Orientação sobre “Missas de Cura e Libertação”

[Neste documento recente da CNBB sobre Liturgia, publicado por ocasião da 48ª Assembléia Geral que ocorreu em Brasília no mês passado, encontram-se as orientações sobre as (assim chamadas) “Missas de Cura e Libertação” que seguem abaixo.

Entre outras coisas, a propósito, pode ser encontrada no referido documento a verdadeira palhaçada sobre a tradução da Editio Typica Tertia do Missal Romano que foi publicada em 2002 (isso mesmo, há oito anos!) e corrigida em 2008, sobre a qual a CNBB tem a vergonha de afirmar que pretende, “na Assembleía Geral de 2011, apresentar para votação final, os textos do Ciclo Pascal e se possível também dos Domingos do Tempo Comum e do Ordinário da Missa, para então enviarmos a Roma tudo que já estiver aprovado”…

No entanto, as orientações sobre as referidas celebrações litúrgicas (relativamente comuns em meios carismáticos) estão – graças a Deus, e miraculosamente – fiéis ao que ensina a Igreja.]

1. MISSAS DE CURA

    Nossa Comissão recebe inúmeros pedidos de esclarecimentos ou orientações sobre as assim chamadas “missas de cura” ou “missas de cura e libertação”. Trata-se de missas celebradas em horários especiais, com a finalidade específica de obter de Deus a cura e a libertação de todo tipo de doença.

    Muitas perguntas se colocam: será que esta prática não estará passando para o povo uma compreensão reducionista ou, pior ainda, utilitarista e mágica da missa? Qual o verdadeiro sentido teológico-litúrgico da celebração eucarística? Porque não usamos a bênção dos enfermos indicadas no Ritual de Bênçãos? Porque não rezar a “Missa pelos doentes” indicada no Missal Romano (Missa por várias necessidades, n. 32)? As intenções que apresentamos nas Preces dos Fiéis não tem “força” ou “eficácia”? Lembramos ainda que o Ritual da Unção dos Enfermos prevê o Rito da Unção dos Enfermos na missa. Aliás, seria muito oportuno insistir no estudo da Introdução do Ritual da Unção dos Enfermos e sua assistência pastoral. Enfim, além de rezar pelos doentes, é oportuno lembrar o que diz a referida introdução no no. 35: “Os sacerdotes lembrem-se do seu dever de visitar pessoalmente os enfermos com toda a solicitude e de ajudá-los com generosa caridade. Compete-lhes sobretudo, ao ministrar-lhe os sacramentos, despertar a esperança no coração dos presentes e reanimar a fé no Cristo padecente e resssuscitado, de modo que, ao trazerem o maternal carinho da Igreja e o consolo da fé, confortem aqueles que crêem e levem os outros a voltarem-se para as coisas do alto”.

    No Conselho Permanente de 2004, iniciou-se um estudo para oferecer “Orientações teológico-litúrgicas e pastorais a propósito das chamadas ‘missas de cura e libertação’”. Infelizmente, não se chegou à conclusão deste tema. Como a questão continua a exigir um posicionamento claro por parte de nós, Bispos, queremos encaminhar, até a próxima Assembleia Geral uma proposta de documento a ser preparado juntamente com outras Comissões Episcopais e ser submetido à aprovação.

    Convidamos os Bispos a encaminharem para a Comissão de Liturgia subsídios, livros de canto e orações, relato de experiências em torno destas missas para que possam enriquecer nossa reflexão.

    Colocamos na pasta de cada Bispo a INSTRUÇÃO SOBRE AS ORAÇÕES PARA ALCANÇAR DE DEUS A CURA, publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, em 2000. Temos aí a apresentação de aspectos doutrinais (I Capítulo) e as Disposições disciplinares (II Capítulo) que nos ajudam no exercício de nossa responsabilidade litúrgica nesta questão.

    Plebiscito sobre limite de terras e Dom Gil Antônio Moreira

    [No final da semana passada, foi divulgada uma nota no site da Arquidiocese de Juiz de Fora que levava por título “Evento capacita agentes para plebiscito sobre limite de terras”. Muita gente recebeu por email – o link, atualmente, não está mais funcionando.

    Provavelmente algumas pessoas protestaram, e de tal maneira que o Arcebispo Metropolitano escreveu – e pediu a divulgação – da mensagem abaixo, respondendo a perguntas sobre o referido evento. Atendo ao pedido de Sua Excelência com muito gosto, divulgando a sua mensagem. Este episódio ilustra muito bem a maneira como agem algumas “pastorais” que se dizem católicas. E aproveito para agradecer publicamente a Dom Gil Moreira por ter tido a coragem de impôr limites às “pastorais sociais” de Juiz de Fora. Que a Virgem Santíssima o possa recompensar.]

    From: Dom Gil
    Sent:
    Sunday, May 30, 2010 6:19 PM
    Subject: Re: Um absurdo patrocinado pela Igreja

    Prezados,

    Informo que tal evento foi marcado sem nenhum conhecimento nem do Arcebispo, nem da Coordenação da Pastoral Arquidiocesana e tão logo tomei conhecimento, determinei o seu imediato cancelamento. Na verdade as pessoas que o convocaram usaram de má fé, aproveitando meu estado de saúde precário, estando eu em convalecença de um cirurgia de risco à qual fui submetido, parcialmente afastado de muitas atividades da Arquidiocese. Não consultaram, não pediram licença, não nos comunicaram que haviam tomado tal decisão. É de se lamentar!

    Juntamente com um grande número de Bispos brasileiros não concordo com os métodos e nem com a introdução do tema de caráter muito polêmico e de cunho ideológico e partidarista, se não for eleitoreiro.

    Peço que no mesmo espaço que vocês divulgaram a infausta nóticia abusadora do nome da Arquidoces e Juiz de Fora, divulguem também esta minha mensagem.

    Dom Gil Antônio Moreira

    Arcebispo Metropolitano

    Juiz de Fora, 28 de maio de 2010.

    Documento sobre abusos sexuais na Igreja – CNBB

    [Este documento foi publicado ontem e, desta vez, trago-o aqui na íntegra, porque é o melhor que foi produzido pela Assembléia Geral da CNBB (que se encerrou ontem). Claro que não é perfeito; mas, vindo da Conferência, é realmente impressionante ouvir falar em Sacramentorum Sanctitatis Tutela, em “Instruções de Discernimento Vocacional  acerca das pessoas com tendências homossexuais e sua admissão ao Seminário e às Ordens Sacras”, em Humanae Vitae, etc.

    Quanto aos seminários, expulsar os homossexuais; quanto às dioceses, fomentar a santidade sacerdotal; quanto à CNBB, reunir-se com canonistas. Tudo isso explicado em tópicos e pontos, duas páginas apenas, sem a verborragia peculiar dos documentos da Conferência.  Impressionante. Rezemos pelo clero; que este Ano Sacerdotal possa, ainda que seja já agora em seu fim, trazer frutos para o clero brasileiro.

    Fonte: CNBB]

    PRONUNCIAMENTO DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

    SOBRE ABUSOS SEXUAIS NA IGREJA

    Os Bispos Católicos do Brasil expressam seu compromisso e empenho na investigação rápida e eficaz dos casos de abuso sexual na Igreja, em que padres e religiosos são acusados, tomando as medidas canônicas e civis cabíveis.

    O tratamento do delito deve levar em consideração três atitudes: para o pecado, a conversão, a misericórdia e o perdão; para o delito a aplicação das penalidades (eclesiástica e civil); para a patologia, o tratamento.

    Os bispos reconhecem o mal irreparável a que foram acometidas as vítimas e suas famílias; a elas dirigem seu pedido de perdão, acompanhado das suas orações, prometendo envidar esforços para ajudá-las na superação de tão grande mal e seus traumas subsequentes, e oferecer-lhes apoio psicológico e espiritual.

    Orientações concretas:

    1. Quanto à formação dos novos padres:

    • Ater-se às Instruções de Discernimento Vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao Seminário e às Ordens Sacras (cf. Congregação para a Educação Católica, 4 de novembro de 2005).
    • Realizar acurada seleção dos candidatos ao seminário, por meio de um processo de acompanhamento que permita a admissão de pessoas com indispensável saúde física e mental, somada aos atributos de equilíbrio moral, psicológico e espiritual.
    • Assumir o compromisso de implantar imediatamente as “Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil”.
    • Buscar ajuda de pessoas especializadas em ciências humanas para assessorar a equipe de formadores dos futuros sacerdotes.
    • Trabalhar a dimensão humano-afetiva dos seminaristas, educando-os para o sentido do amor autêntico e verdadeiro, levando-os a assumir com maturidade e liberdade a exigência do celibato.

    2. Quanto às Dioceses e seus Presbíteros:

    • Garantir uma rápida e eficaz resposta frente às acusações de abuso sexual, favorecendo os procedimentos civis e aplicando de imediato a lei eclesiástica, com a suspensão do exercício ministerial, sem apelar para uma simples transferência.
    • Intensificar o apoio à promoção, explicação, aplicação e defesa da doutrina católica sobre a sexualidade, o matrimônio e a família, retomando os ensinamentos da Humanae vitae.
    • Efetivar concretamente a pastoral presbiteral nas dioceses, fomentando a amizade madura entre os padres e dos mesmos com seu bispo, evitando o isolamento e proporcionando a vivência madura do celibato abraçado na alegria e na liberdade.
    • Fortalecer a vida interior pela prática da direção espiritual, oração, frequência ao Sacramento da Penitência e adoração Eucarística, visando à santidade sacerdotal.
    • Desenvolver nas instituições sociais e educativas católicas programas e iniciativas de prevenção e proteção às crianças, adolescentes e jovens.
    • Contar com profissionais das áreas humanas para estudo, acompanhamento e elaboração de programas para acolhida, proteção e recuperação das vítimas de abuso sexual.

    3. Quanto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

    • Constituir uma comissão ad hoc para elaborar um vademecum – manual de fundamentação e orientação, isto é, um protocolo de política oficial de ação da Igreja no Brasil. O vademecum deverá conter princípios teóricos, a partir da legislação civil e canônica, referentes ao proceder dos bispos e de suas dioceses nos casos de abusos sexuais de menores, adolescentes e jovens; devendo conter também indicações práticas a serem adotadas.
    • A CNBB deverá promover, o quanto antes, um encontro de canonistas dos Tribunais Eclesiásticos, para que esses, com pleno conhecimento do vademecum e das normas canônicas afins, estejam aptos a assessorar e orientar os bispos quanto aos procedimentos jurídicos e canônicos.
    • Identificar os Centros de Tratamento existentes para atendimento a padres e religiosos com problemas relativos à sexualidade, para onde possam ser encaminhados os possíveis casos.
    • Organizar equipes de especialistas, em nível nacional e regional, a fim de assessorar os bispos que se defrontarem com casos de abusos sexuais em suas dioceses.
    • Ter presente as normas do Código de Direito Canônico e do Motu Proprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela de 30 de abril de 2001. E ainda: Sexualidade humana: verdade e significado, do Pontifício Conselho para a Família, de 8 de dezembro de 1995; a Declaração sobre algumas questões de ética sexual – persona humana, da Congregação para a Doutrina da Fé, de 29 de dezembro de 1975; Orientações educativas sobre o amor humano – linhas gerais para uma educação sexual, da Congregação para a Educação Católica, de 1º de novembro de 1983; Orientações dadas pela assessoria jurídica da CNBB; e a Carta Pastoral de Bento XVI aos católicos na Irlanda sobre abusos sexuais de menores, de 19 de março de 2010.

    Brasília, 13 de maio de 2010.

    Dom Geraldo Lyrio Rocha
    Arcebispo de Mariana
    Presidente da CNBB

    Dom Luiz Soares Vieira
    Arcebispo de Manaus
    Vice-Presidente da CNBB

    Dom Dimas Lara Barbosa
    Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
    Secretário-Geral da CNBB

    Nota da Cúria da Administração Apostólica – sobre D. Rifan e Dilma Rousseff

    Fonte: Administração Apostólica São João Maria Vianney

    Nota da Cúria da Administração Apostólica P. S. J. Vianney

    A propósito da presença do Exmo. Sr. Bispo Dom Fernando Arêas Rifan na inauguração do Centro de Produção Multimídia da Canção Nova em Brasília (DF), no dia 5 de maio de 2010.

    A propósito da presença do Exmo. Sr. Bispo Dom Fernando Arêas Rifan na inauguração do Centro de Produção Multimídia da Canção Nova em Brasília (DF), no dia 5 de maio de 2010, a Cúria da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, a pedido do Sr. Bispo, vem esclarecer o que segue:

    1) A presença do Sr. Bispo Dom Fernando a essa inauguração, para a qual foi duas vezes convidado, junto com cerca de sessenta outros Bispos, não significou nem significa apoio a tudo o que veicula esse meio de comunicação, como aliás não significou nem significará esse apoio sua presença em quaisquer outras inaugurações de veículos de comunicação a que comparece ou abençoa, por ofício ou educação. Ademais, é por demais conhecida a nossa posição litúrgica na Igreja, conservando como forma ritual própria, concedida pela Santa Sé, o Rito Romano na sua forma extraordinária, nossa identidade e razão da nossa existência.

    2) O encontro com a Sra. Dilma Roussef, que, na ocasião, veio até ao Sr. Bispo para cumprimentá-lo e a cujo cumprimento ele correspondeu por educação, foi fortuito e inesperado, considerado pelo Sr. Bispo como estranho e ardiloso por parte de quem a convidou, pois tal presença não constava no convite e, se constasse, o Sr. Bispo não o teria aceitado, para não dar motivo a más interpretações.

    3) A foto, em que aparecem o Sr. Bispo e a pré-canditada, não significa qualquer apoio à sua candidatura e muito menos ao seu partido ou programa de governo, como aliás, não significam nem significarão qualquer apoio outras fotos com outros candidatos que eventualmente visitarem ou cumprimentarem o Sr. Bispo, coisa muito comum em épocas pré-eleitorais.

    4) A Cúria da nossa Administração Apostólica e seu Bispo, S. Exa. Dom Fernando Arêas Rifan, aproveitam a oportunidade para, até em defesa dos verdadeiros direitos humanos, corretamente sempre defendidos e apoiados pela Igreja, expressar seu total repúdio ao PNDH 3 (Plano Nacional de Direitos Humanos 3) do atual governo, pois, embora contenham boas proposições, que reconhecemos, no entanto sua linha de princípios e grande parte de suas diretrizes, metas e sugestões, expressa ou veladamente, contradizem a moral natural e cristã, especialmente quando pretendem, entre outras posições errôneas, adotar o aborto, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a adoção por casais homoafetivos, a regulamentação profissional da prostituição, a proibição dos símbolos religiosos nos estabelecimentos públicos e a proteção aos invasores de propriedades.

    Campos dos Goytacazes, 10 de maio de 2010

    Mons. José de Matos Barbosa

    Chanceler e Vigário Geral.

    Nota da Pastoral de Católicos na Política – sobre o PNDH-3

    [Recebi por email de um amigo; bom saber que, graças a Deus, muitos bispos estão vindo a público para protestar contra as barbaridades do PNDH-3. E vindo de uma “pastoral de católicos na política” que eu não conhecia e da qual – a julgar pelo nome – eu só poderia esperar barbaridades! Grata surpresa. Que a Virgem Santíssima abençoe Dom Filippo Santoro.

    Fonte: O Dia online.]

    Nota da Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro e do Leste 1

    A Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1 se manifesta por meio desta Nota sobre a proposta de implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos 3  proposta pelo Governo.

    1. O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) suscita graves preocupações não apenas pela questão do aborto, do casamento de homossexuais, das adoções de crianças por casais do mesmo sexo, pela proibição de símbolos religiosos nos lugares públicos, pela transformação do ensino religioso em história das religiões, pelo controle da imprensa,  a lei da anistia, etc, mas, sobretudo, por uma visão reduzida da pessoa humana. A questão em jogo é principalmente antropológica: que tipo de pessoa e de sociedade é proposto para o nosso país.

    2. No programa se apresenta uma antropologia reduzida que sufoca o horizonte da vida humana limitando-o ao puro campo social. Dimensões essenciais são negadas ou ignoradas: como a dignidade transcendente da pessoa humana e a sua liberdade; o valor da vida, da família e o significado pleno da educação e da convivência. A pessoa e os grupos sociais são vistos como uma engrenagem do Estado e totalmente dependentes de sua ideologia.

    3. Os aspectos positivos, que também existem, e que constituíram  grandes batalhas da CNBB e de outras importantes organizações da sociedade civil, são englobados dentro de um sistema ideológico que não respeita a concepção de vida humana da grande maioria do povo brasileiro. Por isso,  são de grande valia os pronunciamentos de tantos setores da sociedade, que mostraram profunda preocupação com as consequências da aplicação desse Programa.

    4. Nesta 3ª edição do PNDH, estamos diante de uma cartilha de estilo radical-socialista, que esta sendo implantada na Venezuela, no Equador e na Bolívia, e que tem em Cuba o seu ponto de referência.

    5. Trata-se de um projeto reduzido de humanidade destinado a mudar profundamente a nossa sociedade.

    6. Vida, família, educação, liberdade de consciência, de religião e de culto não podem ser definidos pelo poder do Estado ou de uma minoria. O Estado reconhece e estrutura estes valores que dizem respeito à dignidade última da pessoa humana, que é relação com o infinito e que nunca pode ser usada como meio, mas é um fim em si mesma. A fonte dos direitos humanos é a pessoa e não o Estado e os poderes públicos.

    7. O programa do Governo é um claro ato de autoritarismo que enquadra os direitos humanos num projeto ideológico, intolerante, que fez retroceder o país aos tempos de ditadura.

    8. Diante desse instrumento de radicalização, somos todos interpelados face às ameaças que dele derivam à eficácia de valores vitais, como os da vida, da família, da pessoa, do trabalho, da liberdade e da Justiça.

    9. Os membros da Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1, posicionam-se fortemente contra tal programa e desejam ver bem discutidas estas propostas de modo a transformá-las, de ameaça que são, em um esforço útil a todo o Povo Brasileiro.

    Nota de Esclarecimento – Dom Fernando Saburido

    [Nota da Arquidiocese de Olinda e Recife, sobre algumas declarações atribuídas a S.E.R. Dom Fernando Saburido referentes à menina de Jaboatão dos Guararapes que, violentada pelo padrasto, ia se submeter a um aborto. A nota foi publicada no site da Arquidiocese de Olinda e Recife.].

    NOTA DE ESCLARECIMENTO

    Diante do mal entendido ocorrido em função de uma entrevista minha publicada no Diário de Pernambuco, no último dia 10 do corrente mês, sobre ABORTO, gostaria de esclarecer os seguintes pontos:

    1. Comungo, em todos os sentidos, com a orientação da nossa Santa Igreja que defende a vida e não admite, em hipótese alguma, que ela seja eliminada porque é um dom de Deus e somente a Ele cabe tirá-la.

    2. Em nosso país, não é penalizado o aborto em casos específicos. Com a Igreja, entendo que esta norma contraria os princípios básicos da ética cristã e não pode ser aceita por tratar-se de uma lei que mata.

    3. No caso específico da menina de 10 anos, grávida de quatro meses, vítima de estupro do seu padrasto e submetida a aborto, discordo da solução tomada. Considerei anticristã por ceifar uma vida que poderia perfeitamente ser salva. Não faltaria família que se dispusesse a adotar o bebê, oferecendo-lhe afeto e dignidade.

    4. Neste mesmo dia 10 de abril, dei entrevistas à imprensa pernambucana e, facilmente, pode-se comparar e verificar, na quase totalidade dos casos, o meu posicionamento contrário ao aborto em qualquer situação.

    5. No caso específico do Diário de Pernambuco, considero a entrevista tendenciosa, com perguntas repetitivas, e reconheço que posso não ter sido claro, deixando margem para dúvidas que desejo retificar através desta nota.

    6. Acredito que todos que me conhecem e sabem da minha história, jamais terão dúvidas do meu amor à Igreja e fidelidade ao seu Magistério.

    Recife, 15 de abril de 2010.

    Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
    Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife

    Moralidade do voto em candidatos menos indignos

    [Publico na íntegra texto que recebi por email e encontrei no Cruzados de Maria; o contexto é o das eleições municipais espanholas do início do século passado, e tem muito a ver com as discussões acaloradas que se estão travando sobre as eleições presidenciais que se avizinham. O artigo é bem longo, de modo que é necessário clicar no link abaixo para lê-lo na íntegra. No entanto, parece-me extremamente pertinente.

    Publico constrangido, sem concordar totalmente com as conclusões às quais ele conduz e – mais ainda! – sem estar convencido de que elas se apliquem com exatidão à situação corrente. Mas, tendo eu defendido posição contrária, impõe-se como uma questão de justiça dar a conhecer o parecer de outros mais sábios e doutos do que eu próprio. Não acredito que isto encerre a discussão, mas sem dúvidas contribui para ela. Que a Virgem Santíssima tenha piedade do Brasil.]

    Livre-tradução do artigo “Moralidad del voto a candidatos menos indignos” do Padre Pablo Suárez do Distrito da América do Sul da FSSPX, publicado na edição número 7 dos “Cuadernos de La Reja” – especial “Fazer Política”.

    Palavras do editor dos “Cuadernos de La Reja

    Neste artigo é feita a exposição de uma discussão doutrinal tida na Espanha nos começos do século passado, por motivo das eleições municipais, resolvidas pela intervenção de São Pio X. O problema que se apresentou então aos católicos espanhóis é o mesmo que, em circunstâncias cada vez piores à medida que avança a corrupção política e social, se apresenta hoje aos católicos do mundo inteiro: Que atitude tomar diante da mentira da democracia atual que nos chama a eleger entre candidatos maus, piores e péssimos, todos contrários às nossas mais fundamentais convicções, para logo felicitarmo-nos porque exercemos a “soberania popular”? O problema é hoje ainda mais complexo, e ao publicar este artigo não pretendemos resolvê-lo. Queremos deixar muito claro que a finalidade que buscamos ao pedir esta relação ao autor – filho querido de nosso Seminário – não é encorajar a participação dos católicos na farsa eleitoral, porque se há algo que foi levando os Estados cristãos à catástrofe na qual nos encontramos, foi crer impossível a resistência aos dogmas republicanos da Revolução. A finalidade imediata é a que expressa o título do livreto: contribuir com alguns esclarecimentos aprovados pelo Magistério da Igreja sobre o difícil problema moral do voto a um candidato indigno. E a finalidade última e principal é que – recorrendo às palavras de São Pio X com que termina o escrito – “tenham todos presente que, diante do perigo da religião ou do bem público, a ninguém é lícito permanecer ocioso”. Porque diante da enormidade do mal corremos o grave risco de renunciar à ação, por mais pequena que esta seja, pelo bem comum da Pátria e da sociedade.

    Moralidade do voto a candidatos menos indignos
    – Rev. Pe. Pablo Suárez

    O título escolhido para apresentar o tema deste trabalho representa uma posição concreta da matéria que abordará; não parece que seja mal fazê-lo assim e, contudo, também poderia intitular-se “Dois artigos e uma carta” pois, na realidade, também se trata disso: por um lado, de dois escritos aparecidos quase um século atrás em uma prestigiosa revista católica espanhola, “Razón y Fe“, e por outro, de uma carta do Papa São Pio X, as três focalizando a problemática referida.

    Preliminarmente, seria conveniente formular uma advertência, a saber: que para quem isto escreve, não é do caso converter-se em aficionado delas, senão tão somente basear-se em um dado mais reputado e importante que sirva como elemento de juízo subsidiário para encarar esta espinhosa questão, com a qual certamente têm que conviver os católicos contemporâneos.

    Nessa inteligência, o mais apropriado será fazer como uma espécie de relação dos acontecimentos, deixando que sejam os fatos, as opiniões e os atores mesmos envolvidos quem apareçam em primeiro plano, já que é em torno deles que gira toda a questão.

    Continuar lendo Moralidade do voto em candidatos menos indignos

    Aos sacerdotes e religiosos [da Irlanda] que abusaram dos jovens

    7. Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

    Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas acções. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.

    Exorto-vos a examinar a vossa consciência, a assumir a vossa responsabilidade dos pecados que cometestes e a expressar com humildade o vosso pesar. O arrependimento sincero abre a porta ao perdão de Deus e à graça do verdadeiro emendamento. Oferecendo orações e penitências por quantos ofendestes, deveis procurar reparar pessoalmente as vossas acções. O sacrifício redentor de Cristo tem o poder de perdoar até o pecado mais grave e de obter o bem até do mais terrível dos males. Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas acções sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus.

    Bento XVI,
    Carta pastoral aos católicos da Irlanda
    19 de março de 2010 – solenidade de São José.

    Bispo auxiliar de Niterói sobre PNDH-3

    [Fonte: Arquidiocese de Niterói. Grifos no original.]

    Foi divulgado pelo Exmo. Presidente da República o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Queremos em princípio atribuir a tentativa os melhores propósitos de garantir no país os Direitos Humanos bem como ajudar a firmar seu reconhecimento. No entanto nos preocupa em primeiro lugar a forma de elaboração do programa, foi a síntese de várias conferências sobre DH com a participação quase que exclusiva dos movimentos sociais e ONGs.

    Percebe-se na redação e na formulação a confusão de interesses com direitos, e o viés assembleísta corporativo como dispositivo de pressão, aprovação que termina como veremos numa prática totalitária, pois só o congresso ou uma constituinte tem a legitimidade de representar toda a nação. Por outra parte percebemos a influência hegemônica do positivismo jurídico estatalista que afirma que os DH são concessões do Estado; cabendo ao Estado outorgá-los. Ora os DH são inerentes a pessoa humana, se depreendem de sua natureza, precedendo ao Estado, cabendo a este simplesmente reconhecê-los e respeitá-los.

    Quanto ao conteúdo, de pretensos direitos deste programa, se relativiza seriamente o direito de propriedade gerando insegurança; se desconhece o direito à vida, que é o primeiro direito de cidadão, facilitando o crime do aborto; se envereda pela cultura de retaliação e do revanchismo ignorando as lições da história recente dos países dilacerados pelo ódio como África do Sul, Chile e Argentina que aprenderam dolorosamente que só com uma política centrada na verdade, no perdão e na reconciliação poderá haver paz e um futuro de concórdia nacional. Finalmente se enfraquece o Estado de Direito; suas instituições que devem estar em serviço de liberdade, do bem comum e da justiça social.

    Fazemos votos que a sociedade civil brasileira que acompanha vigilante o processo de construção de uma democracia inspirada em valores humanitários e na participação de todos, rejeite este programa pela sua marcante tendência ideológica tão distante do preâmbulo de nossa Constituição.

    + Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
    Bispo Auxiliar de Niterói

    São Francisco de Assis, pelo Papa Bento XVI

    É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem ajuda para que a Igreja não caia, mas um religioso pequeno e insignificante, que o Papa reconhece em Francisco quando este o visita. Inocêncio III era um papa poderoso, de grande cultura teológica, como também de grande poder político e, no entanto, não é ele quem renova a Igreja, e sim um pequeno e insignificante religioso: é São Francisco, chamado por Deus. Por outro lado, no entanto, é importante observar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas em comunhão com ele. As duas realidades estão juntas: o Sucessor de Pedro, os bispos, a Igreja fundada sobre a sucessão dos apóstolos e o carisma novo que o Espírito Santo cria nesse momento para renovar a Igreja. Na comunhão se dá a verdadeira renovação.

    […]

    O Pobrezinho de Assis havia compreendido que todo carisma dado pelo Espírito Santo deve ser colocado ao serviço do Corpo de Cristo, que é a Igreja; portanto, agiu sempre em comunhão plena com a autoridade eclesiástica. Na vida dos santos não há contraposição entre carisma profético e carisma de governo e, se houver alguma tensão, estes sabem esperar com paciência os tempos do Espírito Santo.

    […]

    Neste Ano Sacerdotal, quero também recordar a recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: “Ao celebrar a Missa, ofereçam o verdadeiro sacrifico do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoalmente puros, com disposição sincera, com reverência e com santa e pura intenção” (Francisco de Assis, Escritos). Francisco mostrava sempre um grande respeito pelos sacerdotes e recomendava respeitá-los sempre, inclusive no caso de que pessoalmente fossem pouco dignos. A motivação do seu profundo respeito era o fato de que eles receberam o dom de consagrar a Eucaristia. Queridos irmãos no sacerdócio, não nos esqueçamos jamais deste ensinamento: a santidade da Eucaristia nos pede que sejamos puros, que vivamos de maneira coerente com o Mistério que celebramos.

    Bento XVI, Audiência Geral, 27 de janeiro de 2010.