Aviso sobre comentários: deixem o Papa em paz!

Senhoras e senhores,

Comunico a todos que este blog não servirá de palco para os comentários ofensivos e irreverentes ao Papa Francisco que estão se proliferando internet afora. Tais comentários são indignos de católicos, têm cheiro de enxofre, não servem a nenhum bom propósito e, portanto, não há nenhuma razão para que sejam permitidos aqui.

Até mesmo alguns blogs tradicionalistas anglófonos já perceberam – graças a Deus! – como esta malhação pontifícia generalizada é daninha e deve ser combatida. Portanto, se alguém quiser fazer algum comentário maledicente ou depreciativo sobre o Papa Francisco, eu o convido gentilmente a, no lugar disso, rezar um terço pelo Santo Padre suplicando ao Altíssimo que lhe conceda todas as graças necessárias para bem governar a Igreja. Se quer realmente ser útil à Igreja de alguma forma, faça isso. De murmurações estéreis e histéricas nós já estamos muito bem servidos, obrigado.

Oportunamente eu poderei tratar das acusações específicas ao Cardeal Bergoglio, mas no momento o mais importante é fazer com que o Papa Francisco deixe de ser atacado (ao menos pelos católicos!), por uma razão bastante simples:

O CARDEAL BERGOGLIO MORREU!

HOJE SÓ EXISTE O PAPA FRANCISCO
GLORIOSAMENTE REINANTE!

VIVA O PAPA!

franciscus

O La cigüeña de la torre é um blog que sempre fez violenta oposição ao Card. Bergoglio. Ontem mesmo, pela manhã, antes da fumata bianca, publicou um duro texto contra o Arcebispo de Buenos Aires. Contudo, no mesmo dia, após o nome do Papa ter sido anunciado, ele publicou uma foto do Sumo Pontífice exatamente com estes dizeres: El cardenal Bergoglio ha muerto ¡Viva nuestro Papa Francisco! Faríamos bem se seguíssemos este exemplo.

Mais oração e menos acusações, por favor. Ad utilitatem quoque nostram totiusque Ecclesiae Dei Sanctae.

Considerações preliminares sobre o Papa Francisco

As últimas 24 horas bombardearam-nos com uma enxurrada de opiniões (muitas vezes bem pouco caridosas) sobre o recém-eleito Papa Francisco. Em infelizmente não poucos casos – católicos! – a reverência devida ao Santo Padre passou longe, o que é muitíssimo de se lamentar. A Igreja atravessa uma crise gravíssima, e estou pessoalmente convencido de que isso é em grande medida um castigo de Deus. Por conta do abandono da Fé, sim, mas também por conta do orgulho luciferino alimentado por muitos dos que conservam o tesouro da Fé da Igreja.

Muitas pessoas me perguntaram o que eu achei dessa eleição, e eu sinceramente não sei o que lhes responder. Conheço bem pouco o cardeal de Buenos Aires; na verdade, embora a Argentina fique aqui do lado, eu não sabia praticamente nada sobre ele até 24 horas atrás. Só posso repetir o que já afirmei ontem e dizer que o resultado do conclave foi inesperado. Do ponto de vista meramente humano não me parece fazer nenhum sentido: a Argentina não é a nata do catolicismo no Novo Mundo, o Cardeal de Buenos Aires não é nenhuma sumidade intelectual, os Jesuítas modernos não são a ordem religiosa de escol, etc. Do ponto de vista meramente humano, aliás, é simplesmente incompreensível que após um Papa renunciar por problemas de vigor físico os cardeais tenham eleito para o sólio pontifício um arcebispo já emérito [p.s.: embora já tivesse 76 anos, Bento XVI ainda não aceitara a sua renúncia e, portanto, ele ainda era o arcebispo de Buenos Aires quando foi eleito Papa] que desde a juventude vive com um pulmão a menos. Acontece que o ponto de vista meramente humano importa muito pouco na história da Igreja Católica, e nós – que temos dois mil anos de idade – já deveríamos ter aprendido essa lição.

Certo tradicionalismo de internet atira sobre nós previsões apocalípticas a respeito do futuro da Igreja: o cardeal Bergoglio seria um inimigo da tradição, perseguidor da Missa Tridentina, hipócrita sedento por poder, maçom, mafioso, filo-esquerdista, relativista, et cetera, et cetera. Não vou me dar ao trabalho de me debruçar sobre cada uma da miríade de acusações: vou conceder – para argumentar – que fossem todas verdadeiras. Vou conceder – para argumentar – que o Papa Francisco fosse o pior dos Papas possíveis. Em que isso implicaria? Em rigorosamente nada. Nenhum homem, por pior que seja, é capaz de fazer frente à força daquelas palavras de Cristo de que as portas do Inferno não prevaleceriam sobre a Igreja d’Ele, e se nós sobrevivemos a alguns dos Papas do Renascimento somos capazes – com a graça de Deus – de sobreviver a qualquer tentação que o Senhor permita a Sua Igreja sofrer. Penso, aliás, que se depois de Bento XVI um péssimo Papa assomasse ao Trono de Pedro, ser-nos-ia possível tirar daí uma belíssima lição de como Deus é Senhor da História: o melhor dos Papas não fora capaz de salvar a Igreja, e o pior dos Papas não conseguiria lançá-La por terra. Se a presunção é pecado, o desespero também é. É Deus Quem salva a Sua Igreja. É Ele Quem salva inclusive os Papas, Seus vigários. É pecado confiar no homem e é pecado igualmente desesperar por conta dele. Se nós não aprendemos até agora esta lição, talvez tenhamos que aprendê-la ainda n’algum futuro sombrio, da pior maneira possível. Que o bom Deus nos livre disso.

Não obstante, eu não considero que o rasgar de vestes dos rad-trads mereça crédito. E daí que o Boff e o Küng gostaram da eleição do cardeal Bergoglio? Nós nunca demos ouvidos a esta caterva quando ela falava sobre Bento XVI; por qual razão deveríamos agora dar-lhe crédito sobre o Papa Francisco? O que inimigos declarados da Igreja falam não deveria nos incomodar! Às vezes penso que precisamos rezar e rezar muito ainda, pois é verdadeiramente incrível como qualquer murmúrio de internet consegue nos perturbar mais do que nos confortam as promessas de Cristo sobre estar conosco todos os dias, até o fim do mundo!

Murmurações à parte, contudo, é preciso deixar desde logo algumas coisas claras com relação ao Papa Francisco, para que não percamos tempo nos escandalizando e decepcionando depois. Certas características de Bento XVI nos farão falta; isto é óbvio e não poderia ser diferente. Os Papas são homens e os homens não são iguais entre si, e é até injusto fazer certas comparações. Ratzinger era um acadêmico, Prefeito do mais importante Dicastério Romano, uma das mentes mais brilhantes que já sentou na cátedra de Pedro; Bergoglio é um simples arcebispo emérito que, em questões intelectuais, não me consta que tenha jamais se levantado muito acima da média dos seus irmãos cardeais do Novo Mundo. A produção intelectual de ambos não será igual, e faríamos um bem enorme a todos nós se, desde agora, abstivéssemo-nos de fazer comparações descabidas.

Igualmente, Ratzinger tinha a promoção da Liturgia como um apostolado pessoal e era conhecido pelo seu zelo impecável em tudo o que concerne ao culto divino. Bergoglio, até onde me conste, embora celebre dignamente, não parece ter preocupações especiais com a “Reforma da Reforma” e penso que não podemos ter quanto a ele grandes expectativas nessa seara. Agora há pouco, na sua primeira Missa como Papa, Francisco colocou uma mesa na Capela Sistina para celebrar versus populum. O Mons. Marini ainda está ao lado dele, mas penso que isso também é temporário; provavelmente o Cerimoniário Pontifício será substituído. Precisamos rezar. Acho pouco provável que voltemos aos piores pesadelos litúrgicos da época de João Paulo II, mas infelizmente penso que tampouco iremos nos embevecer com a sacralidade do ethos de Bento XVI. De novo, faríamos um bem enorme às nossas almas e à nossa sanidade mental se, desde já, depuséssemos as nossas expectativas de grandiosidade nas liturgias pontifícias, pela qual – ao que parece – o Papa Francisco tem pouco interesse. Esse defeito ele tem; suportemo-lo, que não é heresia nem apostasia nem cisma e, portanto, o Papa não é menos Papa por conta da ênfase que dá ou deixa de dar ao tema da Liturgia no seu pontificado. Suportemo-lo e rezemos pelo Papa.

Não obstante, penso que é possível ser bem otimista a respeito do Papa Francisco, por algumas razões.

Primeiro, porque penso que ele vai receber mais orações do que Bento XVI, e o valor deste auxílio sobrenatural não pode ser menosprezado. Faço um mea culpa: Bento XVI era um gigante, um herói, alguém que transmitia confiança plena, e isso pode nos ter feito relapsos. O Prefeito do Santo Ofício era o Guardião da Fé Católica; a força do Panzerkardinal nos transmitia segurança e nos deixava relaxados. Francisco, ao contrário, parece muito mais frágil, e isso nos insta a rezar por ele com mais fervor e dedicação.

Segundo, por conta da vida sóbria e simples (beirando o extravagante) que ele leva: após se despedir ontem da multidão reunida na Praça de São Pedro, ele dispensou o automóvel pontifício e voltou para as instalações cardinalícias na Casa Santa Marta de ônibus (!). Ainda: hoje voltou ao hotel onde estava hospedado antes do conclave para pegar as suas malas e pagar a conta. É óbvio que essa austeridade de vida é meritória, e nós esperamos que ela possa alcançar de Deus muitas graças para o Papa Francisco. Ainda, o estilo de vida que ele leva é de tal sorte que o mundo de hoje ainda é capaz de admirar, o que lhe reveste com uma aura de autoridade espiritual que predispõe as pessoas a ouvi-lo e, ao mesmo tempo, faz com que os seus detratores não tenham envergadura moral para o enfrentar.

Terceiro, por conta do nome escolhido. Francisco! É um dos maiores santos da Igreja, a despeito de ter sido seqüestrado pelo bom-mocismo moderno para se transformar aos olhos de muitos num espécie de hippie militante do Greenpeace. Como sabemos, o verdadeiro poverello d’Assisi é bem diferente desta sua versão açucarada que circula por aí, e já está mais do que na hora de resgatar-lhe a memória. Ainda, a figura de um Francisco pobre e humilde no coração de Roma lembra bastante a história do Santo de Assis, e a terrível crise da Igreja que o primeiro Francesco enfrentou guarda um notável paralelo com esta que a Barca de Pedro hoje atravessa. São Francisco de Assis é um santo tão grande que nenhum Papa teve jamais a pachorra de tomar para si o seu nome! A crise moderna é tão grave que precisava de um novo Francisco, e dentre todos os cardeais que estavam na Capela Sistina só mesmo um argentino ousaria vincular o seu papado à figura do verdadeiro Reformador da Igreja do século XIII. Se o nome que um Papa escolhe dá o tom do seu pontificado, Francisco é verdadeiramente profético. Se este Papado estiver à altura do nome que o Papa adotou para si, nós presenciaremos verdadeiros milagres. Rezemos para que isso se concretize.

Quarto, por algumas características suas que ouvi aqui e acolá. Como disse um amigo, ele é um homem de idéias claras e insubornável, que foi eleito para brigar; e um estranho nos Palazzi Apostolici (Francisco nem é europeu nem trabalhou jamais no Vaticano) com pulso firme e um projeto santo a cumprir pode ser exatamente aquilo de que a Cúria Romana necessita neste momento.

Quinto, e não menos importante, porque ele é o Papa! É ele quem tem graças de estado para governar a Igreja, é ele quem a Providência permitiu que subisse ao Trono de Pedro, é a ele, concretamente, que o Altíssimo pede a nossa submissão filial como condição para que sejamos salvos. Não compete a nenhum de nós ditar os rumos do governo da Igreja, pois a nenhum de nós Deus fez Papa, e colocarmo-nos no nosso próprio lugar é já um excelente passo no caminho da nossa salvação e, por conseguinte, um profundo favor prestado à Igreja de Cristo: graças ao mistério da comunhão dos santos, uma alma que se eleva, eleva também o mundo inteiro. O bem que fazemos à nossa alma é um bem realizado a toda a Igreja: não nos esqueçamos dessa importante verdade.

Que Deus abençoe o Papa Francisco! Que o conserve e vivifique, que o faça feliz na terra e não o entregue nas mãos dos seus inimigos. Que os católicos do mundo inteiro possamos rezar pelo nosso pastor e, em uníssono, possamos cantar: salve, Santo Padre! Vivas tanto ou mais que Pedro! Vossa Santidade é o Doce Cristo na Terra, o Bispo de Roma, o Vigário de Jesus Cristo. Aos pés de Vossa Santidade queremos depositar o nosso serviço e as nossas orações. Sob o báculo de Vossa Santidade nós temos consciência de formar a verdadeira Igreja de Cristo.

“Deus não manda o Papa que merecemos, mas aquele de que precisamos” – Luís Guilherme Pereira

[Trecho de um excelente artigo publicado na Vila Nova sobre o Papa Francisco, à cuja íntegra remeto os que se interessarem pela leitura. Independente de quem calce as sandálias do Pescador, o Papa é o Doce Cristo na Terra e, como tal, merece a nossa submissão filial. Aprouve à Divina Providência conceder-nos a honra de vivermos em tempos interessantíssimos! Vivamo-los bem, trabalhando com temor e com tremor pela maior glória de Deus. Sempre cum Petro et sub Petro.]

Diz-se que Deus não manda o Papa que merecemos, mas aquele de que precisamos. Numa era de extremo egoísmo, autossuficiência, hedonismo e orgulho, Francisco parece ser o homem certo.

Sua eleição tritura a presunção da mídia. A mídia falou que seria um Papa jovem. Francisco tem 76 anos. A mídia falou que seria brasileiro. É argentino. Seria um conclave longo. Foi brevíssimo. A mídia chutou 7 papabili como principais. Errou todos. Alguém ainda confia nos ditos “vaticanólogos”?

Também exercita a humildade dos católicos ao ser, como disse no começo, o favorito de ninguém. Os tradicionalistas queriam Burke ou Ranjith, os “ratzingerianos” Scola ou Ouellet, os progressistas Maradiaga; quase todos eram o queridinho de um grupo: Erdö (o meu, inclusive), Tagle, Scherer, Dolan, O’Malley, etc. Menos, até onde sei, Bergoglio. Todos tinham um “projeto” para o Papa, e nenhum foi satisfeito.

“10 fatos sobre o Papa Francisco”

Fonte: Canterbury Tales
Tradução: Deus lo Vult!

10 fatos sobre o nosso novo Santo Padre, o Papa Francisco. Jogada inesperada [major curveball]. Quem percebeu que isto poderia acontecer? Aqui estão dez curtos fatos sobre o Papa Francisco (Cardeal Jorge Bergoglio):

  1. O Papa Francisco, Jorge Bergoglio, nasceu em Buenos Aires, um dos cinco filhos de um trabalhador ferroviário e sua esposa.
  2. Ele é um Jesuíta. O primeiro Papa Jesuíta de todos os tempos.
  3. O Papa Francisco é conhecido por sua humildade, conservadorismo doutrinal, defesa da teologia moral da Igreja e compromisso com a justiça social.
  4. Ele tem sido um crítico da Teologia da Libertação.
  5. Ele é próximo do [Movimento] Comunhão e Libertação.
  6. Ele se opôs à legalização do casamento gay feita em 2010 pelo governo argentino. Na Argentina, foi acusado por anti-clericais de ser “medieval” (outro bom sinal).
  7. O Papa João Paulo II o criou cardeal em 2001.
  8. Ele colaborou com a Congregação para o Clero, Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, a Congregação para as Sociedades de Vida Apostólica, e a Comissão para a América Latina do [Pontifício] Conselho para a Família [? – Commission on Latin American and the Family Council].
  9. Ele foi simultaneamente nomeado Ordinário dos Católicos Orientais na Argentina, que perderam seu próprio prelado. Então ele pode, presumivelmente, celebrar a Divina Liturgia de São João Crisóstomo.
  10. O Papa Francisco escreveu apenas um livro [p.s.2.: segundo a Wikipedia, ele tem 16 obras publicadas (N.T.)], intitulado Sobre el cielo y la tierra [p.s.: escreveu também o Corrupción y Pecado (N.T.)]. Está disponível apenas para Kindle. Compre-o aqui e mostre o seu apoio.

Franciscus!

13 de Março de 2013

Annuntio vobis gaudium magnum;
habemus Papam:

Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum,
Dominum Georgium Marium
Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Bergoglio
qui sibi nomen imposuit Franciscum

 

francesco1

Papa Francisco I, ou simplesmente “Francisco”,
Bispo de Roma, Vigário de Cristo, Sucessor de São Pedro.

Para mim, foi uma surpresa. Ou melhor, foram diversas surpresas: a rapidez do conclave, o nome de Jorge Mario Bergoglio (que foi ventilado nos últimos dias, ma non troppo), a idade avançada do cardeal (tem 76 anos, somente dois a menos do que Ratzinger quando foi eleito), o nome de Francisco (nunca antes tomado por nenhum Papa!), a Argentina fornecendo um Papa à Igreja, um Jesuíta sentado no Trono de Pedro. Surpreendente!

Da biografia do John Allen Jr.:

Bergoglio é visto como um ortodoxo inflexível em matéria de moral sexual e como convicto opositor do aborto, da união homossexual e da contracepção. Em 2010 ele afirmou que a adoção de crianças por gays é uma forma de discriminação contra as crianças, o que lhe valeu uma reprimenda pública por parte da presidente argentina Cristina Kirchner. Ao mesmo tempo, ele demonstra sempre profunda compaixão pelas vítimas da aids; em 2001, por exemplo, visitou um sanatório para lavar e beijar os pés de 12 pacientes soropositivos.

Viva o Papa!

V. Oremus pro Pontifice Nostro Francisco!
RDominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.

OREMUSDeus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Franciscum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam. Per Christum, Dominum nostrum.
R. Amen.