Encerrando o dia

Revelado plano de Hitler para matar Pio XII. “Segundo Freytag von Loringhoven, nos dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe de contraespionagem italiano, o general Cesare Amè, da intenção do Führer de punir os italianos pela prisão Mussolini, com o sequestro ou o assassinato de Pio XII e do rei da Itália”. A reportagem original do Avvenire: Hitler voleva eliminare Pio XII.

Comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé sobre as anunciadas ordenações presbiterais da FSSPX: “não há nada a acrescentar ao que foi afirmado pelo Santo Padre em sua carta aos bispos da Igreja Católica no último dia 10 de março: (…) “Enquanto a Sociedade (de São Pio X) não tiver um status canônico na Igreja, seus ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja (…) até que as questões doutrinais sejam esclarecidas, a Sociedade não tem status canônico na Igreja, e seus ministros (…) não exercem legitimamente nenhum ministério na Igreja”. As ordenações são, portanto, ainda consideradas ilegítimas”.

CNBB pede rapidez na aprovação do Estatuto da Igreja Católica. Enquanto isso, parlamentares divergem sobre o estatuto. A mesma lenga-lenga do “Estado Laico”, mas a pérola agora aventada é preciosa: “Eu sou contra porque não há um acordo entre dois estados que não se comparam: um é um estado teocrático e outro é um estado republicano”. São palavras do deputado Ivan Valente, do PSOL.

Juiz ordena prisão de padre e outros 5 pedófilos no México; reparem no título da matéria e no destaque que é dado ao “padre”. Na manchete, ele é pedófilo. Na primeira linha da reportagem, a conversa muda para “seis supostos pedófilos”. Diz ainda a reportagem que “após a detenção a Igreja Católica pediu que o religioso não fosse prejulgado”. Mas a presunção de inocência parece ser um princípio jurídico que não se aplica aos sacerdotes católicos.

– Esta tem mais a cara do Tubo de Ensaio: a Folha noticiou que cientistas revertem evolução e devolvem barbatanas a peixe. Darwin estava certo? Bom, o que os anti-clericais de todos os naipes precisam entender é que, ainda que Darwin esteja certo, isso não muda um milímetro a necessidade metafísica do Deus Criador. Derrubemos os espantalhos.

Elogios e reclamações

Elogiando o que merece ser elogiado: a CNBB protestou contra a PEC do divórcio, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara na última quarta-feira pela esmagadora maioria dos deputados: 374 votos a favor contra apenas 15 contra. A proposta é para que se elimine o tempo de “prévia separação judicial por mais de um ano ou comprovada separação de fato por mais de dois anos” exigido pela Constituição Brasileira para que os cônjuges possam se divorciar.

É uma vergonha que a maior parte das pessoas pareça simplesmente não se importar com isso. A proposta foi aprovada no mais constrangendor silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira e banal ou – pior ainda! – entre loas como se fosse a “solução para um anacronismo legal finalmente (…) enunciada”, como disse um editorial da Folha de São Paulo de hoje (22/5/2009).

Somente quinze deputados votaram contra esta [mais uma] afronta à família brasileira, que já é tão violentamente atacada por todos os flancos. Aprovar o “divórcio imediato” é, sim, banalizar ainda mais a instituição familiar, como disse o vice-presidente da CNBB na matéria citada.

É o individualismo institucionalizado. A família tem função social – afinal, é célula mater da sociedade – e, por isso, recebe alguns benefícios do Estado [é por isso, aliás, que as “duplas gays”, que não têm a mesma função social da família, não podem receber as mesmas proteções estatais]. É falso que a separação dos cônjuges interesse somente aos dois: interessa a toda a sociedade. Transformar o casamento civil numa “qualquer-coisa” que pode ser feita, desfeita ou refeita a qualquer momento é educar os cidadãos para a irresponsabilidade. A lógica absurda dos defensores do divórcio é que a célula mater da sociedade… não deve absolutamente nada à sociedade, e só responde a ela mesma. Triste mundo no qual vivemos.

Agora, protestando contra o que deve ser protestado: não existe uma nota no site da CNBB contra esta PEC do divórcio (embora exista uma a favor de outra PEC que intenta incluir a alimentação como “direito social”…). Existe, no entanto, uma notícia que fala sobre o assunto e que é simplesmente ridícula.

A manchete da notícia fala sobre a tal PEC da alimentação. Lá pelas tantas, o texto fala sobre a Amazônia. Depois, sobre a PEC do divórcio e, por fim, sobre “homofobia”. Segundo a notícia do site da CNBB, o presidente da conferência teria dito que esta PEC é “irrelevante” (!). Percebam o absurdo: a mídia secular noticia que a CNBB criticou a PEC, enquanto o próprio site da Conferência não fala quase nada!

E, para fechar com chave de ouro a notícia, questionado sobre a homofobia [ou, melhor dizendo, questionado sobre o projeto de lei da Mordaça Gay], dom Dimas, ao invés de denunciar o lobby gayzista ou protestar contra esta lei absurda, disse ser “inconcebível qualquer tipo de discriminação e preconceito” e que “[n]ão podemos discriminar ninguém por ser homossexual, negro, quilombola, índio, migrante”. Oras, tudo isso é óbvio, mas o projeto de lei não existe para acabar com o preconceito, e sim para transformar os gays em uma super-classe de cidadãos e acabar com a liberdade religiosa no país! Não adianta falar sobre o óbvio com essa gente, porque a novilíngua por eles utilizada impede a correta compreensão das idéias. Para um gayzista, “respeito” é deixar as duplas de marmanjos ou lésbicas agarrarem-se em público e “discriminação” é impedi-los de adotar crianças. Espanta-me que os assessores de imprensa da CNBB não saibam essas obviedades.

Notas Ligeiras

Só indicando e/ou comentando em linhas ligeiras:

Is There Really an Influenza Epidemic? Em português [adaptado pelo Julio Severo], Há realmente uma epidemia de gripe? Parece que as dúvidas sobre se o surto de gripe suína é uma farsa alcançou proporções globais. Eu mantenho os meus comentários, só enfatizando: se o vírus não é tão letal quanto parece, graças a Deus, e voltemos à normalidade. A começar pelas missas no México, que não sei se já foram liberadas.

– O Gustavo fez um apanhado mais geral sobre a 47ª Assembléia Geral da CNBB, abordando também – além do homossexualismo – as questões sobre famílias em segunda união e celibato. Diz ele: É missão da Igreja, porém, apontar o erro, com caridade, mas com verdade. “A verdade dói”. Paciência. Se Cristo quisesse se furtar à dor, não teria morrido da forma que morreu. Muito bem dito! Subscrevo.

Campanha de outdoor homenageia mãe lésbica em Pernambuco, diz o Jamildo. “Tenho duas mães e muito amor por elas” – ridículo, oportunismo barato, propaganda imoral que deveria ser proibida. O vício não merece “homenagem”, e sim censura. Tenha Deus misericórdia das nossas crianças, expostas desde a mais tenra idade a esta depravação institucionalizada, ao vício transvestido de virtude.

– Não tenho tempo de traduzir esta pesquisa feita nos Estados Unidos, mas ela é bem interessante. Mostra que o apoio ao aborto vem decaindo na sociedade americana de agosto para cá. Mesmo assim, o presidente mais abortista da história dos EUA foi eleito; incompreensível. Tomara que, quando os americanos acordarem, não seja já tarde demais.

– Na Espanha há uma ampla rejeição à proposta de reprovar o Papa por causa de suas palavras na África; Deo Gratias! Queira Deus que, ao contrário do parlamento belga, os espanhóis não cedam ao politicamente correto. O cardeal Cañizares disse que “se trata de «uma decisão que não representa a Espanha nem a imensa maioria dos eleitores de todos os partidos, que deveriam representar verdadeiramente os cidadãos» e que «constitui uma ofensa à própria Espanha, sempre próxima do Papa e querida por ele, e entranha um grave dano às instituições»”. Para expressar também o seu repúdio a esta iniciativa descabida, clique aqui (via HazteOir).

Três versões sobre a CNBB e a admissão de homossexuais ao sacerdócio

Certas coisas são realmente inacreditáveis: com referência ao documento da CNBB sobre a formação de sacerdotes, encontrei na internet três notícias com manchetes diferentes e contraditórias.

  1. Folha de São Paulo: Bispos aprovam diretrizes para novos padres mas retiram menção a homossexualidade
  2. Estado de São Paulo: CNBB reafirma que homossexual não pode ser padre
  3. Zero Hora: Gays celibatários podem ser padres, diz bispo

Cabe perguntar como é possível uma tal discrepância na apresentação de notícias sobre o mesmo fato; a incoerência é gritante e salta aos olhos. Mais ainda se levarmos em consideração que o tal documento não foi ainda publicado, só o devendo ser após a aprovação do Santo Padre. Como é possível, então, que três agências de notícias possam dar informações tão díspares sobre uma coisa que nem sequer foi tornada pública ainda?

[A bem da verdade, é preciso deixar claro que o último texto – reproduzido pelo Zero Hora – fala não sobre o documento “Diretrizes para a Formação dos Presbíteros” em si, e sim sobre uma declaração do bispo dom Luís Soares Vieira, vice-presidente da CNBB. Mesmo assim, merece registro o samba do crioulo doido que foi feito pelos jornais brasileiros.]

Qual é, portanto, a verdadeira posição da Igreja Católica no meio desta confusão toda? Ela deve ser buscada na Instrução Sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao Seminário e às Ordens Sacras, da Congregação para a Educação Católica. O texto é taxativo; lá, a Igreja afirma “claramente” que “não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay“.

A CNBB não pode fugir disso; quer o documento traga expressamente o termo “homossexualidade” ou não, quer um bispo diga o contrário, gays não podem ser ordenados sacerdotes porque assim dispõe a Santa Sé. C’est fini. Permitindo-me um desabafo, bem que a Conferência poderia evitar estas fofocas descabidas todas afirmando de maneira clara o que a Igreja já afirmou há quatro anos [a referida instrução é de 2005]; mas parece que a CNBB só sabe ser taxativa quando é para ser contrária à redução da maioridade penal…

“Ah, mas e se o gay for celibatário?”, pode perguntar alguém. Ao contrário do que disse o vice-presidente da CNBB, no entanto, só é autorizada pela Congregação para a Educação Católica a admissão às ordens sacras do candidato no “caso de se tratar de tendências homossexuais que sejam apenas expressão de um problema transitório como, por exemplo, o de uma adolescência ainda não completa”. Ou seja, se o sujeito estiver confuso durante a adolescência, se tais tendências forem transitórias, e não se ele for verdadeira e propriamente gay, assumido e feliz com a sua “orientação” sexual. E, mesmo assim, essas tendências precisam “ser claramente superadas, pelo menos três anos antes da Ordenação diaconal”. Que diferença entre o que diz a Santa Sé e o que diz a vice-presidência da CNBB!

Só mais dois detalhes: primeiro, não é verdade que “o que se exige do heterossexual para ser padre, se exige também do homossexual” assim, simpliciter, como disse Sua Excelência. De um heterossexual se exige a renúncia de um bem (o Matrimônio) e, do suposto homossexual sacerdote, exigir-se-ia evitar um pecado (os atos homossexuais). Não é, nem de longe, a mesma coisa. Privar-se de algo que é um bem é um ato meritório; afastar-se dos pecados é obrigação de todo cristão. É, portanto, evidente a diferença.

E, segundo, causa espécie que (conforme o Estadão) o tal documento tenha… “388 artigos e 97 páginas, antes dos acertos finais”! Uma centena de páginas e, mesmo assim, sem tratar do problema da homossexualidade?! É realmente necessário tudo isso? Tenho até medo de saber o seu conteúdo. Bem que o Papa poderia devolver uma versão que contivesse somente um quarto do tamanho desta papelada; tenho certeza que daria para abordar tudo o que é necessário para a formação dos presbíteros (incluindo a homossexualidade). Rezemos pelos nossos bispos, rezemos pelos futuros sacerdotes.

Quando as autoridades se calam

Algumas coisas me surpreendem verdadeiramente. A missa do dia primeiro de maio, celebrada na Catedral de São Paulo, deveria este ano – segundo disse Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo, no ano passado – fugir da politização e “reunir trabalhadores e empresários em torno do altar”, conforme esta notícia que foi dada no Estadão. No entanto, será – de novo! – uma missa voltada só para os trabalhadores, porque “a Pastoral Operária, da Arquidiocese de São Paulo, resistiu à mudança”!

Quem diabos pensa a “Pastoral Operária” paulista que é, para resistir à determinação de seu Cardeal Arcebispo? Por que misterioso motivo o senhor Cardeal – data maxima venia – não fez valer o báculo que carrega e a púrpura que veste, ao invés de permitir esta absurda insubordinação? Acaso a Igreja Católica virou agora uma democracia moderna, onde a voz do povo é a voz de Deus, ao invés de precisar se conformar à voz de Deus? Acaso agora as ovelhas gritam e os pastores condescendem? Tempos terríveis! O povo católico – as pessoas têm que entender isso – precisa de pastores! Se os legítimos pastores se calam, não vão faltar oportunistas usurpadores do lugar deles.

Escândalo! O “metalúrgico aposentado Waldemar Rossi, militante da Pastoral Operária”, que foi ouvido pelo Estado de São Paulo, chegou ao cúmulo de afirmar: “Os sindicatos e movimentos comprometidos com a luta por Justiça repudiam as atividades com caráter de conciliação com o empresariado, em conluio com o capital explorador”. Desde quando as pessoas que trabalham em pastorais são chamadas de “militantes”? E de onde vem o absurdo sem tamanhos de que um católico, com vida paroquial ativa, venha a público dizer que repudia “as atividades com caráter de conciliação”?! É este espírito que anima a “militância” da Pastoral Operária, repudiar a conciliação? Ninguém nunca disse ao sr. Rossi que tal espírito imundo não é o dos Evangelhos?

São essas as ovelhas [?] que mandam na Igreja em São Paulo, ousando afrontar publicamente a autoridade do bispo diocesano? No entanto [não sei se para o bem ou para o mal], dom Odilo não irá celebrar esta missa. Não sei se como sinal de discordância das “exigências” da Pastoral Operária. Não sei se isso é bom porque preserva a dignidade cardinalícia desta palhaçada, ou se é ruim porque abre espaço para que o sacrilégio alcance patamares ainda maiores.

Quem celebrará a Missa será Dom Pedro Stringhini, bispo da Região Episcopal Belém, que – já o afirmou – aproveitará as sugestões dadas pela Pastoral Operária para a homilia. Quais são elas? “Que os ricos paguem pela crise que eles criaram, não nós”, que seja feita “uma análise sobre acumulação de riquezas, especulação financeira e distribuição de lucros com acionistas, desfalcando as empresas”, que se denuncie o “assalto ao dinheiro público para ‘salvar’ empresas que se dizem em crise”, e ainda que Sua Excelência “defenda os direitos dos trabalhadores, aponte a precarização do trabalho (contratos temporários, bicos), fale do achatamento de salários e a pressão dos poderosos contra o movimento social”. Está de bom tamanho? Quando as autoridades se calam, os delinqüentes fazem a festa!

Ao Estadão, Sua Excelência ainda “informou que a nota [da CNBB] sobre o 1.º de Maio, que a Assembleia Geral de Itaici vai divulgar, seguiu a mesma linha da Pastoral Operária de SP”. Desgraçadamente, é verdade; este excremento de nota tornada pública ontem (sim, que o lixo seja chamado por aquilo que é, com todo o respeito devido à dignidade episcopal dos senhores bispos cuja parcela de responsabilidade na publicação desta porcaria eu não sei e nem quero saber, a qual a benedicência me obriga a considerar que foi nula ou quase nula) fala nos “direitos sociais do povo”, nas “conseqüências do atual modelo capitalista de desenvolvimento, incapaz de assegurar a dignidade humana, garantir os direitos sociais básicos e preservar a vida em nosso planeta”, no “sistema neoliberal globalizado”, no “clamor dos trabalhadores por vida e dignidade”, etc. Nas últimas cinco linhas (e somente nelas), o documento cita “Jesus Cristo Ressuscitado”, “Nossa Senhora Aparecida e São José Operário”. Quando os mestres se calam, os idiotas desandam a falar (e a escrever). Isto é uma vergonha. Senhores bispos, por Cristo Crucificado, tenham misericórdia para conosco! Como podem os católicos brasileiros seguirem o ensino da Igreja e condenarem o socialismo, se as exatas mesmas coisas por nós (e pela Igreja) condenadas estão presentes nos documentos emanados pela Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil?

Que Nosso Senhor Se compadeça da Sua Igreja, e dos Seus fiéis que estão como ovelhas guiadas por lobos. E, amanhã, rezemos a São José Operário, em desagravo por estes descalabros perpetrados por nossos bispos. Que a Virgem Santíssima, Mãe da Igreja, santifique o clero. Que o Deus Altíssimo tenha misericórdia desta Terra de Santa Cruz.

P.S.: Sobre o assunto, ler também:

  1. Quando a CNBB publicará declarações sobre algo que importa?
  2. Trabalhadores vetam empresários em Santa Missa
  3. Bispos do Brasil – Reféns da própria teia

CNBB e redução da maioridade penal

Hoje eu não estou com muita paciência… A CNBB emitiu uma nota na qual reafirma posição contrária à redução da maioridade penal. Incrivelmente, um documento desta natureza é divulgado até em ZENIT! Cabe fazer algumas perguntas:

1. Onde a Igreja ensina que é errado ser a favor da redução da maioridade penal? Não encontrei tal informação nem no Catecismo da Igreja Católica, nem no Compêndio de Doutrina Social, e nem no site do Vaticano. Pode ser que eu não tenha procurado direito e, portanto, se alguém tiver essa informação, será de grande valia.

2. Se “[a] pena tem como primeiro objetivo reparar a desordem introduzida pela culpa” (CIC 2266), qual a justificativa para que fiquem isentos de pena os menores de 18 anos [quando eles, aliás, já podem dirigir, votar, casar-se…]?

3. Se “[c]rianças, adolescentes e jovens precisam ser reconhecidos como sujeitos na sociedade e, portanto, merecedores de  cuidado, respeito, acolhida e principalmente oportunidades” (nota da CNBB citada), por que a esses sujeitos não pode ser reconhecida a responsabilidade por seus atos?

4. Caso este tema esteja entre aqueles sobre os quais é lícito aos católicos terem uma posição ou outra, por que motivo uma Conferência Episcopal – que, teoricamente, em um certo sentido representa todos os católicos – toma posição pública por uma solução em detrimento da outra? Acaso a Conferência não fala pelos católicos e não deve defender as posições católicas? Ou ela pode dividir o rebanho tomando posição pública sobre temas diante dos quais o fiel católico é livre para optar por caminhos distintos?

5. Se os católicos podem ser a favor da redução da maioridade penal, não percebe a Conferência Episcopal que, emitindo um documento público como o que ela emitiu, de certo modo obriga os católicos que discordam da nota a também tomarem posição pública contra a própria Conferência? Acaso isso é prudente?

6. A tomada de posição pública sobre temas que não são obrigatórios para todos os católicos [como a redução da maioridade penal], obrigando por conseguinte alguns católicos a se colocarem contra a Conferência, acaso não enfraquece as manifestações públicas sobre posições que – estas sim – são obrigatórias e absolutamente indiscutíveis, como o aborto? Acaso não enseja a comentários do tipo “ah, se quando a CNBB fala sobre a redução da maioridade penal eu não sou obrigado a concordar, então quando ela fala sobre aborto eu também não sou obrigado a fazê-lo”?

7. Qual é a relevância deste tema – e da abordagem que sobre ele foi feita – para a maior glória de Deus, a salvação das almas e a exaltação da Santa Madre Igreja? Ou por acaso são outros – e não estes – os fins que almeja a CNBB?

Queremos Quaresma!

[Nota: em consonância com que o foi escrito aqui e aqui, publico também o vídeo produzido pela Julie sobre a Quaresma. O desabafo nele expresso é comum a todos nós católicos que não desejamos senão viver – na medida de nossas misérias e nossos pecados – o melhor possível este tempo santo que a Igreja instituiu com o propósito de nos prepararmos “para celebrar santamente a festa da Páscoa”. Só queremos ser católicos. Isso não é pedir demais. Por uma Quaresma de verdade!]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Za0W6Pj3ETA]

Mais sobre as Campanhas da Fraternidade

Já há quase um mês, comentei aqui sobre a Campanha da Fraternidade. Volto ao assunto agora, que estamos em meados da Quaresma; vou tentar (reconhecendo de antemão a dificuldade da empreitada) ser o mais sincero possível e o mais condescendente possível.

Primeiro, uma retrospectiva: no site da CNBB tem os cartazes de todas as Campanhas da Fraternidade de todos os anos desde 1964. Clicando nas figuras, é possível ver o “objetivo geral” de cada um dos anos. Peguemos uma campanha ao acaso; digamos, 1984, que foi o ano em que eu nasci.

Lema: Comunicação para a verdade e a paz.

Objetivo Geral: Despertar a consciência crítica do receptor no uso da mídia, como atitude interior necessária para a comunicação da verdade e da paz. Quer também conscientizar os receptores sobre seu papel de agentes de influência na orientação de programas nos meios de comunicação.

Um ano é uma amostragem muito pequena. Peguemos ao acaso outro ano; à frente. Digamos, 1999, quinze anos depois.

Lema: Sem trabalho… Por quê?

Objetivo Geral:  Contribuir para que a comunidade eclesial e a sociedade se sensibilizem com a grave situação dos desempregados, conheçam as causas e as articulações que a geram e as conseqüências que dela decorrem;

Denunciar, conseqüentemente, modelos sócio-político-econômicos, tais como certas formas de neoliberalismo sem freios éticos, que causam desemprego quer estrutural quer não estrutural e, igualmente, impõem padrões de consumo insaciável e exacerbem a competição e o individualismo;

Anunciar uma sociedade baseada em novos paradigmas, onde a pessoa humana seja o centro, a vida não se subordine à lógica econômica idolátrica e o trabalho não se reduza à mera sobrevivência, mas promova a vida, em todas as suas dimensões;

Abrir, assim, perspectivas sobre novas relações e novas formas de trabalho prenunciadas para o Novo Milênio;

Incentivar amplo movimento de solidariedade para manter viva a esperança dos que enfrentam diretamente o problema do desemprego, promovendo iniciativas concretas de geração de trabalho e renda, no paradigma da solidariedade cristã;

Mobilizar a própria Igreja para se colocar mais ainda profeticamente a favor da justiça e da solidariedade, principalmente em relação aos desempregados e às desempregadas.

Ainda mais um exemplo; para trás, agora, do ano do meu nascimento. Fomos quinze anos para frente, vamos um pouco menos para trás: dez anos. 1974.

Lema: Onde está teu irmão?

Objetivo Geral:  A vida é o dom que mais fortemente ambicionamos e mais desesperadamente defendemos, a partir do próprio instinto de sobrevivência. A vida é o dom que mais devemos respeitar e promover em nossos irmãos.

Toma-se aqui a vida nos mais diversos níveis e circunstâncias: a vida da graça, a vida moral, a vida da honra, a vida do nascituro, a vida do enfermo e do velho, a vida do pobre e do faminto, a vida vítima de violência e injustiças… É este o dom que devemos construir, e em muitos casos, reconstruir como modernos samaritanos.

Está de bom tamanho. Agora, perguntemo-nos o que é a Quaresma. De acordo com o Catecismo Maior de São Pio X:

499) Para que fim foi instituída a Quaresma?
A Quaresma foi instituída a fim de imitarmos, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo observou no deserto, e a fim de nos prepararmos, por meio da penitência, para celebrar santamente a festa da Páscoa.

Pois bem. Eu posso até conceder – embora particularmente seja de opinião frontalmente contrária – que haja alguma relevância n’alguns dos temas escolhidos pela CNBB para serem tratados na Campanha da Fraternidade (embora parte considerável deles seja simplesmente uma porcaria). No entanto, qualquer um há de convir que mesmo o melhor dos temas (da nossa amostragem acima, é de longe o de 1974, único a falar em “vida da graça”…) não nos ajuda (ao contrário, atrapalha) a “imitarmos, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo observou no deserto, e (…) nos prepararmos, por meio da penitência, para celebrar santamente a festa da Páscoa”, que, afinal, são os motivos pelos quais foi instituída a Quaresma!

Isto é uma evidência impossível de ser negada: a Campanha da Fraternidade não ajuda nada, absolutamente nada, os católicos a viverem melhor a Quaresma. O problema não está somente nos temas (horríveis) algumas vezes escolhidos; afinal de contas, dêem uma olhada nos cartazes de todas as Campanhas da Fraternidade desde 1964 até o ano presente: qual a relação que existe entre qualquer uma delas e a Quaresma? No meio do lixo, há sem dúvidas temas que pode[ria]m ser bem explorados (como “A Família”, 1994; ou a própria “Fraternidade e Defesa da Vida”, do ano passado). No entanto, nenhum, nenhum deles, nem mesmo os melhores, tem relação direta com a Quaresma.

Onde está o tema “Jejum e Oração: únicos remédios para alguns pecados”? Ou o tema “Oração: alimento para alma”? Ou o tema “Penitência, penitência, penitência”? Ou o tema “Esmola, ato concreto de caridade cristã”? Não existe nada nem parecido com isso nos últimos [mais de] quarenta anos de Campanhas da Fraternidade! Portanto, mesmo quando os temas escolhidos pela CNBB são católicos (o que já é uma coisa rara) ou são catolicamente abordados (o que é tão raro que pode chegar a ser considerado um milagre), eles não são conexos com a Quaresma e, por conseguinte, não ajudam os católicos a viver bem este tempo litúrgico. Ao contrário, estas Campanhas da Fraternidade até atrapalham – por melhores que sejam elas, repito (coisa que, repito também, é muitíssimo rara) -, na medida em que dispersam os católicos, fazendo-os prestarem atenção em temas que não guardam relação direta com o tempo litúrgico no qual as campanhas estão inseridas. É preciso, portanto, afirmar claramente e com muita sinceridade: a Campanha da Fraternidade, atualmente, presta-se a impedir os católicos de viverem realmente a Quaresma. Esta é a verdade nua e crua.

Eu disse no início do artigo que ia ser condescendente; qual a única condescendência possível? Antes de qualquer coisa, parece-me óbvio que a Campanha da Fraternidade precisa urgentemente ser retirada da Quaresma. No entanto, eu concedo [como já disse, discordo, mas concedo] que, nas atuais conjunturas, alguns temas sociais possam ser objeto de alguma campanha da Igreja, contanto que (a) esta campanha não fale besteiras (como sói acontecer na Campanha da Fraternidade – à guisa de exemplo, veja-se este artigo sobre a atual campanha) e (b) ela seja colocada em algum outro período do ano que não a Quaresma (p. ex., como já ouvi sugestões de sacerdotes, um “mês temático” organizado em algum momento (distinto da Quaresma) do ano). Isso sim é possível: o que não dá para fazer é deixar as coisas como estão, porque está realmente insuportável.

Atualmente, estas Campanhas não passam de coisas das quais os verdadeiros católicos têm vergonha, que não servem à glória de Deus e nem tampouco à salvação das almas, que impedem os católicos de viverem a Quaresma. Isso precisa mudar. É pedir muito que as autoridades eclesiásticas do Brasil preocupem-se com as coisas de Deus? É pedir muito que possamos viver o tempo quaresmal de acordo com os motivos pelos quais a Igreja o instituiu? É pedir muito que não precisemos nos envergonhar das campanhas idealizadas por nossos bispos? É pedir muito que possamos ser católicos em paz… ?

Tratado canônico da Revista “Algo Mais”

Encontrei no site de uma revista pernambucana uma das piores (sem brincadeira nenhuma – provavelmente é a pior de todas as) matérias sobre a recente polêmica envolvendo Dom José Cardoso que poderiam conseguir escrever. Esta matéria é tão absurda, mas tão absurda que eu chego a duvidar que alguém tenha sido capaz de produzi-la de boa fé. Em um certo sentido, chega até a ser engraçada. Vou me esquivar de responder às baboseiras que já foram ad nauseam refutadas, e me deter naquilo que a matéria da “Algo Mais” tem de original [que já é bastante coisa]. Vejam só:

O presidente da CNBB, dom Geraldo Rocha, afirmou que dom José não excomungou ninguém. Apenas advertiu que o ato praticado poderia dar margem ao anátema religioso. Anátema? Sim. Anátema. Mas só pode ser proferido pelo Papa.

Primeiro, é de causar espécie que o jornalista pareça não saber o que é “anátema”. Segundo, no caso, “anátema” e “excomunhão” são sinônimos, o que faz com que toda a aparente “surpresa” do autor da matéria não faça nenhum sentido. Terceiro, é um despautério sem tamanhos dizer que uma excomunhão só pode ser proferida pelo Papa! De onde essa besteira foi tirada?

Isso porque a excomunhão pode ser proposta por prelados que ocupam altos postos na hierarquia, mas tem que ser submetida a processos de apreciação e sancionada pelo papa, que, teoricamente, pela lei da Igreja Romana, é infalível nos atos de fé.

O desfile de besteiras aqui chega às raias do irracional. Não, não existe “proposição” de excomunhões por “prelados que ocupam altos postos na hierarquia”; não havendo a proposição, obviamente não existe tampouco a “sanção” do Papa. Ainda que houvesse, a infalibilidade do Papa “nos atos de Fé” nada tem a ver com a aplicação ou não de excomunhões, que não são atos de Fé, mas de Governo!

No caso em pauta, a excomunhão é latae sententiae, ou seja, automática. Isso significa que o bispo nem “impõe”, nem “propõe”, nem o Papa “sanciona”, nem nenhuma besteira do tipo: se ela é automática, significa exatamente que as pessoas que cometerem os delitos punidos com excomunhão automática estão… automaticamente excomungadas. Mais simples, impossível. Não sei de onde a revista “Algo Mais” foi buscar essa loucura expressa no parágrafo acima. E, no entanto, parece ser uma idéia fixa, porque o erro grosseiro é recorrente:

Tem que ser chancelada pelo papa, claro. Caso contrário, poderia ocorrer no mundo um vendaval de excomunhões, de acordo com a disposição pessoal de bispos e cardeais.

Não, não tem que ser chancelada coisa nenhuma, isso é invenção da revista. As excomunhões automáticas (como no caso presente) têm condições muito bem definidas no Direito Canônico para ocorrerem (que não tem nada a ver com “a disposição pessoal de bispos e cardeais”…). Já as excomunhões que são propriamente aplicadas como penas após um processo canônico são excomunhões verdadeiras sim; mas (e talvez tenha sido isso que o responsável por este disparate jornalístico quis dizer, mas não conseguiu) existe a possibilidade, como num processo qualquer, de apelação, e a Santa Sé é a última instância para a qual é possível apelar.

Não pode ser assim. Vejam os leitores o exemplo das leis. As leis federais, todas elas, têm que ser sancionadas pelo presidente da República. As estaduais pelos governadores e as municipais pelos prefeitos. As leis da Igreja, evidentemente, pelo papa.

Besteira monumental. Não tem nada a ver, uma excomunhão não é uma “lei”, e sim uma aplicação da lei. A analogia pertinente aqui seria com os processos judiciários do Direito Comum, onde há tribunais e onde é possível apelar; no entanto, não é o caso, porque não houve nenhum processo canônico, e sim uma pena automática na qual incorrem todos os católicos que praticam aborto, seguindo-se o efeito.

Como o papa não excomungou a mãe da menina nem os médicos, pois se assim tivesse sido a CNBB não poderia anular a excomunhão, verifica-se que foi falsa a divulgação da medida atribuída ao Vaticano.

Entenderam? Um raciocínio absurdamente nonsense, verdadeira pérola sofismática: neste caso, nenhuma das premissas é verdadeira. “O Papa precisa ratificar a excomunhão dos médicos” – falso. “A CNBB anulou a excomunhão” – falso. Como a CNBB anulou a excomunhão, então o Papa não pode tê-la ratificado e, por conseguinte, foi tudo uma mentira grosseira de Dom José desde sempre! Será possível que uma pessoa em sã consciência seja capaz de escrever involuntariamente uma asneira desse calibre? Estou boquiaberto até agora: a cada dia que passa, o mundo dá eloqüente e irrefutável testemunho de que a inteligência é sem dúvidas limitada; mas, a estupidez, não.

Inventando oposições

Sobre um comentário que foi aqui feito, referente a algumas declarações da CNBB, cumpre dizer quanto segue:

1. A notícia foi publicada, entre outros lugares, no Diário de Pernambuco (CNBB desautoriza excomunhão), na Folha de São Paulo (Para CNBB, excomunhão não vale para mãe de menina estuprada por padrasto) e em G1 (Para CNBB, ninguém foi excomungado em caso de aborto de menina de 9 anos).

2. A notícia que realmente interessa, no entanto, é aquela que foi publicada no próprio site da CNBB (CNBB fala sobre o caso a menina violentada em Alagoinha).

3. Basta dar uma simples olhada nos links acima citados para se ver que as notícias reproduzidas pela mídia secular não têm nada a ver com o que a CNBB efetivamente disse. Qualquer pessoa com mais de dois neurônios consegue ver perfeitamente isso.

4. As reportagens foram cretinamente distorcidas pela mídia; o Marcio Antonio já fez comentários muito pertinentes sobre o assunto no seu “Eles não sabem o que escrevem”.

5. A notícia veiculada no site da CNBB – ao contrário das que saíram na mídia – afirma categoricamente que a excomunhão “precisa, sim, ser tratada”; portanto, contrariando frontalmente as notícias publicadas pela mídia secular, a CNBB não “desautorizou” excomunhão alguma, nem afirmou que “ninguém foi excomungado”, nem nada parecido.

6. É importante registrarmos aqui o nosso repúdio à má fé na manipulação das informações, feita por uma mídia que deseja dar a entender que a CNBB estaria dizendo uma coisa diferente daquela que foi dita por Dom José Cardoso e, assim, semear, aos olhos do público, uma discórdia inexistente no seio da Igreja.

7. Que a excomunhão automática dependa de alguns componentes subjetivos é uma obviedade que nunca foi negada por ninguém. Aliás, nunca houve, por parte do Arcebispo de Olinda e Recife, uma declaração canônica contendo os nomes dos excomungados; tudo o que fez Sua Excelência foi, sempre, afirmar que “quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” – o que é uma citação literal do Código de Direito Canônico (tampouco negada pela CNBB).

8. De onde se evidencia, pela segunda vez, que estão inventando oposições entre as declarações de Dom José Cardoso e as da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o intuito de desacreditar a Igreja Católica ante a opinião pública.

9. Quanto às declarações do Secretário-Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, segundo as quais (em G1): “[n]ão sabemos quem tinha consciência ou não” e “[a]té mesmo na equipe médica, depende do grau de consciência”, isso, como dito acima (n. 7), é verdade; no entanto, e data venia, esta declaração assim feita é inconveniente e desnecessária, porque (1) enseja distorções por parte da mídia anti-católica (como as mencionadas acima), por não deixar claro que não há oposição entre isso e o que declarou Dom José Cardoso; (2) pode confundir os fiéis, fazendo-os pensar, p.ex., que, se a “consciência” do abortista faz com que ele “não ache errado” o aborto que faz, ele não incorre na pena canônica, o que é falso; e (3) se o raciocínio de que as excomunhões não podem ser declaradas porque elas dependem de fatores subjetivos for levado às últimas conseqüências, vamos chegar à absurda conclusão de que nenhuma excomunhão pode nunca ser declarada, dado que os fatores subjetivos por definição escapam ao julgamento objetivo.

10. Por fim, é de se lamentar profundamente a confusão provocada pela forma como as notícias foram veiculadas; reafirmamos tanto quanto dissemos aqui ao longo dos últimos dias, e oferecemos – mais uma vez – o nosso apoio ao Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, de novo vítima das insídias de uma mídia que está determinada a crucificá-lo em praça pública pelo simples fato de ter sido Sua Excelência – até o fim – fiel à Igreja de Nosso Senhor.