“Mercado de Moda Infantil”

[Publico um capítulo de um estudo realizado pela Universidade Estadual de Goiás sobre crianças e moda, chamado “Mercado de Moda Infantil”, que traz algumas considerações bem pertinentes sobre a corrupção da infância. Agradeço ao Rodrigo Pedroso que mo enviou por email.

O original pode ser encontrado aqui e é da autoria da sra. Nadima Chalup Ribas, estudante de design de moda e autora deste blog, em colaboração com o dr. Bento Fleury, professor doutor em Letras e Lingüística.]

Erotização da Moda Infantil

Um fato que preocupa pais, educadores e a sociedade em geral é a infância cada vez mais curta. É cada vez mais comuns ver meninas na faixa de 7 a 11 anos agindo como verdadeiras moças, ganhar brinquedo é uma ofensa, o presente bem vindo são roupas, acessórios, maquiagens.

As festas de aniversário também mudaram, não existe uma decoração com tema infantil, mas sim festas com DJ’s, luz negra ou então a festa é realizada dentro de um salão de beleza. Criança sempre foi vaidosa, a diferença era que elas colocavam suas vontades todas nas bonecas, hoje não precisam de bonecas, a realidade é mais interessante, elas são as próprias “cobaias”.

O problema tem origens da própria educação dos pais que, na sua maioria, vestem seus filhos, principalmente filhas como adultos em miniatura. Não imaginam o efeito que isso causa em um futuro próximo. Mesmo que alguns pais eduquem seus filhos de maneira coerente, eles acabam recebendo uma grande influência da televisão, a contra educação. O fato não é tão atual, existe uma diferença muito grande na moda infantil antes de depois do programa Xou da Xuxa, exibido na década de 80.

As meninas – as mais influenciadas – não queriam mais saber de vestir vestidos com babadinhos e sapatos. A febre na época eram os shortinhos e as botas, marca registrada da rainha dos baixinhos. A roupa da apresentadora que inspirava sensualidade contrastava com um cenário cheio de elementos infantis. Além de influenciar na moda, o programa também direcionou as crianças ao consumismo e a competição.

Nos anos 90 outra preocupação dos educadores era o então grupo de axé, É o Tchan. A atração do grupo eram as mulheres vestidas com roupas curtíssimas, coloridas e coladas ao corpo dançando com letras de apelo sexual. É obvio que a criança não entendia o significado da letra, mas se deixava levar pelo ritmo e o colorido das roupas das dançarinas.

Nunca uma criança foi tão desrespeitada como naquela época, a tendência da maioria é imitar sim as vestimentas de ídolos, não só as vestimentas, mas também as atitudes. As meninas andavam praticamente semi-nuas, e o pior era o orgulho que os pais sentiam em ver seus pequenos vestidos como os ídolos em programas de TV. Esses programas promoviam concursos de cover infantil e ainda ganhava ibope com isso.

A taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes aumentou consideravelmente, a sociedade se chocava no momento em que acompanhavam dados no jornal da TV, mas de nada adiantava, pois depois do jornal entrava a novela ou programas de auditório com a participação especial desses famosos grupos de axé.

Aproveitando o sucesso que o grupo tinha com as crianças, foram lançados diversos produtos da linha É o Tchan entre brinquedos, cosméticos e roupas. Ou seja, mais uma vez as crianças eram as principais vítimas de grandes empresários sem valores que pensam apenas em dinheiro.

Atualmente, um fenômeno que colabora para a erotização da moda infantil é a cultura do funk. Semelhante ao axé, as letras são de gosto duvidoso e também fazem apologia ao sexo. A criança novamente é seduzida pelo ritmo, as batidas. As roupas também são extremamente justas e curtas, a criança ao vestir a roupa, sente-se mais velha, e para elas, não existe coisa melhor.

O grupo Rebeldes, também tem uma parcela de influência nas vestimentas e no comportamento precoce das crianças. O grupo musical também conta com uma novela que é acompanhada assiduamente por crianças e adolescentes, mas principalmente as crianças. A história se passa em um colégio de classe média alta, os atores que interpretam adolescentes, na vida real, já são adultos. As protagonistas vestem uniformes curtíssimos, o que não seria permitido em um colégio da vida real. Além das roupas as crianças tentam imitar o comportamento intitulado como rebelde, o próprio nome diz tudo.

Fatores sociais também colaboram para o aceleramento dos fatores biológicos, as meninas de hoje entram na puberdade mais cedo.”Esta geração de meninas está tão erotizada, vem recebendo tantos estímulos para ficar moça que o cérebro acaba enviando sinais que detonam a produção dos hormônios mais cedo” afirma Jonathas Soares, ginecologista do Hospital das Clínicas e do Albert Einstein, de São Paulo.

11 comentários em ““Mercado de Moda Infantil””

  1. Isso é um absurdo, mesmo. E não é necessário ser católico para perceber isso.
    O maior fator responsável por esse fenômeno, em minha opinião é o uso de internet e TV desde muito cedo como “babás eletrônicas”, que deixam a criança quieta…

    Muito triste.

  2. E o mais interessante é que hoje um dos principais “motivos” do sucesso do É o Tchan, Carla Perez, virou evengélica… uma coisa que noto é que realmente nenhum das, vamos dizer, “ex-libidinosas da mídia” se (re)converte (porque a maioria já é de berço – pelo menos “no papel”) ao catolicismon, né? É Carla Perez, é Mara Maravilha, é Somony… a impressão que dá é que ser evengélico é mais “da moda atual” também…

  3. Desconfio que, na verdade, elas viram crentes para que haja quem continue comprando os discos delas. Destino de artista em decadencia é este: ou vira crente e vende disco gospel, ou vai fazer filme pornô…

  4. Tudo bem que estas mulheres, que hoje se dizem evangélicas, algum dia fizeram mau com seus comportamentos em desviar as crianças de suas inocências mas não esqueçam de algumas delas que se dizem católicas não se arrependem do que fizeram e ainda fazem e até acreditam em gnomos e reencarnação, quer coisa mais desbaratada do que isso?.

  5. Sidnei, se elas acreditam em reencarnação, não são catolicas. E tem mulher por aí, que é judia, se diz catolica, mas na hora de se reproduzir procura um macho judeu pra não misturar a raça…

  6. Blog Mallmal

    É verdade, não precisa ser católico para perceber isso, pois esse assunto envolve mais a questão de educação, que não é necessariamente adquirida com religião. É muito triste mesmo o que acontece com nossas crianças, sou grata por ter tido uma infância de verdade.

    Alien

    Bom, não as conheço pessoalmente, não posso afirmar nada sobre a veracidade da fé dela.

    Demerval Jr.

    Eu não sou de Trindade, hehe, sou de Goiânia, estudo em Trindade que é bem pertinho, é ate meio complicado, mas por gostar tanto do curso, vou todos os dias para a cidade (18 km apenas) . Mas a influência que recebi da cidade, é apenas pelo lado profissional, bom, Trindade é um polo confeccionista.

    Um brasileiro

    Também não posso afirmar se é verdade ou não, mas infelizmente isso acontece. Banalizaram um pouco o protestantismo, isso é triste, é dificil achar um protestante de verdade. Assim também como existe pessoas que se dizem católicas e não seguem o que pregam. Eu tento ser todos os dias, mas na verdade nem gosto de falar de religião, sigo Cristo e pronto! hehe

    Pedro Barros

    Siga o link oferecido pelo blog do meu artigo, eu falei um pouco sobre a Barbie!

    Agradeço ao dono do blog por colaborar com a divulgação desse estudo, acho importante para a nossa sociedade.

    Fiquem na Paz!

    Nadima Chalup Ribas

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