Apologia de um leigo (ou “Eu, Apóstata”)

Hoje pela manhã, descubro que o “Denúncias e Críticas” (ou “Denúncias Críticas”, sei lá) publicou um texto totalmente nonsense onde acusa o Deus lo Vult! de ser, verbis, «um exemplo de veículo de informação que trabalha a favor da apostasia». Eu não lembrava do blog, e já tinha começado a escrever aqui que nunca ouvira falar dele até então; no entanto, vi o nome do autor – Armando Cintra, jornalista de Taubaté – e tive a impressão de que ele não me era estranho. Fui procurar e… bingo!

O sr. Cintra foi quem motivou um texto cá do Deus lo Vult! do ano passado, intitulado “A qualidade dos ataques à Igreja”. A relevância jornalística do sujeito é tão grande que eu já me esquecera por completo dele. Vou apenas aproveitar o artigo atual para dar algumas explicações. Vou ignorar a tagarelice sobre “apostasia” que é francamente desinteressante. Sobre este humilde blog, o sr. Cintra fala quanto segue:

É interessante notar que, apesar de defender a Igreja Católica, esta não endossa o blog como sendo um dos seus veículos oficiais de informação. Fica tudo por conta das opiniões pessoais do autor do blog, que também permite comentários anônimos, desde que, independentemente de lógica ou não, defendam a igreja católica e ataquem outras crenças. Este é um exemplo de veículo de informação que trabalha a favor da apostasia.

O “veículo oficial de informação” da Igreja Católica é o site do Vaticano. O resto só é “oficial” dentro de cada âmbito: o site da CNBB é oficial da CNBB, o da Arquidiocese de Olinda e Recife é oficial da Arquidiocese de Olinda e Recife e este blog é oficial de Jorge Ferraz. Ninguém precisa ter “selo de veículo oficial de informação” para falar sobre a Igreja Católica. Na verdade, eu estou aqui atendendo a um pedido da Igreja; veja-se, p.ex., a Christifideles Laici:

Por isso, a Igreja pede aos fiéis leigos que estejam presentes, em nome da coragem e da criatividade intelectual, nos lugares privilegiados da cultura, como são o mundo da escola e da universidade, os ambientes da investigação científica e técnica, os lugares da criação artística e da reflexão humanística (CL 44).

E ainda a Lumen Gentium do Vaticano II:

[T]odo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida concedida por Cristo» (Ef. 4,7). […]  Segundo o grau de ciência, competência e autoridade que possuam, têm o direito, e por vezes mesmo o dever, de expor o seu parecer sobre os assuntos que dizem respeito ao bem da Igreja (LG 33. 37).

Portanto, i) não existe a “lista dos blogs oficiais da Igreja Católica”, ii) ninguém precisa de autorização explícita da hierarquia para falar da Igreja Católica, e iii) a comunhão com a Igreja depende da sintonia entre o discurso de um veículo de comunicação e o ensino da Igreja, e não de se o site é mantido por um leigo, um bispo, uma diocese ou uma Conferência. Neste último quesito, aliás, o Deus lo Vult! vai muito bem na fita, obrigado. Só o que é “opinião pessoal” minha aqui é o que está devidamente identificado como tal: este blog traz com freqüência documentos do Magistério, textos de catequese, escritos dos santos, de teólogos, de Papas, et cetera. E não existe aqui, nem mesmo entre as “opiniões pessoais”, nada que seja contrário à Doutrina Católica.

A acusação de que o blog só permite comentários que, «independentemente de lógica ou não, defendam a igreja católica e ataquem outras crenças» é de uma injustiça atroz. Todo mundo sabe (e inclusive disso muita gente reclama) que, aqui no blog, comentam gatos, cachorros e papagaios, ateus e espíritas, gays, protestantes e pagãos, todo mundo. Aliás, eu não conheço nenhum outro lugar da internet lusófona onde sejam permitidos tantos comentários contraditórios quanto aqui. É possível concordar com esta política (mantida, aliás, desde o início do blog com alterações mínimas que infelizmente foram necessárias) e é possível discordar dela, mas não é aceitável contrariar a realidade e dizer simplesmente que tal política não existe.

Por fim, “apostasia” é o “repúdio total da Fé Católica”, coisa que este blog obviamente não faz e qualquer pessoa que não seja analfabeta é capaz de perceber com cinco minutos por aqui. A acusação absurda e ofensiva é depravadamente falsa, sem o menor cabimento, e contra ela eu manifesto o meu mais veemente repúdio.

O objetivo deste blog é servir a Igreja Católica. Se ele não atinge os fins para os quais foi criado (e muitas vezes há muita coisa a melhorar) é propter peccata mea. Posso facilmente aceitar (e eu penso nisso todos os dias) que o Deus lo Vult! poderia e deveria ser bem melhor; mas daí a “trabalhar a favor da apostasia” vai uma distância imensa e absurda, cuja transposição qualquer pessoa com tele-encéfalo minimamente desenvolvido e polegar opositor percebe ser totalmente nonsense. E disto eu tenho convicção por conta dos comentários que recebo de pessoas normais, de bons católicos, tanto leigos quanto sacerdotes. Porque, afinal de contas, para medir a ortodoxia de um apostolado, são estas as manifestações dignas de credibilidade – e não as diatribes de um jornalista anti-clerical de Taubaté.

Deus lo Vult! Ano IV

Aux armes! Assim comecei três anos atrás. Com o desejo de fazer alguma coisa em favor do Deus Altíssimo e da Santa Igreja Católica e Apostólica. Com o desejo de colocar, ainda que de forma mesquinha, os meus dons a serviço de Cristo. Um pouco que fosse, para que – talvez… – o Deus que é Misericordioso olhasse para mim, pecador miserável, com um pouco mais de complacência. Com mais misericórdia do que eu mereço.

Eu comecei três anos atrás com uma clara consciência: é preciso lutar porque “as coisas não se resolvem sozinhas”. E o combate é imperativo porque, se não o travarmos, não haverá ninguém para o travar por nós. É o papel que a nós compete, quer gostemos, quer não. Esta é a natureza da Igreja Militante, esta é a nossa vocação enquanto soldados de Cristo assim feitos pela Crisma. E o Deus lo Vult! é este espaço de apologética virtual, aberto, exatamente para que possa tornar presente aqui na internet uma faceta deste combate ao qual todos somos chamados.

E devemos lutar porque esta é a nossa vocação. Satanás não dorme e as investidas dos inimigos da Santa Igreja não arrefecem: importa oferecer-lhes resistência. De peito aberto, dando “a cara a tapa”, nas brechas das muralhas da Igreja, para que todos vejam: porque, se nos envergonharmos de Cristo diante dos homens, Ele Se envergonhará de nós diante do Pai. E estas palavras são muito sérias para serem tomadas de modo leviano; para que continuemos a viver despreocupadamente. Devemos lutar porque nós temos uma dívida infinita de gratidão para com o Deus Altíssimo, e somos mesquinhos em a retribuir. Devemos lutar, porque nós temos um papel assinalado especificamente para nós pelo Onipotente – e já estamos muito atrasados em o desempenhar.

Aux armes! É 0 Senhor dos Exércitos quem chama. A batalha não está por começar: ela já está ocorrendo e devemos dela tomar parte, o quanto antes. Sem medo e sem respeito humano: desfraldando bem alto as bandeiras de Cristo e da Virgem Santíssima, para que todos as vejam, e vejam que somos católicos. Desde já! Se desperdiçamos muito nosso tempo, é tempo de o empregarmos melhor. Se fomos covardes, é tempo de vender a capa para comprar uma espada (Lc XXII, 36) e ingressar na luta. Se caímos e nos ferimos, é tempo de enxugar as lágrimas e, tirando a poeira do rosto, voltar ao campo de batalha. É tempo de servir e amar a Deus, que espera de nós que O amemos e sirvamos.

E agradeço, mais uma vez, a todos aqueles que, de um modo ou de outro, prestigiam esta arena virtual. Este é o 1639º post do blog, e temos mais de 27.000 comentários. Ao longo do último ano, tivemos em média 20.000 visitantes por mês; e o número de Page Views é bem maior, da ordem de uns 1200 por dia. 323 pessoas estão inscritas pelo Google Friend Connect. 215 estão cadastradas no Feedburner, a maior parte delas (quase 80%) recebendo atualizações por email. Temos visitantes de todas as partes do mundo. O Deus lo Vult!, embora seja indiscutivelmente bem menor do que deveria, é maior do que eu esperava há três anos e sem dúvidas é bem maior do que eu o mereço. E, isto, são os leitores que fazem: obrigado, mais uma vez.

À Virgem Santíssima, Ianua Coeli, renovo o oferecimento: que seja para cantar as Tuas glórias, ó Virgem Imaculada, este espaço virtual. Totus tuus ego sum, et omnia mea tua sunt. Que a magnificência de uma Senhora tão excelsa possa suprir a indignidade deste instrumento. Agradeço-Vos por cada vitória, por pequena que seja, aqui alcançada: pois são graças que recebo de Vossas mãos. Pelas falhas e defeitos, muitos e graves, eu peço perdão: estes são por minha culpa.

Ano IV… até que eu fui bem longe! Penso em algumas novidades, as quais não vou expôr agora. Elas virão! E peço-vos que rezem por mim, pecador miserável e indigno cruzado, para que eu seja um pouco menos ruim. Para que eu não oponha tanta resistência à ação de Deus na minha vida. Para que a Virgem Maria, Mãe de Deus, recorde-Se de falar na presença d’Ele coisas boas a meu respeito.

E que venha o quarto ano!

Deus lo Vult! no Prêmio Top Blog 2011

Com um pouco de atraso e a conselho de um amigo, inscrevi o Deus lo Vult! para concorrer ao prêmio Top Blog 2011 na categoria “Religião/Pessoal”. Segundo a definição do prêmio:

Top Blog Prêmio é um sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante a votação popular e acadêmica (Júri acadêmico) os Blogs Brasileiros mais populares, que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro, com melhor apresentação técnica específica a cada grupo (Pessoal, Profissional e Corporativo) e categorias.

Trata-se de uma boa oportunidade de divulgação do trabalho que é realizado aqui, com a possibilidade de fazer com que os temas aqui tratados ganhem uma maior projeção na internet brasileira. Assim, o blog poderá atingir um público maior do que o que ele já possui. Como a votação popular desempenha um papel importante na premiação dos blogs, gostaria de pedir duas coisas aos que por aqui passarem, se o julgarem justo:

1. Votem no blog. Cliquem aqui ou no selo da promoção que se encontra na coluna da direita. Leva somente um minuto. Divulguem também o link curto de votação: http://bit.ly/votedeuslovult

2. Divulguem o blog! Avisem outras pessoas que este blog existe, e que ele está concorrendo ao Top Blog 2011. Divulguem-no nas redes sociais, por email, da maneira como acharem melhor.

O período de votação “é do dia 20/05/2011, às 02:00pm até 11/10/2011, às 11:55pm horário de Brasília”.

Eu, “um dos piores bloggeiros da rede”

Por ocasião do meu texto sobre o garoto que foi suspenso em uma escola americana por usar um terço que eu publiquei aqui ontem, tive a oportunidade de participar de um nada educado bate-boca no wall do Facebook de um amigo. Mas não posso dizer que não tenha tido lá o seu quê de divertido. A figura abaixo mostra, em ordem cronológica, os sucessivos comentários (somente a partir do ponto em que, a meu ver, ficou mais interessante o “barraco” – para o espetáculo completo, verifiquem o link supra [p.s.: removido, para evitar susceptibilidades desnecessárias]). Cliquem para ampliar.

Trago o espécimen aqui somente à guisa de exemplo das besteiras que eu às vezes tenho que aturar. Não vou dissecar o comentário (tarefa aliás bastante fácil), porque eu realmente acho que já perdi muito tempo com o auto-intitulado “um dos melhores alunos da cadeira [de Filosofia] do estado do Rio de Janeiro” (que não entende o que é uma Petitio Principii e cujo “modus definendi” é incapaz de distinguir entre Aristóteles e os sofistas). Quero, na verdade, falar sobre uma outra coisa.

Eu sou um dos piores blogueiros da rede! Isto, em muitos aspectos, é uma verdade que confesso envergonhado. Possuo inumeráveis defeitos: sou preguiçoso, sou desorganizado, tenho enormes dificuldades em gerenciar o meu tempo e estabelecer prioridades, perco muito tempo com coisas fúteis, tenho a péssima mania de conceber projetos e assumir responsabilidades que, depois, não consigo cumprir, abandono as coisas pela metade, sou desleixado, escrevo por vezes com muita pressa (e, às vezes, nem sequer escrevo), não estudo as coisas com o afinco que deveria… et cetera, et cetera. Esta lista poderia muito bem ser expandida e, quem me conhece pessoalmente, sabe que não existe nela sombra de falsa humildade.

No entanto, a despeito de tudo isso, eu sei que o Deus lo Vult! não é um dos piores blogs da rede. Poderia ser muito melhor, é verdade… mas, afinal, o quê não o poderia? E é graças a esta santa “puxada de orelhas” que recebi (embora por vias tão adversas) no Facebook que eu vou fazer, a partir de agora, duas coisas.

1. Esforçar-me mais e com mais empenho para, com a graça de Deus, ser menos pior. Lutar com mais afinco para corrigir os meus muitos defeitos, tendo em vista especificamente este apostolado virtual que eu mantenho já há algum tempo. Lutar mais – e rezar mais – para desempenhar melhor este pequeno papel que a Providência me deu a graça de desempenhar. Aproveito para pedir aos que por aqui passarem orações por este pecador miserável que ora lhes escreve.

2. Ouvir sugestões e críticas sobre o que poderia ser feito para melhorar o Deus lo Vult!. Peço que as façam, da maneira mais sincera possível (façam-na no anonimato, caso assim se sintam mais à vontade) – não prometo fazê-las todas, óbvio, mas prometo lê-las e considerá-las com carinho, à luz do ponto anterior. Falem sobre absolutamente qualquer coisa que gostariam, por absurda e fora do padrão do blog que ela seja. Não é possível que nós não consigamos encontrar, com tantas cabeças pensando, formas novas e/ou melhores de fazer o que eu faço aqui.

E… é isso. Com a palavra, vocês.

A voz dos blogueiros católicos

A Sandra fez a gentileza de nos brindar com esta tradução de um interessante artigo do The Washington Post. Trata-se de uma matéria que foi veiculada na mídia secular, e não na religiosa; por isso mesmo tem alguns problemas, mas também algumas coisas muito interessantes.

Pareceu-me um pouco injusto o tom de todo o artigo, ao afirmar que os blogueiros estariam dizendo que “a  igreja não é suficientemente católica”. O problema não é este; na verdade, são – nas palavras dos próprios católicos citados na matéria – “as pessoas que são católicas e que não vivem a fé”. Ora, destes males o Brasil, infelizmente, não está pior servido do que os Estados Unidos da América.

Concordo muito facilmente com a necessidade de se manter a “caridade cristã online”. Analisando apenas a realidade tupiniquim, sou forçado a conceder: muitas vezes a caridade é negligenciada. Ao mesmo tempo, contudo, tendo a ser condescendente com os que assim procedem: eles estão denunciando lobos em pele de cordeiro que, mais que a caridade, falsificam a própria Fé. Em situações assim, é difícil manter a compostura. E, ainda: tomar o partido daqueles que traem a Fé por conta da falta de caridade dos que os denunciam é hipocrisia. A Fé precisa ser guardada. E, sem Fé, é impossível falar em Caridade. Não estou justificando os erros dos que se excedem; no entanto, isto não exime os que não guardam a Fé de suas faltas. Um erro na forma nem sempre significa um erro de conteúdo.

Mas o que é realmente interessante na matéria do The Washington Post é ver que este assunto está ultrapassando as fronteiras da Igreja e atingindo a mídia secular. Ou seja: os blogueiros católicos conseguiram realmente fazer barulho. A matéria dá um poderoso testemunho da importância da internet no início deste Terceiro Milênio. Esta nova Ágora, à parte tantos males que causou à sociedade moderna, pode apresentar isto em seu favor quando for julgada pelo Juiz da História: deu voz aos que não desistiram de anunciar a Fé. Permitiu que a Doce Mensagem do Evangelho chegasse a muitos, a despeito das traições de outros tantos. Ouso dizer: formou católicos.

Forjou almas católicas inflamadas de um santo zelo pelas coisas sagradas, mais preocupadas com a glória de Deus do que com qualquer outra coisa. Almas que descobriram a vitalidade eterna da Mensagem Cristã, tão antiga e tão nova, que possui já séculos e, no entanto, é ainda – e sempre! – atual. Almas que encontraram a Cristo.

De novo: não nego que haja problemas, nem tampouco que estes não devam ser corrigidos. Mas, ao lado destes, há muitos bons frutos. Parabéns aos que se esforçam por colocar os novos meios de comunicação social a serviço de Cristo e da Igreja! Que a Virgem Santíssima, Sedes Sapientiae, os proteja sempre. E aos pés d’Ela coloco – mais uma vez – o Deus lo Vult!, suplicando-Lhe misericórdia por minhas muitas faltas e pedindo-Lhe a imerecida honra de dar a minha contribuição, por ínfima que seja, para a exaltação da Santa Madre Igreja.

Avante, novos cruzados! Coragem, que ainda há muito por ser feito. Façamos bom uso do nosso tempo. Empreguemos bem os nossos talentos. Saibamos usar as ferramentas que o Altíssimo põe ao nosso alcance. Sempre com os olhos fitos n’Ele. Sempre ad majorem Dei Gloriam.

Apologia das Cruzadas

Deus lo Vult!

Agradeço ao off-topic publicado no post sobre a Missa Tridentina em Recife. Cliquem na figura acima para acessarem uma série de quatro artigos do professor Roberto de Mattei traduzidos para o português, publicados originalmente no Corrispondenza Romana, sobre as Cruzadas.

Falecimento de Orlando Fedeli

Acabo de chegar em casa, e recebo um email comunicando o falecimento do prof. Orlando Fedeli. Abro o site da Montfort, e encontro lá a confirmação da funesta notícia, em grandes letras, na página de abertura do site:

A Associação Cultural Montfort comunica o falecimento de seu presidente e fundador Orlando Fedeli

E pede a seus alunos e a todos os que o conheceram orações por sua alma.

Montfort
São Paulo, 09.06.2010

Recebo a notícia com pesar. Conheci o prof. Orlando pessoalmente, em mais de uma visita que ele fez a Recife. A leitura da Montfort foi-me de extrema importância, quando – há alguns anos – redescobria a Fé Católica na qual fora batizado e da qual me afastara na adolescência. Tive cartas publicadas e respondidas na Montfort. Troquei emails pessoais com o Fedeli. Discuti abertamente com ele, deixando bem clara a minha posição irredutível de não investir jamais contra a Suprema Autoridade da Igreja, nas polêmicas sobre o Vaticano II e/ou o Novus Ordo Missae – após o que ele passou a considerar-me seu inimigo.

Sempre aceitei o apodo. Não é segredo para ninguém as profundas divergências existentes entre o apostolado exercido por mim e o levado a cabo pelo recém-falecido presidente da Associação Cultural Montfort. Estou moralmente convencido de que ambos aspirávamos sem dúvidas ao mesmo fim – à exaltação da Santa Madre Igreja -, mas por meios muito divergentes entre si. Um sempre censurou os meios escolhidos pelo outro. As escolhas feitas ao longo do tempo pela Montfort e pelo Deus lo Vult! não raro foram muito diferentes; das vezes que escrevi aqui no blog sobre ela, nem todas foram para fazer coro ao que pregava o professor Fedeli. E nada disso mudou.

Sempre aceitei ser considerado inimigo do Orlando Fedeli pelo próprio, mas é no entanto nesta condição que aqui escrevo – para prestar a minha homenagem ao velho professor e fazer coro aos pedidos de orações. Desejo ardentemente – e rezo por isso – que o professor tenha partido devidamente preparado para o encontro com o Juiz da História. Aos que por aqui passarem, peço que rezem ao menos uma ave-maria pela alma do professor Fedeli. E que o Senhor possa dar-lhe descanso eterno.

Requiem aeternam dona ei, Domine,
et lux perpetua luceat ei.

Requiescat in Pace,
Amen.

P.S.: O Fratres in Unum também noticiou.

Deus lo Vult! Ano III

O tempo passa depressa… hoje, o Deus lo Vult! entra no seu Ano III. Projeto que iniciei há dois anos, despretensioso e sem lá muita convicção de que fosse dar certo. O Altíssimo foi misericordioso comigo. Deu muito mais certo do que eu esperava quando levantei âncoras.

Estatísticas atuais do blog: 1292 posts, 18.000 comentários. Atualmente, possui cerca de 1200 page views diárias. Dependendo do dia, um pouco mais. Do ano passado para cá (quando fiz a migração para o wordpress.org), tivemos 395.000 views. Se formos considerar todo o tempo de vida do blog (o Sitemeter eu me recordo de ter posto logo no comecinho), já ultrapassamos o meio milhão de page views – estamos com 578.000. É um bocado de coisa. Agradeço aos meus leitores, sem os quais nada disso teria sido possível. Muito obrigado.

Muitas coisas que eu gostaria de ter feito no último ano ficaram pendentes. Em particular, gostaria de ter dado prosseguimento à área Aux Armes do site, e gostaria de ter iniciado um podcast com um mínimo de preparação e periodicidade. Gostaria de ter criado sub-domínios do Deus lo Vult! para coisas diversas (como a Campanha para uma Quaresma Católica, ou uma área tipo “faça-te ouvir” onde seria possível enviar protestos sobre temas católicos atuais para políticos, bispos, jornais, etc.). E gostaria de ter tido mais idéias ao longo do ano. Se valem para alguma coisa as “promessas de ano novo”, o Ano Novo do site é agora. E prometo melhorá-lo neste Ano III que hoje se inicia.

Dia 26 de maio, a propósito – não o sabia -, é, segundo o calendário antigo, o dia em que a Igreja celebra a festa de São Filipe Néri. Na alma deste santo, ardia um amor ilimitado a Deus mas também uma contagiante e viva alegria. Aliás, se não me falha a memória, foi precisamente S. Filipe Néri que apareceu durante o seu próprio processo de canonização – quando o “advogado do Diabo” dizia que ele era muito brincalhão e, por isso, não poderia ser canonizado – para dizer que, canonizado ou não, ele já estava no Paraíso.

Que São Filipe Néri interceda, pois, por esta arena virtual. E à Virgem Santíssima eu refaço, pela terceira vez, o oferecimento: que o Deus lo Vult! possa servir para cantar os Vossos louvores, ó Virgem Gloriosa; dignai-Vos, o Janua Coeli, derramar todas as graças e bênçãos dos Céus sobre este espaço e os que nele se encontrarem. E lembrai-Vos de, na presença de Deus, falar-Lhe coisas boas de nós, pecadores miseráveis. Dai-nos forças para continuar – entre trancos e barrancos, a despeito das quedas e dos desânimos – a lutar o Bom Combate.

E continuemos alerta. Pois, a despeito da passagem do tempo, continuamos ainda com muita coisa para fazer. Ao combate, pois – Deus lo Vult!

Viva Jesus Cristo! Viva a Sua Cruz!

Salve a Santíssima Virgem, Mãe de Deus e nossa também!

Viva a Igreja de Jesus Cristo, Católica e Apostólica!

Longa vida ao Papa, Doce Cristo na Terra!

God wills it!

Porque há espaço para todos nos batalhões do Senhor dos Exércitos!

Fonte: American Papist (CatholicVoteAction.org)

Moral da história: a alma faz o cruzado. Ou “uma resposta generosa a Deus faz milagres”. Ou “o que fazemos é mais importante do que o que somos”. Ou “mais vale um Gato Guerreiro do que um Scooby Doo”.

Deus lo Vult! Ano II

Há um ano atrás se iniciava este espaço virtual. Dia 26 de maio de 2008, o Deus lo Vult! levantava âncoras. Começava eu meio trôpego, em parte animado com alguns outros amigos católicos que conseguiam manter na blogosfera um importante trabalho de evangelização, em parte receoso com a minha dificuldade de manter constância em blogs, já muito bem conhecida por mim. No entanto, olhando hoje para trás, só tenho a agradecer a Deus por ter me dado a coragem de começar.

Temos hoje aqui 750 postagens no arquivo e quase 10.000 comentários. Peço a Deus todos os dias que este espaço possa ser de serventia aos católicos que amam a Sua Igreja e – por que não? – aos não-católicos que sempre por aqui aparecem. Por muitas outras vezes comecei e naufraguei, mas graças a Deus hoje o Deus lo Vult! entra no seu Ano II e continua navegando. Permita-o Deus, sempre com o estandarte de Cristo desfraldado. Permita-o Deus, sem nunca temer abismos nem procelas. Permita-o Deus, sem nunca preferir a calmaria dos portos aos desafios do mar aberto.

Escrevia há um ano: “[o] chamado ao combate, aceito ou não, continuará a ressoar em nossos ouvidos, a cada dia de nossas vidas: aux armes! E é melhor que ele nos sirva de ânimo em meio à batalha, do que remorso doloroso da consciência, em meio à pseudo-paz da fuga ao dever”. E subscrevo-me, hoje, repetindo a exata mesma coisa, atestada na pele por meio da experiência do ano que passou: é muito melhor que o chamado ao combate – o chamado que o Senhor dos Exércitos dirige diuturnamente aos Seus soldados, membros da Igreja Militante – sirva de estímulo em meio à batalha, de forças para continuar, do que de lamentos e arrependimentos por não termos feito o que poderíamos fazer. Não permita Deus jamais que nos esqueçamos deste nosso dever, que nos façamos de surdos aos Seus chamados!

À Virgem Santíssima, Maria Porta do Céu – Janua Coeli -, de quem ouso chamar-me escravo, que tantas e tantas vezes me ajudou, repito o oferecimento: que tudo o que faço possa ser por Ti, Contigo, em Ti e para Ti, o Virgo Gloriosa super omnia benedicta. Que este espaço virtual a Ti consagrado possa servir ao Deus Altíssimo. Que Vós, Mãe Admirável, possais tomar sob o Vosso maternal cuidado a mim e a tantos quantos visitam estas páginas da internet. Lembrai-Vos de falar bem de nós – ainda que não mereçamos – na presença do Deus Onipotente.

E a todos quantos visitam este blog, alguns amigos reais que sempre por aqui aparecem e, outros, amigos virtuais que aqui conheci, aos anônimos que lêem sem comentar, os meus mais sinceros agradecimentos. Nada disso poderia ser feito se não fosse por vocês. Que Maria Santíssima os possa manter firmes na Fé Católica, ou a Ela conduzir caso se encontrem distantes da Casa do Pai.

Continuemos alerta, às brechas das muralhas, vigilantes. Porque, mesmo após um ano, continuamos tendo muito por fazer.

Viva Jesus Cristo! Viva a Sua Cruz!

Salve a Santíssima Virgem, Mãe de Deus e nossa também!

Viva a Igreja de Jesus Cristo, Católica e Apostólica!

Longa vida ao Papa, Doce Cristo na Terra!