Depois do Natal

A cidade está vazia e deserta porque é Natal. Passados mais de dois mil anos, a celebração do Nascimento de Cristo ainda impõe marcas profundas mesmo às feições de nossas sociedades dessacralizadas. O burburinho dos dias anteriores — os dias mais angustiantes do ano — arrefece, põe-se de lado e é substituído pelo barulho do interior dos lares, que contrasta com o deserto do exterior. O Natal é festa íntima, familiar, que se comemora com os consanguíneos (e, também, com os amigos mais próximos) em torno a uma mesa comum. A tradição se repete. Mas por quê?

Não é por acaso que o Natal é colocado no início do ano litúrgico; trata-se de acontecimento inaugural e não escatológico. É a ária que abre o espetáculo e não a apoteose. E, inserido no ritmo cíclico do temporal da Liturgia, repetindo-se ano após ano, assume os ares de um perpétuo recomeço, possibilitando a periódica experiência daquela excitação que precede as grandes aventuras.

Por que, afinal de contas, o que é o Natal? É o nascimento de Cristo. E a história nos dá conta de que, quando Cristo nasceu, tudo mudou e, ao mesmo tempo, não mudou nada.

Os anjos anunciaram aos pastores o nascimento do Salvador; e, nos nossos presépios, nós até hoje representamos aqueles homens do campo que deixaram os seus rebanhos e saíram, em uma noite escura, em busca de um Recém-Nascido envolto em faixas. Encontraram o Menino e O adoraram; mas, embora a Bíblia não nos fale, é certo que, na noite seguinte, e ao longo de todas as noites seguintes, os mesmos pastores precisaram voltar aos mesmos campos para guardar os mesmos rebanhos. E os anjos não tornaram a aparecer.

Foi uma Noite única; mas o fulgor daquela noite, é certo, foi capaz de iluminar a vida inteira dos que A vivenciaram. É provável que, naqueles campos, anos depois, os velhos pastores conversassem ainda sobre aquela Noite, passado já tanto tempo!, em que os Céus se iluminaram para o nascimento de um Menino. É provável que então o gloria in excelsis não ressoasse mais por aquelas paragens; mas aquela pax prometida aos homens de boa vontade, esta é certo que ainda perdurava naquela terra, e os pastores a podiam ainda experimentar mesmo a tantos anos de distância.

Hoje a distância é ainda maior: mas a força do Natal atravessa os séculos e é sempre nova — como o Evangelho que ele inaugura. Ontem nós mais uma vez fomos à Missa; mais uma vez ouvimos o canto secular das Kalendas, mais uma vez escutamos o anúncio da grande alegria do nascimento do Salvador, que é Cristo Senhor. Mais uma vez nós paramos em frente ao Presépio, enfim completo, com o Deus-Menino envolto em faixas e repousando, sereno, sobre a manjedoura. Olhamos-Lhe como se O encontrássemos pela primeira vez na vida! E pedimos-Lhe paz para nós mesmos, para nossas famílias, para o mundo, para a Igreja: aquela paz anunciada pelos anjos no Natal primevo. E, ao mesmo tempo, pedimos a graça de trabalhar a nossa vontade, a fim de torná-la boa, para que possamos ser — um dia — contados entre os homens aos quais aquela paz foi prometida. E voltamos para casa.

O que importa perceber aqui é o seguinte: o Natal não tem o arroubo de um fim de mundo, de uma mudança radical de vida, da chegada a uma terra prometida onde tudo passa a ser diferente. Na verdade, o Natal mantém as coisas exatamente como estavam antes e é esta a sua força avassaladora. Na noite anterior, como na noite seguinte, os pastores estavam nos campos guardando os rebanhos. Os sábios do Oriente, que antes do Natal estavam viajando rumo a Belém, após o Natal estavam mais uma vez viajando, de volta para casa. Mesmo a Sagrada Família, que na véspera estava, de porta em porta, procurando abrigo para a noite, longe de casa, após o nascimento de Cristo estava também longe de casa, em terra estrangeira, no Egito, fugindo à sanha assassina de Herodes. O Natal não encerra ciclos. Ele irrompe em meio aos ciclos da vida, deixando-os intactos após si.

Intactos, mas não intocados. A vida segue após a ceia do Natal: as mesmas lutas, os mesmos problemas, os mesmos defeitos, tudo, tudo. Os mesmos rebanhos a pastorear por campos escuros. Mas fica algo de diferente justamente porque passou o Natal: mais uma vez nós nos encontramos com pessoas que nos são caras, mais uma vez nós nos permitimos esquecer os trabalhos e as dificuldades da vida — por uma noite que seja! — para simplesmente celebrar, mais uma vez nós trocamos votos de felicidades e expressamos os nossos sinceros desejos de que o futuro — o Ano-Novo que está às portas — seja melhor. E, por conta disso, os próximos dias serão iguais aos últimos, mas serão diferentes. Graças ao Natal. Graças ao Menino que hoje nos foi dado.

Desde então o mundo é diferente

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz.” (Is IX, 1).

Na verdade, o mundo jamais esteve tão escuro quanto antes d’Aquela Noite hoje lembrada! Aquela Luz que resplandeceu nas trevas não foi um clarão passageiro, como um relâmpago após o qual a escuridão cresce ainda maior e mais ameaçadora; não. O Verbo feito Carne uniu-Se permanentemente à nossa humanidade, e o rosto da Igreja do Deus Vivo há de resplandecer até a consumação dos séculos a luz dos povos que é Cristo. Esta é a nossa Fé.

Sem dúvidas há noites escuras na história da humanidade. Mas, daquele 25 de dezembro para cá, toda escuridão é relativa e todas as trevas são residuais. A Encarnação mudou profundamente a tessitura da realidade: da mesma forma como o altar reservado ao culto da Igreja é sagrado, também adquire notas de sacralidade a própria natureza humana que Deus tomou para si, a terra onde Ele Se dignou descer. A realidade não é mais a mesma desde aquele Gloria in Excelsis em uma noite escura pela primeira vez entoado. A própria Criação até hoje ecoa a voz dos anjos — porque uma mente que se abre a uma nova idéia não torna jamais ao seu tamanho original e, com muito mais razão, o mundo que um dia acolheu o Eterno não pode mais voltar a ser como antes. Sim, o mundo é mais amplo desde que Deus aqui pisou, e todas as forças humanas reunidas não seriam jamais capazes de apagar os rastros que a passagem d’Ele deixou por esta terra. A despeito da fúria das forças infernais, o mundo nunca mais foi o mesmo.

Há noites escuras em nossas vidas — mas há o Natal! Há a lembrança imarcescível de que, um dia, em uma estábulo, em uma Manjedoura, Deus fez-Se Menino para a nossa salvação. E desde então o mundo é diferente. E, daquela Noite em diante, podem destruir um, dois ou três presépios, mas jamais conseguirão conter a força do nascimento do Verbo. Non praevalebunt.

Um Menino nos nasceu; alegremo-nos! Ele veio ao mundo em uma noite — não terá medo da escuridão de nossas almas. Enfrentou o desconforto e o frio — não estranhará, portanto, a dureza e a frieza do nosso coração. Veio para salvar os homens do pecado — e por isso não desistirá de nós, pecadores miseráveis, que há tantos natais protelamos a nossa conversão. Ele veio e sempre vem; que nós, quando menos à força da insistência!, saibamo-Lo acolher hoje em nossas vidas.

Um feliz e santo Natal a todos! Que a alegria contagiante dessa Noite possa alcançar cada vez almas sedentas de Deus; que, malgrado as árvores de Natal derrubadas, o Nascimento do Verbo possa lançar raízes cada vez mais profundas em cada vez mais corações. Que a Sagrada Família recém-completa possa abençoar-nos e proteger-nos a todos.

Enquanto houver pecadores

Estamos às vésperas do Natal, e estamos cansados. Não foi fácil este 2015; estamos cansados, esgotados até!, a ponto de se nos faltarem as forças mesmo para seguir em frente. Retrospectiva? Talvez o ano não tenha sido de tantas vitórias a celebrar, de tantas coisas positivas assim. Perspectivas? O próprio suor no rosto embota a visão e não permite enxergar longe, e os músculos tesos sob o fardo do ano que finda parecem incapazes nos conduzir à próxima esquina.

Estamos cansados, e na verdade importa pouco se tal cansaço é legítimo ou não. Tanto as trevas da noite quanto a cegueira nos impedem de ver o caminho que devemos trilhar, e diante do corpo que já não responde ao desejo de continuar andando não cabe perguntar se tal é fruto de desgaste ou de lassidão. A fadiga que a gente sente cansa do mesmo jeito.

Mas estamos às vésperas do Natal e isso importa. Porque não existe ano difícil que não possa ser consolado pelo nascimento de um Deus feito menino, e não existe cansaço que resista às ordens d’Aquele que prometeu aos fatigados que lhes daria descanso. Não existem trevas que não dêem lugar à luz verdadeira que ilumina todo homem! Enquanto houver pecadores Deus virá ao seu encontro. Hoje, como naquele dezembro distante, Ele vem para os Seus. E hoje, ao menos, importa que O recebamos.

Tem sido obviamente má compreendida a ênfase na misericórdia que o Papa Francisco por vezes impinge aos seus discursos. Ter misericórdia não significa o mesmo que condescender com o comportamento alheio, e em nenhum dicionário decente pode significar “chamar o mal de bem”. A misericórdia pressupõe o pecado; não o nega e nem o pode negar. A misericórdia, aliás, pressupõe os miseráveis: a eles — e só a eles! — se dirige. Haverá misericórdia enquanto houver pecadores. Retire-se o pecado, a misericórdia deixa de fazer sentido.

Mas também a misericórdia, para ser misericórdia verdadeira, precisa ser transformadora e não tem como ser diferente: ela transforma o homem pecador em virtuoso e não o pecado em virtude. É somente no coração dos homens que ela age e precisa produzir os seus efeitos. De outro modo é apenas oferta graciosa rejeitada pelos insensatos. De outra maneira é, mais uma vez, lux [quae] in tenebris lucet et tenebræ eam non conprehenderunt. Nada de novo, para vergonha nossa.

É Natal e é tempo — se assim se pode dizer — de atávicas ingratidões. Dois mil anos de Cristianismo não transformaram a Encarnação do Verbo no grande evento de conversões profundas que se poderia imaginar. Hoje, como naquele primeiro Natal, são poucos os que se reúnem em torno ao Deus feito Menino. Mas enquanto houver pecadores Ele nascerá. O nascimento de Jesus Cristo não exime ninguém de lutar pela própria perfeição: a voz de São João Batista clamando no deserto logo o dirá. Enquanto ainda houver pecadores, jamais se falará em misericórdia o suficiente. E enquanto continuar havendo pecadores, não se terá dado à Misericórdia a resposta que ela merece.

Estamos cansados, eu dizia, mas é Natal e temos duas opções. Podemos nos fechar no nosso próprio cansaço e, desanimados, acreditar que nada mais pode ser feito; mas podemos também deixar que o canto de Gloria dos anjos ecoe nos mais profundos recônditos de nossa alma e, abrindo-a de par em par ao Deus-Conosco, enxugar o suor e seguir em frente. Espera-se conversão daqueles a quem é oferecida misericórdia; aos que se oferece descanso, o que se exige — sem dúvidas — é a luta. Ad majorem Dei gloriam. Melhor do que vimos fazendo até então.

Que desta vez o Menino Jesus encontre ao menos mais uma alma disposta a velar-Lhe o sono infantil. Que Nosso Senhor seja recebido por pelo menos mais um daqueles para os quais Ele veio sofrer e morrer. Que desta vez as trevas cedam — um pouco mais! — à Luz que vem do Céu. Que não seja em vão.

Afinal, um Menino nos foi dado! Mostremo-nos agradecidos. Façamos — minimamente! — por onde O merecer.

Feliz Natal!

«O que foi cortado, não pode ser tratado nem curado».

A Igreja Católica é o «Sacramento da Salvação» (cf. Lumen Gentium 48), e isso significa dizer que Ela é o canal somente através do qual (*) as graças divinas chegam aos seres humanos. A expressão utilizada pelo Concílio Vaticano II equivale, desta maneira, a uma outra expressão mais clássica dentro da doutrina católica que diz que a Igreja é aquela «fora da qual não há salvação e nem santidade». Não se trata de triunfalismo arrogante, mas de humilde reconhecimento daquilo que é uma das verdades mais basilares da nossa Fé: Cristo veio ao mundo para fundar uma determinada comunidade de homens e, se Ele, Deus libérrimo, quis assim dispôr as coisas, nós, meros mortais, não temos autoridade para estabelecer outros “caminhos” diferentes para o Céu. Cristo, o Homem-Deus, fundou a Igreja! Ao invés de torcermos o nariz à insolência papista, melhor faríamos em nos esforçar, zelosamente, para seguirmos com escrupulosa observância a vontade manifesta de Nosso Senhor.

[(*) A comparação da Igreja com um «Sacramento», claro, é metafórica. Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça de Deus e, stricto sensu, como declarou o Concílio Tridentino, são não mais e nem menos do que sete: Batismo e Crisma, Confissão e Unção dos Enfermos, Eucaristia, Ordem e Matrimônio. Se há portanto evidente diferença entre os Sete Sacramentos e o «Sacramento da Salvação», é necessário que tal seja levado em consideração quando formos derivar as conseqüências de se dizer a Igreja «Sacramento da Salvação» em ordem aos canais da Graça e sua exclusividade – a fim de não cairmos em erro.

Porque, embora os Sacramentos – os Sete – sejam sinais eficazes da Graça de Deus (i.e., todo Sacramento, se validamente celebrado, produz a Graça que significa), nem toda a Graça nos vem mediante os Sete Sacramentos: recebemos graças atuais o tempo inteiro, como nos ensinam os manuais de Teologia e a experiência espiritual mais comezinha. Solução distinta, contudo, é a que se dá ao problema da salvação “fora” da Igreja: os que se salvam sem fazerem materialmente parte dos quadros visíveis da Igreja Católica são, no entanto, formalmente católicos ainda que disso não tenham consciência explícita – salvam-se, assim, pela Igreja e na Igreja. Portanto, em se tratando da Salvação, não existe graça extra-eclesial análoga às graças extra-sacramentais. Entender o caráter analógico da formulação do Concílio Vaticano II é fundamental para que as conseqüências soteriológicas da sacramentalidade da Igreja sejam tiradas mutatis mutandis.]

No tradicional discurso à cúria romana que o Santo Padre faz todos os anos por ocasião do Natal, o Papa Francisco proferiu, na semana passada, uma prédica incomumente dura. Dedicou a maior parte da sua fala a enumerar e descrever o que chamou de «doenças curiais», males do espírito que são um obstáculo ao serviço a Deus que todos os católicos – e de modo particularíssimo os membros da cúria – são chamados a desempenhar. O Jornal Nacional não perdeu a oportunidade de dizer que o Papa fez «duras críticas a (sic) cúpula da Igreja»; e, de fato, não há como negar que as suas palavras tenham sido duríssimas! Não me parece possível, no entanto, dizer que a saraivada pontifícia tenha sido disparada «sem piedade».

Primeiro porque “piedade” é aquele dom do Espírito Santo que nos torna leve e agradável o nosso relacionamento com Deus; ou, nos dizeres do Aquinate, aquele «pelo qual, reverenciando a Deus, fazemos o bem para com todos» (Summa I-IIae, q.68, a.4, ad.2). Ora, um exame de consciência – como o que propôs o Papa – é um evidente exercício que se propõe a melhorar a nossa relação com Deus e, portanto, é piedoso no sentido mais católico da palavra.

Segundo porque o Papa em momento algum se exclui dos destinatários de suas duras palavras. É regra de boa pregação aquela história de que o pregador, antes de qualquer outra coisa, deve pregar a si mesmo: e, com Sua Santidade o dizendo explicitamente (v.g. «queria que este nosso encontro e as reflexões que partilharei convosco se tornassem, para todos nós, apoio e estímulo para um verdadeiro exame de consciência»), não me parece possível deduzir que ele se coloque n’alguma posição de alegada superioridade moral para, de lá, apontar um dedo acusador para os outros sem se dar conta de que talvez também a ele caibam [ao menos alguns d]os vícios que ele se esmera em perfilar.

Terceiro, por fim, porque faltam palavras duras na Igreja! Nós o cansamos de dizer e repetir, e quando o Vigário de Cristo abandona as suas características bonacheirices para falar a sério e acerbo vamos, também e ainda, continuar a reclamar? Bem que poderíamos seguir os conselhos do Papa e fazer, para o nosso próprio bem!, um minucioso exame de consciência diante do sacrário. Talvez seja isso o que mais nos falte.

Mas o que me chamou mais profundamente a atenção nas “Felicitações de Natal” foi uma frase de Sto. Agostinho que o Papa Francisco cita lá para o final do discurso: «Enquanto uma parte adere ao corpo, a sua cura não é impossível; pelo contrário, o que foi cortado, não pode ser tratado nem curado».

Isso tem tudo a ver com o que se falava acima, com a Igreja Católica enquanto única Igreja de Cristo, fora da qual não há nem salvação e nem santidade – fora da qual só há os sarmentos secos que não servem senão para ser atirados ao fogo.

Isso tem tudo a ver com aquela concepção da Igreja de Roma como Aquela que sempre esteve disposta a tolerar até onde fosse possível os hereges, a fim de salvaguardar a unidade – em oposição à Igreja do Oriente, que sempre se caracterizou por esfacelar a unidade em defesa da[quilo que cada grupo considera a] Ortodoxia.

Isso tem tudo a ver com aquela visão negativa do então Card. Ratzinger a respeito da excomunhão de Lutero, como se os danos à Cristandade pudessem ter sido muito menores se tivesse sido possível à Igreja manter o monge rebelde sob as Suas asas maternais: e, neste ponto, vejo uma admirável confluência de pensamento entre os dois Papas.

Isso tem tudo a ver, enfim, parece-me, com a maneira com que o Papa Francisco costuma tratar os [que ele julga] equivocados: critica-os, exorta-os, chama-os, transfere-os, até mesmo – vá lá! – humilha-os; mas faz questão de os manter na Igreja, debaixo dos seus olhos: porque sabe que é o Papa e sob o seu cajado é que se forma a Igreja de Cristo, fora da qual as almas não podem ser tratadas e nem curadas. Mais “romanista” impossível.

Os profetas das desgraças podem vir às ruas com as suas chiacchiere: nada poderão dizer contra a concepção bergogliana da necessidade da Igreja, que o Papa Francisco faz tanta questão de alardear ao mundo sempre que tem oportunidade. Podem até acusá-lo de querer fazer a Igreja abarcar promíscua e indiscriminadamente o mundo inteiro: ainda assim, contudo, é a sob o pálio do Sucessor de Pedro que ele quer reconduzir o mundo! E isso já é segurança e tranquilidade suficientes para nós: porque isso – vejam só! – é mais catolicismo do que a maior parte dos inimigos da Igreja está disposta a aceitar.

Não há outra maneira de o celebrar!

Há toda aquela tendência moderna a que a religião seja considerada como uma questão de foro íntimo, subjetiva e que diga respeito somente às crenças internas de cada fiel, sem nenhum reflexo no mundo objetivo dos fatos empiricamente verificáveis. Sustentá-lo é um lugar-comum entre os que se consideram intelectuais e livre-pensadores, mas existe apenas um pequeno problema: o Cristianismo não se amolda a esta concepção religiosa de nenhuma maneira.

A Igreja é uma instituição histórica que nasce de fatos históricos: a Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Deus e Homem Verdadeiro. No início do Cristianismo – a construção é de Bento XVI – não está uma grande idéia, nem uma grande descoberta, nem uma inspiração subjetiva profunda nem nada do tipo: está uma pessoa, a de Nosso Senhor – e, em particular, está o Seu Nascimento hoje celebrado em todo o mundo. O Cristianismo não é uma disposição de alma nem uma maneira abstrata de ver o mundo: o Cristianismo é uma realidade histórica, no sentido mais próprio que esta expressão é capaz de assumir.

presepio-vitral

Tudo na Igreja Católica tem esta orientação voltada para o sensível, para o empírico: aquilo que os primeiros Apóstolos anunciavam – é São João quem o diz (cf. 1Jo 1, 1-3) – é o que eles viram e ouviram e tocaram com as suas mãos. Não se trata de uma idéia: a Fé “que recebemos dos Apóstolos” simplesmente não comporta ser reduzida a uma questão de foro interno, a uma decisão meramente subjetiva e individual. Fazê-lo é destruir a própria Fé.

De fato, como sustentar que um nascimento verdadeiro – hoje comemorado no mundo inteiro – possa ser uma questão de foro íntimo? As idéias até podem nascer no universo privado de cada mente individual: os homens, no entanto, nascem no mundo exterior que é comum a todos os homens. Se um Menino verdadeiramente nos nasceu, se Ele veio ao mundo em Belém da Judéia, se isso se passou “na época da centésima nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma; no ano quinhentos e trinta e oito do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra” – como cantam as Kalendas de Natal -, se tudo é assim, como é possível, então, que o Cristianismo seja uma questão subjetiva que só diga respeito às disposições interiores dos que têm Fé? O caráter histórico da Encarnação é parte constituinte da Fé Cristã!

E, por mais que as pessoas teimem em “não acreditar”, o Deus-Menino continua nascido em uma estrebaria. Por mais que os homens duvidem, os anjos continuam a cantar o Gloria a uma turba de assustados pastores. Por mais que os cegos insistam em fechar os olhos, a Luz continua a refulgir nas Trevas, em uma noite fria de dezembro – e de lá a iluminar toda a História. Porque, independente daquilo em que creiam os homens, a realidade se lhes impõe inexorável – e a realidade é que o Verbo Divino se fez Carne, e é esse o prodígio que nós celebramos ainda hoje.

Celebramos ad extra, no mundo – exterior a nós mesmos -, porque foi ao mundo que Ele veio. Celebramos de modo visível e perceptível, porque o dia de hoje é justamente Aquele Dia em que o Deus Invisível Se fez visível e Se colocou ao nosso alcance. Celebramos abertamente, diante de todos, porque a Boa Nova hoje anunciada é causa de “alegria para todo o povo” (cf. Lc II, 10). Celebramos, enfim, o Natal em público – porque não há outra maneira de o celebrar.

Um santo e feliz Natal a todos! Aos que já crêem, a fim de que o Deus hoje humilhado no presépio possa vencer a dureza de nosso coração e nos tornar menos indignos d’Ele. Aos que não crêem, para que, olhando para o Verbo Eterno feito Menino recém-nascido, possam ser tocados pela graça de Deus e, voltando-se para a Luz, abandonem as trevas em que vivem. E a todos, a fim de que o Seu Nascimento aproveite a nós: a fim de que nos conduza, um dia, à Glória definitiva pela qual Ele nos veio.

É Advento: preparemos o nosso Natal

É Advento. O ano-novo litúrgico iniciou-se ontem, com as nossas igrejas revestidas de roxo, com o povo de Deus em solene expectativa pelo nascimento do Messias. Já tremeluz a primeira chama da Coroa do Advento. Já esperamos a Luz que há de refulgir nas trevas. Em breve.

É de Saint-Exupéry o famoso diálogo entre o Príncipe e a Raposa: «se tu vens às quatro da tarde, desde às três já começo a ser feliz». Uma vez, no início da faculdade, uma professora de estatística, do nada, recomendou a leitura deste livro. “Para que aprendêssemos o valor dos rituais”. Ao que parece, há pessoas que não receberam este piedoso conselho. Na Venezuela, p.ex., o Natal já passou. O presidente decretou-o para novembro. Se ele já houvesse celebrado o Natal alguma vez na vida, não faria jamais semelhante idiotice.

Porque o tempo não está sujeito aos decretos dos homens. Tem a sua própria cadência, que se impõe e é sábio respeitar. Diante dele, não cabe outra atitude que não a de uma humilde subserviência: ser homem é também, em certo sentido, ser capaz de esperar.

Não uma espera meramente passiva, por certo; não uma espera ignorante que os acontecimentos pegam sempre de surpresa. Mas uma espera que é expectativa: sabemos o que há de vir. Muitas vezes gostaríamos de ser como deuses, e desejaríamos que o futuro se realizasse quando o desejássemos, à nossa voz onipotente: mas isso é por demais infantil. Os rituais são o nosso modo de manipular o tempo, nos limites de nossa onipotência. Onipotência que é aliás bem limitada; voltando ao Pequeno Príncipe, mais ou menos como a do Rei

Mas divago. Os rituais são a nossa maneira de colocar o tempo a nosso serviço, dizia. Na impossibilidade de transportar o futuro para o presente, confeccionamos o nosso presente à imagem do futuro: transformamo-lo numa estrada pavimentada rumo ao que há de vir, onde tudo em um certo aspecto “já é” embora, em realidade, ainda não seja. Onde tudo aponta para o que há de ser – que, nesta nossa antecipação, já goza de um pouco de realidade. Não é possível decretar o Natal para agora. Mas é possível – e saudável – viver a expectativa do Natal.

Os cânticos do Advento já tomaram o lugar do Hino de Louvor nas nossas igrejas, e o Gloria in Excelsis da noite de Natal não seria tão belo se não fosse precedido e preparado pelo silêncio entre o Kyrie e a Colecta ao longo desses quatro domingos. A Luz não resplandeceria com tanto fulgor se as Trevas da noite não fossem tão densas e escuras. O Branco dos paramentos festivos não seria tão brilhante se não contrastasse com o roxo pesado dos dias precedentes. Em uma palavra, a beleza do Natal depende em grande medida das características dos dias que o precedem; e se é assim, o que fazemos já hoje é determinante de como será o nosso Natal. Se é assim, nós já começamos a vivê-lo. E, se queremos vivê-lo bem, é importante que bem o vivamos desde já.

É Advento. Preparemo-nos para a vinda do Messias que há-de vir. Preparemo-nos bem, conscientes de que aquela esperada Noite Feliz se faz ao longo do caminho que conduz a ela. Que por meio de um santo Advento, nos venha a todos um santo Natal.

Desmascarem o lobo, mesmo a despeito da conivência da Arquidiocese!

Parece que houve, em Natal, quem não gostasse das nossas críticas ao Frei Betto. Em seu perfil do Facebook, o Diácono Francisco Adilson da Silva, «[a]ssessor do Vicariato Episcopal para as Instituições e Pastorais Sociais» da Mitra de Natal, publicou um panfleto em defesa do «renomado e venerável Frei Betto» (sic) contra o que chamou de um «grupo neonazista qualquer, infiltrado na Igreja» (sic!).

O texto (um printscreen do qual se encontra devidamente armazenado no Fratres in Unum para a eventualidade dele desaparecer) é uma piada pronta. Vejamos um exemplo que é representativo de todo o comunicado. Destilando um rasgar de vestes histriônico e evidentemente atrapalhado com as similaridades entre o prefixo “anti-” e a preposição “ante”, o Diácono nos atira à face o seu repúdio por esta «atitude de ingerência pastoral na “Igreja Particular” alheia [que] mostra claramente uma expressão ante eclesial. Mais que isto, no mínimo foi uma atitude ante evangélica, de cerceamento de liberdade, uma “louvação à ditadura”, uma atitude autoritária e violenta para com esta nossa Arquidiocese de Natal». Ora, trata-se de um fantástico exemplo de muito palavrório e nenhum conteúdo!

A única coisa que há em todo o texto é este tom afetado unido ao mais absoluto silêncio quanto ao mérito da nossa acusação. Uma pirotecnia burlesca que pretende, por força de retórica, desviar a atenção dos problemas que nós levantamos e aos quais o texto em momento algum sequer tenta dar alguma resposta.

Fomos injustos em chamar o Frei Betto de (p.ex.) «um dos maiores expoentes» da Teologia da Libertação? Bastava ao Diácono Francisco mostrar-nos que o religioso não tem nada a ver com esta excrescência pseudo-religiosa! As frases que sustentamos terem sido proferidas (ouvimos de viva voz!) pelo Frei Betto não são representativas do seu pensamento? Era suficiente, então, mostrar-nos onde o dominicano as repudia! Sem dizer uma palavra sobre o mérito das nossas críticas, no entanto, o Diácono Francisco parece admiti-las. Parece que, para ele, mais escandaloso do que um frade que esculhamba a Igreja Católica é haver católicos que protestem contra esta criminosa condescendência empregada pela Mitra de Natal para com um manifesto inimigo do Cristianismo.

Não nos alonguemos muito na demonstração do óbvio. Sustenta o senhor diácono que «o renomado e venerável Frei Betto» é «internacionalmente conhecido pela sua luta pela vida»? Pois vejamos por quais posições o senhor Betto é conhecido no Brasil e no mundo:

– “Embora contrário ao aborto, admito a sua descriminalização em certos casos” – Frei Betto, in “Direito ao Aborto”.

– “Sob a ótica cristã, a dignidade de um ser não deriva daquilo que ele é e sim do que pode vir a ser. Por isso, o cristianismo defende os direitos inalienáveis dos que se situam no último degrau da escala humana e social”. – Id. Ibid.

– “Ora, o mais cômodo é exigir que se mantenha a penalização do aborto. Mas como fica a penalização do latifúndio improdutivo e de tantas causas que, no Brasil, levam à morte, por ano, de cerca de 21 entre cada 1.000 crianças que ainda não completaram doze meses de vida?” – Id. Ibid.

– “Há temas muito mais importantes do que aborto e religião para se discutir em uma campanha eleitoral” – Frei Betto, in Carta Capital («Frei Betto lamenta que papa seja ‘usado como cabo eleitoral’»).

– “De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos” – Frei Betto, in Blog do Jamildo («Frei Betto sai em defesa de Dilma na polêmica do aborto»).

“El debate acerca de si el ser embrionario merece o no reconocimiento de su dignidad no debe inducir al moralismo intolerante, que ignora el drama de mujeres que optan por el aborto por razones que no son de mero egoísmo o conveniencia social. […] La defensa del don sagrado de la vida es lo que plantea la pregunta de si es lícito mantener el aborto al margen de la ley, poniendo también en peligro la vida de innumerables mujeres que, por falta de recursos, tratan de provocárselo por medio de plantas, venenos, agujas o la ayuda de aficionadas, en precarias condiciones higiénicas y terapéuticas”Frei Betto, in “Aborto: Por una legislación en defensa de la vida”.

Eis, portanto, apresentado por suas próprias palavras, o “renomado e venerável” frei Betto! Eis as bandeiras pelas quais o religioso é “internacionalmente conhecido”: por defender o aborto e acobertar abortistas! Diante disso, onde fica a alardeada «luta pela vida» do frade dominicano? Como o Diácono Francisco tem coragem de defender um frei que é publicamente conhecido por defender posições morais totalmente incompatíveis com as da Igreja Católica?

Refaço os pedidos de ontem. O malfadado seminário ocorrerá em Natal hoje e amanhã. A palestra do Frei Betto está marcada para logo mais, às 19h00. Peço aos católicos verdadeiros que não se deixem intimidar pela tagarelice do Diácono Francisco: façam-se presentes e confrontem o frade abortista! Levem textos de sua [do Betto] própria autoria e perguntem se ele concorda com o que está neles escrito; levem documentos do Magistério Católico contra o aborto e perguntem, também, se o frei os aceita ou rejeita. Desmascarem o lobo, mesmo a despeito da conivência da Arquidiocese! Não deixem que ele envenene os presentes com o seu anti-catolicismo mal-disfarçado.

E este escândalo ainda exige esclarecimentos. O Setor Social da Mitra já deu a sua triste resposta através do Diácono Francisco. Escrevamos, portanto, à Cúria Diocesana, ao Arcebispo Metropolitano e à Nunciatura Apostólica:

curia@arquidiocesedenatal.org.br – Cúria da Arquidiocese de Natal
jaimevrocha@terra.com.br – Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo
nunapost@solar.com.br – Nunciatura Apostólica. Dom Giovanni D’Aniello

Já basta de ficarmos calados, já chega de deixarmos frades corrompidos e diáconos rebeldes espezinharem a mensagem evangélica e envergonharem a Igreja de Cristo – que não é “do Frei Betto” e nem “de Natal”, mas é Católica e, d’Ela, fazemos parte todos nós. E portanto o que acontece em Natal nos interessa sim. Não temos o direito de nos omitirmos quando os inimigos de Cristo se levantam para zombar d’Ele, mesmo que isso aconteça mais ou menos distante da Província Eclesiástica de nossa residência. Não nos intimidemos com os sofismas desesperados atrás do qual os corruptos tentam ridiculamente se proteger. Importar defender a Igreja, mesmo que diáconos e frades queiram nos fazer desanimar.

Ele é o dono e o sentido da festa – Feliz Natal!

É o Natal do Senhor, e Cristo é nascido para nós. No mais alto dos Céus os anjos entoam o cântico de Glória, e na terra os homens de boa vontade podem enfim gozar de paz. Foi-nos dado um Menino para a nossa salvação!

É Natal! Que as portas do Céu neste dia abertas de par em par possam derramar copiosas graças sobre nós. Que, após a peregrinação do Advento, possamos chegar jubilosos a Belém para adorar o Deus-Menino nos braços virginais de Sua Santíssima Mãe. Que o fulgor desta Luz que resplandece nas Trevas possa afastar as trevas dos nossos próprios corações, e que a vista de um Deus envolto em faixas por amor a nós possa comover-nos e nos converter.

Porque Ele é o dono e o sentido da festa. Se o Natal é a festa das famílias, é porque o Verbo nasceu no seio da Família de Nazaré. Se é uma festa alegre, é pelo fato desta alegria ser um eco daquele gloria in excelsis Deo que os os coros angelicais entoaram há dois mil anos. Se é uma festa de paz, é por conta da promessa aos pastores de que o Nascimento do Menino era causa de paz na terra aos homens de boa vontade. Se é uma festa de troca de presentes, é porque é uma festa de Aniversário. Se é uma festa de generosidade para com os mais pobres, é por conta da Estrebaria de Belém que foi a única a oferecer alguns cuidados à indigência de uma Mulher grávida com Seu Esposo. Se é uma festa de mudança de vida, é por causa do Verbo que Se fez carne um dia e, desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo. Tudo no dia de hoje exige o Menino de Belém e aponta para Ele. Não nos esqueçamos desta verdade.

papai-noel

Cristo nasceu! Aleluia!

Um Santo e Feliz Natal a todos os leitores do Deus lo Vult!.

“A vinda intermediária de Cristo” – São Bernardo

A Vinda Intermediária de Cristo

Conhecemos uma tríplice vinda do Senhor. Entre a primeira e a última há uma vinda intermediária. Aquelas são visíveis, mas esta, não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens. Foi então, como ele próprio declara, que viram-no e não o quiseram receber. Na última, todo homem verá a salvação de Deus (Lc 3,6) e olharão para aquele que transpassaram (Zc 12, 10). A vinda intermediária é oculta e nela somente os eleitos o vêem em si mesmos e recebam a salvação. Na primeira, o Senhor veio na fraqueza da carne; na intermediária, vem espiritualmente, manifestando o pode de sua graça; na última, virá com todo o esplendor da sua glória.

Esta vinda intermediária é, portanto, como um caminho que conduz da primeira à última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; na intermediária, é nosso repouso e consolação.

Mas, para que ninguém pense que é pura invenção o que dissemos sobre esta vinda intermediária, ouvi o próprio Senhor: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele (cf. Jo 14,23). Lê-se também noutro lugar: Quem teme a Deus, faz o bem (Eclo 15,1). Mas vejo que se diz algo mais sobre o que ama a Deus, porque guardará suas palavras. Onde devem ser guardadas? Sem dúvida alguma no coração, como diz o profeta: Conservei no coração vossas palavras, a fim de que eu não peque contra vós (Sl 118, 11).

Guarda, pois, a palavra de Deus, porque são felizes os que a guardam; guarda-a de tal modo que ela entre no mais íntimo de tua alma e penetre em todos os teus sentimentos e costumes. Alimenta-te deste bem e tua alma se deleitará na fartura. Não esqueças de comer o teu pão para que teu coração não desfaleça, mas que tua alma se sacie com este alimento saboroso.

Se assim guardares a palavra de Deus, certamente ela te guardará. Virá a ti o Filho em companhia do Pai, virá o grande Profeta que renovará Jerusalém e fará novas todas as coisas. Graças a essa vinda, como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do homem celeste (1Cor 15,49). Assim como o primeiro Adão contagiou toda a humanidade e atingiu o homem todo, assim agora é preciso que Cristo seja o senhor do homem todo, porque ele o criou, redimiu e o glorificará.

São Bernardo
Sermo 5 in Adventu Domini, 1-3: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4 [1966], 188-190
[Recebido por email]