Virgem de Guadalupe

“Mãe de misericórdia, Mestra do sacrifício escondido e silencioso,
a Vós, que vindes ao encontro de nós todos, pecadores,
consagramos, neste dia, todo o nosso ser e todo o nosso amor”.

João Paulo II, 1979

“Santa Maria, que com o nome de Nossa Senhora de Guadalupe és invocada como Mãe pelos homens e pelas mulheres do povo Mexicano e da América Latina, encorajados pelo amor que nos inspiras, colocamos novamente nas tuas mãos maternas a nossa vida”.

Bento XVI, 2005

Dia de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas. Dia da Mãe de Deus aparecida a um índio mexicano. Dia da Moreninha do Tepeyac. Que a Virgem Santíssima rogue por todos nós.

Ver no Exsurge, Domine!: vídeo sobre os olhos da Virgem.

E vale a pena também lembrar as palavras de João Paulo II na cerimônia de canonização de Juan Diego Cuauhtlatoatzin: “Como acabámos de escutar, o livro do Eclesiástico ensina-nos que somente ‘Deus é todo-poderoso e apenas os humildes o glorificam’ (cf. 3, 19-20). Inclusivamente as palavras de São Paulo, também proclamadas durante esta celebração, iluminam esta maneira divina de realizar a salvação:  ‘Deus escolheu aquilo que o mundo despreza [e que é insignificante]. Deste modo, nenhuma criatura se pode orgulhar na presença de Deus’ (cf. 1 Cor 1, 28-29)”.

Três Curtas

CNBB reforça pressão por projeto da ficha limpa; no site da Conferência, leio que o Senado deve ouvir “a voz do povo manifestada nas assinaturas recolhidas pelo Movimento que já ultrapassam 1,5 milhão”.

O que é o projeto? Tem um site próprio, onde pode ser encontrada a íntegra da proposta e uma sua versão resumida. A idéia é, entre outras coisas, “aumenta[r] o rol de situações que podem impedir o registro de uma candidatura”.

Entendo a frustração brasileira. No entanto, considero a lei injusta. Acho completamente nonsense que alguém seja punido por ter sido condenado em primeira instância (dado o país no qual vivemos) ou, pior ainda, simplesmente por ter uma denúncia contra si. Este projeto de lei não é inconstitucional?

O problema moral brasileiro é mais grave e não vai ser resolvido “na canetada”. A CNBB teria muito a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa et cetera; infelizmente, o órgão parece não ter idéia de como fazer isso. Rezemos pelo Brasil.

* * *

– No J.P. Coutinho: Relógios e Rousseau. “[O]s suíços resolveram proibir a construção de minaretes islâmicos no seu espaço nacional”.

Uma tão terrível afronta à liberdade religiosa fez os esquerdopatas de todos os naipes rasgarem as vestes, indignados. Mas a parte mais irônica da história toda é posta a descoberto pelo articulista português: “[p]ara quem sempre divinizou a soberania popular, criticar os suíços é coisa de reacionário”.

O “aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei” é mesmo uma coisa fantástica e atingiu um novo patamar no recente caso suíço: se a lei estiver a favor dos inimigos, azar da lei.

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Foi ratificado hoje pela manhã o acordo entre a Santa Sé e o Brasil. Com a cerimônia desta manhã (10 de dezembro de 2009), entra em vigor o acordo.

Mais de um ano após ter sido assinado. Após muito blá-blá-blá dos laicínicos de plantão. “Por parte de la Santa Sede, se lee en un comunicado, participaron en el acto el arzobispo Dominique Mamberti, secretario para las Relaciones con los Estados y por parte de la República Federativa de Brasil, el embajador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, con plenos poderes”.

Vale a pena ler de novo: ACORDO ENTRE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A SANTA SÉ RELATIVO AO ESTATUTO JURÍDICO DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL.

A purificação da Igreja

Perguntaram, aqui no Deus lo Vult!, sobre a Igreja “sempre necessitada de purificação” da qual fala a Lumen Gentium. Eu já havia dito, no próprio post, que é necessário distinguir a Igreja em Si dos membros da Igreja. Falar que a Igreja precisa de purificação, portanto, só pode ser entendido como uma metonímia, onde “Igreja” está significando “os membros da Igreja”. Não vejo como possa ser possível um outro sentido para a expressão que preserve a ortodoxia.

Que a Igreja é Santa e Santificante em Si, julgo ser óbvio, e não vou me deter nesta demonstração. No entanto, a Igreja é uma sociedade, é composta por membros, dos quais nem todos são santos. Pode-se perfeitamente dizer que a Igreja é Santa não somente em Si, mas também em Seus membros santos. É neste sentido, portanto, e somente neste, que se pode dizer que a Igreja precisa de purificação: em Seus membros pecadores.

O princípio da não-contradição não diz, simplesmente, que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Diz que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo sob um mesmo aspecto, e isto faz toda a diferença. Não é sob o mesmo aspecto que a Igreja é Santa e “precisa de purificação”. A Igreja é Santa em Si. Precisa de purificação em Seus membros pecadores. São modos distintos. Não apenas não há contradição, como isto é um fato incontestável: os membros pecadores da Igreja fazem parte da Igreja e precisam de purificação.

Podem questionar a oportunidade da expressão. Mas é uma discussão infrutífera: não faz diferença, pois o ensino do Magistério deve ser acolhido no seu sentido católico, e não repudiado até que seja expresso da forma que julgarmos melhor. O que a assistência do Espírito Santo garante é a inexistência de erros, e não a mais perfeita formulação das Verdades. Posso concordar facilmente que o texto conciliar poderia ser escrito melhor; não posso concordar, de nenhuma maneira, que isso seja motivo para um leigo descartá-lo.

Até porque não há “invenção” alguma ao dizer que a Igreja precisa de purificação. Os seguintes trechos – os grifos são meus – são dos dois maiores doutores da Igreja, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, e estão ipsis litteris no “Memória e Reconciliação” da Comissão Teológica Internacional. Antes que mo digam, eu sei que a CTI não é Magistério. Mas não estou argumentando com textos da CTI, e sim com textos de dois doutores da Igreja citados pela CTI. Ei-los:

Observa St. Agostinho contra os pelagianos: “A Igreja no seu conjunto afirma: Perdoai-nos os nossos pecados! Ela, portanto, tem manchas e rugas. Mas, mediante a confissão as rugas são removidas, mediante a confissão as manchas são lavadas. A Igreja está em oração para ser purificada pela confissão, e enquanto os homens viverem na terra isto será assim” (25), E S. Tomás de Aquino precisa que a plenitude da santidade pertence ao tempo escatológico, enquanto a Igreja peregrinante não se deve enganar a si mesma afirmando ser sem pecado: “Que a Igreja seja gloriosa, sem mácula nem ruga, é o objectivo final para o qual tendemos em virtude da paixão de Cristo. Isto apenas existirá, no entanto, na pátria eterna, e não já na peregrinação; aqui […] enganar-nos-íamos se disséssemos não ter qualquer pecado” (26).

[…]

25. St. AGOSTINHO, Sermo 181,5,7: PL 38, 982.

26. S. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica III q.8 a.3 ad 2.

Memória e Reconciliação, 3.3

Em outro sentido, portanto, não há que se compreender o texto do Vaticano II. Que ninguém o faça; nem para pregar uma doutrina diferente da Doutrina Católica, e nem para instigar a desobediência no seio da Igreja e arrogar-se o direito de julgar o Magistério.

Gaudens gaudebo in Domino – na Festa da Imaculada Conceição da Virgem Santíssima

Gaudens gaudebo in Domino, et exsultabit anima mea in Deo meo: quia induit me vestimentis salutis: et indumento justitiae circumdedit me, quasi sponsam ornatam monilibus suis. Ps. Exaltabo te, Domine, quoniam suscepisti me: nec delectasti inimicos meos super me. Gloria Patri.

INTROITO da Missa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Celebramos hoje com alegria a festa da Virgem Imaculada; d’Aquela Mulher que desfez, pela obediência, o que Eva havia feito pela desobediência. Daquela Mulher que é a Nova Eva, a Mãe dos Remidos, como a primeira foi a mãe dos viventes: Maria é a mãe da Vida Sobrenatural.

São Luís de Montfort nos ensina que não há filho de Deus que não o seja também da Virgem Santíssima. Não há cristão verdadeiro, membro da Igreja, que não seja filho de Maria Santíssima, posto que a Igreja é o Corpo de Cristo, do qual Cristo é a Cabeça, e a Mãe da Cabeça – a Virgem Santíssima – é logicamente também a Mãe do Corpo; caso contrário, estaríamos diante de uma aberração. A devoção à Virgem Santíssima, como ensina a Igreja, não é “acessória” à vida cristã, como uma devoção particular opcional. Não; a devoção à Virgem Santíssima é essencial ao Cristianismo. Se somos cristãos, se somos imitadores de Nosso Senhor, devemos imitá-Lo também na filiação amorosa à Sua Mãe Santíssima. Ele escolheu ser Filho da Virgem Maria; quem somos nós para nos negarmos a sê-lo?

A melhor de todas as mães – alegremo-nos! Porque é Imaculada, desde a Sua concepção. Porque trouxe ao mundo a Salvação – Jesus Cristo. Porque venceu sozinha todas as heresias do mundo inteiro. Porque jamais se ouviu dizer que tivesse desamparado quem se Lhe achegasse com confiança. Porque é a Medianeira de Todas as Graças, sempre atenta às nossas necessidades, sempre liberal em Seus favores, rogando a Deus por nós mais do que ousaríamos pedir.

Imaculada! Aquela que jamais teve parte com o pecado. Sem mácula alguma, única Filha da estirpe humana sobre a qual Satanás nunca conseguiu lançar as suas garras. Celebramos hoje, com gáudio, a vitória da Virgem Santíssima: vitória que, por desígnio de Deus, iniciou antes mesmo do nascimento d’Ela. Antes que Nosso Senhor viesse ao mundo, já neste mundo estava a Virgem Santíssima. Cantando a vitória do Sol da Justiça que estava às portas. Impondo terror às hostes infernais, antes mesmo de que o Filho de Deus Se fizesse Carne.

Celebramos hoje este insondável mistério de Deus: a plenitude de todas as graças, reunidas em uma só criatura humana; a antecipação da Vitória da Cruz em Maria Santíssima (pois sabemos que a Virgem foi preservada do Pecado Original em antecipação dos méritos do Sacrifício de Cristo do Calvário); e a entrega de uma tão preciosa obra-prima para nós. Para que seja nosso modelo, no dia-a-dia. Para que seja o nosso refúgio, quando pecarmos. Para que seja a nossa consoladora, quando estivermos aflitos. Para que seja a nossa saúde, quando estivermos enfermos. Para que seja o nosso auxílio, se somos cristãos. Para que seja a causa da nossa alegria!

Roguemos aos pés da Virgem Imaculada, que Ela nos leve a Deus; Aquela que um dia trouxe Deus até nós, pode também realizar o grande milagre de nos levar até Ele. Prodigioso milagre, realizado em favor de nós, que somos pecadores: levar-nos até o Deus Altíssimo! Mas nada é impossível à Virgem Santíssima, Maria Imaculada, Senhora Nossa e Nossa Mãe. Mãe, que deseja o bem aos Seus filhos; Mãe, que tudo faz por eles. Conseguimos conceber o que significa a Virgem Imaculada, Onipotência Suplicante, tudo fazer em nosso favor? Somos felizes, e não o sabemos; infinitamente agraciados, e não o damos valor.

Que Ela nos leve a Deus: outro milagre nós não pedimos. Que os Seus louvores cantados por nós aqui na terra possam nos fazer merecer, um dia, cantá-los no Céu. Junto à Virgem Santíssima, à Virgem Imaculada, à Mãe de Deus e nossa Mãe também. Tota pulchra es, Maria, et macula originalis non est in Te: Deus vos salve, Maria Puríssima, cheia de Graça!

Igreja Santa e Pecadora?

[Traduzo trecho do Angelus do Papa Bento XVI de ontem. Lembrei-me da malfadada expressão “Igreja Santa e Pecadora” que encontramos amiúde. Desnecessário dizer que o Papa não a utiliza. A idéia por ele retomada é a da Lumen Gentium, capítulo 8: “a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação”.

A Igreja conter pecadores no Seu seio é diferente da Igreja ser pecadora; a primeira expressão é uma obviedade e, a segunda, é herética. É no primeiro sentido que deve ser entendido tudo quanto vem de Roma. São os modernistas que abusam do termo – infeliz, reconheçamos – para “dessacralizar” a Igreja e negar o artigo do Credo segundo o qual a Igreja é Santa.

Conheço uma única utilização da expressão “Igreja Santa e Pecadora” por um Papa: foi João Paulo II em 1982. É claro que o Papa a aplica no sentido católico. No entanto, desde então – talvez por causa da confusão que ela causou -, nunca mais foi utilizada…]

Caros amigos, a mais bela flor brotada da palavra de Deus é a Virgem Maria. Ela é as primícias da Igreja, jardim de Deus sobre a terra. Mas, enquanto Maria é a Imaculada – assim a celebraremos depois de amanhã [terça-feira] -, a Igreja tem continuamente necessidade de Se purificar, porque o pecado prejudica [insidia] todos os Seus membros. Na Igreja, está sempre em ato uma luta entre o deserto e o jardim, entre o pecado que torna a terra árida [inaridisce] e a Graça que a irriga para que produza frutos abundantes de santidade. Rezemos, assim, à Mãe do Senhor, a fim de que Ela nos ajude, neste tempo do Advento, a “endireitar” [raddrizzare] as nossas veredas, deixando-nos guiar pela palavra de Deus.

Bento XVI
Angelus, 6 dicembre 2009

Fé e Política: EUA, Brasil, Roma

– Declaração de Manhattan: uma chamada para que os cristãos defendam, como cidadãos, as suas idéias. 152 líderes religiosos de três confissões cristãs (católicos, ortodoxos e protestantes) assinaram o documento. Os cristãos são encorajados a não abdicarem do debate público sobre temas como a vida, o matrimônio, a liberdade religiosa e a objeção de consciência.

A íntegra do documento (em inglês) pode ser encontrada aqui. O pe. Eugenio Maria, FMDJ, escreveu um artigo com os principais pontos da declaração. Seria imaginável uma coisa parecida no Brasil?

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– Sim, é imaginável uma coisa parecida no Brasil, embora com todas as limitações desgraçadamente impostas pela nossa realidade eclesial. E saiu da pena do Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, em carta sobre a publicação do Catecismo Contra o Aborto. Será Goiana a Manhattan tupiniquim? Sua Excelência escreve: “Os cidadãos honestos não podem colaborar – através de seu voto democrático – nesta tragédia[,] colaborando para conferir cargos públicos a candidatos que defendam o aborto, o divórcio e outras violações da Lei de Deus. Tais candidatos não podem representar os católicos ou cristãos ou qualquer cidadão honesto”.

Clareza de palavras que faz muita falta nos nossos dias. Desgraçadamente, parte considerável do nosso clero é completamente alheia às questões políticas que realmente importam, e prefere matar a Fé na alma dos cristãos por meio do insidioso veneno esquerdista da Teologia da Libertação que, ferida mortalmente pela sua esterilidade e pela condenação do Magistério da Igreja, recusa-se a morrer e insiste em levar consigo para o Inferno tantas almas quantas conseguir enlaçar, sob o olhar indiferente ou cúmplice das sentinelas que deveriam velar pelo Povo de Deus a elas confiado. É lamentável.

* * *

– Teologia da Libertação que, aliás, foi mais uma vez criticada pelo Papa Bento XVI, em discurso aos bispos do sul do país na visita ad limina. Ecoa de Roma o grito dos católicos que não querem senão ser católicos de verdade. Vem da Cidade Eterna o socorro aos fiéis católicos brasileiros que estão como ovelhas sem pastor – ou como ovelhas “pastoreadas” por lobos.

Vem de Pedro! “[V]ale a pena lembrar que em agosto passado, completou 25 anos a Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo. As suas seqüelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas. Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida”.

Que ouçam a voz do Papa. Que escutem o Pastor Angélico. Que sigam o Vigário de Cristo. Para que esta Terra de Santa Cruz possa honrar o seu “nome de batismo” – nome, aliás, evocado pelo Papa no discurso acima citado: que “o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras de Santa Cruz”.

Os gays e o Reino dos Céus

Não achei em ZENIT, nem no site do Vaticano, nem na Radio Vaticana, nem em lugar nenhum. Mas saiu em R7 e no Estadão: “Cardeal diz que homossexuais ‘não entrarão no reino dos céus'”.

O cardeal é S.E.R. Javier Lozano Barragan, “[e]x-presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde”. Segundo a mídia secular, as declarações foram feitas ontem, quarta-feira, 02 de dezembro, à agência de notícias italiana Ansa.

Do Cardeal Barragán, não conheço quase nada. Encontrei no google uma mensagem proferida na Jornada Mundial contra a AIDS, em 2005; outra por ocasião do 56º dia mundial dos Doentes de Lepra, em 2009. Não sei em qual contexto foram feitas as declarações à Ansa; no entanto, sei que as palavras do cardeal podem ser e serão (se é que já não foram…) distorcidas, de modo que gostaria de tecer alguns comentários ligeiros.

Antes de mais nada, o cardeal está certo, objetivamente. É óbvio que os pecadores não entrarão no Reino dos Céus, por definição: o Céu é o lugar onde não existe pecado. Se isto for considerado “discriminação”, e se é insuportável à mentalidade igualitarista dos nossos dias, paciência. O Céu discrimina: n’Ele, só entram os justos. Nosso Senhor discrimina: separa os justos dos pecadores, as ovelhas dos bodes, o trigo do joio.

Ademais, a passagem bíblica referida por Sua Eminência é a epístola de São Paulo aos Romanos, Capítulo 1, versículos 26ss; “paixões vergonhosas”, “relações contra a natureza”, “torpeza” e “desvario” são expressões utilizadas pelo Apóstolo. Portanto, se há “homofobia”, ela está nas Escrituras Sagradas, e não no discurso do cardeal mexicano!

Esta é a verdade, e ela não pode ser mudada em atenção aos melindres dos que não acreditam em Deus. Os actos homossexuais, desordenados objetivamente, são pecaminosos. Não há espaço para o pecado na presença do Deus Altíssimo. A conclusão que se impera é imediata: não, não há lugar para os homossexuais no Reino dos Céus. Nisto, está certo o cardeal mexicano. Há, no entanto, uma ressalva – óbvia para os católicos – que precisa ser feita, para evitar as distorções dos anti-clericais de todos os naipes.

Não há espaço no Reino dos Céus para homossexuais ou para adúlteros, para prostitutas ou para ladrões, para assassinos ou para idólatras; mas há espaço – e muito! – para os penitentes e os arrependidos. Assim, a resposta à pergunta “o que é ser homossexual?” tem uma importância fundamental para que se entenda o que disse o cardeal Barragán.

Se “homossexual” for o indivíduo praticante que comete os seus atos desordenados sem se arrepender deles, então a sua entrada na Vida Eterna – como a de qualquer pecador – está condicionada ao arrependimento de suas faltas. No entanto, se “homossexual” for o indivíduo que tem tendências a se afeiçoar por pessoas do mesmo sexo e, mesmo assim, heroicamente, luta contra as suas más inclinações e se esforça por levar uma vida reta e agradável aos olhos de Deus, então é deste que é o Reino dos Céus. E estes, como as prostitutas arrependidas, preceder-nos-ão no Reino. Outro sentido às Escrituras Sagradas não pode ser atribuído levianamente. Tachar a Verdade de “homofóbica” não a torna menos premente.

Os melhores da década

Mais um mês terminou. Mais um ano terminou. Mais uma década terminou. Tempus volat. E, por isso, faço coro à iniciativa do Wagner Moura em comemorar, de alguma maneira, este momento que estamos vivendo: por que não escolhermos os melhores da cultura católica digital da primeira década do século XXI?

A idéia é simples: dez categorias. Consulta popular para saber os indicados para cada uma delas. Ao final, a formação de uma lista tríplice, que será apreciada por um júri ainda a definir.

As categorias são:

  1. blog
  2. site
  3. debate
  4. twitter
  5. comunidade de orkut
  6. livro
  7. padre
  8. religiosa
  9. fato
  10. feito

Foi criada uma conta de twitter – @decadacatolica – para a divulgação das novidades. Sigam-na. As votações podem ser feitas lá, aqui, n’O Possível e o Extraordinário, em qualquer lugar; vai ficar difícil para contabilizar depois, mas a gente dá um jeito. Adeus Ano-Velho, Feliz Ano-Novo; e parabéns a todos os que fazem a “cybercultura católica do Brasil”!