A apatia dos católicos clama aos Céus vingança

As redes sociais divulgaram recentemente um vídeo, ao que parece feito em uma paróquia de Fortaleza, durante uma Missa, onde se vê um homem entrar na fila de comunhão, pegar a Eucaristia, jogá-La no chão e A pisotear. Muitas pessoas apontaram corretamente aquilo que é mais grave nas imagens: mais do que a profanação cometida pelo demônio em forma de velho, o que verdadeiramente choca e estarrece é a completa indiferença com a qual todos os presentes parecem encarar a situação.

Não se vê ninguém tomado da justa indignação que uma situação dessas exigiria. Não se vê ninguém procurando impedir o velho — visivelmente alterado — de entrar na fila da comunhão em primeiro lugar; não se vê ninguém reagindo quando ele, teatralmente, de forma macabra, cospe a sagrada partícula no chão. Não se vê ninguém esboçando a mais mínima reação quando ele dá as costas e vai embora — lançando imprecações inaudíveis no vídeo, imagino eu. E, mais assustador, não se vê a menor perturbação no processo maquinal de continuar distribuindo a Sagrada Eucaristia. O sacerdote permanece impassível enquanto a “ministra” tenta, sem sucesso, administrar a comunhão diretamente na boca do velho possesso; depois da profanação consumada, o padre desce do altar com vagar e normalidade. Limpa o chão por alguns instantes. Após, retorna, e a distribuição da Eucaristia prossegue como se nada houvesse acontecido.

São imagens verdadeiramente angustiantes, diante das quais é imperioso lembrar dois “pequenos” pontos. Primeiro: com a consagração do Pão e do Vinho, durante a Santa Missa, ocorre o fenômeno da transubstanciação, por virtude do qual as espécies consagradas não são mais pão e vinho, mas se tornam, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em cada minúscula partícula da Eucaristia está presente Cristo inteiro, com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Ou seja, o que está ali, jogado no chão, pisoteado e cuspido, é literalmente o Deus Todo-Poderoso, o Criador dos Céus e da Terra.

Não se trata de um símbolo nem de uma metáfora, não é força de expressão. É exatamente isto: aquele pedaço de pão é Deus. Seria já uma coisa grave, por exemplo, alguém pegar um objeto do culto católico — uma imagem, um crucifixo — e o deitar no chão; seria ofensivo e provocaria por si só um enorme mal-estar. Imagine-se alguém que entrasse na igreja revirando os bancos, quebrando as imagens dos santos, arrancando as toalhas do altar, chutando as velas e as flores: ofenderia a sensibilidade católica, sem dúvidas, e seria muito improvável que os fiéis permanecessem inertes diante de semelhante espetáculo iconoclasta.

O que se fez, no entanto, foi muito pior. Foi infinitamente pior. O demônio se voltou não contra um objeto dedicado ao culto de Deus, mas contra o próprio Deus. Ele não vilipendiou o templo, as imagens sacras ou os paramentos: foi muito além e jogou ao chão Aquele para cujo culto os paramentos foram tecidos, cuspiu n’Aquele para cuja glória as imagens sacras foram confeccionadas, pisou sobre Aquele para cuja honra o templo foi edificado. Não à toa existe uma excomunhão latae sententiae específica para quem profana a Santíssima Eucaristia: quem destrói as igrejas volta-se indiretamente contra Deus, mas quem profana as Sagradas Espécies ofende direta e substancialmente a Deus em Si mesmo.

E isso nos leva ao segundo ponto: há algo de muito, muito errado na nossa catequese. Quando os católicos ficam indiferentes diante de alguém que pisa e cospe na Eucaristia no meio de uma Missa é preciso reconhecer que estamos diante de um problema pastoral muito sério — e é legítimo até nos perguntarmos se ainda se crê realmente na presença real e substancial de Nosso Senhor sob o pão e o vinho consagrados.

Porque, afinal de contas, as nossas ações são um reflexo das nossas convicções. Quem acredita que somente Deus é digno de adoração não toma parte na incensação do Caesar ainda que ameaçado com o Amphitheatrum Flavium. Quem segue a lei de Moisés guarda o repouso sabático ainda sob a vigilância dos familiares do Santo Ofício. Quem acha errado matar animais para se alimentar não come nem jujuba depois que descobre que elas são feitas de pele de porco. Ora, se tudo isso é assim, como é possível que alguém que acredite na Presença Real possa agir com indiferença diante de uma profanação eucarística gravíssima como a que é mostrada no vídeo?

As reações mostradas na filmagem não são condizentes com pessoas que sabem que a Eucaristia é — não “simboliza”, não “representa”, mas verdadeiramente é — o próprio Deus. Não tem cabimento as pessoas, sabendo que a comunhão eucarística deve ser recebida com a dignidade que convém ao Todo-Poderoso, não se incomodarem com um sujeito sem camisa tumultuando a fila de comunhão. Não tem lógica a pessoa saber que está diante de Nosso Senhor e continuar agindo normalmente quando Ele é jogado no chão. Se fosse um animal o agredido pelo velho — se ele chutasse um cão sarnento, digamos — a reação dos circunstantes seria (muito!) mais enérgica. Como, então, ele cospe em Deus e ninguém faz nada?

A profanação ofende, sem dúvidas, mas os inimigos de Deus existirão sempre: é de se esperar que os incréus persigam a Religião, que os ímpios se levantem contra as coisas santas. Que os inimigos de Deus O ofendam não é algo propriamente espantoso: o que é de pasmar é que os pretensos amigos de Deus não façam nada! A apatia dos católicos clama aos Céus vingança mais alto que a profanação do velho endemoniado. Se nem os próprios católicos preocupam-se em respeitar as coisas sagradas, como é possível esperar que as respeitem os inimigos de Deus?

Sempre há flores possíveis

Foi no final do mês passado que correu a internet o vídeo de uma menina, chilena, vítima de uma doença grave e incurável; a adolescente, de nome Valentina, fazia uma súplica emocionada para que a deixassem morrer. À eutanásia há quem confira o eufemismo de “morte piedosa”; para estes, pôr fim ao sofrimento de um doente terminal seria uma atitude piedosa e compassiva, até moralmente exigível àqueles que pretendem possuir algum grau de civilidade e empatia.

Os problemas com esta argumentação – que, aqui, saltam aos olhos – são dois.

Em primeiro lugar, uma decisão é tanto melhor tomada quando mais se a toma de maneira isenta e desapaixonada, longe da turbação mental que a experiência concreta e presente de um estado de espírito extremo (como, por exemplo, as terríveis dores e a ausência de perspectiva de futuro características de doenças graves e incuráveis) costuma provocar. Em uma palavra, ao contrário do que a viralização do vídeo da pequena Valentina induz a crer, estar doente não qualifica especialmente a pessoa para decidir em questões graves de vida e de morte – muito pelo contrário aliás. A dor oferece muitas vezes obstáculo à meditação serena. E morrer é grave. Decisão assim tão grave simplesmente não pode ficar nas mãos de quem sofre. Impôr-lha, isso sim, é uma desumanidade insensível, é acrescentar à já precária condição de vida do doente um fardo como maior não pode haver.

Em segundo lugar, matar – matar diretamente, por meio da administração de um veneno, do sufocamento, da inanição ou de qualquer coisa do tipo – é, em si mesmo e para além de qualquer possibilidade de floreio retórico, um mal. Não se trata aqui principalmente de “aliviar” as dores de ninguém, e sim de empurrar a pessoa para aquele lado da existência do qual não há volta possível, cortar-lhe sem possibilidade de remendo o único fio que a liga à existência terrena, cerrar-lhe definitivamente a porta que dá acesso ao mundo dos vivos. Tal não pode ser pintado com as cores bonitas de um «dormir para sempre» que apaguem a realidade nua e crua da morte, dessa experiência única, irrepetível e irrevogável que, em situações normais, ninguém deseja para si: como é possível que alguém, com a consciência tranquila, ofereça, como uma dádiva, ao que sofre aquilo que o sadio não desejaria para si nem como a mais cruel das penas? Há um quê de doentio na idéia de que pode ser um bom negócio oferecer a morte àquele a quem não se é capaz de consertar a vida. Repugna à razão humana acreditar, assim, sem mais, como se fosse um lugar-comum, que uma coisa pode servir de sucedânea do seu oposto.

No entanto – e embora esta outra notícia tenha merecido muito menor divulgação -, após o seu vídeo ganhar notoriedade mundial e após receber diversas visitas, a garota chilena mudou de idéia: Valentina desistiu da eutanásia! Vejam a pequena reportagem de seis minutos. Por que fizeste aquele vídeo, Valentina? “Estava cansada, já não aguentava mais”. E agora? Ainda queres dormir? “Já não sei”. Ao final, o que tens a dizer? “Sigam-me apoiando. Tenho que seguir adiante”.

Sim, é coisa edificante encontrar uma menina, aos catorze anos de vida, portadora de fibrose cística, e que há menos de um mês queria morrer… dizendo, agora, entre sorrisos, que precisa seguir adiante! Veja-se, foi bem pouco o que mudou. Algumas poucas semanas se passaram. O prognóstico da adolescente ainda é bastante delicado. No entanto, que diferença entre os dois vídeos! E que importante lição: não é verdade que, quando não haja mais nada que se possa clinicamente fazer por uma pessoa, só reste entregá-la à morte. Não, tal não é verdade! Sempre há flores que podem ser oferecidas no lugar do veneno pretensamente libertador. É sempre possível fazer algo – algo em si mesmo bom – por alguém a quem não se pode fazer mais nada. E é sempre possível mudar a maneira como as vicissitudes da vida – mesmo uma doença grave – nos influenciam. Eis que, do Chile, uma adolescente nos está a ensiná-lo. Que o bom Deus a console! E nos abra os ouvidos para que possamos entender.

“O Papa parou em nossa casa!”

Eu mal soube da viagem pontifícia a Cassano, cidade da Itália meridional cuja maior característica, a julgar pelo que dizem os órgãos de mídia, é ser profundamente marcada pela atuação da Máfia. E foi bastante por acaso que eu fiquei sabendo deste pitoresco fato que aconteceu nas estradas italianas do sul:

Trata-se de um vídeo amador, certamente de celular, feito pelas pessoas que estavam à beira da estrada para acompanhar a passagem do automóvel pontifício. O mais impressionante não é nem a bênção concedida ao doente (depois do sr. Vinicio Riva, esse tipo de atitude vinda do Papa Francisco não deveria nos surpreender mais). O mais belo está nos detalhes.

Chama a atenção sobremaneira o título que deram ao vídeo: Papa Francesco si e fermato a casa nostra, algo como “o Papa Francisco parou em nossa casa”. Parece clichê e piegas, eu sei, mas não consigo ler essa legenda – colocada, repitamos, pelas próprias pessoas que estavam acompanhando a comitiva papal na beira da estrada; moradores do lugar – sem me lembrar das diversas passagens do Evangelho em que o hagiógrafo faz insistente questão de registrar que Jesus parou em certas casas: na de São Pedro (cf. Mt 8, 14), na de São Mateus (cobrador de impostos – cf. Mt 9, 10), mas também em algumas casas anônimas: «Em seguida, deixando aquele lugar, foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse» (Mc 7, 24a).

Nem a Catena Aurea e nem a prestigiada “Vida de Jesus Cristo” de Lafayette dão maior relevância ao detalhe; mas eu fico pensando naquela casa precedida de artigo indefinido na qual Nosso Senhor um dia entrou. E embora não seja capaz de saber ou mesmo especular nada sobre ela (Quem eram aquelas pessoas? Será que já O esperavam? Será que já O seguiam como discípulos? Será que Ele pousava lá sempre que ia a Tiro e Sidônia? Será que Ele simplesmente chegou à porta e pediu para entrar?), uma coisa se me impõe à imaginação com clareza: a alegria que deve ter tomado conta daquele lugar, alegria da qual eu penso ver um lampejo naquele «se e fermato a casa nostra» com que rotularam um vídeo que mostra o Vigário de Cristo parando no meio de uma viagem para cumprimentar alguns moradores que estavam no caminho para o ver passar.

Uma parada singela, longe dos protocolos oficiais e das agendas diplomáticas; que ficaria para sempre desconhecida se a tecnologia atual não tivesse transformado qualquer celular em uma câmera filmadora. O Papa desceu do carro para abençoar um doente e cumprimentar alguns fiéis, e não havia nenhum fotógrafo d’Osservatore para o registrar. O fato em si é banal e corriqueiro, eu sei; mas não o é para as pessoas que o vivenciaram. Aquela casa in fines Tyri et Sidonis era tão comum que não recebeu do evangelista mais do que uma menção en passant: mas lá esteve Nosso Senhor, e isso por si só é um fato extraordinário. Por aquelas ruas do sul da Itália passou o Doce Cristo na Terra, naquela estrada o Papa Francisco parou para saudar alguns fiéis. Isso nada muda no Catolicismo; mas penso na alegria que não deve ter tomado o coração daqueles italianos que lá estavam. Na alegria que transparece do vídeo que vejo ainda mais uma vez.

E a Igreja são vários membros, e n’Ela o que acontece com um membro reverbera por todo o Corpo. A alegria daquelas pessoas é também a minha alegria; o contentamento com a ligeira delicadeza pontifícia chega também a mim. Mesmo quando dirigida a um grupo particular de católicos, toda boa obra atinge toda a Igreja. Felicito-me junto com os italianos que não conheço, mas com os quais compartilho a mesma Fé. Alegro-me com eles. E com eles também posso dizer: grazie, Papa Francesco.

[OFF] Eu, com câncer (VIII): #MeditandoComJuelho

No último sábado, fui convidado a fazer uma meditação no Retiro Mensal dos Membros do Movimento Regnum Christi, cujo tema era: Porque amo a Cristo, abraço a minha cruz. Agradeço imensamente a oportunidade e a confiança em mim depositada; alegra-me bastante poder ser útil de alguma maneira, mesmo com essas minhas limitações circunstanciais que hoje se somam às que já me são próprias por vida.

meditandocomjuelho

A palestra foi gravada, sem edições e sem revisão. Disponibilizo-a aqui, em formato .mp3 e em vídeo do Youtube, na esperança de que possa servir àquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de presenciá-la neste final de semana. Que Deus nos ajude a amá-Lo mais. Amá-Lo sempre e cada vez mais.

Youtube:

Áudio:

[podcast]https://www.deuslovult.org//wp-content/uploads/podcast/TamoJuntoJuelho.mp3[/podcast]

“Quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos!” – sobre o pe. Fábio de Melo e suas más colocações

O revmo. Pe. Fábio de Melo voltou a aprontar das suas. Em entrevista que ainda não foi ao ar (mas da qual alguns trechos já foram amplamente divulgados pelos órgãos de mídia), o padre soltou a seguinte estarrecedora frase:

Jesus não queria a Igreja, queria o Reino de Deus, mas a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele.

É impressionante como uma frase tão pequena possa conter um número tão grande de absurdos, e é muito difícil conceber como uma pessoa católica, que tenha ao menos noções básicas de Catecismo, seja capaz de proferi-la e ao mesmo tempo manter a Fé. Esta frase estarrecedora, em uma única linha,

  1. afirma que a Igreja não é da vontade de Deus [Jesus não queria a Igreja];
  2. introduz uma oposição descabida entre “Igreja” e “Reino de Deus” [não queria a Igreja, queria o Reino de Deus]; e
  3. afirma que a Igreja é criação humana [a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele].

Não percamos tempo com fabiodemelorices. Vamos à Doutrina Católica.

Primeiro, é óbvio que a fundação da Igreja sempre esteve nos desígnios de Deus. Nem poderia ser diferente, uma vez que, se Cristo tivesse querido com Sua Encarnação uma coisa diferente da Igreja, teria fracassado miseravelmente em Sua Missão e, portanto, não seria Deus e, portanto, não deveríamos nos preocupar com Ele e nem com mais nada nessa vida.

Não fossem suficiente as claríssimas palavras de Nosso Senhor nos Evangelhos – “E eu te declaro que és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela” -, o Catecismo ainda nos diz com todas as letras:

766. (…) Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (CCE).

Se tudo isso ainda não bastasse, o erro de número 52 condenado por São Pio X no decreto Lamentabili é o seguinte:

52. Cristo não pensou constituir a Igreja como uma sociedade destinada a durar na terra por uma longa série de séculos; além disso, na mente de Cristo, o reino dos céus juntamente com o fim do mundo já deveria ter chegado.

Ora, tudo isso posto, em qual esotérico sentido, então, de que maneira minimamente católica é possível afirmar “Jesus não queria a Igreja”? Essa frase é herética e blasfema. Encontrá-la nos lábios de um sacerdote católico é daquela espécie de desolação no lugar santo que nos faz gritar do fundo da alma: Exsurge, Deus, iudica causam tuam.

Em segundo lugar, não existe oposição entre a Igreja fundada por Cristo e o Reino de Deus, exatamente porque a Igreja por Ele fundada é precisamente o Reino de Deus já inaugurado na terra! De novo, é o que nos ensina o Catecismo:

541. (…) Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida divina». E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus (CCE).

567. O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo, e resplandece para os homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o gérmen e o princípio deste Reino. As suas chaves são confiadas a Pedro (CCE).

A Igreja já é o Reino de Deus! Pouco importa aqui a obviedade de que este Reino só estará plenamente estabelecido quando Cristo voltar em Sua Segunda Vinda Gloriosa, exatamente porque, então, será a Igreja – a mesmíssima Igreja da qual hoje fazem já parte todos os católicos – que reinará perfeitamente. O Fim dos Tempos não destrói a Igreja, cáspita, mas é exatamente o contrário: realiza-A em plenitude! Que um sacerdote católico não saiba dessas coisas é uma dessas tragédias religiosas que, em épocas mais sensatas, seria interpretada como um sinal do Fim dos Tempos iminente e levaria os católicos a baterem no peito e fazerem penitência, suplicando ao Senhor misericórdia pelos seus muitos pecados.

Em terceiro lugar, e muito sucintamente, é óbvio que a Igreja não é criação humana. Não é criação humana porque é criação de Cristo, que é Deus. Não é criação humana porque Ela não poderia ser Santa e Santificante se fosse o homem que A tivesse criado, uma vez que o homem não tem por si só capacidade de santificar a nada e nem a ninguém. E não é criação humana, por fim, porque assim o diz com todas as letras a Doutrina Católica: «a Igreja católica [é] fundada por Deus» (Lumen Gentium, 14).

Não fomos nós que “demos” a Igreja a Cristo, foi Ele quem no-La deu, através do Seu Sacrifício na Cruz; e o fez para que por meio d’Ela (e somente por meio d’Ela) pudéssemos nos unir a Ele. Qualquer criança minimamente catequizada aprende isso. Por que diz o contrário o pe. Fábio de Melo?

Após a polêmica inflamada, o pe. Fábio publicou no Facebook uma de suas famosas respostas que não respondem a coisa alguma. Absolutamente nada do blá-blá-blá lá despejado tem o mínimo a ver com o que se está discutindo. Aproveito a oportunidade, no entanto, para fazer (mais uma vez) um comentário que talvez possa ser útil ao reverendíssimo sacerdote. Lá, no seu Facebook, no meio da tagarelice irresponsável, o padre diz o seguinte:

Estou unido ao Papa Francisco, quando movido por coragem profética, falou-nos do perigo que a Igreja corre de tornar-se uma ONG.

Será que está mesmo? Em outra tristemente famosa entrevista (ocorrida em meados do ano passado), o padre Fábio fez questão de destacar a sua própria vaidade e afirmou ser «vaidoso sim». A matéria que inicia esse post traz na manchete a seguinte piedosa frase proferida pelos lábios sacerdotais do padre Fábio de Melo: «Sempre me senti artista». Será que o padre Fábio acredita, em consciência, estar unido ao Papa Francisco?

Vejamos o que o Vigário de Cristo tem a dizer sobre isso. Em homilia proferida na semana passada (sábado, 11 de janeiro; original italiano aqui, tradução para o português aqui, de onde retiro a citação), o Papa Francisco falou o seguinte:

[Q]uanto mal fazem à Igreja os padres untuosos! Aqueles que colocam a sua força nas coisas artificiais, na vaidade.

Quantas vezes se ouve dizer, com dor: “Este é um padre-borboleta, porque há sempre vaidade nele”.

Se nos afastamos de Jesus Cristo, devemos compensar isto com outras atitudes… mundanas. E assim, há todas estas figuras… também o padre de negócios, o padre empreendedor…

[…]

É belo encontrar padres que deram a sua vida como sacerdotes, verdadeiramente, de quem as pessoas dizem: “Sim, tem esta característica, tem aquela… mas é um padre”. E as pessoas têm a intuição.

Em vez disso, quando as pessoas vêem os padres – para dizer uma palavra – idólatras, que em vez de terem Jesus têm os pequenos ídolos… pequenos… alguns até devotos do “deus Narciso”… Quando as pessoas vêem isto, dizem: “Coitado!”

Que sirvam estas palavras para o pe. Fábio, mas que sirvam também para nós, a fim de que saibamos escolher com mais sabedoria os homens que admiramos e a quem seguimos. Procuremos – como nos pede o Papa Francisco – aqueles «padres que deram a sua vida como sacerdotes». Procuremos os padres que nos falem das coisas de Deus! Não percamos tempo com estes que, ao contrário, têm um gosto particular por frases heréticas e blasfemas, nunca se responsabilizando pelas barbaridades que ensinam com seus exemplos e suas palavras.

De volta à vaca fria (sobre humor e blasfêmia no “Porta dos Fundos”)

Depois de tanta água rolada por debaixo da ponte, nem sei se vale ainda a pena falar sobre o “especial de Natal” do Porta dos Fundos. Chego a temer que alimentar a polêmica seja precisamente aquilo de que o grupo precisa no momento. No entanto, há dois ou três tostões que desde o final do ano passado eu queria oferecer sobre o assunto. Pelo sim, pelo não, vou fazer alguns rápidos comentários sobre o tema.

– A má repercussão que o vídeo teve (v.g. aqui e aqui) foi muito positiva. Por mais que defendam o “falem bem ou falem mal contanto que falem de mim” (e por mais que haja uma certa verdade nesse raciocínio), pior seria se ficássemos calados e deixássemos a blasfêmia caminhar livremente, como se fosse coisa que não importasse. Quem não se lembra daquele episódio “ovelhas também mordem” ocorrido há alguns anos na França? Não podemos nos esquecer da verdade que existe naquela frase segundo a qual o mal avança impulsionado pelo silêncio dos bons. Ignorar os ataques ao Cristianismo é incentivá-los a ficarem cada vez maiores e mais violentos.

– A estratégia do CitizenGO de reclamar junto aos patrocinadores foi no meu entender muito acertada. Não dá para exigir valores humanos minimamente civilizados de psicopatas como os que fazem parte do Porta dos Fundos. Não é deles que se deve exigir nada, e sim das pessoas (até prova em contrário) normais como as que patrocinam um grupo que está fazendo algum sucesso no momento. Dentro dos limites do que era razoável esperar, eu também gostei da nota que foi emitida pelo Grupo Petrópolis: disseram com todas as letras que «o Grupo Petrópolis, além de não ter previamente mantido qualquer tipo de contato com seu conteúdo, ainda, não admite que suas marcas sejam relacionadas com tais manifestações, pois não representa o pensamento de seus Diretores» (grifos meus). Só há um pequeno “problema”: a nota foi publicada na última sexta-feira (10 de janeiro) e, hoje, 17 de janeiro de 2014, a marca da Itaipava continua ostentada em lugar de destaque na página da manifestação anti-cristianismo dos marginais do Porta dos Fundos! Basta entrar no site deles para ver:

itaipava-porta-fundos

E então, senhores do Grupo Petrópolis? Vocês disseram “não admitir” relação alguma de suas marcas com ofensas a valores religiosos. Por que não fizeram nada para tirar o enorme banner da Cerveja Itaipava da página do Porta dos Fundos onde se faz o deboche do Cristianismo que tanto revoltou os brasileiros?

– Conto nos dedos de uma mão só os vídeos do Porta dos Fundos a que assisti na vida. Depois que vi um sobre dois padres num confessionário, percebi que eles não estavam dispostos a fazer humor – e sim a ofender gratuitamente uma minoria perseguida e odiada. Por mais que os caras possam ser bons em outros esquetes que não tratem de religião, eu digo sem pestanejar: não vale a pena. Não se trata de gente que às vezes erra a mão na dose e sai com piada de mau gosto: é sistemático, trata-se de militantes anti-religiosos confessos, de pessoas que estão deliberadamente empenhadas em uma patética cruzada contra a civilização formada pelo Cristianismo. Não dá para “desculpar”, eles não querem desculpas, não se arrependem jamais de terem “exagerado”, muito pelo contrário: jactam-se de ofender e se orgulham de chocar. São conscientes e contumazes. O objetivo deles é desmoralizar a Igreja, e não fazer humor. Não merecem um milímetro do nosso reconhecimento para nada.

– Naturalmente, não dá para “debater” com esse tipo de gente. Pode até valer a pena expôr-lhes a cretinice, mas sem lhes dar demasiada atenção. Eu ia falar que tampouco vale a pena entrar no mérito da questão sobre se é lícito debochar da Fé alheia para fazer humor, mas semelhante questão não tem “mérito” algum: curiosamente, os que defendem o Porta dos Fundos são os mesmos que defendem, v.g., o assassinato de crianças no ventre materno. É claro que ninguém pode blasfemar alegando fazer “humor”, e a blasfêmia se afere objetivamente: trata-se das palavras ofensivas dirigidas a Deus, da irreverência para com as coisas sagradas, e não tem nada a ver com o subjetivismo de fulano ou sicrano “sentir-se ofendido”. De novo, não se espera que os celerados do Porta dos Fundos saibam estas diferenças e nem há esperanças de lhas explicar: processos judiciais nas costas deles, é o que há para fazer, quando menos para lhes aporrinhar. Quando menos para o registro de que ainda há pessoas dispostas a não se omitirem diante dos que escarnecem de Deus e vilipendiam as coisas santas.

Puer natus est nobis!

Puer natus est nobis, et fílius
datus est nobis, cuius impérium
super húmerum eius, et vocábitur
nomen eius magni consílii
Angelus.

Um santo Natal a todos os leitores do Deus lo Vult!. Que o Menino-Deus esta Noite nascido nos conceda o imerecido dom da Salvação. Que a imponência das Trevas que até então nos cercavam dê lugar à luminosa humildade do Verbo que por nós desce a um estábulo frio e a uma manjedoura suja. Que o Gloria entoado nesta Noite Santa ecoe por toda a nossa vida e, no Ocaso de nossos dias, possamos ouvi-lo jubilosos quando nos encontrarmos diante d’Aquele por Quem e para Quem fomos criados. Tudo começa hoje. Alegremo-nos! Cristo nasceu por nós!

Feliz Natal!

Documentário «Blood Money» estréia no Brasil

Não deixem de assistir o documento Blood Money – Aborto Legalizado”, que estréia no Brasil no próximo dia 15 de novembro.

http://www.youtube.com/watch?v=Z4I8FDuRBjk

Após o lançamento em São Paulo, têm início roadshows de pré-estreias, incluindo o Rio de Janeiro (6), Goiânia (7), Brasília (8), Belém (9), Curitiba (11), Salvador (12), Recife (13) e Fortaleza (14). Nestas cidades, Kyle [o diretor] falará de sua primeira incursão no cinema com esse documentário polêmico, que está se tornando um cult pelo realismo e crueza com que trata o tema e pelas denúncias que faz. O filme de 75’ entra em cartaz nos cinemas a partir de 15 de novembro.

O Blog da Vida também falou sobre o filme, acrescentando que ele «trata do funcionamento da indústria criada em torno do lucrativo negócio das clínicas de aborto, mostra[ndo] de que forma as estruturas médicas disputam sua clientela e quais os métodos aplicados pelas clínicas para realização de cirurgias abortivas».

bloodmoney

É uma oportunidade ímpar. Não deixem de assistir!

Ficha Técnica:

  • Produção Executiva: John Zipp;
  • Produção: David K. Kyle, John Zipp;
  • Roteiro e Direção: David K. Kyle;
  • Montagem: Roman Jaquez e Steve Taylor;
  • Direção de Fotografia: Jeff Butler;
  • Trilha Original: John Wenger;
  • Cinegrafistas: Jeff Butler, Nick Kyle, Chris Kyle, Ken Biles, Peter Shinn.

Divulgação: Curso de latim clássico

Não costumo recomendar cursos que eu não conheça ou dos quais eu próprio não vá participar, mas este de latim clássico que o Instituto Angelicum está promovendo me deixou profundamente feliz e com uma verdadeira vontade de fazê-lo. Se eu pudesse, já estaria matriculado.

Gostei de tudo o que vi: do professor (que eu não conheço, mas em cuja competência confiei após assistir dois ou três teasers do curso), da forma como o curso foi estruturado, da ementa, do material, do objetivo de aprender simultaneamente latim e cultura clássica através do latim, etc. Pareceu-me, em suma, uma verdadeira preciosidade. Quem o puder fazer, não perca a chance.

As inscrições podem ser feitas aqui. As vagas são limitadas e estamos nos últimos dias de inscrições. Corram.

Debate sobre o aborto: prof. Hermes Nery x “Católica” pelo Direito de Decidir

Bastante oportuno o seguinte debate sobre o aborto que o prof. Hermes Rodrigues Nery travou na TViG com uma senhora das ditas “Católicas” pelo Direito de Decidir.

http://www.youtube.com/watch?v=ZuVzMfVMIjg

O blog do Shalom também repercutiu o assunto. Destaco:

Num dado momento, como é próprio da militância feminista, passou a atacar a Igreja, insinuando inclusive que Santo Tomás de Aquino era a favor do aborto, em seguida defendeu a Teologia da Libertação, dizendo que a Igreja não tem nada que falar de sexo e usou a velha estratégia de definir a defesa da vida como uma iniciativa meramente religiosa, e citando dr. Varella chamou a Igreja de assassina porque deixa que as mulheres sofram por não permitir o uso da camisinha e nem o aborto. Ou seja, deu uma aula para provar que segue a risca a cartilha pró-aborto regada à uma dose de marxismo cultural, provando ela mesma que o catecismo anda longe de sua biblioteca pessoal.

Nossos parabéns ao prof. Hermes, pela serenidade e firmeza que demonstrou neste programa “Desafio”. Sigamos em frente, fazendo a nossa parte, defendendo a vida «desde a concepção até a morte natural» em todas as oportunidades que se nos apresentarem.