do pe. Fábio de Melo

Leiam a resposta que o pe. Fábio de Melo enviou à Carta Aberta escrita pelo Gustavo Souza, após aquela entrevista em Jô Soares que provocou escândalo entre os católicos. O texto é grande e eu não vou reproduzir; leiam na íntegra lá. Apenas destaco algumas frases soltas escritas pelo Reverendíssimo sacerdote (recomendando enfaticamente que as leiam na íntegra do texto, para que eu não cometa o erro de descontextualizar o pensamento do pe. Fábio):

[A] Teologia nos ensina que a Plenitude da Revelação é Cristo, mas esta plenitude não significa esgotamento da verdade.  Os desdobramentos desta verdade estão em todos os lugares do mundo. Deus continua se revelando. Plenitude não significa finalização. […] Deus continua se revelando ao mundo. O limite da Revelação é a inteligência humana.

A linguagem metafórica não é mentirosa. Sou professor universitário e ensinei Antropologia Teológica. É uma clareza que não posso perder de vista. Ao falar da condição adâmica nós precisamos pensar na humanidade como um todo. Não temos a certidão de nascimento de Adão. O que temos é a fé de que Deus criou a humanidade.

[A] fé não é um conjunto de certezas, meu caro. Não temos provas concretas para muitos aspectos da fé que professamos. Se as tivéssemos não precisaríamos ter fé. Acreditamos no que não vemos.

O mito não é uma mentira, mas também não precisa ser verdade, diz ele. O importante é a fé que ele sugere. O importante é reconhecer que ele está a serviço de uma verdade superior, porque não cabe no tempo. […] O mesmo não se dá com as nossas convicções religiosas?

[S]ua visão soteriológica é muito estreita. Salvar almas, somente? Essa visão compartimentada do ser humano é herética. Precisamos salvar a totalidade do humano, meu caro. Esqueceu o postulado fundamental da Antropologia cristã? Somos corpo e alma. Unidade.

Minha roupa de padre não me garante muita coisa. O sacerdócio que o povo espera de mim não está no hábito que ostento, mas na sinceridade que preciso ter diante do meu compromisso assumido. Zelo para que Deus não seja transformado numa caricatura qualquer.

Cuidado com as generalizações. Você tem combatido as CEBS. Cuidado. Há muita gente honesta nestes movimentos. Eu as conheço. Vi de perto o trabalho frutuoso, espiritual, humano, salvação total acontecendo em muitos lugares deste grande Brasil. Vi nomes sendo citados de forma banal, irresponsável. Irmã Doroty morreu defendendo o evangelho, meu filho. Gostando você, ou não, ela é foi uma mulher comprometida com as causas de Jesus. É muito triste ver o nome dela citado no seu espaço, como se fosse uma “mulher qualquer”. Chico Mendes foi um homem que defendeu questões nobres. Só por isso já merece o nosso respeito. Frei Beto é um homem fabuloso. Já fez muita gente se aproximar de Deus, por meio de sua inteligência e sabedoria aguçada.

P.S.: Neste Ano Sacerdotal, rezemos pela santificação do clero. E roguemos insistentemente ao Senhor da Messe, para que Ele nos mande sempre santos sacerdotes.

Padre argentino proibido de lecionar

Saiu em vários lugares na semana passada (p.ex., G1) que o padre Ariel Álvarez Valdés, argentino, foi proibido de lecionar “por não acreditar na existência de Adão e Eva”. A notificação – assinada pelo cardeal Tarcisio Bertone – proíbe ao sacerdote “qualquer atividade acadêmica, como sua docência na Universidad Católica de Santiago del Estero (UCSE) e no Seminário Diocesano de Catequese, (…) [ou ainda] publicar artigos jornalísticos, ou fazer comentários por rádio ou televisão”, embora lhe permita “continuar com a realização de missas”.

Graças a Deus, o sacerdote acatou imediatamente a decisão da Santa Sé, sobre o problema que já vinha há 13 anos. Não se trata somente da questão da existência histórica de Adão e Eva, mas também da aparição do Anjo à Virgem Maria e, em suma, negação da historicidade dos Evangelhos em geral. Caso o padre se retrate, pode voltar às suas atividades acadêmicas.

Bom seria se os admiradores do trabalho do pe. Álvarez seguissem o seu exemplo de obediência. O Fratres in Unum publicou um comentário escandaloso de um sacerdote português, defensor ardoroso do padre argentino e inimigo mortal da Cúria Romana, o qual diz ter escrito “há poucos anos um livro com o título NEM ADÃO E EVA, NEM PECADO ORIGINAL” e chama Nosso Senhor de “Jesus, o de Nazaré, o Excomungado por antonomásia”. Tenha Deus piedade de nós todos, e que Nossa Senhora socorra principalmente às almas mais necessitadas da Misericórdia Divina.