Carnaval I

Hoje começa o carnaval, festa pagã onde as pessoas cometem os maiores excessos e imoralidades. A frase provavelmente já foi repetida incontáveis vezes, sem que no entanto pareça surtir qualquer efeito: todo ano são os mesmos dias de folia, e todo ano é a mesma coisa: embriaguez e violência, adultério e fornicação, acidentes e problemas de saúde. Todo ano, o saldo do carnaval é extremamente negativo e, no entanto, todo ano ele se repete! Como é possível tão estranho fenômeno? Como é possível que algo seja indiscutivelmente uma desgraça e, mesmo assim, todo ano atraia multidões para sofrer as mesmas tristes conseqüências que estamos já tão cansados de saber?

Há toda uma mitologia em relação ao carnaval que precisa ser desfeita. O primeiro (e, a meu ver, mais grave) aspecto que precisa ser desmentido é o seguinte: não é verdade que o carnaval seja uma completa desgraça. É óbvio que não é verdade; se o carnaval fosse tão ruim quanto ouvimos dizer, as pessoas simplesmente não iriam às ruas para brincá-lo. E, como canta um frevo daqui de Olinda, “se o povo não saísse / não havia carnaval” – incontestável verdade. Sem foliões não haveria festa; e a primeira coisa que se precisa ter em mente ao se analisar o carnaval é justamente que ele é uma coisa boa.

Claro que ele é uma coisa boa. O pecado é uma coisa boa porque, se não fosse, ninguém pecaria. Naturalmente, as expressões estão aqui empregadas em sentido relativo: “boa”, digo, por ser aprazível. Praticamente todo pecado é a opção por um bem menor em detrimento de um bem maior: assim, um adúltero põe o prazer venéreo acima da fidelidade conjugal, um ladrão põe o seu desejo por um bem qualquer acima do direito de posse do legítimo detentor daquele bem, etc. Seriam raríssimos (e dotados de uma malícia que eu diria patológica) os pecados nos quais o pecador que os cometesse não identificasse o ato realizado com um bem de nenhuma espécie. Peca-se, via de regra, porque se coloca um bem menor acima de um maior, um bem relativo acima do Bem Absoluto que é Deus.

Por que não dão certo as estratégias de se acabar com as imoralidades carnavalescas por meio da identificação pura e simples do carnaval com uma coisa maligna da qual se deva fugir como o diabo foge da cruz? Oras, simplesmente porque isso é anti-natural. As pessoas sabem, intuitivamente, que a alegria é uma coisa boa. Ninguém procura fazer com que um adúltero abandone a sua vida de adultério propondo-lhe o celibato, e ninguém procura fazer com que um ladrão abandone os seus desejos pelos bens alheios propondo-lhe uma vida de pobreza franciscana. Por que motivo, então, deveríamos propôr como única alternativa aos que brincam carnaval o isolamento, a fuga de toda festa, a antecipação da Quarta-Feira de Cinzas e alguns dias de intensas oração e penitência como aqueles aos quais os cristãos são chamados depois dos dias do reinado de Momo?

É óbvio que eu não condeno a mortificação durante o carnaval, como é óbvio que eu também não condeno o celibato ou a pobreza franciscana. Sei, no entanto, que nem o celibato nem a pobreza são para todos indistintamente; por qual motivo, então, o sacrifício completo da alegria nos dias anteriores à Quaresma o seria? Este radicalismo me parece absurdo e fadado ao fracasso. Um excesso oposto também é um excesso e, ainda que possa ser virtuoso, não tem (e não pode ter) aplicação ordinária justamente por ser excesso. Demonizar completamente a idéia de que é possível alegrar-se e divertir-se nos dias do carnaval é a melhor maneira de afastar as pessoas da Igreja e perdê-las para as imoralidades carnavalescas.

Durante os próximos dias de carnaval, irei publicar outros textos correlatos.

Red Baloon

O vídeo é caricato, mas é bem legal. As discussões começam sobre a cor do balão, e chegam ao sujeito que diz não haver balão algum. Só senti falta de alguém dizendo algo como “não, não é um balão, é um hipopótamo”…

Já se disse anteriormente que é óbvio que a verdade existe, uma vez que, se a verdade não existisse, seria verdade que a verdade não existiria. Dizer, portanto, “a verdade existe” é fazer uma dessas afirmações que são auto-evidentes. É incrível que haja, nos dias de hoje, quem tenha a ousadia de levantar opiniões tão patentemente absurdas e – pior! – de exigir que lhes concedamos a mesma seriedade com a qual tratamos as coisas que fazem sentido nesta vida.

E, por favor, não percam meu tempo com daltonismos, teorias das cores, questiúnculas terminológicas ou coisa que o valha. Quem adentrar nesta seara é porque não entendeu um vídeo tão simples como esse – de modo que eu só posso recomendar que o assista de novo, e ainda mais uma vez se for assim necessário. A verdade – como a cor do balão – é objetiva, e depende dela somente, e não de quem a percebe ou deixa de perceber. E independe completamente de quem acredita nela ou de quem, nela, deixa de acreditar.

Parlamentares comprometem-se a lutar contra o aborto

[Publico, na íntegra, notícia conforme recebi por email do “Comitê Pernambucano da Cidadania Pela Vida – Brasil sem Aborto”. É um bálsamo, uma lufada de ar fresco, um oásis neste deserto de imoralidade que é o século XXI. Em tempos como este no qual vivemos, os nomes dos parlamentares presentes a este evento merecem (aliás, devem) ser registrados.

Mundo afora, enquanto o Papa pede “aos médicos para proteger as mulheres do pensamento de que o aborto pode ser uma solução para dificuldades sociais, financeiras ou problemas de saúde”, o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists britânico recomenda dizer às mulheres que “abortar é mais seguro do que ter um filho”. Também enquanto isso, um anúncio sobre aborto em mulheres negras gera polêmica nos Estados Unidos e, aqui em Recife, um homem encontra fetos jogados num saco de lixo. A situação é realmente desesperadora. Que Deus tenha misericórdia de nós todos, e a Virgem Santíssima seja o nosso auxílio neste combate.]

Parlamentares pró-vida comprometem-se a dar continuidade a luta contra a legalização do aborto no Brasil

O Movimento Nacional da Cidadania pela Vida (Brasil Sem Aborto) promoveu, nesta quarta-feira, 2 de março, um café da manhã na Câmara dos Deputados, para apresentar as atividades do movimento em defesa da vida, e partilhar com os deputados federais iniciativas e propostas de ação legislativa em 2011.

O evento foi aberto pela Dra. Lenise Garcia (Presidente do Movimento Nacional pela Cidadania Brasil Sem Aborto), que fez uma síntese da história do Brasil Sem Aborto, e das conquistas obtidas pelo movimento, especialmente na rejeição do PL 1135/91, que visava despenalizar o aborto no Brasil.  Representaram o Movimento Brasil Sem Aborto, além da presidente, Jaime ferreira Lopes (vice-presidente), Luis Eduardo Girão (Secretário Nacional de Finanças) e Prof. Hermes Rodrigues Nery (Secretário-Geral).

Participaram os seguintes deputados federais; Alberto Filho (PMDB/MA), Salvador Zimbaldi (PDT/SP), Áureo Lírio (PRTB/RJ), João Campos-PSDB/GO, Gonzaga Patriota-PSB/PE, Pe. José Linhares (PR/CE), Roberto de Lucena (PV/SP), Jorge Tadeu Mudallen (DEM/SP), Manato (PDT/ES), Solange Almeida (PMDB/RJ) Ronaldo Fonseca (PR/DF) e Eros Biondini (PTB/MG). Estiveram presentes deputados das regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

O deputado Salvador Zimbaldi, que deverá presidir a Frente Parlamentar Mista  em Defesa da Vida, destacou a importância da mobilização popular, tendo em vista que 82º da população, segundo o DataFolha, é pela vida, contra o aborto.  Para Zimbaldi este evento possibilitou o pré-lançamento desta Frente que existe desde 2005 por iniciativa do ex-deputado Luiz Bassuma que a presidiu por 5 anos. Todos os parlamentares presentes fizeram uso da palavra ressaltando a importância da unidade no trabalho em prol da vida do nascituro no âmbito do Congresso Nacional. Já o deputado Áureo Lírio do Rio de Janeiro que deverá ser o 1º Vice-Presidente da Frente afirmou que está totalmente comprometido com a luta contra o aborto, portanto, contra a sua legalização em nosso país.

O deputado federal Alberto Filho-PMDB/MA, em sua fala, fez questão de acentuar que não basta apenas ser contra o aborto, faz-se necessário ter uma militância por esta causa, trabalhando para que políticas públicas de amparo à maternidade sejam efetivamente concretizadas pelo Estado brasileiro, em todos os âmbitos de governo. Enfatizou ainda que o seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados está inteiramente à disposição da luta contra a legalização do aborto e que, pessoalmente, estará engajado nas atividades em prol da defesa da vida no âmbito do Congresso Nacional. Este deputado maranhense será o Secretário Executivo desta Frente Parlamentar.

Outros deputados também se manifestaram para apoiar a iniciativa de retomada da Frente Parlamentar em defesa da vida como Deputado João Campos, Presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Deputado Pe. José Linhares, organizador da Frente Parlamentar Católica e os deputados Eros Biondini, Ronaldo Fonseca. A deputada Solange Almeida, de maneira emocionada, afirmou ter aprendido muito na legislatura passada com a experiência da luta contra a legalização do aborto e aprovação do  seu Substitutivo ao projeto de lei que trata do Estatuto do Nascituro e conclamou os parlamentares presentes a continuarem firmes na luta em defesa da vida.

Após o café da manhã, a diretoria do Brasil Sem Aborto acompanhou a instalação das Comissões de Seguridade Social e Família, e a Comissão de Constituição e Justiça.

No próximo dia 27 de abril ocorrerá o 4º encontro de legisladores e governantes pela vida, também na Câmara dos Deputados, evento que tradicionalmente é promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Vida – Contra o Aborto. Este evento deverá reunir vereadores, prefeitos e vice-prefeitos, deputados estaduais, federais e senadores, bem como governadores de Estado.

Eu, “um dos piores bloggeiros da rede”

Por ocasião do meu texto sobre o garoto que foi suspenso em uma escola americana por usar um terço que eu publiquei aqui ontem, tive a oportunidade de participar de um nada educado bate-boca no wall do Facebook de um amigo. Mas não posso dizer que não tenha tido lá o seu quê de divertido. A figura abaixo mostra, em ordem cronológica, os sucessivos comentários (somente a partir do ponto em que, a meu ver, ficou mais interessante o “barraco” – para o espetáculo completo, verifiquem o link supra [p.s.: removido, para evitar susceptibilidades desnecessárias]). Cliquem para ampliar.

Trago o espécimen aqui somente à guisa de exemplo das besteiras que eu às vezes tenho que aturar. Não vou dissecar o comentário (tarefa aliás bastante fácil), porque eu realmente acho que já perdi muito tempo com o auto-intitulado “um dos melhores alunos da cadeira [de Filosofia] do estado do Rio de Janeiro” (que não entende o que é uma Petitio Principii e cujo “modus definendi” é incapaz de distinguir entre Aristóteles e os sofistas). Quero, na verdade, falar sobre uma outra coisa.

Eu sou um dos piores blogueiros da rede! Isto, em muitos aspectos, é uma verdade que confesso envergonhado. Possuo inumeráveis defeitos: sou preguiçoso, sou desorganizado, tenho enormes dificuldades em gerenciar o meu tempo e estabelecer prioridades, perco muito tempo com coisas fúteis, tenho a péssima mania de conceber projetos e assumir responsabilidades que, depois, não consigo cumprir, abandono as coisas pela metade, sou desleixado, escrevo por vezes com muita pressa (e, às vezes, nem sequer escrevo), não estudo as coisas com o afinco que deveria… et cetera, et cetera. Esta lista poderia muito bem ser expandida e, quem me conhece pessoalmente, sabe que não existe nela sombra de falsa humildade.

No entanto, a despeito de tudo isso, eu sei que o Deus lo Vult! não é um dos piores blogs da rede. Poderia ser muito melhor, é verdade… mas, afinal, o quê não o poderia? E é graças a esta santa “puxada de orelhas” que recebi (embora por vias tão adversas) no Facebook que eu vou fazer, a partir de agora, duas coisas.

1. Esforçar-me mais e com mais empenho para, com a graça de Deus, ser menos pior. Lutar com mais afinco para corrigir os meus muitos defeitos, tendo em vista especificamente este apostolado virtual que eu mantenho já há algum tempo. Lutar mais – e rezar mais – para desempenhar melhor este pequeno papel que a Providência me deu a graça de desempenhar. Aproveito para pedir aos que por aqui passarem orações por este pecador miserável que ora lhes escreve.

2. Ouvir sugestões e críticas sobre o que poderia ser feito para melhorar o Deus lo Vult!. Peço que as façam, da maneira mais sincera possível (façam-na no anonimato, caso assim se sintam mais à vontade) – não prometo fazê-las todas, óbvio, mas prometo lê-las e considerá-las com carinho, à luz do ponto anterior. Falem sobre absolutamente qualquer coisa que gostariam, por absurda e fora do padrão do blog que ela seja. Não é possível que nós não consigamos encontrar, com tantas cabeças pensando, formas novas e/ou melhores de fazer o que eu faço aqui.

E… é isso. Com a palavra, vocês.

Se não fosse um católico…

Só comentando en passant: esta eu vi hoje no “Planeta Bizarro”. Estudante é suspenso em escola nos EUA por usar um terço. Procurei a fonte original e cheguei a esta reportagem da ksdk.com. À parte uma pequena imprecisão que deve ser creditada à minha ignorância no inglês (sempre achei que “High School” era uma coisa equivalente ao nosso “Ensino Médio”, e no entanto o Google Translator disse-me que “sophomore” era “estudante de segundo ano universitário”), a notícia americana é a mesma reproduzida aqui no portal do G1 – com a diferença de que a mídia tupiniquim apenas traduziu quatro linhas dela. A matéria americana é do dia 25 de fevereiro p.p.

Quatro linhas! Se o garoto que foi vítima deste preconceito não fosse católico – se fosse, digamos, um sujeito pertencente a alguma religião de matiz africana proibido de usar guias no pescoço, ou se fosse um homossexual proibido de vestir uma camisa com a foto dele e do seu “parceiro”, ou coisa que o valha -, a notícia ganharia as primeiras páginas dos grandes meios de comunicação. Fariam discursos e mais discursos inflamados contra a intolerância desse colégio (aliás, seriam capazes até de dar um jeito de associar o colégio à Igreja Católica). Fariam manifestações na frente da instituição e, no dia seguinte, convocariam os demais estudantes a sairem com guias no pescoço / camisetas com duplas homossexuais / qualquer-outra-coisa-que-fosse-cabível-dependendo-da-“minoria”-então-agredida em protesto contra este preconceito medieval.

No entanto, foi “só” um católico! Qual o problema em ele ser proibido de usar um terço? O que tem de mal equipará-lo a um membro de uma gangue? E daí se ele é suspenso do colégio pelo simples fato de usar um símbolo religioso? Neste caso a coisa parece ser perfeitamente natural, banal até, e a notícia só merece uma nota de curiosidade em uma seção de notícias estranhas de um jornal eletrônico. Tempos difíceis estes nos quais vivemos…