Pe. Lodi em Recife – II

Também hoje, domingo 19 de junho, o pe. Lodi esteve em Recife – dando, pela manhã, mais uma interessantíssima palestra no Círculo Católico de Pernambuco. À semelhança da palestra de ontem, estive presente e ponho aqui à apreciação dos leitores do Deus lo Vult! a gravação amadora, feita do celular.

Hoje, o padre Lodi falou da castidade como um dos pressupostos para a defesa da vida e, em particular, falou do homossexualismo, da recente decisão do STF a respeito da “união homoafetiva” e do PLC 122/2006.

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Agradecemos ao pe. Lodi pela visita e pela disposição de estar conosco por estes dois dias. Que a Virgem Santíssima possa abençoar e tornar fecundo o seu ministério sacerdotal. E que o Coração Imaculado de Maria livre-nos da maldição do aborto!

O rei está nu!

Alvíssaras! A despeito dos descalabros do STF, ainda resta um mínimo de bom senso no judiciário brasileiro: um juiz de Goiás cancelou um registro de “união estável” feito por uma dupla de sodomitas em Goiânia. O gesto é pequeno – aliás, certamente será derrubado nas instâncias superiores – e o meritíssimo juiz provavelmente sofrerá, a partir de agora, a implacável perseguição da Gaystapo; mas tem uma força simbólica muito grande. Houve em Goiás quem não quisesse abaixar a cabeça diante dos despautérios que vêm de Brasília. Houve em Goiás quem se recusasse a queimar alguns grãozinhos de incenso diante dos deuses do Novo Olimpo. Houve em Goiás quem não abrisse mão da sua consciência nem da sua capacidade de pensar e, na contramão do mundo, afirmasse claramente que o branco é branco, a despeito do Supremo Tribunal Federal insistir em dizer que é preto. Houve em Goiás um juiz digno da toga que veste!

O magistrado [juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal e Registros Públicos de Goiânia, Jeronymo Pedro Villas Boas] contestou a decisão do Supremo, e disse que a Corte não tem competência para alterar normas da Constituição Federal. O artigo 226 traz em seu texto que, “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão”. Esta seria a norma que o juiz entendeu inviolável.

Alvíssaras! Para ser possível viver em sociedade, é fundamental haver respeito à autoridade e à hierarquia; mas existem algumas situações nas quais o absurdo é tão gritantemente manifesto (lembremo-nos de que o STF decretou que a Consituição era inconstitucional, agindo deliberadamente contra tanto a letra do texto constitucional quanto contra a manifesta intenção da Assembléia Constituinte) que os subordinados precisam se levantar contra os seus superiores e lhes chamar à razão. E assim teve a coragem de dizer um juiz em Goiás: “a Corte não tem competência para alterar normas da Constituição Federal”! Disse o que era evidente e que todo mundo já sabia, mas ninguém tivera ainda a coragem de o dizer; como, no conto, todos fingiam admirar a “roupa que os tolos não eram capazes de ver” do monarca envaidecido, e ninguém tinha coragem de gritar que o rei estava nu [créditos ao pe. Lodi pela analogia].

Enquanto isso, encerra-se o prazo de recurso para o PDC 224/2011 (que sustava “a aplicação da decisão do Supremo Tribunal Federal (…) que reconhece a entidade familiar da união entre pessoas do mesmo sexo”), e ninguém apresenta recurso. A matéria foi devolvida ao relator. Os gestos dos descontentes com o golpe de Estado dado pelo STF em 05 de maio p.p. são tímidos, como se houvesse um medo de ferir susceptibilidades ou de se parecer retrógrado, homofóbico… ou tolo. Mas os que mantêm o seu bom senso intacto perfazem a imensa maioria dos cidadãos de bem deste país, a despeito do que decidam onze lunáticos (não eleitos pelo povo, é sempre bom frisar) lá em Brasília. É preciso ter a coragem de defender os valores inegociáveis. É preciso mostrar o descontentamento com as arbitrariedades dos poderosos. É preciso gritar que o rei está nu.

A Câmara e a “união homoafetiva”

Entrem na área de enquetes do site da Câmara. Dêem uma olhada por lá, como quem não quer nada, como quem está apenas navegando ao acaso, e vejam se não existe nenhuma anomalia que salta aos olhos.

Eu ajudo. Trago aqui as últimas sete enquetes realizadas. Atenção para os períodos de votação!

13/06/11 a 28/06/11 – Tráfico de drogas
07/06/11 a 10/06/11 – União homoafetiva
24/05/11 a 07/06/11 – Publicidade infantil
12/05/11 a 24/05/11 – Exame da OAB
06/05/11 a 12/05/11 – Código Florestal
26/04/11 a 06/05/11 – Plebiscito sobre desarmamento
12/04/11 a 26/04/11 – Biografias não autorizadas

Perceberam? Todas as enquetes têm duração de mais ou menos quinze dias. Há duas exceções: a enquete sobre o código florestam durou somente uma semana e – senhoras e senhores, pasmem! Temos um novo recorde! – a enquete sobre a “união homoafetiva” ficou no ar por apenas três dias!

Afinal de contas, que enquete é esta? Durante os três em que ela esteve aberta (de terça-feira até ontem), recebeu 19.238 votos. A pergunta era a seguinte: “Você concorda com o projeto (PDC 224/11) que susta a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união homoafetiva?”. Na quarta-feira, um amigo me informou sobre ela, dizendo que o “não” estava ganhando com uma larga vantagem: tinha então 2114 votos (81%).

O que é o PDC 224/11? É um projeto de decreto legislativo, da autoria do sr. deputado João Campos, que “[s]usta a aplicação da decisão do Supremo Tribunal Federal  proferida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, que reconhece a entidade familiar da união entre pessoas do mesmo sexo”. É um projeto simples, de um único artigo, que tenciona reverter a disparatada decisão do STF (do mês passado) de equiparar a dupla homossexual à união estável entre o homem e a mulher. Provavelmente motivada por esta discussão, a câmara dos deputados – a casa do povo! -, sempre solícita em saber a opinião do povo brasileiro, colocou no ar a enquete supracitada.

Recordando: na quarta-feira, o “não” – “não, eu não concordo com este projeto de decreto, e acho que a dupla homossexual tem direito aos mesmos benefícios da união estável sim” – estava ganhando com 81% dos votos. Segundo o Ancoradouro informou, esta enquete deveria ficar no ar até o dia 21 de junho. Ora, como é possível que hoje, 10 de junho, mais de dez dias antes do prazo dado inicialmente, a enquete já esteja fechada?

O “não” estava ganhando com 81% dos votos na quarta-feira. Encerrada às pressas, a enquete contou ao final com 19238 votos, dos quais 55% disseram-se favoráveis ao PDC 224/11 – sem dúvidas uma virada notável, entre a quarta e a quinta-feira. É claro que a Câmara não divulgou o motivo pelo qual antecipou tanto o fim desta enquete e, portanto, apenas especulamos… mas é difícil não pensar que esta tão clara mudança de ventos tenha desempenhado um papel determinante no encerramento precoce da enquete.

Pela aprovação do PDC 224/11 já! A vontade de onze ministros eleitos diretamente pelo Presidente da República não pode passar por cima da vontade da esmagadora maioria da população brasileira. Afinal, nós vivemos em um regime democrático, e é inadmissível que, em uma democracia, a vontade popular seja tão solenemente contrariada. O povo brasileiro é contra esta palhaçada que passa um verniz de legalidade nesta caricatura de família que é a dupla homossexual. Afinal de contas, o que é que vale? A vontade do povo, ou o lobby do Movimento Homossexual? Estamos sob uma democracia, ou sob uma ditadura gay?

Nota da CNBB contra a “união homoafetiva” do STF

[Enfim, foi publicada. Original no site da CNBB. Todos os grifos são meus.]

Nota da CNBB
a respeito da decisão do Supremo Tribunal Federal
quanto à união entre pessoas do mesmo sexo.

Nós, Bispos do Brasil em Assembleia Geral, nos dias 4 a 13 de maio, reunidos na casa da nossa Mãe, Nossa Senhora Aparecida, dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar e esclarecer a respeito da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Saudamos todas as famílias do nosso País e as encorajamos a viver fiel e alegremente a sua missão. Tão grande é a importância da família, que toda a sociedade tem nela a sua base vital. Por isso é possível fazer do mundo uma grande família.

A diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural. As Sagradas Escrituras, por sua vez, revelam que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e os destinou a ser uma só carne (cf. Gn 1,27; 2,24). Assim, a família é o âmbito adequado para a plena realização humana, o desenvolvimento das diversas gerações e constitui o maior bem das pessoas.

As pessoas que sentem atração sexual exclusiva ou predominante pelo mesmo sexo são merecedoras de respeito e consideração. Repudiamos todo tipo de discriminação e violência que fere sua dignidade de pessoa humana (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2358).

As uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo recebem agora em nosso País reconhecimento do Estado. Tais uniões não podem ser equiparadas à família, que se fundamenta no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e educação dos filhos. Equiparar as uniões entre pessoas do mesmo sexo à família descaracteriza a sua identidade e ameaça a estabilidade da mesma. É um fato real que a família é um recurso humano e social incomparável, além de ser também uma grande benfeitora da humanidade. Ela favorece a integração de todas as gerações, dá amparo aos doentes e idosos, socorre os desempregados e pessoas portadoras de deficiência. Portanto têm o direito de ser valorizada e protegida pelo Estado.

É atribuição do Congresso Nacional propor e votar leis, cabendo ao governo garanti-las. Preocupa-nos ver os poderes constituídos ultrapassarem os limites de sua competência, como aconteceu com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Não é a primeira vez que no Brasil acontecem conflitos dessa natureza que comprometem a ética na política.

A instituição familiar corresponde ao desígnio de Deus e é tão fundamental para a pessoa que o Senhor elevou o Matrimônio à dignidade de Sacramento. Assim, motivados pelo Documento de Aparecida, propomo-nos a renovar o nosso empenho por uma Pastoral Familiar intensa e vigorosa.

Jesus Cristo Ressuscitado, fonte de Vida e Senhor da história, que nasceu, cresceu e viveu na Sagrada Família de Nazaré, pela intercessão da Virgem Maria e de São José, seu esposo, ilumine o povo brasileiro e seus governantes no compromisso pela promoção e defesa da família.

Aparecida (SP), 11 de maio de 2011

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Presidente da CNBB
Arcebispo de Mariana – MG

Dom Luiz Soares Vieira
Vice Presidente da CNBB
Arcebispo de Manaus – AM

Dom Dimas Lara Barbosa
Secretário Geral da CNBB
Arcebispo nomeado para Campo Grande – MS

Ainda a repercussão sobre o STF e a “União Homoafetiva”

– Pe. Paulo Ricardo sobre o homossexualismo e a ideologia gay. Novo “Parresía”, não deixem de ouvir.

– Voto Católico: “Quando os juízes se tornam senhores absolutos por causa de nossas omissões”. Destaco: “Como cidadãos, sentimo-nos desrespeitados e manifestamos total repúdio ao comportamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A ordem natural, o bem comum e o próprio sentido comum do povo, que não aceita como natural esse tipo de união; são rejeitados como posturas pouco esclarecidas, quando em seu lugar são entronizados os lugares comuns e posições ideológicas, tidas como luzes reservadas a uma “elite” ilustrada que se arroga a missão de transformar o país contra a própria realidade das coisas”.

Dê ao STF cartão vermelho! “Entre aqui e escreva para o STF com respeito e firmeza. Faça uso de seu direito de exprimir-se diante das autoridades públicas para lhes manifestar sua inconformidade com aquelas disposições que afetam sua vida e a de seus filhos”.

Disparates do Novo Olimpo (sobre o STF e a “união homoafetiva”)

Verifico, ademais, que, nas discussões travadas na Assembléia Constituinte a questão do gênero na união estável foi amplamente debatida, quando se votou o dispositivo em tela, concluindo-se, de modo insofismável, que a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto.

Voto do Ministro Ricardo Lewandowski,
no STF sobre a “União Homoafetiva”

Ontem o Brasil assistiu a (mais) um triste episódio da loucura moderna, onde a Constituição Federal foi rasgada e queimada diante do altar da Ideologia Gayzista sob o patrulhamento ideológico da Gaystapo e os aplausos da plebe ignara. Por dez votos a zero, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “[o]s casais homossexuais têm os mesmos direitos e deveres que a legislação brasileira já estabelece para os casais heterossexuais”.

A decisão, sinceramente, não surpreendeu ninguém. Acredito que não havia uma única pessoa esperando que este julgamento terminasse de outra forma que não a capitulação resignada diante do lobby gay. No entanto, o julgamento teve pelo menos o mérito de pôr a descoberto o modus operandi dos auto-intitulados novos deuses neo-pagãos do Olimpo que eles chamam de “Supremo Tribunal Federal” e onde os excelentíssimos senhores ministros julgam-se árbitros onipotentes que não devem prestar contas a absolutamente nada e nem ninguém. Nem mesmo à Constituição Federal.

Pois o ministro Lewandowski fez questão de dizer, com todas as letras, a frase em epígrafe: é “insofismável” que, para a Assembléia Constituinte de 1988, “a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto”. Peço vênia para reproduzir um trecho do “Diário da Assembléia Nacional Constituinte (Suplemento “B”), p. 209”, citado pelo Lewandowski, que trata exatamente desta mesmíssima discussão de ontem, mas travada em 1988:

O SR. CONSTITUINTE GASTONE RIGHI: – Finalmente a emenda do constituinte Roberto Augusto. É o art. 225 (sic), § 3º. Este parágrafo prevê:

‘Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento’

Tem-se prestado a amplos comentários jocosos, seja pela imprensa, seja pela televisão, com manifestação inclusive de grupos gays através do País, porque com a ausência do artigo poder-se-ia estar entendendo que a união poderia ser feita, inclusive, entre pessoas do mesmo sexo. Isto foi divulgado, por noticiário de televisão, no show do Fantástico, nas revistas e jornais. O bispo Roberto Augusto, autor deste parágrafo, teve a preocupação de deixar bem definido, e pede que se coloque no §3º dois artigos:

‘Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento’.

Claro que nunca foi outro o desiderato desta Assembléia, mas, para se evitar toda e qualquer malévola interpretação deste austero texto constitucional, recomendo a V. Exa. que me permitam aprovar pelo menos uma emenda.

O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Isso é coação moral irresistível.
O SR. PRESIDENTE (ULYSSES GUIMARÃES): – Concedo a palavra ao relator.
O SR. CONSTITUINTE GERSON PERES: – A Inglaterra já casa homem com homem há muito tempo.
O SR. RELATOR (BERNARDO CABRAL): – Sr. Presidente, estou de acordo.
O SR. PRESIDENTE (ULYSSES GUIMARÃES): – Todos os que estiverem de acordo permaneçam como estão. (Pausa). Aprovada (Palmas).

Nunca é demais repetir: para a Constituição Brasileira, a união estável abrange, única e exclusivamente, pessoas de sexo distinto. Isto foi expressa e taxativamente debatido durante a Assembléia Constituinte, e o texto da Carta Magna que trata do assunto foi escrito desta maneira exatamente “para se evitar toda e qualquer malévola interpretação deste austero texto constitucional”. E os senhores deuses do Novo Olimpo sabiam perfeitamente disto.

E, no entanto, o que vigorou no STF ontem foi exatamente esta “malévola interpretação deste austero texto constitucional” que os constituintes fizeram questão de evitar em 1988. Os ministros do Supremo votaram conscientemente contra o texto constitucional e a expressa intenção da Assembléia Constituinte. Isto existe? Infelizmente, no universo dos disparates do Novo Olimpo, tudo existe e tudo é possível. Se a Constituição veda, dane-se a Constituição. São estes os homens que nos governam e que, do alto de suas cátedras no Supremo Tribunal, julgam-se no direito de decidir qualquer barbaridade que lhes passe pela cabeça. Nem mesmo a Carta Magna é capaz de oferecer resistência à sua sanha destruidora da ordem natural da sociedade. Se a lei é contra o que eles pensam e dá muito trabalho mudar a lei, basta ignorá-la. Ninguém se incomoda. Todos aplaudem.

O Carlos Ramalhete manifestou uma posição interessante na lista “Tradição Católica”, que me permito reproduzir parcialmente aqui:

O matrimônio deve ser protegido em função do futuro, mas o que se está fazendo é celebrar o “afeto” e as relações sexuais do presente, o que não é da alçada do Estado e não tem interesse algum para a sociedade.

Se o que se está fazendo é celebrar e “reconhecer”, por alguma razão bizarra, o “afeto” de quem vive em adultério ou em fornicação,  realmente faz todo o sentido do mundo botar no mesmo saco quem vive em parceria de sodomitas. Isso não tem nada a ver com família; é simplesmente uma celebração estatal (!) da existência de desejo sexual.

[…]

O “casamento” civil e sua paródia “light”, a união estável, passaram a ser simplesmente contratos de prostituição, garantindo direito ao patrimônio em troca de sexo.

Eu concordo que, na prática, o que se vem fazendo é realmente “uma celebração estatal da existência de desejo sexual”. Mas discordo que seja esta a função primária da figura da “união estável” no texto da Constituição Federal. Para a Carta Magna, o objetivo da união estável é o reconhecimento de uma situação de fato com vistas à sua conversão em casamento. Seria, em um mundo razoável, o correspondente civil do Matrimônio realizado sem a forma canônica (que, p. ex. na Idade Média, era reconhecido como verdadeiro Matrimônio) na esfera eclesiástica, o qual deve ser regularizado. No entanto e infelizmente, é verdade que, na prática, a “união estável” parece existir mais com vistas ao pagamento de pensões e divisão de bens. Existe com vistas ao divórcio, e não mais à sua conversão em casamento. Deste jeito, de fato, deixou-se de haver correspondência entre a lei civil e lei natural há muito tempo. Por conta não da lei, mas de deturpações da lei como a que assistimos ontem.

E agora que os deuses do STF aprovaram uma nova modalidade de contratos de prostituição, o que muda? Firmou-se jurisprudência e, portanto, a maior parte (provavelmente todas) as decisões de casos análogos nas instâncias inferiores deverá se pautar pela tristemente histórica votação de 05 de maio de 2011. E, daqui para frente, as coisas só tendem a piorar. Não sabemos que outros tormentos nos virão da morada dos novos deuses. Resta-nos, pelo menos, registrar para o futuro as inacreditáveis loucuras sobre as quais vivemos. É sexta-feira. Ofereçamo-nos em reparação ao Altíssimo por (mais) este ultraje. Triste Brasil, outrora Terra de Santa Cruz governada por Cristo-Rei e, hoje, entregue aos descalabros dos novos deuses do Olimpo moderno! Que Deus tenha piedade de nós.

CNBB – Comunicado à Imprensa

[De novo, antes tarde do que nunca e, de novo, é melhor do que nada.

A propósito, não recebi resposta à carta enviada a Dom Dimas.

Fonte: CNBB.]

Comunicado à imprensa

em 01/10/2009 13:22:07

A Assessoria de Imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) esclarece que, contrariamente ao que foi veiculado pela imprensa nesta quarta-feira, dia 30 de setembro, a CNBB não emitiu nenhuma nota em apoio à indicação de qualquer candidato ao cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Esclarece, ainda, que a opinião do Secretário Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, divulgada pela imprensa, foi dada em uma entrevista, concedida após a indicação do Dr. Antônio Toffoli já ter sido oficialmente anunciada. Na ocasião, Dom Dimas expressava os votos de que o novo Ministro pudesse desempenhar suas funções segundo os valores éticos e cristãos, e que pudesse, assim, colaborar para que a justiça se cumpra sempre mais em nosso país. A resposta, portanto, deve ser lida neste contexto.

A CNBB reafirma seu respeito à autonomia das instituições democráticas do país e às autoridades constituídas, confiando que sempre se regerão pelos princípios da justiça, da ética e da verdade.

Brasília, 1º de outubro de 2009

Pe. Geraldo Martins Dias

Assessor de Imprensa da CNBB

Ligeiro apanhado

– Toffoli foi “aprovado com folga no Senado”. Impressionante! A sabatina enfrentada ontem pelo advogado, miraculosamente, deve ter convencido os ilustres senadores de que José Dias Toffoli tem a “reputação ilibada” e o “notório saber jurídico” exigido pela Constituição para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal ao qual ele foi indicado.

Afinal, ainda ontem à noite, o Correio Braziliense publicava que os Senadores questiona[va]m reputação ilibada e notório saber jurídico de Toffoli. “Indago se não há negligência na avaliação do notório saber jurídico, pois vossa excelência foi reprovado em dois concursos públicos. Não fez mestrado, nem doutorado, não há obra publicada. Sua trajetória profissional também não está ligada a grandes causas”, disse o senador Alvaro Dias. Mas não adiantou; o STF, Casa da Mãe Joana que é, está aceitando gato, cachorro e papagaio.

* * *

Médicos ingleses não salvam suicida. “Kerrie Wooltorton tinha 26 anos e uma depressão grave. Morava sozinha em um flat na cidade de Norwich, na Inglaterra. Tentou se matar nove vezes em menos de um ano. Ela ingeria uma substância feita para evitar o congelamento do párabrisa do carro para tirar a própria vida. Era salva no hospital, depois de uma diálise para retirar a toxina do seu corpo. Na décima tentativa, escreveu uma carta para os médicos dizendo que não queria ser salva por eles e que ‘estava 100% consciente das consequências do seu ato’. Seu pedido foi respeitado. Os médicos consideraram que salvá-la poderia ser uma violação do seu desejo”.

A publicação é de hoje, mas a notícia é de 2007. Mas eu tenho uma dúvida: a eutanásia não é legalizada na Inglaterra, ou é? Em não sendo, qual a diferença essencial entre ela e o suicídio da garota da notícia, a ponto de justificar a legalidade desta última e a proibição daquela?

* * *

Bento XVI recorda aos tchecos que não existe liberdade sem verdade. “Recordando o 20º aniversário da chamada ‘Revolução de Veludo’, contra o regime comunista, o Papa pediu uma ‘formação integral, baseada na unidade do conhecimento enraizado na verdade, para responder a uma nova ditadura, a do relativismo combinado com o domínio da tecnologia'”.

Não é de hoje que o Papa ataca a ditadura do relativismo. Quantas vezes Pedro vai precisar falar para os católicos entenderem?

Carta à CNBB – Nomeação de Abortista para o STF

[Carta enviada a Sua Excelência Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário-Geral da CNBB, por ocasião do apoio à indicação de Toffoli para o Supremo Tribunal Federal.]

Sua Excelência Reverendíssima,
Dom Dimas Lara Barbosa,
Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,

Conceda-me V.E.R. a sua bênção!

Excelência, foi com profundo pesar que encontrei nos meios de comunicação – v. http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u630895.shtml – a seguinte manchete: CNBB defende indicação de Toffoli para o STF. E a seguinte frase proferida por V.E.R.:

“O ministro sempre tem declarado ser uma pessoa católica. O próprio padre Toffoli dá testemunho do irmão, não só falando da sua competência como também do seu proceder ético. Nesse sentido, esperamos que no Judiciário possa exercer sua função contando com a colaboração do futuro ministro de fazer a justiça acontecer no nosso país”.

Não consigo compreender os motivos que levaram V.E.R. a fazer semelhante declaração, nem sei quem está assessorando V.E.R., mas sei que tal declaração é um profundo e doloroso golpe desferido contra os católicos que, nesta Terra de Santa Cruz, amamos a Igreja de Nosso Senhor e nos esforçamos para defender os Seus direitos.

O ministro que “sempre tem declarado ser uma pessoa católica” é, além de petista (e V.E.R. deve se lembrar do recente caso do direito à objeção de consciência negado a dois petistas pelo Conselho de Ética do partido), publicamente favorável ao aborto e ao “casamento” de homossexuais, como pode ser visto na seguinte reportagem da revista VEJA:

O senhor é católico praticante, e a Igreja defende a manutenção da criminalização do aborto. Não há aí uma contradição? Respondo com tranquilidade: sou contra o aborto. E duvido que exista sobre a Terra algum ser humano favorável ao aborto. Mas o problema tem de ser encarado de outro ponto de vista: qual é a melhor forma de combatê-lo? Qual é a melhor maneira de diminuir o número de casos de aborto? A criminalização não é a resposta. Ela pode até ser importante do ponto de vista moral para dizer que é algo errado, incorreto, mas não resolve o problema. Não adianta alimentar uma polêmica de religião versus estado ou de feminismo versus Igreja. É necessário que as pessoas pensem na melhor forma de combater o aborto. Resumindo: sou contra o aborto e contra sua criminalização.

[…]

O senhor também já deu parecer favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Essa é uma posição do governo? Essa é uma posição da interpretação das leis do Brasil. Está clara na Constituição a proibição de discriminação de qualquer espécie. Eu entendo que a Constituição atende também à realidade do homossexualismo. Na medida em que há uma relação homoafetiva, você tem de protegê-la legal e constitucionalmente. A Igreja tem todo o direito de considerar isso um pecado. Aquele que é católico vai se entender com a Igreja. Agora, o estado e AGU têm de se pautar pela Constituição, que proíbe a discriminação de qualquer espécie.

Fonte: http://veja.abril.com.br/060509/entrevista.shtml

Então, resumindo: o sujeito é petista, é publicamente favorável ao aborto, publicamente favorável à união civil entre pessoas do mesmo sexo e, portanto, publicamente favorável a coisas que são frontalmente contrárias à Lei Natural, e V.E.R. vem a público defender a sua nomeação para o Supremo Federal Tribunal, enaltecendo a sua “competência” e o seu “proceder ético”? Que competência, Excelência? Que ética?

Perdoe-me V.E.R. pela dureza das palavras que este email carrega, mas é preciso dizê-lo com clareza: Excelência, estamos cansados! Estamos cansados de nos envergonharmos dos nossos bispos e de nossa Conferência Episcopal. Estamos cansados de encararmos a CNBB como sendo uma inimiga da qual, a qualquer momento, pode vir um golpe traiçoeiro desferido contra a Igreja de Nosso Senhor. Estamos cansados de dar murros em ponta de faca e de defendermos em público tudo aquilo que a Igreja ensina e defende para, depois, no dia seguinte, os meios de comunicação publicarem que a CNBB defende precisamente o contrário. Com que cara ficamos nós, Excelência, que não queremos senão ser católicos, quando os nossos bispos vêm a público defender o contrário do que a Igreja defende? Como não sentir uma profunda dor da alma, ao vermos que as nossas muralhas estão guardadas por sentinelas pusilânimes e relapsas, que parecem não temer Aquele Dia no qual o Justo Juiz vai pedir contas do trabalho que fizeram e deixaram de fazer?

Para ficar somente no exemplo do caso concreto (poderíamos trazer incontáveis outros), no caso da presente indicação do petista abortista para a vaga do Min. Direito no Supremo Tribunal Federal, vários católicos Brasil afora protestaram contra a presença do defensor do aborto no STF. Para não me alongar desnecessariamente, tenha V.E.R. a bondade de conferir os seguintes links:

http://contra-o-aborto.blogspot.com/2009/09/toffoli-o-papista.html

http://diasimdiatambem.wordpress.com/2009/09/29/toffoli/

E então, Excelência? Quando nós, católicos, levantamo-nos em público contrariamente à nomeação de um sujeito que é pró-aborto para o Supremo Tribunal Federal do Brasil e, no dia seguinte, as manchetes dos jornais dizem que a CNBB apóia a indicação do mesmíssimo indivíduo para o mesmíssimo cargo, como Vossa Excelência acha que nós ficamos? De que maneira podemos defender a Igreja, se os senhores bispos desta Terra de Santa Cruz estão empenhados em atraiçoá-La covardemente?

Excelência, não queremos senão ser católicos. E não queremos senão ter bispos católicos, que parem de atrapalhar o já árduo trabalho de defender a Igreja nesta sociedade paganizada onde vivemos. É acaso isso pedir demais? Será possível que a Conferência vai continuar a vida inteira militando contra tudo aquilo que a Igreja sempre ensinou e defendeu? Será possível, Excelência, que nos será negada até mesmo a esperança de vislumbrar uma luz no fim do túnel?

Com uma profunda dor na alma,
e rezando pelos Sucessores dos Apóstolos,
subscrevo-me,
filialmente,

Jorge Ferraz
Leigo Católico,
Recife/PE

Oração e doenças, aborto e STF

Saiu no Diário de São Paulo: Estudos mostram que oração ajuda na cura de doenças graves. “Em um estudo com 455 idosos internados, Koenig observou que a média de internação dos que frequentavam a igreja mais de uma vez por semana era quatro dias. Já os que iam raramente ou nunca chegavam a passar até 12 dias hospitalizados. Outra pesquisa, feita pela Faculdade de Medicina de Dartinouth, revelou que a probabilidade de pacientes cardíacos morrerem após a cirurgia era 14 vezes maior entre os que não participavam de atividades religiosas. Em seis meses, 21 morreram. Já todos os 37 que se declararam extremamente religiosos tiveram alta”.

Isso não é evidência de sobrenaturalidade – até porque, até onde me conste, este efeito se observa independentemente da crença do doente, e pode muito bem ter as suas raízes em mecanismos psicológicos. Mas um amigo trouxe uma provocação interessante: se os que crêem são mais facilmente curados de doenças graves do que os que não crêem, será que a seleção natural não vai levar os ateus à extinção?

Enquanto isso, é noticiado que deve sair a qualquer momento a indicação de Toffoli para o Supremo Tribunal Federal, para ocupar a vaga do ministro Menezes Direito. Quem é José Antonio Dias Toffoli? Infelizmente – mas não surpreendentemente -, é mais um abortista. Que teve a capacidade de se dizer “contra o aborto e contra sua criminalização”.

E é “católico praticante”! Há exatamente um ano, eu escrevi aqui no Deus lo Vult! contra quem julga poder se dizer católico e fazer o contrário do que prega a Igreja, como se esta esquizofrenia espiritual fosse a coisa mais normal do mundo. Infelizmente, não há nenhuma novidade no STF: Lula indica mais um abortista, e mais um católico parece fazer parte do fã-clube das Católicas pelo Direito de Decidir. E, segundo o estudo supracitado, o dr. Toffoli parece ter maior expectativa de vida do que um Richard Dawkins da vida. E provavelmente pode fazer muito mais mal do que o nada ilustre cientista. E é “tão” católico praticante quanto o falecido ex-ministro. É impressionante. Tem coisas que só o PT faz por você.