As preocupações do Ministro da Saúde

Quatro dias atrás: Brasil não precisa se preocupar com gripe suína, diz Lula.
Ontem: Ministro descarta pânico, mas diz que chegada da gripe suína ao Brasil é inevitável.

Eu não questiono tanto assim os erros, os enganos de percurso, os equívocos de avaliação; isso é normal e todo mundo faz. O que me incomoda profundamente é a bazófia das autoridades que não têm o menor pudor em fazer declarações apressadas e irresponsáveis, julgando-se intocáveis e protegidas, por alguma razão misteriosa (competência de governo é que não é), de todos os males que afligem o mundo.

A Folha de São Paulo diz [agora, quando escrevo] que 60% das pessoas têm medo da gripe suína. O Brasil tem sete casos suspeitos [aliás, vi que tem um em Pernambuco sendo monitorado…]; a OMS chegou a dizer que uma pandemia é inevitável! Oras, se o ministro Temporão disse por telefone ao presidente Lula  no domingo passado que o Brasil não precisava se preocupar “por enquanto” com a gripe suína… “por enquanto” significava, então, seis dias? E será que não havia mesmo necessidade do Brasil se preocupar com a gripe suína no início da semana, ou foi só [mais] um caso de empáfia do senhor ministro do Ataúde?

“Temos um plano de contingência estruturado desde 2005”, diz o ministro à Band. Gostaria muitíssimo de acreditar que isso é provável, dado que o surto só ocorreu este ano; ademais, um ministério que não se preocupa na semana anterior com a epidemia que hoje diz ser inevitável, acaso poderia ter se preocupado há quatro anos com a epidemia então inexistente? Ou é mais fanfarronice?

É por isso que eu temo pelo Brasil: as autoridades estão sempre mais preocupadas em passar uma [falsa] sensação de segurança do que em arregaçar as mangas para trabalhar naquilo que precisa ser feito. Se o Brasil não consegue dar conta da dengue, terá acaso condições de enfrentar uma pandemia? Que a Virgem Santíssima, Salus Infirmorum, seja em favor desta Terra de Santa Cruz.

Comentando assuntos diversos

Vejam que linda esta Revista de Saúde Sexual e Reprodutiva, nº 39, de março de 2009. Quase que exclusivamente dedicada ao caso da menina de Alagoinha que foi estuprada e teve os seus filhos abortados. 100% direcionada a fazer apologia do aborto. Vejam algumas frases das matérias lá disponíveis: “até quando continuaremos com uma lei penal que impede o exercício da autonomia sexual e reprodutiva das mulheres?”, “[a]ún bajo la presión de la iglesia católica-romana y otros grupos conservadores, algunos estados y municipios han comenzado recientemente a hacer más difícil para las mujeres el obtener atención de salud reproductiva y han limitado las opciones anticonceptivas—incluyendo el aumento de los procesamientos judiciales bajo las leyes existentes”, “muitas vítimas de violência sexual ainda não têm acesso ao aborto legal, estando impedidas de exercer o seu direito previsto em lei”.

A publicação é do IPAS, “uma organização não-governamental internacional que trabalha há três décadas com os objetivos de reduzir o número de mortes e danos físicos associados a abortamentos; expandir a capacidade da mulher no exercício de seus direitos de natureza sexual e reprodutiva; e melhorar as condições de acesso a serviços de saúde associados à reprodução, inclusive aos serviços de abortamento legal em condições adequadas (aborto seguro)”. Que, segundo o MidiaSemMascara (apud Brasil Acima de Tudo), “fornece equipamento para a realização do aborto no mundo inteiro e atualmente, com a conivência do governo brasileiro, ministra abertamente cursos de técnicas de aborto a mais de mil novos médicos por ano no Brasil”. Maravilha.

* * *

Sobre as maravilhosas declarações do senhor presidente da República, para quem a culpa da crise econômica é de “gente branca de olhos azuis”, este artigo da Maria Lucia Victor Barbosa é primoroso. “Diante desse despautério a impressão que se tem é que o presidente da República quer se portar como um Hitler subdesenvolvido ás (sic) avessas. Ele não gosta de gente branca de olhos azuis, como se existisse pureza racial”.

Acho que nunca antes na história deste país nós tivemos declarações tão infelizes pronunciadas pelo presidente da República. Curiosamente, Barack Obama gosta de Lula e se derrama em elogios diante dele. “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”. Curioso.

* * *

Escrevam ao Le Mondevejam aqui como – para protestar contra uma charge blasfema publicada no jornal. Ainda sobre a questão das camisinhas, ainda atacando covardemente o Cristianismo. Se fossem charges de Maomé…

É fundamental que as pessoas não se calem, e não aceitem passivamente que a sua Fé seja escarnecida, que debochem gratuitamente de suas crenças e seus valores. Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente fingir que não é conosco, quando as coisas santas são atacadas por homens impiedosos. Importa defender os direitos de Deus. É nosso dever de cristãos fazê-lo.

* * *

Ainda sobre as camisinhas, o Bispo das Forças Armadas em Portugal, dom Januário Torgal Ferreira, disse que “[p]roibir preservativo é consentir em muitas mortes”.

Aliás, a situação em Portugal é delicada. Rezemos; que a Virgem de Fátima faça com que, em Portugal, conserve-se sempre o dogma da Fé.

* * *

Que exemplo da Conferência Episcopal Norte-Americana: quantas pessoas estão se unindo à Igreja nesta Páscoa? Vejam a tabela apresentada, com as várias dioceses e o número de catecúmenos e “candidatos” (cristãos não-católicos que estão abandonando as heresias para abraçar a Esposa de Nosso Senhor) por diocese.

Na Philadelphia, 436 catecúmenos e 537 candidatos. Em Seattle, 736 catecúmenos e 506 candidatos. Em Atlanta, 513 catecúmenos e 2195 candidatos! Ah… que santa inveja…

Lula e o aborto

Recebi, hoje, por email, uma notícia do Terra com a chamada “Lula critica Igreja e propõe dia contra a hipocrisia”. Nem li. Não, quando se trata do Presidente da República, do alto de sua sabedoria nossa velha conhecida, eu tinha de ler o que ele tinha dito, com as suas palavras. O discurso deu-se na abertura do Seminário “Mais Mulheres no Poder: Uma Questão da Democracia”, e a íntegra todos podem conferir no site da Presidência. A parte que nos interessa, e aqui reproduzo, é a parte em que o presidente comenta o lamentável caso de aborto aqui em Pernambuco. Pois bem, terminado o exórdio a essa obra de sabedoria suprema… aí vai:

“Recentemente, vocês viram aquele problema da menina de Pernambuco, que engravidou.  Vocês viram? [Há! Viram mesmo? O problema da menina já não mais é ter sido estuprada, mas estar grávida] É mais do que absurdo. Como é que se pode proibir a medicina de cuidar de uma menina que ficou grávida indevidamente? [Olha, eu nunca vi gravidez ser tratada como doença, mas mesmo considerando-a assim, alguém aqui quis impedir os médicos de prestar-lhe assistência? Eu só queria que a medicina tivesse cuidado também dos bebês!]Eu fui questionado porque no Carnaval, eu estava no Carnaval, o Temporão apareceu lá, ele e a equipe de Saúde, distribuindo preservativos. E eu joguei preservativos. Ora, eu não posso, como pai e como presidente da República, fingir que distribuir preservativos é ruim. [Opa! Então quer dizer que o pai agora já não pode mais negar que a distribuição de preservativos é ruim!] Quem sabe o que significa a Aids, quem sabe o que significa a doença, tem mais é que levantar a cabeça e falar: “o governo tem que tratar dessas coisas, sim”. [Opa, aqui eu fico em dúvida se o presidente errou a preposição e quis dizer “tratar essas coisas”, se referindo a AIDS, ou se em algum sentido quase perdido no meio da frase mal construída ele quis dizer que o governo tem de falar disso… Sei lá! O que eu sei é que ninguém no mundo — acho eu, talvez algum lunático seja uma exceção — acha que o governo não deve tratar a AIDS ou tratar da AIDS. O problema é o “como”]

Se perguntarem para mim: “Lula, você, homem, é contra ou a favor do aborto?” Eu falo: como cristão, eu sou contra o aborto – poderia dizer. Agora, como chefe de Estado eu tenho que tratar como uma questão de saúde pública. Não pode ser diferente.” [“Ai, Amara! Jogasse o sabonete, pegou na minha cara!” Mais liso, impossível. Lula, então, tem três pessoas. Eu sempre achei que endeuzavam o presidente, especialmente depois que construíram um parque aqui em Recife em homenagem à Lindu, sua mãe, sendo que ela sequer morou em Recife. O mérito de Lindu é ser mãe de Lula, e o parque lhe é merecido pelos méritos do seu divino excelentíssimo filho! Aqui Lula, homem, cristão e chefe de Estado tem três posições sintomáticas:

Quando perguntam ao homem Lula, o homem Lula responde como cristão, sem antes de terminar fazer a ressalva de que “poderia dizer”. Óbvio, o homem Lula não pode se comprometer com a posição cristã do cristão Lula! Então, o homem Lula diz que o cristão Lula poderia dizer que era contra o aborto. Ok. Mas o presidente Lula — como é da essência do seu gênero, os políticos, ser escorregadio — diz que tem que tratar como uma questão de saúde pública.

Recapitulando: o homem Lula, que nada fala de si mas fala pelos outros, diz que como cristão Lula poderia dizer que é contra o aborto (sabe-se lá o que isso significa “poder dizer ser contra o aborto”), mas como presidente é uma questão de saúde pública. Ora, eu, Erickson, indivíduo uno, sou contra o aborto e também acho que é uma questão de saúde pública… Uma questão de saúde dos bebês, saúde psíquica da mãe que aborta e de a saúde mental da população que parece ser emburrecida a ponto de engolir um absurdo desses!

Não pode ser diferente…

Incrementando o dossiê

Só para não perder o costume:

Nota pública do “Grupo Curumim” – ONG que milita a favor do aborto e exerceu papel crucial na obtenção da autorização dos pais para que a criança de nove anos abortasse – sobre os acontecimentos dos últimos dias.

Médico que realizou aborto é aplaudido em Brasília: o sempre inacreditável oportunismo do Ministro da Saúde, José Temporão, que aproveitou mais uma vez para aludir ao necessário “reconhecimento do aborto como problema de saúde pública”.

Aborto e Excomunhão: católicos envergonhados: no blog do Ricardo Kotscho, incrivelmente movimentado, contendo um bom compêndio das maiores besteiras sobre o assunto que foram proferidas por indignados “católicos” e não-católicos nos últimos dias.

Estupro não é licença automática para o aborto, um raro texto que – ao contrário dos demais citados neste post – merece divulgação pelo que tem de positivo, mostrando como no Código Penal Brasileiro “não exclui a criminogênese e a tipicidade dessas condutas [aborto supostamente “terapêutico” e aborto no caso de estupro], senão apenas exclui a punibilidade que a elas estaria, noutros termos, recomendada juridicamente” – uma distinção importantíssima e que é amplamente ignorada nos nossos dias.

O despertar da Primavera, texto do Pedro Sette Câmara, questionando a existência da excomunhão devido à (possível) ausência das condições necessárias para que ela se configurasse como tal [quanto a isto, caberia alguns comentários que, por falta de tempo, deixo, no entanto, para alguma outra oportunidade].

O presidente Lula – o católico! – critica a Igreja e propõe um “Dia de Luta contra a Hipocrisia”, provavelmente por algum desejo secreto de promover um evento de auto-homenagem do qual ele seria de longe o mais destacado expoente.

Uma carta aberta a Dom José, escrita por Max Wolosker Neto, pérola de uma pessoa que consegue, na mesma carta, afirmar “há muito deixei de ser católico” e “[v]enho por intermédio desta solicitar, também, minha excomunhão”.

Pois é. É melhor ler besteiras do que ser analfabeto…

Rápidas sobre o aborto

– Como comentei aqui, foi criada recentemente a “CPI do aborto”, com o objetivo de investigar o comércio de substâncias abortivas e a prática clandestina do crime no país.

– O dr. Rodrigo Pedroso escreveu um excelente texto sobre o assunto, do qual me permito extrair um trecho explicando os motivos que levaram à instauração da supradita CPI:

Desta vez, o fato determinado foi trazido à tona pelo próprio ministro da Saúde, sr. José Gomes Temporão, que não esconde a sua opção ideológica pela legalização do aborto. Em entrevista concedida em 16 de abril de 2007, ao programa Roda Viva, apresentado pela TV Cultura, o ministro afirmou que substâncias abortivas estavam sendo traficadas impunemente, numa flagrante confissão da incompetência do governo no cumprimento das leis penais do País. Efetivamente, não apenas o aborto é crime, como o simples anúncio de substância abortiva está capitulado como delito no art. 20 da Lei das Contravenções Penais. Se o ministro estivesse sinceramente preocupado com a saúde dos brasileiros, ele de imediato procuraria tomar as providências necessárias para coibir um tráfico ilegal e indiscriminado de substâncias que põem em risco a saúde pública, e não valer-se demagogicamente do fato para propalar a legalização do aborto, medida que fere o direito constitucional à vida.

– Os abortistas de todos os naipes não gostaram da história. Algumas mulheres (não se sabe quem… seriam “católicas” pelo direito de matar?) anunciaram uma mobilização em Brasília para a última terça-feira (ontem), na qual pretendem – pasmem! – “denunciar violações aos direitos das mulheres – a recente criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do aborto e o processo envolvendo quase dez mil mulheres em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, pelo crime de aborto”. Ou seja, para as abortistas, investigar crimes é violar os “direitos” das mulheres!!

– O presidente abortista – o que nunca sabe de nada e o que se diz contra o aborto apesar de o defender – repetiu a lenga-lenga do ministro do Ataúde e disse que o aborto era questão de saúde pública. A cretinice dá náuseas: “Sobre a questão do aborto, não se trata de ser contra ou a favor, mas de discutirmos com muita franqueza, porque é uma questão de saúde publica. Se perguntarem para mim, eu sou contra, mas, meu Deus do céu, quantas madames vão fazer aborto em outro país enquanto as mulheres pobres morrem na periferia dos centros urbanos?”. Não, senhor presidente, trata-se de ser contra sim, porque é assassinato, e assassinatos devem ser proibidos, e não “discutidos com muita franqueza”.

– Ainda sobre o Lula, a mesma notícia diz que “[a] declaração do presidente agradou a platéia, formada por militantes de movimentos sociais. Antes da fala de Lula, diversas vezes os manifestantes haviam gritado palavras de ordem pela legalização do aborto”. Ou seja, as declarações do presidente são abertamente abortistas, e a reação dos militantes pró-aborto o demonstram. Muito oportuno o artigo do Celso Coimbra sobre o ocorrido, do qual destaco:

O Presidente da República tem como condição “sine qua non” para ser empossado neste cargo e poder exercê-lo, o juramento de respeito à ordem constitucional do País, caso contrário ele se assume como um déspota. Lula jurou respeitar a Constituição Federal em sua posse como presidente e não cumpriu com seu juramento, mas obedece ao inconstitucional estatuto de seu partido e sequer conhece a Lei Maior do povo brasileiro.

O site “mulheres de olho” trouxe uma “moção de repúdio”, aprovada pela “Cúpulas dos Povos” (que se encerrou no dia 15 em Salvador), contra a instauração da CPI do aborto! Diz o texto: “[n]ós, sujeitas/os políticas/os, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos direitos humanos, reunidos nesta Cúpula dos Povos repudiamos a criação dessa CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito que penalizará ainda mais as mulheres pobres e negras e exigimos o arquivamento da mesma por entender que a criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas”.

– Também a ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) emitiu uma nota pública condenando a CPI do aborto. Diz o texto:

[É] urgente que todos os segmentos da sociedade brasileira, movimentos sociais, organizações e em especial os partidos políticos que têm compromisso com a democracia, a justiça, a igualdade e os direitos das mulheres se mobilizem para impedir a instauração desta CPI.

Por fim, a ABONG se alia e solidariza com as mulheres e suas organizações e movimentos na defesa do direito de decidir sobre o seu corpo e sua história, afirmando não só a ilegitimidade desta CPI como de todas as leis que as oprimem e exploram.

– Ou seja: todo mundo está se articulando contra a investigação dos assassinatos que ocorrem impunemente no país! Como questionou um amigo de maneira muito pertinente, e nós, os pró-vida, vamos fazer o quê?

Sexualidade: no Brasil e na Espanha

– O presidente Lula disse recentemente, falando sobre as aulas de (des)educação sexual, que é “preciso acabar com a hipocrisia religiosa, e isso vale para todas as religiões”. Também disse o presidente que “[é] preciso convencer os pais do mundo todo de que educação sexual em casa é tão importante quanto comida”. Em casa, nós concordamos; qual é então o motivo da ingerência estatal com as aulas de depravação nas escolas?! O programa do Governo para a destruição das crianças brasileiras já está em pleno funcionamento há muito tempo. Falta-lhe um nome. Qual será? “Moral Zero”? “Castidade Zero”? “Pureza Zero”? “Pudor Zero”?

Não é a primeira vez que o Lula-católico-a-seu-modo ofende grosseiramente a Igreja, chamando-lhe de “hipócrita”. Na defesa dos preservativos que ele fez em março, foi a mesma coisa. Engraçado que, recentemente, ele anunciou um plano nacional contra a intolerância religiosa. Será que isso não vale para a Igreja Católica?

Mulher espanhola dá um testemunho de que é possível superar a homossexualidade. Marta Lozano escreveu um livro narrando a sua história de vida, e a maneira como ela encontrou a paz após lutar contra as suas más inclinações ao longo de anos. Nos nossos tempos em que é politicamente incorreto discordar do homossexualismo, é muitíssimo oportuno o testemunho de que é possível, sim, reencontrar a sua própria identidade e reorientar-se sexualmente.

Antes simplesmente não me sentia mulher. Agora, pelo contrário, sinto-me plenamente identificada com o sexo feminino e sobre tudo, sinto-me muito mais a gosto comigo mesma, mais sossegada e com mais paz interior. Minha vida social e pessoal também variou substancialmente. Agora me sinto mais livre e mais feliz, relaciono-me mais e melhor com a gente, em meu trabalho me encontro mais satisfeita e me ilude meu futuro [e me entusiasma o meu futuro, conforme uma tradução mais fiel de y me ilusiona mi futuro; o tradutor deu uma escorregada na falsa cognata (p.s.)].

Vale a pena ler a entrevista concedida pela autora (em espanhol).

Superficialidades

– Uma afirmação incompleta em ZENIT: Santa Sé é contra a pena de morte. Na verdade, “[a] doutrina tradicional da Igreja, desde que não haja a mínima dúvida acerca da identidade e da responsabilidade do culpado, não exclui o recurso à pena de morte, se for esta a única solução possível para defender eficazmente vidas humanas de um injusto agressor” (CIC 2267). Portanto, a pena de morte, do ponto de vista doutrinário, é lícita; o que não significa que ela deva ser aplicada sempre e é – aí sim – somente neste sentido que se pode dizer que a Santa Sé é “contra” a pena de morte (nas aplicações circunstanciais atuais, e não no princípio).

Ver numa moratória da ONU que “a cultura da vida «hoje é compartilhada universalmente, apesar das contínuas ameaças e derivações violentas»” parece-me, data vênia, um extremo e ingênuo otimismo de Dom Agostino Marchetto. Outrossim – e mais importante -, a cultura da vida não se opõe à (lícita) aplicação da pena capital.

– A aprovação do presidente Lula no Nordeste é – vergonha!! – de 92%! Mesmo contabilizando o resto do país, ela chega a 80%! Quatro em cada cinco brasileiros aprovam o desgoverno petista! Já era sabido que o sr. presidente tinha um grande apoio da população nordestina, mas eu sinceramente me recuso a acreditar que este índice atinja mais de 90%. É absurdo demais.

– Os advogados de João da Costa – o candidato petista à prefeitura de Recife, que teve a candidatura cassada na última semana – dizem que o juiz que pronunciou a sentença em desfavor do petista é suspeito! Claro; afinal de contas, quem poderia honestamente ousar questionar a probidade incontestável das vestais do PT? Para o petismo, não têm nenhuma relevância coisas como argumentos, dados, fatos, provas, etc. A idoneidade do partido é um axioma inquestionável. Desgraçadamente, isso é especialmente válido para os eleitores recifenses que votam em João da Costa; a maior parte deles está candidamente convencida de que isto é mesmo “intriga da oposição”, “golpe”, “tapetão” e congêneres.

– Hoje é dia de São Miguel Arcanjo (no calendário novo, festa dos três Arcanjos). Que ele nos defenda no árduo e desproporcional combate que somos chamados a travar.

Sancte Michael Archangele, defende nos in praelio, contra nequitias et insidias diaboli esto praesidium: Imperet illi Deus, supplices deprecamur, tuque, Princeps militiae caelestis, satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.

Lula e Igreja Anglicana lado a lado

Não sei se o presidente quer “se converter” ao anglicanismo, mas certamente ele ficaria muito mais à vontade e seria muito mais coerente se fosse porta-voz do cisma de Henrique VIII.

Digo isso por causa de duas tristes notícias que têm algo em comum. Primeira: Brasil introduz agenda gay na OEA. Segunda (abaixo reproduzida conforme recebi por email): para Rowan Williams (arcebispo anglicano da Cantuária), relacionamentos gays são “comparáveis ao casamento”. Estão, portanto, o presidente petista e o cristão não-católico em perfeita sintonia, este tentado justificar teologicamente a desastrosa atuação política daquele.

Sobre a vergonha brasileira no exterior [leiam, se possível, a notícia original da C-FAM], destaco:

This is not the first time Brazil has pushed a pro-homosexual agenda at the international level.
[Esta não é a primeira vez que o Brasil propôs uma agenda pró-homossexual a nível internacional – tradução livre]

De fato. É assunto antigo – e sempre o PT. Recomendo aos interessados a preciosa cronologia do combate à castidade no Governo Lula feita pelo padre Lodi.

Sobre o desmoronamento do anglicanismo, encontra-se em tal estado de confusão o chefe da Comunhão Anglicana que ele chega ao ponto de proferir sem pudor os seguintes disparates blasfemos:

I concluded that an active sexual relationship between two people of the same sex might therefore reflect the love of God in a way comparable to marriage, if and only if it had about it the same character of absolute covenanted faithfulness.
[Eu cheguei à conclusão de que um relacionamento – com práticas sexuais – entre duas pessoas do mesmo sexo pode refletir o amor de Deus de uma forma comparável ao casamento, se e somente se ele [o relacionamento gay] tiver a sua [do casamento] mesma característica de compromisso de absoluta fidelidade – tradução livre]

Para o dr. Williams, então, a profana caricatura do ato conjugal que é a relação homossexual… reflete o amor de Deus do mesmo jeito! Como não se indignar diante de tamanha lesa-majestade divina? São Paulo escreveu que era importante até haver heresias (oportet et haereses inter vos esseEpistula I ad Corinthios 11, 19), para que os virtuosos se manifestassem; que as blasfêmias do Arcebispo da Cantuária possam, então, abrir os olhos dos bons anglicanos e fazê-los – pela intercessão de São Thomas More – retornar sem demora à verdadeira e única Igreja de Cristo.

* * *

Anexo: recebido por email.

União gay reflete amor divino, diz chefe da Igreja Anglicana

DA REDAÇÃO

Relacionamentos homossexuais podem “refletir o amor de Deus” de forma comparável ao casamento, se forem duradouros e fiéis, escreveu o arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, 58, em cartas trocadas com um psiquiatra evangélico entre 2000 e 2001, quando ainda era arcebispo de Gales. O arcebispo da Cantuária é o líder da Igreja Anglicana.

O jornal britânico “The Times” teve acesso às cartas nesta semana, dias depois de terminada a Conferência de Lambeth -cúpula anglicana que acontece a cada dez anos. Os escritos repercutiram na imprensa britânica.

Em meio à crise sobre casamento homossexual e ordenação de mulheres e gays, a conferência foi boicotada pelo bloco, majoritariamente africano, de bispos conservadores que ameaçam rachar a Comunhão Anglicana, terceiro maior grupo cristão, com 77 milhões de fiéis.

O encontro propôs um acordo conciliatório -o que pode acontecer em cinco anos. Enquanto isso, Williams pediu que “as igrejas norte-americanas” mantenham moratória na ordenação e celebração de casamento de homossexuais.

A crise estourou em 2003, quando a Igreja Episcopal dos EUA (braço americano dos anglicanos) ordenou um bispo assumidamente gay.

Williams saíra-se bem na cúpula com a indefinição numa questão que pode levar ao maior cisma dos 450 anos de anglicanismo. Com as cartas, no entanto, sua situação pode complicar-se.

Segundo as correspondências de Williams, as proibições bíblicas referem-se apenas a heterossexuais que buscam uma “diversidade de experiências eróticas” e não às pessoas “homossexuais por natureza”. Por outro lado, o arcebispo separou a opinião enquanto teólogo da posição como líder religioso.

Williams, que antes se opunha aos homossexuais, diz ter mudado de opinião ao, como professor em Cambridge, debater nos anos 80 com estudantes que acreditavam que a Bíblia não proibisse o homossexualismo, mas a promiscuidade.