Charlie Gard glorioso

Morreu na última sexta-feira, 28 de agosto, o pequeno Charlie Gard, o bebê britânico que recentemente comoveu o mundo enquanto sofria de uma doença mitocondrial rara para a qual seus pais buscavam desesperadamente um tratamento. Chris Gard e Connie Yates lutaram furiosamente por sua prole, desafiaram os poderosos do mundo e, com isso, angariaram a simpatia e a admiração de milhões. Pode parecer que foram baldados os seus esforços, uma vez que a criança foi morrendo lentamente, pouco a pouco, enquanto burocratas em repartições públicas discutiam pormenorizadamente em quê consistiria o “melhor interesse” de Charlie. A situação do pequeno foi ficando cada vez pior enquanto sucessivas audiências judiciais eram realizadas, até que ele não pôde mais resistir. Ao final rejubilaram-se os próceres da cultura da morte: Charlie Gard morreu, os assassinos venceram! Mas nós cristãos sabemos que nem sempre a morte é o fim da história. Pois houve um dia em que as coisas mudaram. Há dois mil anos que a morte não é uma derrota. Não mais.

Charlie Gard morreu, e agora? Apesar de tudo, penso que há fundadas razões para alegria e esperança. Em primeiro lugar, ele fez mais durante a sua curta vida do que é dado à maior parte dos infantes fazer. Ele permitiu que os seus pais fizessem ecoar pelo mundo inteiro um brado pela vida: um grito pelo direito de não medir esforços pela saúde dos que padecem enfermidades. O fato é que Charlie comoveu multidões. Muitos se interessaram pela história da criança, rezaram por ela, conversaram sobre ela, procuraram os jornais britânicos e pesquisaram sobre o sistema jurídico inglês. Charlie mereceu chamadas televisivas, capas de jornais, artigos de opinião inflamados, análises jurídicas. Conheceram a sua história, neste mundo onde é quase possível nascer, viver e morrer praticamente no anonimato.

Além disso, podem dizer que a batalha judicial foi perdida: eu, ao contrário, digo que ela foi brilhantemente vitoriosa. Não existe nenhuma possibilidade concreta de o indivíduo atual, o cidadão dos dias que correm, fazer frente ao poder burocrático quase ilimitado do Estado Moderno, do Leviathan contemporâneo. A desproporção é gigantesca e provavelmente não foi jamais tão grande: a vontade estatal tem, hoje, meios de se impôr sobre os cidadãos com os quais os maiores déspotas da Antiguidade não puderem sequer sonhar. Para se ter uma idéia do tamanho da iniquidade, os pais de Charlie não puderam falar pelo seu filho nos tribunais, e a advogada que o Estado nomeou para representar judicialmente os interesses da criança é diretora de uma associação pró-eutanásia. Jogo com maior número de cartas marcadas não poderia haver.

Aquele jovem casal britânico, no entanto, fez o impossível. Recusou-se a baixar a cabeça mesmo diante da vastidão dos exércitos de César: reclamou em público, altissonantemente, o seu direito — inalienável e sagrado! — de lutar pela vida do filho, independente do que pudessem dizer todos os juízes togados do mundo. Esta história foi uma Antígona moderna. Ao final foram eles próprios que desistiram da batalha legal, e foi somente então que o assunto ficou, com o perdão do termo, pacificado: antes a Suprema Corte já havia dado a última palavra, e a Corte Europeia de Direitos Humanos também, e ainda assim aquele casal tornou a mover mundos e fundos para conseguir — e conseguiu — levar o assunto mais uma vez aos tribunais britânicos! Ora, o Estado detém o monopólio da jurisdição, de dizer o direito, de encerrar os litígios. Em GOSH v. Gard, no entanto, parece que a disputa — mesmo a jurídica — não cessou enquanto os pais não disseram “basta”.

E mais ainda. Muito se escreveu sobre o bebê Gard; muitos inclusive ousaram defender abertamente que a vontade dos médicos devesse prevalecer sobre a vontade dos pais. Por exemplo, a BBC:

Daniel Sokol, um médico especialista em ética e advogado, disse que o caso lançou uma luz sobre esta questão [a discordância entre profissionais e familiares a respeito de um tratamento médico]. “Isto nos lembra que os direitos dos pais sobre os seus filhos não são absolutos. Eles são limitados por aquilo que é o melhor interesse da criança”.

[Aliás, pelo que andei vendo, a BBC tomou desabridamente o partido do hospital contra os pais da criança, para sua perpétua vergonha. Ao que parece, foi o mais tendencioso e insistente dos veículos de comunicação sobre o assunto.]

Mas o que se viu realmente brilhar — quase por toda a parte, mesmo na mídia secular — foram críticas à atuação das cortes e apoio à luta dos pais de Charlie. Veja-se:

The Telegraph, reproduzindo o pronunciamento de Connie Yates, mãe da Charlie: “Charlie teve uma chance real de melhorar. Agora é infelizmente tarde demais para ele, mas não é tarde demais para outros que possuam a mesma doença ou outras doenças horríveis. Nós vamos continuar a ajudar famílias de crianças doentes e tentar fazer Charlie viver nas vidas dos outros. Nós devemos isso a ele para que a sua vida não tenha sido em vão”.

The Guardian: “Vivemos em um mundo de uns e zeros (…) [e] agora até mesmo a compaixão precisa se encaixar na racionalidade empírica. É por isso que aqueles que jamais sentiram o perfume do pescoço de Charlie, aqueles que jamais o abraçaram, que jamais choraram rezando pelo seu bem-estar, são considerados os mais adequados para decidir como ele deve viver e morrer”.

The New York Times, em um artigo que defende a eutanásia: “O que torna este caso particularmente difícil é que há argumentos válidos de ambos os lados. Algumas questões morais não têm uma resposta certa. Mas, ora, se há razão em ambos os lados, há também motivos para se questionar o julgamento dos tribunais”.

E finalmente, há o próprio Charlie Gard, hoje liberto da corrupção da carne, da fraqueza, da doença. Charlie agora se encontra diante de Deus — é certo. Tendo sido validamente batizado não detinha mais a mácula do Pecado Original; morrendo antes da idade da razão, não teve pecados atuais que lhe embaraçassem a visão de Deus. Morreu portanto filho de Deus, em estado de graça, em heroico sofrimento e após comover o mundo: sua alma encontra-se na presença do Onipotente, unida à multidão de anjos e santos que, de pé, diante do Trono de Deus, intercedem em uníssono por nós que ainda mais um pouco aqui ficamos. E as almas são todas “adultas”, i.e., detêm inteligência e vontade na inteireza da natureza humana. Charlie não é mais o bebê cego e surdo que foi nos seus últimos dias: é agora uma alma humana perfeita, na plenitude de suas potências naturais, vivo e glorioso na presença do Deus Altíssimo, intercedendo por nós.

Chris Gard e Connie Yates perderam um filho; a Igreja ganhou um santo. Charlie Gard, mártir da burocracia e do utilitarismo, da sanha estatal e da cultura da morte! Que ele olhe por nós, agora que pode mais diante de Deus. Que a história dele não seja esquecida. Que a luta por ele iniciada nesta terra possa continuar e dar frutos. Que os dias vindouros sejam melhores.

Curtas: divórcio no Brasil, medidas pró-vida, Dom Evaristo Arns e o esvaziamento das igrejas, erro médico salva bebê

Brasil tem recorde de divórcios em 2011. «O número de divórcios chegou a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registrados 243.224».

A razão? Naturalmente, o afrouxamento das exigências para o divórcio. «Conforme a pesquisa, um dos fatores foi a mudança na Constituição Federal em 2010, que derrubou o prazo para se divorciar, tornando esta a forma efetiva de dissolução dos casamentos, sem a etapa prévia da separação».

Pode-se argumentar que estas pessoas já não estavam vivendo um “casamento de verdade” mesmo, e que o fim do prazo legal para o divórcio só fez diminuir a burocracia necessária para regulamentar de direito uma situação que já existia de fato. Data venia, discordo. Casamento tem muito mais a ver com responsabilidade do que com os cônjuges “sentirem-se bem”, “amarem-se romanticamente” ou qualquer outro critério subjetivo do tipo. O casamento existe enquanto não se desiste dele; e conferir facilidades à desistência conjugal, longe de meramente regulamentar uma situação de fato, é contribuir positivamente para o fim do casamento – e, por conseguinte, para a banalização de um dos pilares necessários à vida em sociedade.

* * *

– É antiga, mas merece dois tostões: “Proibir o aborto está longe de ser uma medida pró-vida”. «Eu nunca vou chamar de “pró-vida” alguém que faz piquete contra o programa Planned Parenthood e que faz lobby contra as leis relacionadas ao controle de armas regido pelo senso comum».

O que dizer? São comparações descabidas em cima de comparações descabidas! Ninguém é a favor da destruição ambiental ou do morticínio por armas de fogo. As bandeiras são pelo (verdadeiro!) desenvolvimento sustentável, que resguarda a primazia do homem na escala de valores da natureza, e pelo exercício do direito à legítima defesa, que dá a cada um a capacidade de proteger a si próprio e aos seus. Ao contrário, o aborto é a destruição direta de um ser humano. Causa espécie que existam pessoas incapazes de distinguir entre um espantalho e uma reivindicação literal!

Bem característico da qualidade argumentativa do texto é este período aqui: «O respeito pela santidade da vida, se você acredita que ela começa no momento da concepção, não pode terminar no nascimento». Oras, em primeiro lugar, ninguém “acredita” que a vida começa na concepção. Nós sabemos, com sólido e inabalável fundamento científico e filosófico, que a união dos gametas masculino e feminino produz um novo ser, distinto da mãe e pertencente à espécie humana. Isto é um fato, não uma coisa na qual se “acredita”. Se os “pro-choice” defendem que certos seres humanos são mais passíveis de proteção do que outros, que assumam abertamente as suas posições. Mas não venham querer jogar fatos objetivos e incontestes para o cômodo terreno das crendices e opiniões.

Em segundo lugar, é bastante óbvio que ninguém que é contra o aborto afirma que os cuidados com o ser humano devam terminar no momento do nascimento: isto é só mais um espantalho grosseiríssimo do sr. Thomas Friedman. Mas para quem tem o admirável dom de escrever um texto falacioso do primeiro ao último parágrafo, tal sofisma deve brotar com a naturalidade de um cacoete involuntário e incontrolável. Talvez ele nem perceba; mas isso, embora possa talvez escusá-lo da patifaria intelectual, não transforma esta tagarelice em argumento que deva ser levado a sério.

* * *

– Dom Evaristo Arns admite que suas homilias esvaziavam a igreja. Simplesmente faço coro [p.s.: ao trecho abaixo que é d’O Catequista, e não de D. Arns]:

O crescimento das igrejas evangélicas se deu, em grande parte, graças ao bla-bla-blá marxista dos padres da Teologia da Libertação. O fiel ia pra paróquia querendo ouvir palavras de vida eterna, e, em vez disso, tinha que aturar um sermão enfadonho contra o “capetalismo”, sobre os oprimidos etc. (tudo muito teórico e distante da realidade do povo, pra variar). Um belo dia, cedendo ao convite de um amigo crente, o sujeito resolvia dar uma passadinha no culto, e o que ele via? Um pastor falando das coisas de Deus, falando de Cristo, explicando as coisas da Bíblia… Opa, finalmente!

E aí, entre uma paróquia transformada em filial do partido comunista e uma igrejola cheia de gente histérica, mas que, ao menos, ainda lembra que Jesus existe, com quem vocês acham que o povo simples fechava?

Estes resultados são tão deprimentes quanto previsíveis. O povo simples tem sede de Deus e, portanto, não se deixa engabelar facilmente pelo materialismo grosseiro e estéril da Teologia da Libertação. Foram às seitas protestantes para beber água suja, sim, mas muitas vezes forçados pelas circunstâncias eclesiásticas católicas – onde nem sequer água barrenta lhes davam. Foram à pocilga comer o farelo dos porcos porque, para vergonha nossa, nas paróquias só lhes davam pedras para comer.

* * *

Erro médico salva bebê prematuro. Há «um código ético seguido pelos hospitais do Reino Unido que diz que os médicos não devem se esforçar para manter vivos esses bebês prematuros». E então aconteceu o seguinte:

Mas Maddalena sobreviveu, e, quando foi pesada, a balança marcou 1 libra (aproximadamente 453 gramas), número considerado razoável que fez com que os médicos decidissem agir para mantê-la viva. Acontece que a bebê pesava, na verdade, apenas 382 gramas, e uma tesoura esquecida em cima da balança havia aumentado seu peso. Se não fosse por isso, provavelmente eles teriam seguido o código e deixado os esforços de lado.

Ela sobreviveu e agora já está em casa. Um amigo perguntou que espécie de código de ética é este que proíbe os médicos de se esforçarem para salvar a vida de bebês prematuros; a perplexidade dele é plenamente justificável. É o tecnicismo colocado acima do mais elementar respeito à vida humana frágil e indefesa! E ainda querem nos fazer acreditar que estamos evoluídos. Ao contrário, parece-me bastante óbvio que o progresso moral não acompanhou o extraordinário desenvolvimento técnico que alcançamos. E é claro que a técnica é uma coisa muito boa, mas ela é um meio que se deve orientar ao bem do ser humano. Afinal de contas, se isto for esquecido, de que nos serve a técnica? Mais vale um médico sem perícia e sem tecnologia preocupado em salvar uma criança prematura do que um que, embora possua excelentes habilidades e tecnologia de ponta, prefira deixar um bebê frágil morrer sem cuidados! E a saúde moral de qualquer sociedade está fortemente relacionada ao quanto ela percebe que esta proposição é evidente.

Quanta coisa foi perdida…

“Primeiramente mando e encomendo a minha alma a Deus Nosso Senhor que a fez e remiu por seu precioso sangue”. Assim começavam os testamentos de antigamente, em uma época em que as pessoas tinham consciência de que a alma que se vai apresentar diante de Deus é mais importante do que os bens que ficam nesta terra. Alguém pode dizer que isso era a formalidade da época, e que os todos os testamentos tinham, por padrão, cláusulas similares a esta; bom, que seja. Se de fato for assim, não muda o fato objetivo de que esta prática, de certo modo, obrigava o doente a pensar na sua salvação eterna, quando precisasse escrever o seu testamento. A mera formalidade não é a melhor coisa do mundo, mas é melhor do que nada.

Hoje em dia, as coisas mudaram. No Reino Unido, uma igreja (Metodista) foi fechada e, em seu lugar, foi aberta uma loja de conveniência. Triste é a conclusão à qual chega um entrevistado que mora perto: “Eu suponho que isso representa as prioridades das pessoas nos dias de hoje – a conveniência de poder comprar o seu pão alguns quilômetros mais perto é mais importante que a oração e da religião”.

Comprar pão mais perto é mais importante do que a oração! Talvez nem seja, mas a frase não deixa de ser impactante. Talvez o triste simbolismo da caixa registradora defronte a um vitral não tenha realmente este significado para todas as pessoas que moram nos arredores da antiga Igreja; mas é um símbolo. E, como o simbolismo das clásulas de encomendação da própria alma a Deus nos testamentos de antigamente, ilustra as linhas gerais de uma cultura.

É assustador considerar quanta coisa foi perdida de lá para cá. O século XVII sabia que encomendar a alma a Deus é mais importante do que lavrar escrituras de inventário e determinar heranças patrimoniais. Já o século XXI, acha mais importante ter por perto um lugar onde se venda pão do que uma igreja onde se possa rezar.

O valor da vida humana: em Fortaleza, polícia invade clínica de aborto

Na Inglaterra, a Baronesa Mary Warnock disse que, diferente do ouro e da platina, a vida humana não tem valor em si. Esta senhora faz parte da Câmara dos Lordes, câmara alta do Parlamento do Reino Unido.

A frase é de uma profunda estupidez. O ouro e a platina é que não têm valor “em si”. Ao contrário, só são valiosos porque há seres humanos que os consideram valiosos. E, como ex nihilo, nihil, se a vida humana não tivesse valor, nada mais o teria. No entanto, o ouro e a platina são valiosos, não há quem o negue. E, se o são, muito mais valiosos são os seres humanos que conferem valor à matéria inanimada.

Nada surpreendentemente, esta besteira dita pela sra. Warnock não é invenção dela. O Peter Singer diz a exata mesma coisa, apenas mudando as palavras. Como é possível que pessoas de relativa inteligência e importância pública divulguem, aos quatro cantos, opiniões desta natureza e ninguém pareça se importar?

É exatamente pelo fato da vida humana ter valor em si que ela deve ser protegida. E, se nós negamos valor intrínseco à vida humana, abrimos espaço para quaisquer arbitrariedades. Aborto e eutanásia, extermínio de judeus, escravidão de negros – qualquer coisa. Afinal, se tudo for arbitrário e tudo for questão de conveniência, o mundo passa a ser regido pela lei do mais forte. Os judeus, na Alemanha Nazista, não tinham utilidade social suficiente para fazer valer, junto à sociedade alemã, as suas reivindicações de não serem deportados para campos de concentração e, lá, assassinados. Mutatis mutandis, as crianças abortadas também não têm projeção social o bastante para pleitearem, junto às autoridades públicas, o seu não-abortamento. Se a vida humana não tiver privilégios a ela inerentes, e se tudo for questão de convenções sociais… vale tudo. O limite é a maldade de quem estiver no poder, e a História já deu mostras o bastante de que o ser humano sempre é capaz de se superar em matéria de atrocidades e injustiças.

Enquanto isso, aqui em Fortaleza, uma clínica de abortos foi estourada. Na operação “Exterminador do Futuro”, “[f]oram cumpridos 6 mandados de prisão preventiva e 3 de busca e apreensão”. Entre os presos, o sr. Dionísio Broxado Lapa Filho, médico e ex-prefeito de Maracanaú. Gente graúda, que estava há muitos anos pondo em prática as idéias criminosas de Singers e Warnocks. O caso é emblemático: mostra-se como uma resposta concreta à “cultura da morte” que permeia o nosso triste século XXI. Mostra que ainda há esperanças. Parabéns às autoridades envolvidas nesta operação.

E que Nossa Senhora Aparecida livre o Brasil da maldição do aborto.

A Gaystapo e a visita do Papa ao Reino Unido

Papa é contra o plano autoritário do Estado Inglês. O post do Ecclesia Una faz referência a uma notícia que saiu em G1, cujo título era “Papa critica projeto de lei britânico contra a discriminação de homossexuais”. A notícia original é da BBC, mas saiu também na Folha e no Estadão. Repercussão ubíqua.

O que o Papa realmente disse está na mensagem aos bispos da Inglaterra e País de Gales em visita ad limina. Não há menção direta à lei que está em votação no parlamento inglês, embora o assunto seja sem dúvidas esse.  A Canção Nova traduziu o texto. O Fratres in Unum também comentou.

Sobre isso, gostaria de reproduzir parte do texto do Ecclesia Una:

Há alguns dias notícia foi publicada na Internet falando dos projetos que andam tentando legalizar na Inglaterra de se ensinar obrigatoriamente educação homossexual. A medida é, sem sombra de dúvida, intolerante. Veja: não estamos falando aqui duma tentativa sadia de pedir respeito aos homossexuais. Estamos falando de uma medida autoritária que visa impor aos alunos de todas as escolas – inclusive as religiosas, conforme atesta esta outra notícia – valores homossexuais. Não é mais um combate à homofobia, é uma tentativa clara e objetiva de se ensinar o homossexualismo em nossas escolas, como se fosse perfeitamente natural e aceitável! Em suma, o combate aqui não é ao preconceito, como expôs o G1, mas à heteronormatividade, ou seja, à idéia de que as relações sexuais moralmente corretas são as que são praticadas entre homem e mulher.

Não se trata de nenhuma novidade. A posição da Igreja é clara e conhecida de todos. O Papa não fez nada além de repetir o ensinamento moral católico que sempre foi ensinado. Não existia, aliás, outra posição que ele pudesse ter tomado. Às vésperas da visita do Santo Padre ao Reino Unido, qual a razão de mobilizar a opinião pública contra o Vigário de Cristo?

É somente provocação? É para indispôr os ingleses contra o Papa e provocar constrangimentos na visita de setembro próximo? Já existe, a propósito, um abaixo-assinado contra ela na internet. E já há ameaças:

Nesta semana, esse grupo [NSS, Sociedade Secular Nacional] lançará uma coalizão denominada “Protesto contra o papa”, integrada por grupos de homossexuais, vítimas da pedofilia de padres, organizações de planejamento familiar e grupos pró-aborto, que pretendem realizar manifestações durante a visita do pontífice.

Esta é a fantástica coerência dos que defendem a “igualdade”. Não aceitam a menor crítica às suas reivindicações anti-naturais, mas não pensam duas vezes antes de organizar protestos contra o líder mundial do catolicismo que lhes vai visitar o país.

Curtas

– Gostaria de traduzir 1: Obama Betrays the bishops. O presidente norte-americano disse não estar “confortável” com as restrições ao aborto presentes na nova legislação da saúde, e que vai pedir ao Congresso uma revisão dela.

– Apostolado brasileiro Salvem a Liturgia! citado – pela segunda vez – no New Liturgical Movement. São as fotos de uma ordenação presidida por Dom Athanasius Schneider em Anápolis. En passant, o que faz D. Schneider ser Auxiliary Bishop of Karaganda, Kazakhstan é uma coisa que me escapa à compreensão…

– Gostaria de traduzir 2: U.K. Homosexualist Group: Public Sex is an Important Part of Gay Community. É exatamente isso: um grupo inglês de militantes pelos “direitos” homossexuais está insistindo que o sexo gay em locais públicos deve ser tolerado pela polícia. Senão, é homofobia.

– Enquanto isso, a enquete sobre o PLC 122/2006 sai do ar e volta ao ar com os votos zerados por suspeita de fraude. E, enquanto isso, o substitutivo deste projeto é aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais. “A matéria agora será examinada pelas comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), antes de seguir para votação em Plenário. Como recebeu alteração no Senado, o projeto voltará à Câmara dos Deputados”. Quanto tempo até o OutRage! tupiniquim?

Notícias do fim do mundo

Quatro notícias sobre o desmoronamento do mundo:

– Na Escócia, duas crianças foram arrancadas da casa dos avós onde viviam para serem entregues a uma dupla gay. Um menino e uma menina, irmãos, de quatro e cinco anos. Pelo que pude entender com meu italiano traditore, os avós legítimos dos meninos – pais da sua mãe biológica – são, pelas leis escocesas, muito velhos para cuidar de crianças. Ele tem cinquenta e nove anos e, ela, quarenta e seis. Lutaram por dois anos para manter a guarda dos netos, até esgotarem os seus recursos financeiros com as despesas legais; entregando-os por fim à adoção, foram supreendidos ao saberem que eles iriam ser entregues para uma dupla de homens. De nada valeram os protestos do avô: ameaçaram-lhe não lhe deixar mais ver os meninos, caso ele se mostrasse hostil à decisão! Apesar de 90% (isso mesmo, noventa por cento) dos escoceses terem se mostrado contrários à idéia (quando foram consultados à época), desde 2006 que duplas de homossexuais podem adotar crianças na terra de William Wallace. A mesma notícia diz ainda que casais obesos ou fumantes tiveram adoções negadas. Ou seja, tudo bem ser gay, o que você não pode de nenhuma maneira é ser gordo…

– No Reino Unido, uma enfermeira evangélica foi suspensa por ter se oferecido para rezar por um paciente:

A Sra. Petrie, cristã comprometida, de 45 anos, enfrenta uma ação disciplinar após ser acusada de não cumprir um compromisso de igualdade e diversidade. Poderia ser despedida depois de perguntar a uma paciente idosa se queria que rezasse por ela.

Não sei se foi motivado pelo fato; mas o Cardeal Bertone denunciou fortemente o laicismo, nesta quinta-feira (ontem), ao afirmar que relegar a religião ao âmbito privado é uma violação da liberdade religiosa

– Não entendi absolutamente nada sobre este discurso do presidente Obama. Atacando as divergências religiosas e tentando, ao que parece, propôr uma espécie de indiferentismo religioso como único remédio para a “intolerância”, o senhor presidente fez a seguinte afirmação que tenho até medo de traduzir: There is no God who condones taking the life of an innocent human being. This much we know. Ou seja, “não há Deus que perdoe tirar a vida de um ser humano inocente. Isto nós sabemos bem”.

O que raios o presidente mais abortista que já passou pelos Estados Unidos quer dizer com isso, é mistério que escapa à minha estreita compreensão. É hipocrisia? É desespero, afirmando que Deus não o pode perdoar porque ele apóia e financia o destroçamento de seres humanos inocentes? É sinal de conversão e de mudança de posições? Rezemos pelos Estados Unidos da América; que o solo americano não seja ainda mais manchado pelo sangue dos inocentes assassinados antes de virem à luz.

Hoje começou a “redução de alimentação” – leia-se, o assassinato por inanição – da “Terri Schiavo” italiana, Eluana Englaro. 38 anos, em estado vegetativo permanente há 17, a Justiça autorizou recentemente o seu assassinato após pedidos da família. No entanto, ainda há esperança, pois “o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, afirmou que está estudando a aprovação de um decreto urgente para barrar a sentença que permite a suspensão da alimentação artificial à italiana”. Rezemos também por esta garota. E, enquanto o mundo desaba, que a Virgem Maria seja em nosso favor, para que permaneçamos firmes, custe o que custar, nadando contra a corrente, contra tudo e contra todos se necessário for, em santa intransigência para com as Leis de Deus.