Resposta ao Le Monde

Leiam: Jornal Francês responde ao protesto massivo de católicos indignados. Les agneaux de Dieu peuvent mordre – excelente! Parabéns aos católicos que não tiveram medo de vir a público defender a sua Fé. A todos estes, aplicam-se aquelas palavras de Nosso Senhor no Evangelho: “quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10, 32).

Aux armes, chrétiens!

Lixo no lugar das coisas sagradas

Santa Joana d'Arc, Notre-Dame
Santa Joana d'Arc, Notre-Dame (clique para ampliar)

Encontrei um “santinho” sendo vendido na Paulus. Comprei-o ontem – vinte centavos – só por causa da oração que está contida no verso dele. Ei-la:

ORAÇÃO A SANTA JOANA D’ARC

Corajosa menina, empunhando vosso estandarte com o desenho da cruz de Cristo e os nomes de Jesus e Maria, libertastes o rei e salvastes vossa Pátria do domínio estrangeiro. Olhai com piedade o terceiro mundo, dominado não por outros países, mas, por bancos internacionais que inventaram uma dívida injusta e cruel e pela globalização que mata de miséria e fome, em cada dois dias, o equivalente às vítimas da bomba atômica jogada sobre Hiroshima e Nagasaki.

Assim como enchestes de coragem, em vossa pequena aldeia do interior, e vos colocastes à frente de exército poderoso, enchei de coragem nossos governantes para que levantem a cabeça e partam em defesa do povo humilhado pela injustiça do desemprego, da pobreza, da fome e da falta de saúde. Louvado seja o Senhor pelo irmão fogo que separou vosso espírito da carne!

Louvado seja o Senhor pelo amor que foi o mais forte, porque ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida pelos irmãos. Amém.

Sinceramente, eu não consigo entender o que leva esse tipo de coisa ser vendida em uma livraria católica. É impressionante: não basta ignorar a religião, não basta ensinar o que lhe é contrário, não basta atacá-la e refutá-la: é necessário corrompê-la por dentro, apresentando caricaturas dela como se fossem ela própria, esvaziando-a de tudo o que ela tem de importante e colocando futilidades no seu lugar.

Lembro-me de que o monsenhor lá da paróquia gostava de propôr o seguinte problema: “imagine que existem dois homens. O primeiro deles entra sorrateiramente numa igreja à noite, arromba o sacrário, pega os vasos sagrados, espalha as partículas consagradas pelo chão e leva os vasos com ele. O segundo faz a mesma coisa mas, ao invés de espalhar as hóstias pelo chão, consome-as todas e, ao invés de levar os vasos sagrados, enche-os de lama e os coloca de volta no sacrário, fechando-o e deixando a igreja da mesma forma que encontrou. Qual dos dois cometeu pecado maior?”. E ele próprio respondia: “o segundo”. Porque colocou lama no Sacrário, sem contudo deixar claro o mal que fizera invadindo a igreja. Porque retirou Nosso Senhor do Seu lugar e, ao invés dele, colocou sujeira e imundície para ser adorada pelos fiéis. Porque fez com que os louvores e a adoração que competem a Deus fossem feitas à lama escondida nos vasos sagrados.

Às vezes penso que estes falsificadores da religião agem como este segundo homem da história que o monsenhor gostava de contar. Não se contentam com a blasfêmia e o sacrilégio: desejam usurpar o lugar da Religião Verdadeira e, nele, colocar qualquer porcaria inventada por eles. Apresentam o lixo ao povo fiel como se fosse a Religião Verdadeira. Fazem as pessoas seguirem os seus delírios acreditando estarem seguindo a Sã Doutrina legada por Nosso Senhor. Agem como o que coloca lama no sacrário, para induzir o povo fiel a adorar a imundície. E não tenho dúvidas de que o pecado destes é objetivamente maior do que o daqueles que atacam a religião às claras.

Comentando assuntos diversos

Vejam que linda esta Revista de Saúde Sexual e Reprodutiva, nº 39, de março de 2009. Quase que exclusivamente dedicada ao caso da menina de Alagoinha que foi estuprada e teve os seus filhos abortados. 100% direcionada a fazer apologia do aborto. Vejam algumas frases das matérias lá disponíveis: “até quando continuaremos com uma lei penal que impede o exercício da autonomia sexual e reprodutiva das mulheres?”, “[a]ún bajo la presión de la iglesia católica-romana y otros grupos conservadores, algunos estados y municipios han comenzado recientemente a hacer más difícil para las mujeres el obtener atención de salud reproductiva y han limitado las opciones anticonceptivas—incluyendo el aumento de los procesamientos judiciales bajo las leyes existentes”, “muitas vítimas de violência sexual ainda não têm acesso ao aborto legal, estando impedidas de exercer o seu direito previsto em lei”.

A publicação é do IPAS, “uma organização não-governamental internacional que trabalha há três décadas com os objetivos de reduzir o número de mortes e danos físicos associados a abortamentos; expandir a capacidade da mulher no exercício de seus direitos de natureza sexual e reprodutiva; e melhorar as condições de acesso a serviços de saúde associados à reprodução, inclusive aos serviços de abortamento legal em condições adequadas (aborto seguro)”. Que, segundo o MidiaSemMascara (apud Brasil Acima de Tudo), “fornece equipamento para a realização do aborto no mundo inteiro e atualmente, com a conivência do governo brasileiro, ministra abertamente cursos de técnicas de aborto a mais de mil novos médicos por ano no Brasil”. Maravilha.

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Sobre as maravilhosas declarações do senhor presidente da República, para quem a culpa da crise econômica é de “gente branca de olhos azuis”, este artigo da Maria Lucia Victor Barbosa é primoroso. “Diante desse despautério a impressão que se tem é que o presidente da República quer se portar como um Hitler subdesenvolvido ás (sic) avessas. Ele não gosta de gente branca de olhos azuis, como se existisse pureza racial”.

Acho que nunca antes na história deste país nós tivemos declarações tão infelizes pronunciadas pelo presidente da República. Curiosamente, Barack Obama gosta de Lula e se derrama em elogios diante dele. “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”. Curioso.

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Escrevam ao Le Mondevejam aqui como – para protestar contra uma charge blasfema publicada no jornal. Ainda sobre a questão das camisinhas, ainda atacando covardemente o Cristianismo. Se fossem charges de Maomé…

É fundamental que as pessoas não se calem, e não aceitem passivamente que a sua Fé seja escarnecida, que debochem gratuitamente de suas crenças e seus valores. Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente fingir que não é conosco, quando as coisas santas são atacadas por homens impiedosos. Importa defender os direitos de Deus. É nosso dever de cristãos fazê-lo.

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Ainda sobre as camisinhas, o Bispo das Forças Armadas em Portugal, dom Januário Torgal Ferreira, disse que “[p]roibir preservativo é consentir em muitas mortes”.

Aliás, a situação em Portugal é delicada. Rezemos; que a Virgem de Fátima faça com que, em Portugal, conserve-se sempre o dogma da Fé.

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Que exemplo da Conferência Episcopal Norte-Americana: quantas pessoas estão se unindo à Igreja nesta Páscoa? Vejam a tabela apresentada, com as várias dioceses e o número de catecúmenos e “candidatos” (cristãos não-católicos que estão abandonando as heresias para abraçar a Esposa de Nosso Senhor) por diocese.

Na Philadelphia, 436 catecúmenos e 537 candidatos. Em Seattle, 736 catecúmenos e 506 candidatos. Em Atlanta, 513 catecúmenos e 2195 candidatos! Ah… que santa inveja…

Difamação da Religião na ONU

Os cristãos são os mais discriminados do mundo, disse o arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente vaticano na ONU, na votação de um resolução das Nações Unidas sobre a “difamação da religião”. A Santa Sé opôs-se à resolução.

Com uma maioria de 23 votos a favor, 11 contra e 13 abstenções, o Conselho da ONU para os Direitos Humanos aprovou em 26 de março uma controvertida resolução, apresentada pelo Paquistão, em nome dos países da Organização da Conferência Islâmica, na qual se expressa «profunda preocupação» pela frequência da difamação das religiões, mas só menciona o Islã entre elas.

Ah, claro, os muçulmanos – coitadinhos! – são difamados, e isso é motivo de profunda preocupação! Então mandar camisinhas para o correio do Papa, ou colocar a imagem do Papa em embalagens de camisinhas, ou textos  como este ou imagens blasfemas como esta ou esta, para ficar só nos exemplos das últimas semanas, tudo bem né? Não há sombra de difamação, discriminação ou perseguição religiosa nisso tudo. Não há nenhum preconceito, só o exercício lícito da sadia liberdade de expressão.

É verdadeiramente criminoso que a maior parte das pessoas faça simplesmente vista grossa a isso tudo, e aja com a maior naturalidade do mundo, como se a Igreja – esta sim! – não fosse digna de nenhuma consideração e, Ela sim, merecesse ser impiedosamente atacada, furiosamente combatida e metodicamente discriminada. É uma ofensa enorme que a ONU tenha tido a cara de pau de falar em “difamação das religiões” e não citar o cristianismo entre as religiões difamadas.

Para citar logo o Islam! Vejam só o que diz a mesma reportagem de ZENIT:

Segundo o último «Informe sobre liberdade religiosa no mundo», publicado por Ajuda à Igreja que Sofre, precisamente no Paquistão, o pior instrumento da perseguição religiosa é a Lei de Blasfêmia, que continua causando cada vez mais vítimas e que estabelece a pena de morte ou a prisão perpétua para as ofensas ao Alcorão.

«Segundo numerosos analistas, é uma das ferramentas que os fundamentalistas islâmicos utilizam para atacar as minorias e levar o país a uma radical islamização», explica o informe.

E proteger o algoz enquanto nem sequer se cita a vítima é uma atitude que merece, sim, o nosso mais veemente repúdio.

“Dom Tomasi denunciou também o fato de que agora os cristãos são submetidos a discriminação inclusive em alguns países nos quais são maioria”. O Brasil é um exemplo vivo disto para o qual chama a atenção Sua Excelência: avança o processo de descristianização da sociedade no maior país católico do mundo a olhos vistos, e aos cristãos que ousam protestar é vetada qualquer possibilidade de ter as suas posições levadas em consideração sob a égide quase mística do “Estado Laico”. Sim, isto é discriminação, ainda que receba nomes pomposos e conte com o apoio entusiasta da classe “bem-pensante” nacional. É triste, é vergonhoso, é inacreditável, mas é verdade. E nós não temos o direito de nos calar diante disso.

P.S.: para quem ainda não leu, vale muito a pena: Perseguição contra a Igreja?, do padre Faus.

Entrevista blasfema com Marcelo Barros

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O vídeo acima mostra uma entrevista do monge Marcelo Barros no programa do Jô; não sei a data. O escândalo maior não é o monge “disfarçado” de leigo, nem as loas que são feitas a Dom Hélder, nem a confissão de Dom Barros – “o Dom Hélder já entrou num processo de Igreja que ele queria transformar, e ele trabalhou nisso com todo o amor, a profecia é isso, você fica dentro, você não sai, apesar de ser incômodo” -, nem as besteiras sobre as almas dos animais, nem nada disso. O que realmente me chocou foi a blasfêmia da “história da prostituta que procurou Dom Hélder”.

É importante deixar logo bem claro, logo desde o início, que Marcelo Barros não é fonte fidedigna para nada; é um princípio filosófico elementar que, quem pode o mais, pode o menos, e um monge que é capaz de esculachar com a Igreja obviamente é também capaz de esculachar com a memória de um bispo. Assim sendo, atenho-me muito mais à história contada do que às personagens (supostamente) nela envolvidas.

Qual a história? Em linhas gerais, uma prostituta – uma senhora – havia feito uma promessa pra Jesus (!) segundo a qual, toda Sexta-Feira Santa (!!), “em homenagem a Jesus” (!!!), ela ia até um presídio e oferecia os seus serviços gratuitamente ao “preso mais abandonado” que encontrasse (!!!!). Procurando aconselhamento com o Arcebispo, este ter-lhe-ia dito: “vá em paz, Jesus está muito contente com você” (!!!!!).

Não consigo imaginar qual o interesse que alguém pode ter em propagar uma história blasfema dessas. Se ela for verdadeira, errou e errou muito feio o Sucessor dos Apóstolos que, ao invés de dar bons conselhos à senhora que (provavelmente por uma moção da Graça de Deus) o procurou, mentiu e, blasfemando desgraçadamente, chamou o mal de bem, as trevas de luz, o amargo de doce (cf. Is 5, 20), dando apoio ao sacrilégio e aconselhando a prostituta a permanecer na sua má vida.

Se tal coisa realmente aconteceu, merece orações em desagravo, e não elogios na televisão. Se tal história é verídica, merece que choremos pelos nossos pecados e peçamos a Deus misericórdia; e não que a aplaudamos. É triste ouvir o Jô dizer que esta é uma história “das mais cristãs” que ele já ouviu; o amargo continua sendo chamado de doce, e a blasfema inversão de valores contida na história se propaga a cada vez que ela é contada como se fosse um santo exemplo a ser admirado. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.

Retrospectiva: Israel e Santa Sé

– Uma TV israelense levou ao ar um programa “humorístico” blasfemo, no qual eram ofendidos Jesus e Maria. A Santa Sé protestou imediatamente; o Estado de Israel aquiesceu ao pedido do Vaticano e censurou o programa de televisão. As relações entre o Vaticano e Israel parecem ir bem.

– O Governo da Argentina expulsou Dom Williamson do país; em todo o mundo, líderes judaicos comemoraram. Segundo o presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, a decisão é louvável “porque o governo argentino deixa muito claro que os negadores do Holocausto não são bem-vindos no país”, mas, segundo as autoridades argentinas, o motivo da expulsão foram problemas com o Ministério do Interior; o bispo teria declarado “ser um empregado administrativo da Associação Civil La Tradición, quando sua verdadeira atividade era a de sacerdote e diretor do Seminário que a Fraternidade São Pio 10° possui na cidade de Moreno”. As relações entre os judeus e Dom Williamson parecem ir mal.

– Dom Williamson retratou-se de suas declarações – que provocaram mal-estar – sobre o Holocausto; no entanto, e nada surpreendentemente, os judeus não aceitaram. Segundo eles, “Williamson não se retratou de suas teses mentirosas sobre o Holocausto. Só lamentou que o que disse tenha gerado tanta polêmica”. Óbvio. O que mais Dom Williamson poderia ter dito? A censura judaica sobre a discussão histórica está ultrapassando todos os limites do tolerável. As relações entre os judeus e Dom Williamson parecem estar indo muito mal. Espero que esta tensão não seja elevada às instâncias superiores, e não comprometa as relações entre Israel e a Santa Sé. Afinal, Israel é maior do que alguns judeus birrentos; e a Igreja evidentemente não é Dom Williamson.

Assuntos diversos

Foi criada a CPI do aborto! De acordo com a notícia veiculada por G1, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, assinou terça-feira (08) a criação da CPI que “investigará o comércio de substâncias abortivas e a prática de aborto”. Já não era sem tempo;  desde fevereiro que se fala nisso. Rezemos para que o crime seja combatido, e o assassinato de crianças inocentes não seja tratado pela sociedade com indiferença e impunidade.

No Senado, o sen. Gerson Camata “criticou em Plenário a edição de uma cartilha, pelo Ministério da Saúde, intitulada “O álcool e outras drogas alteram seus sentidos, mas não afetam seus direitos no serviço de saúde”, com orientações para o consumo de maconha, crack, cocaína e ecstasy”. A política criminosa de “redução de danos” está ganhando força no Brasil; questiona o senador – muito apropriadamente – “se é lícito usar dinheiro público para ensinar a usar cocaína, crack, maconha”. Um mínimo de bom senso e uma lufada de ar fresco contra os descalabros feitos pelo Ministério do Ataúde – que, ao parecer, só se preocupa em gastar dinheiro financiando  caravanas abortistas Brasil afora, incentivando a depravação das crianças nas escolas públicas, custeando cirurgias mutiladoras para “transexuais” e, agora, ensinando os cidadãos a usarem drogas, enquanto o povo brasileiro sofre com o precário serviço de saúde oferecido pelo Governo.

Frei Betto traz uma “nova versão” do Pai Nosso; ele deve pensar que Nosso Senhor não teve competência para ensinar os discípulos a rezarem como devia, ou deve ter se esquecido daquela passagem bíblica onde Jesus fala que as Suas palavras não passarão jamais. A caricatura blasfema da oração dos filhos de Deus só revela o quanto está perdido o frade (?) dominicano. Que Deus tenha misericórdia dele.

– Ainda falando em blasfêmia, rezemos fortemente em desagravo pelo que fizeram no México: uma modelo como a Virgem Maria na capa da Playboy (!!!). Nem encontro palavras para exprimir o horror diante do horrendo sacrilégio. Que Nosso Senhor tenha misericórdia de nós todos, e a Virgem Santíssima possa aplacar a ira do Todo-Poderoso.

– O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez – que vetou recentemente a lei pró-aborto aprovada pelo Senado do seu país – desvinculou-se do partido socialista ao qual pertencia. Parabéns, mais uma vez, ao político que mostra coerência de vida e intransigência nos valores fundamentais. Aqui, no Brasil, quantas pessoas seriam capazes de fazer isso? Quantos “católicos” vivem em promíscua relação com o partido abortista que hoje governa o país?

O calendário do Vaticano que mostrava algumas fotos de jovens e bonitos padres, e que provocou uma enorme discussão em diversos lugares da internet uns dias atrás, era um hoax! De acordo com este site, eram modelos vestidos de padres, e não sacerdotes verdadeiros. Graças a Deus.

Carmina Burana

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Eu não entendo absolutamente nada de música erudita. Acho-a, no entanto, bela e agradável de ser ouvida. No auge da minha reconhecida ausência de erudição, fui ontem à noite ao teatro da Universidade assistir a uma cantata, a convite de uma amiga. De acordo com o pequeno folder que recebemos, era uma versão simplificada do espetáculo; mas, para mim, pareceu primorosa. Dois pianos, uma camerata de sopros e metais da universidade e um coral de 160 vozes. Majestoso.

A apresentação – que eu não conhecia – era a Carmina Burana, de Carl Orff. Não sabia do que se tratava, nem mesmo se a expressão era traduzível. O teatro, completamente lotado. Ao início, no telão, apresentou-se o subtítulo em latim: Cantiones profanæ cantoribus et choris cantandæ comitantibus instrumentis atque imaginibus magicis. Deu para entender que eram canções profanas que tinham alguma coisa a ver com imagens mágicas… decidi esperar.

Começou a Fortuna Imperatrix Mundi. Espetacular; embora eu não soubesse o nome, já tinha, sim ouvido a música – quem não ouviu? Latim. No telão, era mostrada a tradução, enquanto as vozes e os instrumentos executavam a melodia. O latim eu tentava identificar de ouvido, feliz quando encontrava a expressão original cuja tradução correspondente eu lia.

As peças sucediam-se, e eu comecei a estranhar as letras daqueles negócios que eram cantados. O “profanae” parecia estar sendo levado muito a sério… por detrás das apresentações espetaculares e sem dúvidas de encher os ouvidos, eu via – graças à tradução exibida – o que estava sendo cantado. Horror. As letras não eram apenas “profanas” no sentido de “não-sagradas”, mas sim de “anti-sagradas”. Dentre as canções, só à guisa de exemplos, encontram-se as seguintes:

Salve, mundo
tão rico de alegrias!
ser-te-ei obediente
pelos prazeres que me permites

entrego-me aos meus vícios,
esquecido das virtudes,
mais ávido de volúpias
do que de salvação,
morta minh’alma
só minha pele me importa.

Queira Deus, queiram os deuses,
aplacar meu desejo:
que eu possa romper
as cadeias da sua virgindade. Ah!

Se um menino com um menina
se encontram em um quarto.
o casamento é feliz.

O amor avulta,
e entre eles
a vergonha é posta de lado
e tem inicio um jogo inefável
em seus membros, braços e lábios.

Inacreditável como é possível alguém passar tantos anti-valores por meio de músicas tão belas! Comecei a ficar incomodado quando vi o sujeito cantar ao “mundo” que lhe seria obediente por causa dos prazeres que ele proporcionava – aliás, a versão traduzida ontem dizia “eu te servirei”. Servir ao mundo por causa dos prazeres que o mundo oferecia! É o anti-Evangelho. A idéia afigurava-se-me como um pacto com Satanás, uma declaração de apostasia: para quê servir a Deus? Comprometo-me a servir ao mundo. Mas – é inegável – a beleza dos arranjos musicais arrebatava o ânimo e arrancava aplausos calorosos. “Servirei ao mundo por causa dos seus prazeres” – e o teatro lotado aplaudia.

Mas, para mim, o ápice foi quando o tenor cantou, em alto e bom latim, que estava mais ávido de volúpia do que de salvação. Em latim! voluptatis avidus / magis quam salutis. Para mim – acostumado com o latim sacro – soava-me incompreensível alguém utilizar a “língua da Igreja” para proferir blasfêmias. E, que blasfêmia horrorosa – como alguém é capaz de escrever (ou de cantar) que está mais ávido de volúpia do que de salvação? O pecado contra o Espírito Santo exibido assim, em toda a clareza do eu-lírico impenitente e empedernido, era repugnante a despeito da beleza da peça.

Nem todas as peças conseguiam atingir este grau de perversão. Muitas eram inocentes – todas, artisticamente bonitas. Mas algumas eram simplesmente chulas. O sujeito clamar aos deuses que aplaquem o desejo dele de “romper as cadeias da (…) virgindade” da garota, afirmando que o “o sopro da primavera (…) torna [o homem] lascivo”, e a menina responder “amor querido, ah, me entrego toda a ti” após o garoto chamar “vem, vem, linda, estou morrendo”, é degradante. Mesmo que seja em latim e em alemão, mesmo que haja dois pianos e cento e sessenta vozes. Percebam bem, não é o amor – mesmo o erótico – entre o homem e a mulher que é degradante, e sim a sua exposição num lugar que não lhe é próprio: num cenário pagão, sob as bênçãos de Vênus e Baco, entre odes à embriaguez e pseudo-conflitos entre “amor lascivo e pudor”, com explícito repúdio à mensagem do Evangelho e louvores ao prazer. Era aviltante.

No final, a apoteose com – de novo – a Fortuna Imperatrix Mundi. Chuva de aplausos, em pé; o espetáculo foi primoroso, sem dúvidas. Talvez as pessoas não tenham prestado atenção naquilo que era cantado; talvez – e pior ainda – não se importem mesmo. Quanto a mim, eu estranhava que o espetáculo depravado fosse de censura livre, sem aviso algum aos navegantes sobre o seu conteúdo…

Foi uma boa noite, fora de discussões, por um duplo motivo. O primeiro, por causa da inegável qualidade da música e da beleza da apresentação; o segundo, porque eu fiquei sabendo que há músicas e músicas, e que certas peças conseguem juntar conteúdos horrorosos com uma tremenda beleza estética. Serviu-me para atiçar a curiosidade e procurar saber exatamente o quê estou escutando; afinal, nem todo espetáculo de música erudita é como a majestosa Messa di Gloria de Puccini que tive a oportunidade de assistir no ano passado…

Defensa de la Catedral

Belíssimo testemunho público da Fé Católica em Neuquén! Se as imagens revoltam pela fúria dos inimigos da Igreja, ao mesmo tempo reconfortam por mostrar que há jovens católicos dispostos a tudo sofrerem por Cristo Nosso Senhor. Eu vi no Notícias-Lepanto; e o vídeo longo (de dez minutos) bem merece ser assistido e divulgado aos quatro ventos, para que todos vejam a face perseguida da Igreja e a admirável paciência dos jovens argentinos (rezando impassíveis enquanto são agredidos).

No dia 17 [de agosto último], as manifestantes mais radicais, muitas delas lésbicas, fizeram uma marcha pelo centro da cidade, que a certa altura passaria em frente à Catedral. Previamente um grupo grande de pessoas, em sua maioria jovens, se colocou no átrio da Catedral para defendê-la de possíveis atentados como os que já haviam ocorridos em manifestações análogas.

[…]

As feministas, e também alguns homens, ao passar diante deles lançaram, aos jovens e à Igreja, as piores injúrias, provocando-os de todas as formas, inclusive cuspindo no rosto dos rapazes – como se vê no vídeo. Arrancaram deles uma grande faixa com as cores da bandeira argentina que os católicos portavam e a queimaram; praticaram ainda outras violências, mas os jovens ignoraram as provocações e continuaram rezando serenamente, o que os deu uma inquestionável superioridade, até que chegou a polícia e se interpôs entre os rapazes e as feministas, que acabaram retirando-se.

Basta comparar o desespero das feministas com a tranqüilidade da oração constante dos católicos para ver quem é que está com a razão e quem é que são os desequilibrados. Os jovens argentinos estão de parabéns. Bem-aventurados, pois são perseguidos; felizes, porque foram corajosos e se expuseram desta maneira em defesa de Nosso Senhor. O Altíssimo vê. E nós, rezemos pela Igreja; a fim de que Ela triunfe, e os Seus inimigos sejam humilhados.

Tristes notícias

Às vezes eu fico perplexo com as coisas que encontro pela internet; o primeiro impulso é o de não acreditar nos próprios olhos. A história de Rousseau do “Bom Selvagem” é certamente contrária à Doutrina da Igreja sobre a natureza humana decaída após o Pecado Original; mas, em contrapartida, a Total Depravation é doutrina protestante também contrária ao ensino da Igreja. Não fosse por isso, bem que alguns católicos seriam levados a acreditar que a natureza humana é mesmo intrinsecamente má, principalmente se considerassem as notícias que lhes chegam pelos meios de comunicação.

A primeira das barbaridades com a qual me deparei hoje foi o lançamento de um livro, nos Estados Unidos, chamado “101 lugares para fazer sexo antes de morrer”. Como se não bastasse a publicação de uma obra com este propósito hedonista tosco, os autores fizeram questão de incluir uma blasfêmia: um dos lugares sugeridos para se fazer sexo é dentro de um confessionário.

“Em vez de carregar todo esse pecado mortal por aí com você por semanas até a confissão, por que não combinar as duas coisas (sexo e confissão) em uma rápida e protegida sessão?”, escreveram os autores Marsha Normandy e Joseph St. James.

Que motivo minimamente racional poderia levar uma pessoa a fazer uma agressão dessas, escapa-me completamente. Três meses atrás, um casal foi flagrado fazendo exatamente isso na Itália. Se o pecado em si já é absurdo, a apologia pública do pecado – quando não se obtém nenhum benefício anexo que não seja a ofensa gratuita – é particularmente demoníaca.

Mas o que me entristeceu profundamente foi ver a foto da garota que está… leiloando a sua virgindade. Ela quer um milhão de dólares, para pagar os estudos. 22 anos. O leilão “acontecerá num bordel em Nevada, o Moonlite Bunny Ranch, onde a irmã dela trabalha para pagar as dívidas da faculdade”. Segundo a reportagem, “há pessoas que a apóiam, como o dono do Moonlite Bunny Ranch”. Meu Deus, até onde podemos descer? Imaginar que uma garota é capaz de menosprezar assim o próprio corpo, expondo-se qual mercadoria à venda em um bordel…

O que há de comum entre as duas notícias? A premeditação. É este o aspecto mais doloroso de tudo isso, e é isso que faz a sugestão do livro ser pior do que a atitude do casal na Itália. Igualmente, se o sexo fora do Matrimônio é já um pecado grave, a exposição pública em um leilão de bordel adquire requintes de perversidade que provocam estupor. Olho para o rosto da garota, e Rousseau me diz que ela não é capaz de fazer isso; leio a notícia, e Calvino me diz que a natureza humana é intrinsecamente depravada. Mas olho para a Cruz de Cristo, e percebo que foi por amor a esta garota que foi vertido o Sangue de um Deus no Calvário. Senhor, tende misericórdia de nós todos.

Christe, Redemptor Mundi,
miserere nobis.
Virgo Maria, Refugium Peccatorum,
ora pro nobis.