São Jorge, rogai por nós!

No meu onomástico, não posso deixar de prestar uma ligeira homenagem a São Jorge; assim, remeto os meus leitores a este texto d’O Catequista hoje publicado, que contém uma pequena biografia do santo (incluindo a parte lendária do dragão).

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Se a memória não me trai, os detalhes da vida do santo da Capadócia só se encontram na Legenda Aurea mesmo, havendo apenas algumas linhas na “História Eclesiástica” de Eusébio que se referem ao militar que foi martirizado sob o Imperador Diocleciano. A escassez de fontes históricas primárias é contudo amplamente suplantada pela multissecular devoção a São Jorge, pela qual as graças alcançadas ao longo da história da Igreja evidentemente exigem um santo [originalmente] de carne e osso a interceder junto a Deus por aqueles que se lhe recomendam.

Que o Glorioso São Jorge possa rogar por nós e nos proteger nos combates desta vida!

Ele é o dono e o sentido da festa – Feliz Natal!

É o Natal do Senhor, e Cristo é nascido para nós. No mais alto dos Céus os anjos entoam o cântico de Glória, e na terra os homens de boa vontade podem enfim gozar de paz. Foi-nos dado um Menino para a nossa salvação!

É Natal! Que as portas do Céu neste dia abertas de par em par possam derramar copiosas graças sobre nós. Que, após a peregrinação do Advento, possamos chegar jubilosos a Belém para adorar o Deus-Menino nos braços virginais de Sua Santíssima Mãe. Que o fulgor desta Luz que resplandece nas Trevas possa afastar as trevas dos nossos próprios corações, e que a vista de um Deus envolto em faixas por amor a nós possa comover-nos e nos converter.

Porque Ele é o dono e o sentido da festa. Se o Natal é a festa das famílias, é porque o Verbo nasceu no seio da Família de Nazaré. Se é uma festa alegre, é pelo fato desta alegria ser um eco daquele gloria in excelsis Deo que os os coros angelicais entoaram há dois mil anos. Se é uma festa de paz, é por conta da promessa aos pastores de que o Nascimento do Menino era causa de paz na terra aos homens de boa vontade. Se é uma festa de troca de presentes, é porque é uma festa de Aniversário. Se é uma festa de generosidade para com os mais pobres, é por conta da Estrebaria de Belém que foi a única a oferecer alguns cuidados à indigência de uma Mulher grávida com Seu Esposo. Se é uma festa de mudança de vida, é por causa do Verbo que Se fez carne um dia e, desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo. Tudo no dia de hoje exige o Menino de Belém e aponta para Ele. Não nos esqueçamos desta verdade.

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Cristo nasceu! Aleluia!

Um Santo e Feliz Natal a todos os leitores do Deus lo Vult!.

Nossa Senhora de Guadalupe: diálogos com San Juan Diego

No dia de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas, publico um trecho da narrativa das aparições da Mãe de Deus ao índio Juan Diego em 1531, há quase quinhentos anos. A passagem consta no livro de Edésia Aducci, “Maria e Seus títulos gloriosos”, e eu a cito apud “PCO – Plinio Corrêa de Oliveira”.

* * *

Na primeira aparição, Nossa Senhora, falando no idioma mexicano, dirige-se a Juan Diego: “Meu filho, a quem amo ternamente, como a um filho pequenino e delicado, aonde vais?” Resposta dele: “Vou, nobre Senhora minha, à cidade, ao bairro de Tlaltelolco, ouvir a santa missa que nos celebra o ministro de Deus e súdito seu”.

Ela: “Fica sabendo, filho muito querido, que eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, e é meu desejo que me erijam um templo neste lugar, de onde, como Mãe piedosa tua e de teus semelhantes, mostrarei minha clemência amorosa e a compaixão que tenho dos naturais e daqueles que me amam e procuram; ouvirei seus rogos e súplicas, para dar-lhes consolo e alívio; e, para que se realize a minha vontade, hás de ir à cidade do México, dirigindo-te ao palácio do bispo que ali reside, ao qual dirás que eu te envio e que é vontade minha que me edifique um templo neste lugar; referirás quanto viste e ouviste; eu te agradecerei o que por mim fizeres a este respeito, te darei prestígio e te exaltarei”.

Resposta dele: “Já vou, nobilíssima Senhora minha, executar as tuas ordens, como humilde servo teu”.

Segunda aparição: Juan Diego volta do palácio do bispo, no mesmo dia, à tarde. A Santíssima Virgem o esperava. “Minha muito querida Rainha e altíssima Senhora, fiz o que me mandaste, e, ainda que não pudesse entrar a falar com o senhor bispo senão depois de muito tempo, comuniquei-lhe a tua mensagem, conforme me ordenaste; ouviu-me afavelmente e com atenção; mas, pelo seu modo e pelas perguntas que me fez, entendi que não me havia dado crédito; portanto, te peço que encarregues disso uma pessoa (…) digna de respeito, e em quem se possa acreditar, porque bem sabes, minha Senhora, (…) que não é para mim este negócio a que me envias; perdoa, minha Rainha, o meu atrevimento, se me afastei do respeito devido à tua grandeza; que eu não tenha merecido tua indignação, nem te haja desagradado minha resposta”.

A Santíssima Virgem insiste com Juan Diego. Este volta ao bispo e o prelado exige um sinal da aparição. Volta o índio e Nossa Senhora manda que volte no dia seguinte, ao mesmo local, que Ela satisfaria o desejo do bispo; mas Juan Diego, precisando chamar o sacerdote para seu tio, que adoecera gravemente, e desvia-se do caminho combinado, certo que a Santíssima Virgem não o veria. Mas eis que Nossa Senhora aparece-lhe noutro local. “Aonde vais, meu filho, e por que tomaste este caminho?” Juan Diego: “Minha muito amada Senhora, Deus te guarde! Como amanheceste? Estás com saúde?… Não te agastes com o que te vou dizer: está enfermo um servo teu, meu tio, e eu vou depressa à igreja de Tlaltelolco, para trazer um sacerdote para confessá-lo e ungi-lo, e, depois de feita esta diligência, voltarei a este lugar, para obedecer à tua ordem. Perdoa-me, peço-te Senhora minha, e tem um pouco de paciência, que amanhã voltarei sem falta”.

Resposta dela: “Ouve, meu filho, o que eu vou dizer-te: não te aflija coisa alguma, nem temas enfermidade nem outro acidente penoso. Não estou aqui eu, que sou tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção e amparo? Não sou eu vida e saúde? Não estás em meu regaço e não andas por minha conta? Tens necessidade de outra coisa?… Não tenhas cuidado algum com a doença de teu tio, que não morrerá dessa vez, e tem certeza de que já está curado”.

No meio das trevas do Pecado, uma Virgem resplandecia Cheia de Graça!

Hoje se celebra a Imaculada Conceição d’Aquela Mulher extraordinária que sozinha venceu todas as heresias do mundo inteiro; d’Aquela que o próprio Verbo de Deus quis ter por Mãe e, instando-nos a sermos imitadores d’Ele, estabeleceu que também a nós – e já nesta terra! – seriam concedidas as graças de tão excelsa maternidade espiritual. Se Cristo é Filho da Virgem e nós somos chamados a um convívio familiar com Ele, então somos nós todos filhos d’Ela também. Se Cristo é Filho da Virgem e nós somos irmãos de Cristo, segue-se com lógica inelutável que somos também filhos desta Sua Divina Mãe.

Hoje é a Festa da Imaculada Conceição da Virgem Santíssima, e o reverendíssimo sacerdote na homilia que eu ouvia esta manhã lembrava-nos que Deus tem uma visão positiva do homem. Deus, que tudo o que criou viu que era bom, não abandonou a Sua obra após a tragédia do Pecado Original. Já no Proto-Evangelho do Gênesis ele anuncia um Salvador que virá por meio da descendência da Mulher; em um certo sentido, a Virgem Imaculada, coroada de Graça e de Beleza, é o arquétipo de ser humano nos desígnios do Onipotente. Ela é Toda Bela e desde sempre livre da mancha do Pecado Original, Ela é a Filha Dileta de Deus Pai, a Mãe Amável de Deus Filho, a Esposa Fiel do Espírito Santo e o Templo Imaculado da Trindade Santa; nós todos, que nesta Mulher estamos tão bem representados diante do Altíssimo, alegremo-nos n’Ela, com Ela e por Ela!

O dia de hoje está profundamente associado a um dos títulos com os quais a Santíssima Virgem é louvada na Ladainha Lauretana: a Santíssima Virgem é a Estrela da Manhã, Stella Matutina. Aquela que surge no Céu da noite como um prenúncio da Alvorada, antes do nascer do sol mas como a avisar que o sol está por nascer. Assim a Santíssima Virgem, resplandecendo Imaculada no horizonte da história da humanidade antes mesmo do Cordeiro de Deus vir ao mundo para livrá-lo do Pecado. Como a anuciar-Lhe, exigindo-Lhe até, pois é do Seu Sacrifício na Cruz do Calvário que brotam todas as graças do mundo, sem excetuar nem mesmo estas com as quais a Virgem Santíssima aparece adornada no dia de hoje. E é justamente na Stella Matutina que eu penso toda vez que rememoro a Saudação Angélica, testemunho escriturístico e eloqüente da grande Festa hoje celebrada: Ave, gratia plena! No meio das trevas do Pecado, uma Virgem resplandecia Cheia de Graça. No meio do mundo que jazia sob o Maligno, uma Mulher erguia a fronte Imaculada. Na plenitude dos tempos em que a Criação esperava o Seu Salvador, a Sua Mãe Puríssima lá estava para trazê-Lo ao mundo: foi por Seu Fiat que o Verbo se fez  carne, foi pela Sua resposta generosa a Deus que o Cristo veio ao mundo, foi pelo seu Sim que nos chegou a Salvação, Jesus.

Deus Vos salve, Virgem Soberana, a Quem todos os cristãos somos infinitos devedores! Deus Vos salve, Bem-Aventurada e Imaculada Mãe de Deus, Maria Santíssima por Quem se salva todo espírito fiel! Lembrai-Vos de falar a Vosso Divino Filho coisas boas a nosso favor. E aqui, na terra, concedei-nos sempre a graça de viver e morrer cantando os Vossos louvores.

Cristo-Rei: solenidade da Igreja contra o laicismo, «peste de nossos tempos»

Ontem, no novo calendário litúrgico, foi a celebração da Festa de Cristo Rei; em tempos de ateísmo militante como estes nos quais vivemos, é oportuno conhecer as origens desta festa e o porquê do Papa ter um dia mandado que ela fosse celebrada.

Quem a instituiu foi Pio XI na Encíclica Quas Primas (no site do Vaticano só tem em espanhol; encontrei uma tradução para o português aqui, e é desta que tiro as citações adiante (inclusive com a numeração, que diverge da do texto em espanhol), apenas para fins de praticidade – pois prefiro a versão espanhola e recomendo a todos a sua leitura nos pontos em que a tradução portuguesa se mostrar de difícil compreensão). Os pontos mais importantes desta Encíclica, no meu entender, são três:

1) Cristo é Rei de todos os homens, e não somente dos cristãos. Embora o Seu Reino seja primordialmente espiritual, disto não segue que o Filho de Deus seja menos Rei na esfera temporal. Assim Pio XI: «fora erro grosseiro denegar a Cristo Homem a soberania sobre as coisas temporais todas, sejam quais forem. Do Pai recebeu Jesus o mais absoluto domínio das criaturas, que Lhe permite dispor delas todas como Lhe aprouver» (QP 13). E ainda:

14. Assim, pois, a realeza do nosso Redentor abraça a totalidade dos homens. Sobre este ponto, de muito bom grado fazemos Nossas as palavras seguintes de Nosso Predecessor Leão XIII, de imortal memória: “Seu império não abrange tão só as nações católicas ou os cristãos batizados, que juridicamente pertencem à Igreja, ainda quando dela separados por opiniões errôneas ou pelo cisma: estende-se igualmente e sem exceções aos homens todos, mesmo alheios à fé cristã, de modo que o império de Cristo Jesus abarca, em todo rigor da verdade, o gênero humano inteiro” (Encícl. Annum Sacrum, 25 de Maio de 1899). E, neste particular, não cabe fazer distinção entre os indivíduos, as famílias e os estados; pois os homens não estão menos sujeitos à autoridade de Cristo em sua vida coletiva do que na vida individual. Cristo é fonte única de salvação para as nações como para os indivíduos. “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos” (At 4, 12). Dele provêm ao estado como ao cidadão toda prosperidade e bem-estar verdadeiro. “Uma e única é a fonte da ventura, assim para as nações como para os indivíduos, pois outra coisa não é a cidade mais que uma multidão concorde de indivíduos” (S. Aug., Epíst. ad Macedonium, c. 3). Não podem, pois, os homens de governo recusar à soberania de Cristo, em seu nome pessoal e no de seus povos, públicas homenagens de respeito e submissão. Com isto, sobre estearem o próprio poder, hão de promover e aumentar a prosperidade nacional.

2) Não se diga que isto é doutrina ultrapassada que já se encontra aggiornada. A Festa de Cristo-Rei continua sendo celebrada mesmo após a Reforma Litúrgica, e – segundo Pio XI – as Festas Litúrgicas servem para incutir mais eficazmente no povo fiel as verdades divinas:

19. Com efeito, para instruir o povo nas verdades da fé e levá-lo assim às alegrias da vida interna, mais eficazes que os documentos mais importantes do Magistério eclesiástico são as festividades anuais dos sagrados mistérios. Os documentos do Magistério, de fato, apenas alcançam um restrito número de espíritos mais cultos, ao passo que as festas atingem e instruem a universalidade dos fiéis. Os primeiros, por assim dizer, falam uma vez só, as segundas falam sem interminência de ano para ano; os primeiros dirigem-se, sobretudo, ao entendimento; as segundas influem não só na inteligência, mas também no coração, quer dizer — no homem todo.

3) Esta festa foi instituída contra o laicismo, e é dever dos católicos – mesmo (e talvez principalmente) dos fiéis leigos – lutar com denodo para recuperar a Nosso Senhor a Sua Realeza pública. Assim nos ensina o Papa:

22. Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não é num dia que esta praga [o laicismo] chegou à sua plena maturação; há muito, estava latente nos estados modernos. Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de doutrinar o gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, foi equiparada a religião de Cristo aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos. Houve até quem pretendesse substituir à religião de Cristo um simples sentimento de religiosidade natural. Certos estados, por fim, julgaram poder dispensar-se do próprio Deus e fizeram consistir sua religião na irreligião e no esquecimento consciente e voluntário de Deus.

E ainda, sobre os leigos:

24. A festa, doravante ânua, de “Cristo-Rei” dá-nos a mais viva esperança de acelerarmos a tão desejada volta da humanidade a seu Salvador amantíssimo. Fora, com certeza, dever dos católicos, apressar e preparar esta volta com diligente empenho; a muitos deles, contudo, pelo que parece, não toca, na sociedade civil, o posto e a autoridade que conviriam aos apologistas da fé. Talvez deva este fato atribuir-se à indolência e timidez dos bons que se abstêm de toda resistência, ou resistem com moleza, donde provém, nos adversários da Igreja, novo acréscimo de pretensões e de audácia. Mas, desde que a massa dos fiéis se compenetre de que é obrigação sua combater com valentia e sem tréguas sob os estandartes de Cristo-Rei, o zelo apostólico abrasará seus corações, e todos se esforçarão de reconciliar com o Senhor as almas que o ignoram ou dele desertaram; todos, enfim, se esforçarão por manter inviolados os direitos do próprio Deus.

Cristo é Rei e Se revestiu de Majestade: esta verdade solenemente cantada ontem em todas as nossas igrejas não perde o seu valor por conta da lastimável situação na qual o mundo se encontra hoje em dia. Assim como Nosso Senhor está substancialmente presente nas espécies eucarísticas ainda que d’Ele zombem e blasfemem, Cristo é Rei das Nações ainda que os nossos governantes deixem-se guiar pela impiedade e batalhem ostensivamente para erigir «o esquecimento constante e voluntário de Deus» como única regra de fé permitida no Estado Moderno. A nós, contudo, que tivemos a graça de ouvir da Igreja de Cristo a doce mensagem da Salvação, cumpre batalhar com todas as nossas forças pelos «direitos do próprio Deus». Não ousemos nos furtar a tão grave dever! Porque, se o fizermos – Deus não o permita! -, n’Aquele Dia Terrível «de tamanha afronta há de tomar o Supremo Juiz a mais terrível vingança» (QP 33).

Dies Irae

Não é propriamente uma composição litúrgica, mas é uma peça da qual gosto bastante com o texto – este, sim, litúrgico – da sequência da Missa de hoje, Dia de Finados. E esta versão de Mozart é provavelmente a mais conhecida do Dies Irae.

A execução litúrgica, em Gregoriano – belíssima! -, eu encontrei no Subsídio Litúrgico. Segue abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=Dlr90NLDp-0

E, no dia de hoje, lembremo-nos de que havemos também nós de morrer. Lembremo-nos de que hoje celebramos os fiéis defuntos para que eles nos digam de que também a nossa hora há de chegar e, por isso, importa desde já – desde ontem! – viver com esta realidade diante dos olhos. A exortação é, se não me engano, de Santo Agostinho: enterramos com freqüência os nossos amigos e parentes, vemos funerais todos os dias e, não obstante, continuamos a nos prometer longos anos de vida. Insensata promessa que ninguém pode fazer para si!

Vivamos com a consciência de que estamos por aqui só de passagem. E que esta passagem pode ser bem curta e, aliás, geralmente é mais curta do que esperamos, não importa por quantos anos a Providência nos permita caminhar pelo mundo dos vivos. Vivamos à perspectiva de que iremos morrer, e em breve! Que o Todo-Poderoso possa Se compadecer das almas dos fiéis que padecem no Purgatório (hoje, a propósito, é dia de lucrar indulgência plenária para eles, em visitas a cemitérios ou igrejas, nas condições habituais: confissão, comunhão e oração pelas intenções do Santo Padre), e que eles ascendam o quanto antes à glória celeste para, de lá, interceder por nós. Que a Virgem Santíssima, Janua Coeli, receba-os o quanto antes no Reino do Seu Divino Filho.

Requiem aeternam dona eis, Domine,
et lux perpetua luceat eis.

Requiescant in Pacem.
Amen.

Venerável Padre Rodolfo Komórek

Conheci a história do Venerável Pe. Rodolfo Komórek (1890 – 1949) quando estivem em São José dos Campos, a visitar um amigo. Lembrei-me dele porque recebi recentemente por email a sua carta mortuária, cuja leitura é bem interessante e piedosa (trata-se não de uma carta do próprio pe. Rodolfo, mas sim de um irmão religioso escrevendo sobre a morte dele), prestando-se a boa referência biográfica sobre o sacerdote. P. ex., sobre o seu gosto pelas penitências:

De seu espírito de penitência fala ainda Mons. Ascânio Brandão, escritor de renome e conhecido em todo o Brasil Católico: “O seu espírito de penitência foi notável. Por mais que o procurasse ocultar, via-se logo a que austeridades se entregava continuamente. Dormia no chão duro. Tinha horror ao leito macio. Quando a obediência o obrigava a se acolher ao leito, sobre tábuas duras havia de repousar”.

De São José dos Campos eu trouxe um pequeno “santinho” do Padre Rodolfo, com uma pequena biografia e uma oração. Reproduzo-as abaixo, a quem se interessar, para que a história deste heróico salesiano possa ser conhecida e divulgada, e – quiçá, se o Bom Deus o permitir – inspirar sentimentos verdadeiros de piedade nos homens dos nossos tempos, tão sedentos das coisas do Alto.

Hoje é dia de Todos os Santos – mesmo dos não canonizados… – e, mesmo sem a chancela definitiva e segura de uma canonização, gosto de pensar que hoje é um dia apropriado para se celebrar também as virtudes do Venerável Padre Rodolfo Komórek, a cuja intercessão eu recorro, pedindo por mim próprio, por este meu apostolado virtual, pelos parentes e amigos, pela Santa Igreja de Deus, pelo bem do Brasil.

* * *

Dados Biográficos

PADRE RODOLFO nasceu em Bielsko (Polônia), dia 11 de outubro de 1890. Depois de uma infância edificante, vivida entre o lar, a igreja e a escola, ingressou no seminário diocesano e, após brilhantes estudos, ordenou-se sacerdote em 1913.

Deixou para o povo de sua terra natal exemplos admiráveis de zelo, piedade profunda e surpeendente espírito de penitência. Na guerra de 1914, foi capelão militar em hospitais e no campo de batalha. Sempre benquisto de todos os militares, recebeu duas condecorações do governo austríaco.

Voltando à pátria, prosseguiu seu trabalho apostólico no ministério paroquial. Desejando ser missionário, entrou na Congregação Salesiana de Dom Bosco, sendo, em 1924, destinado ao Brasil para cuidar dos colonos poloneses de Dom Feliciano (RS). A população dessa localidade chamava-o de “padre santo”. O mesmo aconteceu em outros lugares: Niterói (RJ), Luís Alves (SC) e Lavrinhas (SP).

No seminário salesiano de Lavrinhas apareceram-lhe os primeiros sintomas de moléstia pulmonar. Transferido então para São José dos Campos (SP), ali despendeu suas últimas energias, entregando-se com total doação ao cuidado espiritual e físico dos pobres e dos doentes de hospitais, asilos e pensões sanatoriais. Era de fato “um para todos”.

Muitos ainda recordam o virtuoso sacerdote, humilde, comedido e atencioso que, sem nunca elevar a voz, foi um semeador de alegria e de paz.

Faleceu em 11 de dezembro de 1949. Seu sepultamento foi uma comovente apoteose promovida por grande multidão agradecida. Os restos mortais do “padre santo” encontram-se hoje na chamada “Casa das Relíquias”, em São José dos Campos.

Reconhecendo a heroicidade de suas virtudes, a Santa Sé declarou-o Venerável em 6 de abril de 1996. Aguarda-se um “milagre” para o prosseguimento do Processo de Beatificação e Canonização.

* * *

Oração

Para pedir a intercessão e a glorificação do Padre Rodolfo

Glorificai, Senhor,
o Vosso servo padre Rodolfo Komórek,
que em vida,
pelo amor que Vos teve,
imolou-se pelo bem do próximo,
sobretudo dos pobres e doentes,
deixando-nos admiráveis exemplos
de pobreza, penitência e humildade.
Concedei-me, por sua intercessão,
a graça que confiante Vos peço
(fazer o pedido).

Amén.

As graças recebidas pela intercessão do Pe. Rodolfo sejam comunicadas à

Casa Padre Rodolfo
Rua Padre Rodolfo, 28 – Vila Ema
12243-080 – São José dos Campos – SP

A Dios rogando y con el mazo dando

No dia de Santo Antonio María Claret (conforme o Vetus Ordo; no calendário reformado, a festividade do santo é celebrada amanhã, 24 de outubro), julgo bastante oportuno compartilhar este pequeno trecho (abaixo) de uma autobiografia do santo que foi enviado hoje mesmo à lista “Tradição Católica”. O título deste post é uma das frases mais famosas do santo espanhol, e sintetiza de uma maneira extraordinária a vida cristã: oração e luta, graça e livre-arbítrio, ora et labora. Este labor incansável foi bem característico do grande Confessor da Fé hoje celebrado.

À sua época, o campo propício para o apostolado – e, simultaneamente, o terreno pantanoso de onde surgiam os mais insidiosos ataques contra a Fé – era a imprensa. Nos dias de hoje, é bem fácil notar que este papel é desempenhado pelos novos meios de comunicação, máxime pela internet. Se vivesse hoje, é bem provável que o santo se lançasse com todo o seu vigor a este apostolado virtual que cada vez mais se revela tão necessário aos dias atuais. E a nós, a quem aprouve à Providência que vivêssemos à época da internet, cabe colhermos os sábios conselhos de Santo Antonio María Claret e aplicarmo-los à nossa realidade. Porque a Doutrina Cristã não precisa hoje de menos defesa do que à época do Arcebispo de Santiago de Cuba. Mudaram-se os tempos, mas os homens continuam igualmente necessitados do Evangelho de Deus. E cabe-nos empregar com diligência todos os meios ao nosso alcance para que esta Boa Nova alcance a todos os homens.

* * *

Da Autobiografia de Santo Antonio Maria Claret

CAPÍTULO 21
Sexto meio: Livros e folhetos.

310. A experiência me ensinou que um dos meios mais poderoso para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa pode-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou deixado uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.

311. Sem dúvida, a leitura de bons livros sempre foi considerada de grande utilidade, hoje, porém, é de suma necessidade. Digo isto porque vejo que há como que um delírio para ler e, se as pessoas não têm bons livros, lerão os maus. Os livros são alimento para a alma. Se ao corpo faminto se oferece uma comida sadia será nutrido, mas se a comida está deteriorada, prejudicará o organismo. O mesmo ocorre com a leitura. Os que lerem livros bons e oportunos, adequados a si e às próprias circunstâncias, se sentirão nutridos e fortalecidos. Porém, se nutridos com livros perniciosos, periódicos e folhetos heréticos, verão corrompidas suas crenças e pervertidos seus costumes, extravia-se o pensamento, corrompe-se o coração e, do coração corrompido, saem os males, como disse Jesus, até chegar à negação da verdade primeira e do princípio de toda verdade, que é Deus: Dixit insipiens in corde suo: non est Deus: Disse o insensato em seu coração: Não há Deus.

312. Em nossos dias há uma dupla necessidade de fazer circular bons livros; estes, porém, devem ser pequenos pelo fato de as pessoas andarem apressadas e com mil e uma coisas para fazer por toda parte e, como a concupscentia oculorum et aurium: concupiscência dos olhos e dos ouvidos aumentou ao extremo, todos querem ver e ouvir tudo, além de viajar. Assim o livro volumoso não será lido, servirá unicamente para sobrecarregar as estantes das livrarias e as das bibliotecas. Por isso, convencido dessa verdade importantíssima e ajudado pela graça de Deus, publiquei inúmeros livretes e folhas volantes.

313. O primeiro livrete que publiquei contém conselhos ou avisos espirituais, dirigido às monjas de Vic, a quem acabara de pregar os exercícios espirituais; para que recordassem melhor o que lhes havia pregado, pensei deixar-lhes por escrito o conteúdo. Antes de entregar o escrito às monjas, para que cada uma o copiasse, mostrei-o ao querido amigo doutor Jaime Passarell, cônego penitenciário daquela catedral. Ele sugeriu que o imprimisse e assim evitaria às monjas o trabalho de copiar e seria utilizado por elas e por outros mais. Acatei a sugestão desse que tanto respeitava e amava por sua virtude, e o livro foi impresso. E assim foi que veio à luz meu primeiro livro.

314. Percebendo os bons resultados do primeiro livro, decidi escrever o segundo: Avisos às moças. Depois escrevi Aos pais; Às crianças; Aos jovens e outros, como se pode ver no catálogo.

315. À medida que ia missionando, percebia as necessidades e, conforme o que via e ouvia, escrevia um livrinho ou um folheto. Se na povoação houvesse o costume de cantar cantos desonestos, fazia imprimir logo um folheto com um cântico espiritual ou moral. Por isso quase todos entre os primeiros folhetos que imprimi eram de cânticos.

316. Desde o começo, publiquei um folheto contendo receitas contra as blasfêmias. Naqueles dias em que comecei a pregar era coisa horrorosa a quantidade e a gravidade das blasfêmias que se ouvia por toda parte. Parecia que os demônios do inferno se haviam disseminado pela terra a fim de provocar os homens a blasfemarem.

317. Também a impureza já ultrapassara seus limites e por isso resolvi escrever mais duas receitas. Como a devoção a Maria Santíssima é remédio muito poderoso contra todos os males, escrevi no início do folheto aquela oração que assim se inicia: Ó Virgem e Mãe de Deus… que se acha em quase todos os livros e folhetos. Estas duas palavras, Virgem e Mãe de Deus, coloquei-as porque ao escrevê-las lembrava que, quando estudante, nas férias de verão, li a vida de São Filipe Néri, escrita pelo padre Conciencia, na qual dizia que o santo gostava muito que se juntassem sempre estas duas palavras, e que com elas se honra muito e se obriga a Maria Santíssima. As demais palavras são uma consagração que se faz a Nossa Senhora.

Illum oportet crescere

Hoje é a festa de Exaltação da Santa Cruz e, no dia de hoje, nada mais eloqüente do que divulgar esta foto do revmo. pe. Demétrio Gomes celebrando a Santa Missa, que o próprio sacerdote compartilhou recentemente em seu álbum do Facebook.

A fotografia ficou simplesmente perfeita: a Hóstia Consagrada ao centro e em foco, o sacerdote elevando-a piedosamente e – mais importante! – o rosto do sacerdote, erguido em direção a Cristo Crucificado que ele segura em suas mãos, oculto pelo grande crucifixo que se encontra sobre o altar.

Muita coisa já foi dita sobre a conveniência de se manter sobre o altar esta cruz que esconde a figura do padre; a quem se interessar pelo assunto, recomendo esta conferência do Mons. Guido Marini, bem como estes excertos de livros do Card. Ratzinger falando sobre a Cruz no centro do altar. De minha parte, quero apenas comentar o quão adequada me parece a frase do Evangelho de São João que dá título a este artigo: illum oportet crescere, i.e., “importa que Ele cresça”: é São João Batista falando de Nosso Senhor.

Eu conheci esta frase muito antes de conhecer qualquer outra coisa de latim, porque ela está gravada em grandes letras douradas no altar da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, onde – criança ainda – comecei a participar da Santa Missa e para onde, depois de adulto, voltei para me crismar e para trabalhar na catequese. Embora a paróquia da Torre seja antiga, eu desde criança sempre vi este altar exatamente deste jeito e, portanto, não sei dizer se ele é o altar original que foi separado da parede após a Reforma Litúrgica ou se, ao contrário, foi feito especificamente para as novas disposições arquitetônicas dos anos 70. Sei que, de um modo ou de outro, ele se presta a traduzir de modo excelente uma das razões pelas quais, antigamente, o padre celebrava o Santo Sacrifício “de costas para o povo” e, hoje, é conveniente colocar um Crucifixo no meio do altar: importa que Ele cresça, isto é, o que se deve buscar na celebração da Santa Missa – e, p.ext., na nossa vida cristã – é que Cristo apareça diante de todos, é que Ele refulja e seja o centro de todas as atenções.

O centro da Santa Missa não é o sacerdote. Na Santa Missa, o essencial (fazendo uma paráfrase involuntária de Saint-Exupéry) é invisível aos olhos: é Cristo, Sacerdote e Vítima, que Se oferece à Trindade Santa em expiação pelos nossos pecados. É o Sacrifício da Cruz que Se faz presente de maneira incruenta. E a melhor maneira de chamar a atenção para o que é permanente e invisível é tirar a atenção daquilo que é mutável e visível: é esconder o sacerdote. A melhor maneira de fazer Cristo crescer é exatamente aquela que se encontra na seqüência da frase de São João Batista: me autem minui, “que eu diminua”. Esconda-se, portanto, o sacerdote durante a Consagração, para que somente Cristo Eucarístico apareça: esconda-se o sacerdote com a casula romana nas suas costas enquanto ele se inclina versus Deum para consagrar, ou se o esconda por detrás do Crucifixo no centro do altar quando ele celebra de frente para o povo, o que seja, mas que ele seja escondido para que Cristo cresça! É este o verdadeiro espírito da Liturgia que urge ser resgatado.

E nesta Festa de Exaltação da Santa Cruz – mesmo dia, aliás, em que se comemora o 5º ano de entrada em vigor do motu proprio Summorum Pontificum, que autoriza a celebração da Santa Missa na forma antiga – é uma alegria poder compartilhar o testemunho de sacerdotes zelosos pelas coisas do alto. Sacerdotes comprometidos com o resgate da sacralidade litúrgica na Igreja de Deus. Sacerdotes que, à semelhança de São João Batista, perceberam que é importante Cristo crescer, e que isto só é possível se eles próprios estiverem dispostos a diminuir.

Ele não deixaria inacabada!

O Cristianismo é a religião do Verbo Encarnado, e esta é uma das suas características de conseqüências mais maravilhosamente radicais. Não significa simplesmente que Deus existe, que nos criou e nos ama; não significa apenas que Ele nos destinou a uma Bem-Aventurança superior àquela a que nós seríamos merecedores por natureza. Não quer dizer meramente que Ele Se revelou a nós, comunicando-nos à inteligência verdades sublimes sobre Si. Tudo isso é verdadeiro, mas a Encarnação é um acontecimento muito maior. Trata-se de algo muito mais misterioso e profundo, muito mais sublime e incompreensível: queremos dizer que Deus tomou por Sua a nossa carne, assumiu a nossa humanidade e, assim, fez-Se um de nós.

Fez-Se um de nós! O Deus Altíssimo, Criador dos Céus e da Terra, habitando eternamente em luz inacessível, dignou-Se revestir-Se das coisas criadas e, nos mais limítrofes rasgos de Sua Onipotência, confinou a Eternidade ao tempo e circunscreveu o Infinito ao ser humano. As reais dimensões desta verdade já incontáveis vezes a nós repetida encontram-se, não obstante, para muito além da nossa compreensão. Mas a Igreja Católica com freqüência nos possibilita um vislumbre da excelsa dignidade a que foi elevada a natureza humana e, por meio daquilo que festeja na terra, prepara-nos para o que nos aguarda no Céu.

Hoje é a festa da Gloriosa Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, da Imaculada e Sempre-Virgem Mãe de Deus. O dogma, todos sabem o que quer dizer; nas palavras da Munificentissimus Deus, significa que «a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial». Mas estas palavras já repetidas à exaustão podem nos fazer considerar de maneira leviana este dogma da Fé. Para uma melhor compreensão do que ele nos revela, é-nos útil considerar o que a Religião nos ensina sobre a relação entre o corpo e alma.

Segundo a antropologia cristã clássica, corpo e alma estão de tal maneira unidos que, juntos, perfazem uma unidade substancial. Isto atrela de maneira irredutível o destino de um ao de outro; a glorificação da alma, ao contrário do que postulam certas filosofias de influência espírita, exige e implica a glorificação do corpo. A primeira vez que isso me ficou claro foi quando um amigo traçava um paralelo entre o Pecado e a Redenção. O pecado arrastara o corpo à corrupção do túmulo e à morte; ora, se a salvação não fosse capaz de resgatar também o corpo humano desta desordem original, então haveria ainda um aspecto da existência humana que permaneceria sob o poder de Satanás a despeito do Sacrifício de Cristo. A culpa seria maior que a Redenção e, o Pecado, maior do que a Graça, o que é absurdo. Logo, também ao corpo humano – a este corpo humano que Deus quis assumir! – está destinada a Bem-Aventurança, também ele é capaz da Glória. Como exatamente se dará isso é-nos desconhecido; nas palavras do Apóstolo, trata-se daquilo que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não imaginou. Mas sabemos, com certeza, que haverá olhos para ver e ouvidos para ouvir o que Deus tem preparado para os que O amam.

E a Assunção da Santíssima Virgem é motivo para que nos alegremos e, juntando-nos aos cristãos de todos os séculos, cantemos as glórias da Bem-Aventurada Mãe de Deus, d’Aquela que foi Imaculada desde o primeiro instante da Sua concepção; d’Aquela a Quem Deus, tendo tomado por Mãe quando desceu à terra, não permitiu que sofresse a corrupção do túmulo à qual Ela, não havendo tido jamais parte com o pecado, não estava por justiça sujeita.

Na verdade, a festa hoje celebrada é a coroação daquela outra que nós celebramos no dia oito de dezembro: é o cumprimento das promessas de Deus, a realização plena de Sua vontade, o arremate de Sua obra mais perfeita que Ele não deixaria inacabada! Porque parece que faltaria alguma coisa na História da Salvação se a Santíssima Virgem não tivesse sido elevada aos Céus: faltaria um troféu importante da vitória sobre a Morte e, sobretudo, faltaria uma graça que o Todo-Poderoso não teria concedido nem mesmo Àquela que foi chamada de “Cheia de Graça”, faltaria um agrado que o Senhor não fizera nem mesmo à Sua própria Mãe – e, se Ele tivesse negado a glorificação do Corpo Àquela que O carregou do ventre, nós outros, pecadores miseráveis, não poderíamos jamais ousar esperá-la para nós próprios. Mas o Deus Altíssimo não é mesquinho e, por isso, nós podemos ter esperança. Maria Santíssima foi assunta aos Céus, e a Vitória de Cristo está completa. Salve, ó Virgem Gloriosa! Lembrai-Vos de nós na presença de Deus. Rogai por nós, os pecadores. Sede em nosso favor. Alcançai-nos as graças de Deus. Sede nossa salvação.

Assumpta est Maria in caelum:
gaudent Angeli, laudantes benedicunt Dominum.