CNBB e PNDH-3

A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas.

Declaração da CNBB sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH – 3)

Às vezes eu fico pensando se é utopia esperar algo mais enérgico do que isso…

Católicos e ateísmo

O Alien fez a seguinte pergunta em um comentário sobre outro texto cá do blog:

Não sei se a mídia não mostra, ou não temos acesso, mas alguma vez alguém da Igreja Católica já confrontou cara a cara os defensores do ateísmo? Em público?

Não sei a resposta completa à pergunta, pois não conheço todos os católicos que desenvolvem trabalho apologético nos meios de comunicação mundo afora. Historicamente, sei que muitos católicos já confrontaram abertamente os defensores de todos os erros e heresias (quanto ao agnosticismo em particular, não poderia deixar de mencionar o grande Chesterton), mas imagino que o Alien esteja perguntando com relação aos nossos tempos.

Não conheço muito sobre a apologética católica anti-ateísta contemporânea. Mas posso responder que sim, alguma vez alguém da Igreja Católica, alguém grande, já “confrontou cara a cara os defensores do ateísmo”. Em público, em um teatro, que lotou e foi necessária a colocação improvisada de alto-falantes, para que as pessoas que se aglomeravam do lado de fora pudessem acompanhar o debate.

Quem foi? O então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI gloriosamente reinante. O seu adversário foi o filósofo ateu Paolo Flores d’Arcais. O debate está transcrito em um livro lançado no ano passado, “Deus existe?”, que ainda não li, mas está na minha lista.

Inclusive o ateu Marcelo Coelho, articulista da Folha, escreveu já por duas vezes sobre este debate. O texto que está disponível no seu blog pode ser lido aqui. E seu início não deixa de ser um elogio ao Papa: “Pode-se discordar muito de Bento 16 – e mesmo detestá-lo. Mas é, sem dúvida, um ótimo papa do ponto de vista intelectual”. Em um outro texto (aqui para assinantes), o ateu é forçado a reconhecer a vitória do cardeal católico:

Flores d’Arcais não sai vitorioso, entretanto, do debate com Joseph Ratzinger. Quando se trata de defender princípios universais e inalienáveis, como os direitos humanos, nosso ateu de plantão cai na armadilha do relativismo: muitas sociedades admitiram o homicídio, a antropofagia…

Ratzinger insiste, com razão, que se muitas sociedades fizeram coisas detestáveis, isso não torna casuais, contingentes, os direitos humanos. D’Arcais também não gostaria que isso acontecesse, mas se confunde no debate.

Debates assim são importantes e devem ser divulgados e incentivados. Pois a razão está do lado da Fé, e não do ateísmo. É importante fazer as pessoas compreenderem isso.

P.S.: Sobre este livro, vale a pena ler: ¿Dios existe?, tradução de um artigo do pe. Rodrigo Polanco, aqui publicado.

Craig e Atkins

Não conhecia o William Craig; descobri hoje, graças a um amigo, que ele é um apologeta cristão “especializado” em debates com ateus e agnósticos. Uma parte da sua obra encontra-se traduzida para o português aqui; outro tanto, entre registros de áudio e de vídeo, está disponível (em inglês) aqui.

O vídeo abaixo é um trecho – legendado – de um debate entre Craig e Atkins. “Dois argumentos falaciosos postos juntos não geram um argumento bom” – simples e verdadeiro. São somente três minutos, vale a pena assistir.

Tubo de Ensaio na TV Canção Nova

Divulgando com muita alegria: o Tubo de Ensaio estará no programa do professor Felipe Aquino, Escola da Fé, abrindo a “temporada 2010” do programa.

Conforme as informações do próprio blog:

Tema: ciência e religião e a cobertura religiosa feita pela imprensa.

Data: 4 de fevereiro, às 20h30, na TV Canção Nova.

Diversas, sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos

– PNDH-3: Coisa de Maluco. “Na juventude, o secretário Vannuchi tentou transformar o Brasil em uma ditadura comunista por meio da guerrilha – ele foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização terrorista esquerdista. Agora, no crepúsculo da vida, tenta fazê-lo à base de canetadas”.

– Só contextualizando: o senhor presidente da República “recuou” na defesa escancarada do aborto que o famigerado PNDH-3 fazia. “Na nova redação, será suprimida a parte que fala da autonomia, pois caracteriza apoio à decisão íntima de interromper a gestação, mas não é a posição do governo e de Lula”. Recuou? Sei…

– Sobre o mesmo assunto: Afinal, quantas divisões tem a imprensa? “A questão do aborto nada tem a ver com a posição da Igreja Católica, como querem alguns tontos. (…) A fama de ‘governo aborteiro’ em ano eleitoral não é conveniente. A maioria da população brasileira é contrária à descriminação do aborto. E só! Lula não quer mudar mais nada”.

– Aliás, segundo afirma o Puggina (via Mídia Sem Máscara), o Reinaldo foi o primeiro a ler o programa inteiro. E ele fez o mesmo. “Agora, Paulo Vannuchi brinda-nos com algo infinitamente mais pretensioso. Quer desfigurar a democracia representativa, o poder judiciário, o direito de propriedade, a religiosidade popular, a cultura nacional, a família e a liberdade de imprensa. Numa tacada, pretende liberar o aborto, mudar para pior o Estatuto do Índio, autorizar a adoção de filhos por casais homossexuais, valorizar a prostituição e se intrometer em temas que vão da transgenia à nanotecnologia e do financiamento público das campanhas eleitorais à taxação de grandes fortunas”.

– E ainda o Kotscho, que é “católico praticante, batizado, crismado e formado em escola de padres”, mas apóia o aborto: “O que não dá para entender é qual a motivação do governo para comprar tantas brigas com cachorro grande ao mesmo tempo, justamente na abertura de um ano eleitoral, já na reta final do segundo mandato, depois de fechar 2009 navegando num mar de almirante, com o presidente Lula batendo recordes de popularidade e sua candidata, Dilma Roussef, subindo nas pesquisas” (Militares, Igreja e Impernsa contra projeto de direitos humanos).

– No entanto, defensores dos Direitos Humanos se opõem a modificações no programa: “A possibilidade de mudança na redação do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) para apaziguar setores do governo federal é mal vista por ativistas defensores dos direitos humanos, por políticos perseguidos e parentes de desaparecidos na época da ditadura militar (1964-1985)”.

– E os trezentos convocaram os “companheiros queridos” para uma manifestação, hoje, em defesa do PNDH-3. Num texto de não-sei-quem que foi lá citado: “se a direita – encabeçada pela Igreja, Ruralistas, Milicos, PIG e pelo que há de mais detestável no país – não gostou [do Programa], é porque o projeto é excelente”. Maravilha, não?

Exemplo de sacerdote

Clique para ampliar
Clique para ampliar

Esta placa está afixada defronte à igreja de São Lourenço da Mata, uma das cidades mais antigas do Brasil, que fica na região metropolitana de Recife. Um amigo teve a gentileza de enviar-me. Achei fantástica! O padre Gonçalo Ribeiro foi “morto a punhaladas pelos holandeses em 1636, por ter dito em público que certos livros que eles espalhavam contra a religião católica continham doutrinas heréticas, e não se quis desdizer a intimações”.

Não conhecia o padre Gonçalo, mas o seu exemplo é fonte de inspiração para os católicos tíbios dos nossos dias. Pernambuco dos mártires! Alegra-me saber que São Lourenço da Mata, um dia, esteve sob os cuidados pastorais de um tão fiel sacerdote do Deus Altíssimo. Até o martírio. Que aprendamos dele; e que ele interceda a Deus por nós.

Cadê a declaração, Pe. Elias Wolff?

O amadoríssimo site protestante cristaos.com está reclamando que a CNBB ainda não emitiu a nota sobre os “sites católicos amadores” que havia prometido. Eu próprio comentei sobre o assunto aqui no mês passado, e tive o meu texto inclusive honrado com algumas considerações do referido site.

Vou até deixar os meus comentários para uma outra ocasião. Agora, faço coro à queixa do site cristaos.com. Quero ver a CNBB cumprir o que prometeu e publicar uma nota sobre os sites católicos. Mas faço questão de que o revmo. pe. Elias Wolff avalie também as seguintes declarações, que tomo como minhas, e também condene ou apóie expressamente o Deus lo Vult! na prometida (e não cumprida) nota da CNBB.

A única Igreja de Cristo é a Igreja Católica, de tal modo que não se podem salvar “aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar” (Lumen Gentium, 14). Verdadeiro cristão é “aquele que é batizado, crê e professa a doutrina cristã e obedece aos legítimos pastores da Igreja” (Catecismo de S. Pio X, q. 3), sendo estes “o Pontífice Romano, isto é, o Papa, que é o 1º Pastor universal, e os bispos” (id. ibid., q. 151); de tal modo que “é absolutamente necessário à salvação de toda criatura humana estar sujeita ao romano pontífice” (Unam Sanctam). Outrossim, os erros de Martinho Lutero, assumidos pelos protestantes, são “heréticos, escandalosos, falsos, ofensivos aos ouvidos piedosos ou sedutores das mentes simples, e contra a verdade católica”, devendo ser todos “condenados, reprovados e rejeitados” (Leão X, Exsurge Domine).

Esta também é uma “matéria intolerante”? Em caso positivo, solicito ao site cristaos.com que inclua o Deus lo Vult! na sua queixa à CNBB. E volto a pedir ao revmo. pe. Wolff que responda à solicitação feita pelo referido site protestante. Afinal, é necessário cumprir as promessas feitas.

A imprensa, o bispo e os gays

Há bons jornalistas no mundo. Eu próprio possuo amigos jornalistas que são excelentes profissionais. No entanto, algumas vezes nos deparamos com cada coisa na imprensa que não sabemos ao certo se estamos diante de uma tremenda má fé ou de uma ignorância que raia o analfabetismo funcional.

O Diário de Pernambuco publicou ontem uma entrevista com S.E.R. Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife. A “entrevista” não traz as perguntas do entrevistador, somente as frases do senhor Arcebispo; isso por si só já faz com que o contexto das declarações fique obscurecido. No entanto, mesmo assim, tem coisa que o jornalista simplesmente inventou, porque não está, de jeito nenhum, nas palavras de Dom Fernando Saburido.

Uma das “perguntas” é sobre o homossexualismo. Na íntegra, o que o jornal publicou:

Homossexualismo

“A igreja está do lado do pecador, mas não aceita o pecado. O pecador tem que fazer esforço para deixar o pecado. Mas o pecador também deve receber a misericórdia. A Igreja Católica está pronta para acolher sempre, dar palavras de estímulo para superar o erro e acompanhar o evangelho”.

E, aqui, o que o jornalista escreveu na apresentação da matéria (grifos meus):

Pernambucano do Cabo de Santo Agostinho, 62 anos, dom Fernando Saburido tem marcado presença no estado com um discurso próprio e avançado, que fala da necessidade de inclusão de homossexuais na igreja, ecumenismo, padres casados e drogas, por exemplo. Assuntos até então descartados da pauta da Igreja Católica no estado.

Concedamos: “inclusão” pode até ter o sentido de “não ter preconceito”, e “preconceito” pode ter o sentido católico (que é completamente diferente da “homofobia” apregoada pela Gaystapo) de “não discriminar injustamente”, e “acolher sempre” pode ter o significado de “não ter preconceito” nos moldes acima explicados. No entanto, (1) nem este sentido é imediato para a média dos leitores do jornal, (2) nem parece ter sido isso o que Sua Excelência disse.

Neste ponto, as palavras de Dom Saburido foram totalmente recortadas para servir à ideologia gayzista. Sua Excelência falou com todas as letras: o pecador tem que fazer esforço para deixar o pecado. Se o assunto é homossexualidade, é óbvio que o pecador em questão aqui é o homossexual e, o pecado, são os atos homossexuais. O homossexual tem que fazer esforço para deixar os atos homossexuais, foi exatamente o que disse Dom Fernando Saburido. Se a exata mesma frase fosse pronunciada por Dom José Cardoso Sobrinho – e poderia perfeitamente ter sido -, aposto um doce como a imprensa iria dizer que o bispo retrógrado, reacionário, homofóbico e intolerante queria obrigar os gays a deixarem de sê-lo.

No entanto, como interessa a certos setores manipuladores da opinião pública apresentar Dom Fernando Saburido como sendo o “anti-Dom José Cardoso” (e, se a realidade não bate com a ideologia, pior para a realidade), a sra. Marcionila Teixeira (autora da reportagem do Diário) simplesmente ignora uma frase clara do Arcebispo de Olinda e Recife para, “torcendo” a parte seguinte de sua declaração, fazer o povo acreditar que a Igreja Católica em Olinda e Recife precisa “incluir” os homossexuais. Cabe perguntar se isso é jornalismo sério. Resta saber como é possível que um repórter desses consiga dormir tranqüilamente à noite.

Sobre o Batismo – Papa Bento XVI

Por este Sacramento, o homem se torna realmente filho, filho de Deus. A partir de então, o propósito da sua existência passa a ser atingir, de modo livre e consciente, aquele que é, desde o início, o destino do homem. “Torna-te aquilo que és” – é o princípio básico de educação da pessoa humana redimida pela graça.

[…]

Do batismo também é derivado um modelo de sociedade: o de irmãos. A Fraternidade não pode ser estabelecida por uma ideologia, nem muito menos por decreto de qualquer poder constituído. Nós nos reconhecemos irmãos pela consciência humilde, mas profunda, de sermos filhos de um único Pai Celestial. Como cristãos, graças ao Espírito Santo que recebemos no Batismo, temos a graça de viver como filhos de Deus e como irmãos, para assim sermos o “fermento” de uma nova humanidade, solidária e rica de paz e de esperança. Para isto, nos ajuda ter consciência de que, além de termos um Pai no céu, temos também uma mãe, a Igreja, para a qual a Virgem Maria será um modelo para sempre. A ela confiamos as crianças recém-nascidas e suas famílias, e pedimos para todos a alegria de renascer a cada dia “do alto”, do amor de Deus, que faz de nós seus filhos e irmãos.

Bento XVI, Angelus, 10 de janeiro de 2010

Baptismo do Senhor – pe. Antoine

Agora, depois de ter estudado um pouco mais a questão, vejo que quem negasse a necessidade do Baptismo e o quisesse suplantar por uma espécie de acto mental de adesão, mostraria não ter entendido um aspecto absolutamente essencial do cristianismo. Não esqueçamos nunca que o Amor de Deus se encarnou. Contemplávamos isso há bem pouco tempo no Natal. Deus fez-se homem e, por isso, amou-nos de forma humana, sorrindo-nos, servindo-nos até ao esgotamento físico quase, caminhando connosco e, por fim, sofrendo realmente o suplício da cruz, com as dores que todo homem teria tido no seu lugar.

Se Deus quis amar-nos humanamente, é porque ele valoriza o amor humano e espera de nós este amor. Por isso, a nossa adesão a Ele não pode expressar-se de uma forma puramente espiritual, angélica, mas de uma forma sensível, corporal, com gestos, palavras e símbolos do mundo material. E porque a nossa adesão reveste-se destes elementos, ela torna-se realmente comprometedora. Por isso, também, nunca poderá ser a mesma coisa confessar-se espiritualmente a Deus e confessar-se a um homem de carne e osso.

Além disso, aderir a Deus é entrar na Igreja. O nosso acto de entrada na Igreja não poderia ser real ou comprometedor, se fosse puramente interior. Necessita uma forma sensível pública.

[…]

Este acontecimento terá sido magnífico. A Stma. Trindade manifesta-se sensivelmente e entra claramente na história dos homens. É o amor entre as três Pessoas divinas a entrar no nosso mundo; é essa força infinita que quer transformar as nossas vidas e levar-nos a transformar a dos outros. Com efeito, este acontecimento, de alguma forma, reproduz-se em cada Baptismo. Em cada Baptismo, desce sobre o baptizado o Espírito Santo, ou seja, a força viva e pessoal do amor divino e, ao mesmo tempo, o Pai eterno olha para o seu novo filho e diz: “tu és o meu filhinho, em Ti pus toda a minha complacência”. “Toda a minha complacência”, diz Deus, e não simplesmente “algo da minha complacência”.

Pe. Antoine Coelho, LC
Homilia do Baptismo do Senhor