Ontem, eu comuniquei aqui que não haveria mais a celebração da Santa Missa em sua Forma Extraordinária na paróquia da Imbiribeira. Hoje, gostaria de tecer algumas considerações sobre o ocorrido. Exclusivamente pessoais.
Eu não saberia dizer ao certo quando foi, exatamente, que nasceu o meu apreço pela Liturgia Tradicional da Igreja; ele veio pari passu com a redescoberta, na minha juventude, do catolicismo da minha infância. Não havia então “missa tridentina” em Recife. Isso era em meados de 2002, ou 2003. O meu primeiro contacto com a Liturgia da Igreja anterior à Reforma Litúrgica foi em 2005, em outra cidade.
A Missa na Forma Extraordinária começou a ser celebrada em Recife um pouco antes da entrada em vigor do Summorum Pontificum, por indulto do Metropolita anterior, Dom José Cardoso Sobrinho. De lá para cá, o grupo de fiéis que, desta Missa, hauria as graças necessárias para bem viver a sua vida cristã foi crescendo cada vez mais. De modo que, hoje, sentimo-nos um pouco órfãos. É grande, aliás, o sentimento de injustiça sofrida – que, como católicos, queremos colocar aos pés do Calvário para, junto com os de Cristo, serem oferecidos a Deus Pai propter peccata nostra. Nada fizemos e, disso, Deus é testemunha.
Nada fizemos! Só queremos ser católicos e usufruir de um direito que nos é concedido inclusive por iniciativa papal. Não se compreende que mal pode haver nisso. Nós compreendemos que, nesta Missa pela qual temos um particularíssimo apreço, os santos foram forjados ao longo de séculos de Cristianismo. N’Ela, encontramos com particular clareza expressos os dogmas fundamentais da nossa Santa Religião. N’Ela, aprendemos a ser católicos melhores e, n’Ela, encontramos a melhor resposta para as nossas necessidades particulares, que não são outras diferentes das de uma alma que não deseja senão aproximar-se cada vez mais e melhor do Deus Onipotente.
O fim desta celebração que, por mais de três anos, atendeu semanalmente a um grupo de cerca de uma centena de fiéis, apresenta-se portanto como um grave problema pastoral. Há católicos nesta Arquidiocese de Olinda e Recife que, por motivos plenamente legítimos, sentem-se de modo particular ligados à antiga Tradição Litúrgica da Igreja – que será feito deles? Principalmente nos dias de hoje, onde fala-se tanto em “unidade na diversidade” e em reconstruir a unidade anunciando o Reino… não haverá espaço para a diversidade – querida pelo Papa! – na celebração do Augusto Sacrifício do Altar sob as duas formas do Rito Romano?
Sim, é um desabafo. Porque a perda que sofremos é particularmente grande e dolorosa. Sentimo-nos (impossível não comparar) como se fôssemos obrigados a descer às Catacumbas, para podermos participar da celebração do Sacrifício do Corpo de Deus que, na superfície, é perseguido. Mas a nossa esperança está em Deus e, o nosso auxílio, no nome d’Aquele que fez os Céus e a Terra. A perda – assim esperamos – é temporária. Que venha o Senhor em nosso auxílio, e que nos socorra sem demora. Sem nenhuma demora.