Curtas

‘O Papa vai contra o Vaticano II’, afirma Hans Küng. Piada. O teólogo suíço rasga as vestes porque – segundo ele – Bento XVI vai contra um Concílio Ecumênico e isso não pode ser feito. No entanto, Küng pode perfeitamente ir contra o Papa, e com isto está tudo muito bem. A entrevista contém uma quantidade tão colossal de besteiras que eu não sei se o caso de Hans Küng é de senilidade, esquizofrenia intelectual ou alguma outra patologia rara ainda não devidamente catalogada. Sei, no entanto, que é grave. E é sintomático que este senhor seja levado a sério pelos meios de comunicação.

* * *

Tolices beato-marxistas, pelo Percival Puggina, sobre a Campanha da Fraternidade. “Perdoem-me os mais benevolentes que eu. Mas ano após ano, servindo-nos sempre um pouco mais do mesmo lero-lero beato-marxista e um pouco menos da palavra de Deus, a CNBB já foi bem além da minha capacidade de tolerância. Ao longo dos anos, foi perfeitamente possível encontrar impressões digitais e carimbos das suas pastorais sociais em documentos que deixavam claro que o Reino de Deus tinha partido político na Terra. Ou não?”

* * *

PT decide apoiar PNDH-3. Entenderam? O Partido dos Trabalhadores apóia o Programa Nacional de Direitos Humanos, aquele que é a favor do aborto e do “casamento” gay, entre outras sandices. “Os petistas também mantiveram na resolução apoio do partido ao Programa Nacional de Direitos Humanos editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de 2009. Depois da polêmica em torno do programa, os delegados do PT entenderam que o partido deve manifestar ‘apoio incondicional ao programa’ por considerar que ele é ‘fruto de intenso processo de participação social'”. E o que os “católicos petistas” vão dizer agora?

* * *

– Notícias do fim do mundo: Ele virou mulher. Ela não quer deixá-lo. “A britânica Andrea Fletcher sempre foi a feliz companheira do respeitado escritor e jornalista John Ozimek e mãe de Rafe, 5 anos. […] Após o último Natal, porém, John apareceu com uma novidade: nunca foi feliz sendo homem. Quer ser uma mulher. E já tem um nome: Jane Fae. Andrea foi pega de surpresa. Ficou confusa. Mas, com o tempo, (…) simplesmente aceitou a mudança”. Nem sei o que comentar. Domine, miserere.

* * *

Rainha da Espanha se diz contra casamento gay – há bom senso na monarquia. “Posso compreender, aceitar e respeitar que haja pessoas com outra tendência sexual, mas que essas pessoas se sentem orgulhosas por serem gays? Que subam em trios e saiam em manifestações? Se todos os gays saíssem em manifestações… o trânsito entraria em colapso. Se essas pessoas querem viver juntas, vestirem-se de noivos e casarem-se, podem estar em seu direito, ou não, segundo as leis de seu país: mas que não chamem isso de casamento, porque não é. Há muitos nomes possíveis: contrato social, contrato de união”.

* * *

Imagem de Jesus fumando e bebendo causa indignação na Índia. A mim, também causa. Não por causa do fumo ou da bebida; que Nosso Senhor bebia é um dado que se encontra nos Evangelhos, e é perfeitamente possível imaginá-Lo fumando junto com os Seus amigos. O problema é o que foi feito com o ícone sacro, a caricatura que raia à  blasfêmia. Só gostaria de saber em que contexto do livro educativo para o primário se encontra esta imagem. Porque não consigo imaginar um que não seja simplesmente provocativo.

Curtas

As maravilhas de uma editora que se diz católica. “É simplesmente incrível como a cada dia que passa os católicos que conhecem a doutrina, a moral e a disciplina oficiais da Igreja se surpreendem com as coisas que encontram nos locais em que tais coisas deveriam ser conservadas naturalmente”. O pior é que, a cada dia, a gente se surpreende menos com essas coisas.

* * *

– Outro exemplo: do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia! É uma revista de liturgia. E tem tanto lixo, de uma ponta a outra do artigo, que eu não sei nem o que comentar. “Nas duas celebrações ficou evidente a relação liturgia e ecologia: as duas celebrações aconteceram em espaço aberto, em contacto direto com a terra e o céu, com o sol e a lua, o ar, as estrelas, a escuridão da noite e a chuva… Os diversos elementos – cestos, vestes, vasos de argila, bombons – foram confeccionados pelas comunidades locais, em projetos de economia sustentáveis… Os textos bíblicos e as palavras (monições, orações, cantos, poemas…) que acompanharam os diversos ritos, faziam clara referência aos elementos cósmicos, ligando o memorial da páscoa de Jesus ao grito da terra, das águas e de toda criação”. Tem horas em que a vontade que dá é a de soltar um palavrão e pronto.

* * *

Apelo aos bispos silenciosos, que [ainda] não assinaram o abaixo-assinado contra o PNDH-3. É simples e rápido. Vão lá.

* * *

Vida: o primeiro instante. É um artigo da conceituadíssima revista de incontestável profundo valor científico, a SUPERINTERESSANTE. Quem tiver estômago para o ler e, depois, comparar com o artigo do Schwartsman que eu comentei aqui na semana retrasada, verá que é praticamente a mesma coisa. Com a diferença de que a revista da Abril publicou o lixo dela em 2005. A Folha, esperou cinco anos para reciclar a porcaria.

* * *

O que Chávez, Zelaya e Lula têm em comum ver com Palpatine? “Atualmente, na América-Latina, observa-se um fenômeno muito peculiar, embora não inovador: utilizam-se de instrumentos democráticos para destruir as bases da democracia, enquanto os líderes se disfarçam como amigos do povo”.

* * *

Uma homenagem ao programa nacional-socialista dos direitos humanos. É uma figura. Cliquem.

* * *

¡Más honestidad, por favor! É de junho passado, mas eu ainda não havia lido. “[H]a de ser obvio por qué demando más honestidad en el presente debate sobre el Concilio. En vez de acusar a otros, incluso al Papa, de desear volver a un pasado anterior al Concilio, habría que aconsejar a todos estudiar sus libros y volver a examinar su posición sobre el Concilio. Porque no todo lo que fue dicho y hecho después del Concilio, fue llevado a cabo en concordancia con el mismo”.

* * *

A situação da Igreja: uma ameaça, uma chance. De Dom Henrique, bispo auxiliar de Maceió Aracaju. “O clero e os religiosos deveriam deixar de lado as ideologias, as teorias pouco cristãs e nada católicas defendidas em tantos cursos de teologia e livros muito doutos e pouco fiéis, e serem mais atentos ao clamor do povo de Deus e aos sinais dos tempos – sinais de verdade, que estão aí para quem quiser ver, e não os inventados por uma teologia ideologizada de esquerda! Além disso, é necessário considerar que a Igreja não é nossa: é de Cristo. Ele a está conduzindo, a está purificando, a está levando onde ele sabe ser o melhor para que seu testemunho seja mais límpido, coerente e puro”.

* * *

Secretária de Educação assina portaria que garante uso de nome social a travestis e transexuais. “Um estudo entitulado Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas, realizado pela Rede de Informação Tecnologia Latino Americana (Ritla), mostrou que a discriminação está presente entre os jovens, na rede pública de ensino do DF. Do total, 16,3% dos alunos com mais de 18 anos, não gostariam de ter homosexuais como colegas de classe. Entre estudantes que têm entre 17 e 18 anos, o índice sobe para 20,5%. Entre os mais novos, com menos de 11 anos, o índice fica em 48,7%. A pesquisa foi realizada com 9.937 estudantes, que foram ouvidos no ano de 2008 em 84 escolas das 14 Diretorias Regionais de Ensino”.

* * *

– E, enquanto isso a Vodafone pede desculpa por mensagem homofóbica publicada por funcionário. Em inglês, com printscreen do tweet que causou a celeuma, aqui.

Recomendando

1. Blog do Pe. Elílio: Convite ao eclesiocentrismo. “[O] eclesiocentrismo bem entendido é a alternativa ortodoxa a toda e qualquer «cosmolatria», pois que é incompatível com toda «exaltação» do mundo. O eclesiocentrismo é hoje rejeitado porque parece que só se pode falar bem do mundo e mal da Igreja; de outro modo, somos tachados de «pré-conciliares». (…) Ora, o «mundo» pelo qual o Senhor não rezou (cf. Jo 17,9) e que nós somos chamados a não amar (cf. 1Jo 2,15) condensa uma existência afastada de Deus e contrária a seus desígnios. Não podemos ser ingenuamente otimistas com relação ao «mundo», a ponto de não reconhecer que nele atuam real e eficazmente forças obscuras e contrárias a Deus. O livro do Apocalipse fala sobejamente da luta travada na história entre as forças do bem e as do mal. Santo Agostinho diz a mesma coisa com os conceitos de «cidade de Deus» e «cidade terrestre» em constante litígio entre si. A «adoração» do mundo é fruto do otimismo ingênuo que tem vigorado na mentalidade dos católicos nas últimas décadas. Fruto desse mesmo movimento é a relativização ou marginalização da Igreja”.

2. Blog do Pe. Clécio: Grupo de Coroinhas – celeiro de vocações. “De fato, convivendo com o sacerdote, os pequenos iam percebendo a importância daquele homem que era tão procurado: visitava os doentes, confessava os penitentes, aconselhava casais em crise, julgava dissídios na comunidade, pregava o Evangelho, celebrava a Santa Missa. E mais: os pequenos viam a piedade do padre, breviário em punho, mergulhado na oração”.

A purificação da Igreja

Perguntaram, aqui no Deus lo Vult!, sobre a Igreja “sempre necessitada de purificação” da qual fala a Lumen Gentium. Eu já havia dito, no próprio post, que é necessário distinguir a Igreja em Si dos membros da Igreja. Falar que a Igreja precisa de purificação, portanto, só pode ser entendido como uma metonímia, onde “Igreja” está significando “os membros da Igreja”. Não vejo como possa ser possível um outro sentido para a expressão que preserve a ortodoxia.

Que a Igreja é Santa e Santificante em Si, julgo ser óbvio, e não vou me deter nesta demonstração. No entanto, a Igreja é uma sociedade, é composta por membros, dos quais nem todos são santos. Pode-se perfeitamente dizer que a Igreja é Santa não somente em Si, mas também em Seus membros santos. É neste sentido, portanto, e somente neste, que se pode dizer que a Igreja precisa de purificação: em Seus membros pecadores.

O princípio da não-contradição não diz, simplesmente, que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Diz que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo sob um mesmo aspecto, e isto faz toda a diferença. Não é sob o mesmo aspecto que a Igreja é Santa e “precisa de purificação”. A Igreja é Santa em Si. Precisa de purificação em Seus membros pecadores. São modos distintos. Não apenas não há contradição, como isto é um fato incontestável: os membros pecadores da Igreja fazem parte da Igreja e precisam de purificação.

Podem questionar a oportunidade da expressão. Mas é uma discussão infrutífera: não faz diferença, pois o ensino do Magistério deve ser acolhido no seu sentido católico, e não repudiado até que seja expresso da forma que julgarmos melhor. O que a assistência do Espírito Santo garante é a inexistência de erros, e não a mais perfeita formulação das Verdades. Posso concordar facilmente que o texto conciliar poderia ser escrito melhor; não posso concordar, de nenhuma maneira, que isso seja motivo para um leigo descartá-lo.

Até porque não há “invenção” alguma ao dizer que a Igreja precisa de purificação. Os seguintes trechos – os grifos são meus – são dos dois maiores doutores da Igreja, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, e estão ipsis litteris no “Memória e Reconciliação” da Comissão Teológica Internacional. Antes que mo digam, eu sei que a CTI não é Magistério. Mas não estou argumentando com textos da CTI, e sim com textos de dois doutores da Igreja citados pela CTI. Ei-los:

Observa St. Agostinho contra os pelagianos: “A Igreja no seu conjunto afirma: Perdoai-nos os nossos pecados! Ela, portanto, tem manchas e rugas. Mas, mediante a confissão as rugas são removidas, mediante a confissão as manchas são lavadas. A Igreja está em oração para ser purificada pela confissão, e enquanto os homens viverem na terra isto será assim” (25), E S. Tomás de Aquino precisa que a plenitude da santidade pertence ao tempo escatológico, enquanto a Igreja peregrinante não se deve enganar a si mesma afirmando ser sem pecado: “Que a Igreja seja gloriosa, sem mácula nem ruga, é o objectivo final para o qual tendemos em virtude da paixão de Cristo. Isto apenas existirá, no entanto, na pátria eterna, e não já na peregrinação; aqui […] enganar-nos-íamos se disséssemos não ter qualquer pecado” (26).

[…]

25. St. AGOSTINHO, Sermo 181,5,7: PL 38, 982.

26. S. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica III q.8 a.3 ad 2.

Memória e Reconciliação, 3.3

Em outro sentido, portanto, não há que se compreender o texto do Vaticano II. Que ninguém o faça; nem para pregar uma doutrina diferente da Doutrina Católica, e nem para instigar a desobediência no seio da Igreja e arrogar-se o direito de julgar o Magistério.

Igreja Santa e Pecadora?

[Traduzo trecho do Angelus do Papa Bento XVI de ontem. Lembrei-me da malfadada expressão “Igreja Santa e Pecadora” que encontramos amiúde. Desnecessário dizer que o Papa não a utiliza. A idéia por ele retomada é a da Lumen Gentium, capítulo 8: “a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação”.

A Igreja conter pecadores no Seu seio é diferente da Igreja ser pecadora; a primeira expressão é uma obviedade e, a segunda, é herética. É no primeiro sentido que deve ser entendido tudo quanto vem de Roma. São os modernistas que abusam do termo – infeliz, reconheçamos – para “dessacralizar” a Igreja e negar o artigo do Credo segundo o qual a Igreja é Santa.

Conheço uma única utilização da expressão “Igreja Santa e Pecadora” por um Papa: foi João Paulo II em 1982. É claro que o Papa a aplica no sentido católico. No entanto, desde então – talvez por causa da confusão que ela causou -, nunca mais foi utilizada…]

Caros amigos, a mais bela flor brotada da palavra de Deus é a Virgem Maria. Ela é as primícias da Igreja, jardim de Deus sobre a terra. Mas, enquanto Maria é a Imaculada – assim a celebraremos depois de amanhã [terça-feira] -, a Igreja tem continuamente necessidade de Se purificar, porque o pecado prejudica [insidia] todos os Seus membros. Na Igreja, está sempre em ato uma luta entre o deserto e o jardim, entre o pecado que torna a terra árida [inaridisce] e a Graça que a irriga para que produza frutos abundantes de santidade. Rezemos, assim, à Mãe do Senhor, a fim de que Ela nos ajude, neste tempo do Advento, a “endireitar” [raddrizzare] as nossas veredas, deixando-nos guiar pela palavra de Deus.

Bento XVI
Angelus, 6 dicembre 2009

Um, dois, três, quatro, cinco

1. Antes de viajar, mulher deixa US$ 40 mil em moedas raras para santa cuidar. “Eu tive de viajar e fiquei com medo de deixá-las em casa. Queria que a Virgem Maria tomasse conta delas pra mim – e ela fez isso, porque vocês [os funcionários do santuário] as encontraram”. Posuimus Te custodem, como o Fedeli diz algumas vezes. Certas manifestações de confiança são realmente impressionantes.

2. Nova campanha ateísta: deixem as crianças em paz!! Mais bobagem. “Os pais não devem obrigar suas crianças a seguir sua fé religiosa, essa seria uma escolha pessoal e só deveria ser feita pela criança quando ela fosse mais crescida e pudesse fazer a escolha por seguir alguma religião ou não por si mesma”. E por qual misterioso motivo os pais deveriam obrigar a criança a seguir o indiferentismo religioso ou o ateísmo? Parece piada: reclamam da educação religiosa e fazem campanha por uma educação atéia! Por que não deixam a criança optar pelo ateísmo quando for mais crescida?

3. Natal nazista. Uma exposição alemã; seguindo os links, é possível encontrar algumas fotos. “As autoridades queriam tirar dessa festa, que era para elas a celebração do solstício de inverno, a pagã “Julfest”, todas as referências a Jesus Cristo, o bebê judeu na manjedoura. Além de infestar as bolinhas da árvore com suásticas e trocar a estrela por um sol, os líderes do governo alteraram as letras das cantigas natalinas para eliminar todas as referências a Jesus”. Mas os difamadores de plantão serão capazes de dizer (1) que é mentira; ou (2) que foi idéia do Papa. Querem apostar?

4. O grau de autoridade do “Ensinamento de Magistério” do Concílio Vaticano II. “Assentados nos princípios de hermenêutica enunciados por S.E. Mons. Felici, podemos afirmar que a ninguém — seja Bispo,  padre, teólogo ou o povo de Deus – é facultado o direito de “desprezar” os ensinamentos do Vaticano II. Enquanto provenientes do Magistério Supremo,  gozam de uma excelência e de um alcance extraordinários. Se, de um lado, as pessoas instruídas  não podem ser impedidas de examinar os fundamentos das declarações do Vaticano II (em consonância com aquilo que impõe a supracitada hermenêutica), de outro também, ninguém  deve, temerariamente, recusar-lhes reverente acatamento, interno e externo”. E o autor, Mons. Brunero Gherardini, certamente não pode ser apodado de modernista e nem de “neo-con”.

5. Meu querido Frei Betto! Quem o diz é o Chalita. “Mas afinal, o que está acontecendo? Como a Canção Nova, que sempre criticou a Teologia da Libertação – mesmo quando se dizia a verdadeira Teologia da Libertação[ -], como dá espaço para quem, com muito afeto, faz propaganda de Frei Betto?”

Qual é MESMO o Oitavo Mandamento?

Há quase seis meses, o Veritatis Splendor publicou um texto sobre o desprezo do Magistério Ordinário. Há quase seis meses, o blog Pacientes na Tribulação protestou contra este texto. Há quase seis meses, eu publiquei aqui no Deus lo Vult! alguns comentários sobre o texto do Pacientes na Tribulação. Por quase seis meses, o assunto pareceu ter morrido. No entanto, hoje, a paciência de alguns parece ter se esgotado, porque foi publicado, no supracitado blog, um texto atacando a mim.

Não vou me demorar nesta bobagem que considero uma monumental perda de tempo. O Deus lo Vult! foi acusado de ser “um advogado do diabo”, de fazer algo que “já é diabólico”, de ter “uma desonestidade intelectual assustadora”, de “incoerência e parcialidade”. Tudo bem. Afinal de contas, cada um é obviamente livre para achar o que quiser deste blog que mantenho. Registre-se a opinião do autor cujo nome não está no “About” do Pacientes na Tribulação [p.s.: achei o nome do autor, está nos comentários e no canto inferior direito da página].

Tampouco vou me demorar na inútil polêmica entre apostolados que os que se auto-intitulam “a Tradição” parecem querer cultivar a todo custo. Primeiro fato: ninguém é citado nominalmente no texto original do Veritatis, apenas uns genéricos “tradicionalistas anti-Vaticano II”. Segundo fato: já no próprio título, o autor do texto-protesto do Pacientes na Tribulação chama o Veritatis de hipócrita. Os fatos estão nos links acima, ao alcance de qualquer um pelo módico custo de um clique, e falam por si sós.

O que eu não entendo é a necessidade de se fazer um escarcéu em cima disso. Se alguém quer refutar um texto, refute-o simplesmente. Os ad hominem sejam usados com parcimônia. Pressuponha-se a boa fé dos interlocutores. Por exemplo, no caso em pauta, a única sentença atribuída diretamente aos “tradicionalistas anti-Vaticano II” no texto do Veritatis Splendor é “ninguém é obrigado a aceitar o Concílio Ecumênico Vaticano II porque este não foi um Concílio dogmático, não falou em Magistério Extraordinário”. A resposta do Pacientes na Tribulação – “nós rejeitamos os textos do concílio (ao menos parcialmente) porque eles contém erros contra a Fé, e não simplesmente porque o concílio não foi infalível” – é relevante, mas é feita com tanta pirotecnia que o texto se presta, sim, muito mais a atacar o VS do que a defender o que quer que seja.

E a cortina de fumaça levantada – os apelidos depreciativos, as acusações de má fé, de hipocrisia, de desonestidade intelectual e tutti quanti – obscurece o que é importante na discussão. As perguntas relevantes aqui são: quem disse que o Vaticano II contém erros contra a Fé? Qual a autoridade de quem pronunciou esta sentença? A afirmação clara e direta do Pacientes na Tribulação é rara até mesmo entre os críticos do Vaticano II (a acusação mais comum é a de ambigüidade). Mas, obviamente, não é porque o autor desconhecido de um blog Márcio disse em negrito que o Concílio “contém erros contra a Fé” que isso passa, ipso facto, a ser verdade. A propósito, acaso é atitude de um bom católico lançar publicamente acusações seriíssimas que nunca foram demonstradas de maneira cabal? O que era mesmo que se estava falando sobre o Oitavo Mandamento da Lei de Deus?

Recomendações

Dois grandes amigos meus publicaram recentemente livros pelo Clube de Autores. São pessoas que a maior parte dos meus leitores deve conhecer – o Rafael Vitola Brodbeck e o Taiguara Fernandes de Sousa, ambos do Veritatis Splendor – e que dispensam maiores apresentações. Gostaria de escrever uma resenha sobre os livros para apresentá-los, mas a escassez de tempo mo impede, infelizmente. Mas adianto a recomendação: cliquem nas capas dos livros para os adquirir.

livro-vitola livro-taiguara

Igreja Nova x Igreja Católica

Eu acho que já falei aqui algumas vezes do jornal “Igreja Nova”, lixo recifense pretensamente católico que envergonha esta Veneza Brasileira. Para o meu imenso desprazer, uma amiga daqui me avisou hoje que eles produziram uma nova edição do jornaleco herético, que foi distribuído nas portas das paróquias (não sei quais, ela não me disse) e que ela conseguiu digitalizado. Ei-lo abaixo: cliquem em cada uma das páginas para ampliar.

pág. 1
pág. 1
pág. 2
pág. 2

pág. 3
pág. 3
pág. 4
pág. 4

Simplesmente ridículo. “Seja bem vindo Dom Fernando, animador do modelo de Igreja do Vaticano II e discípulo de Dom Hélder. (…) Temos certeza que podemos anunciar com alegria que o desmonte acabou. Agora é tempo de reconstruir!” (p.1). “Nada temos contra o cidadão caruaruense, católico fervoroso, frade carmelita e especialista em Direito Canônico, José Cardoso Sobrinho. […] Foi a sua falta de vocação para Pastor que o levou a denunciar o padre Edwaldo Gomes aos tribunais da Cúria Romana, pela presença de um irmão anglicano na concelebração eucarística em ação de graças pelos 50 anos de sacerdócio, e a anunciar a excomunhão dos componentes da equipe médica que salvou a vida de uma menina vítima de estupro” (p. 2). Acaso quem escreve este tipo de lixo ainda pode se pretender católico? Nem há necessidade de refutar os textos; eles se refutam por si sós.

Reafirmo, no entanto, o que já disse aqui em outra oportunidade: estão claramente tentando manipular a imagem do novo Arcebispo de Olinda e Recife para que ele seja apresentado ao público como uma espécie de “anti-Dom-José-Cardoso”, paladino de uma “igreja nova” inventada pelos hereges modernos que é em tudo diferente d’Aquela fundada por Nosso Senhor. E, isso, nós não aceitaremos. A Igreja de Cristo é Aquela que foi fundada sobre Pedro e, enquanto o pastor que ocupar a Cátedra de Olinda estiver em comunhão com o bispo de Roma, teremos em Recife uma Igreja Católica, e não uma “igreja nova”. Que o Espírito Santo possa guiar Dom Fernando Saburido, o sucessor do gigante Dom José Cardoso Sobrinho.

Três curtas

– Sobre a nomeação de S. E. R. Dom Fernando Saburido para a Arquidiocese de Olinda e Recife e a palhaçada da mídia sobre o assunto que se encarna, por antonomásia, na manchete do Estado de São Paulo de ontem, o protesto funcionou. Muitos escrevemos cartas indignadas à redação [e ainda, entre outros, o Marcio Antonio protestou no Eles Não Sabem o Que Dizem e, o Marcelo Coelho, no Cooperador da Verdade] e, hoje, a matéria foi alterada, tendo o título mudado e todas as referências mentirosas à excomunhão da menina de nove anos retiradas do texto. Só é de se lamentar que o Estadão não tenha tido a decência de publicar uma errata e um pedido de desculpas pela cretinice.

Fifa repreende comemoração religiosa do Brasil na África, numa das mais surreais manifestações do laicismo militante dos nossos dias. “A religião não tem lugar no futebol”, foram as palavras ditas pelo diretor da Associação Dinamarquesa de Futebol, Jim Stjerne Hansen. O Vitola já comentou no blog do VS. Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco as torres das igrejas vão ser consideradas ofensivas à “laicidade das vias públicas”. A sanha persecutória dos inimigos de Cristo não tem limites.

– Da audiência geral do Papa Bento XVI de ontem:

Após o Concílio Vaticano II, produziu-se aqui a impressão de que na missão dos sacerdotes, nesta nossa época, há algo mais urgente: alguns achavam que se deveria construir em primeiro lugar uma sociedade diferente. A página evangélica que escutamos no começo chama a atenção, no entanto, sobre os dois elementos essenciais do ministro sacerdotal. Jesus envia os apóstolos, naquele tempo e agora, a anunciar o Evangelho e lhes dá o poder de expulsar os espíritos malignos. “Anúncio” e “poder”, isto é, “palavra” e “sacramento”, são, portanto, as duas colunas fundamentais do serviço sacerdotal, muito além de suas possíveis múltiplas configurações.

Quando não se leva em consideração o binômio consagração-missão, torna-se verdadeiramente difícil compreender a identidade do presbítero e do seu ministério na Igreja. Quem é, de fato, o presbítero, senão um homem convertido e renovado pelo Espírito, que vive da relação pessoal com Cristo, fazendo constantemente próprios os critérios evangélicos? Quem é o presbítero, senão um homem de unidade e de verdade, consciente dos seus próprios limites e, ao mesmo tempo, da extraordinária grandeza da vocação recebida, a de ajudar a estender o Reino de Deus até os extremos confins da terra? Sim! O sacerdote é um homem inteiro do Senhor, porque é o próprio Deus quem o chama e o constitui em seu serviço apostólico. E precisamente sendo inteiro do Senhor, é inteiro dos homens, para os homens.