“Direito & Saúde: o caso de Alagoinha”

Em março passado, completou-se um ano do assassinato dos gêmeos de Alagoinha. Na época, o IPAS lançou um documentário sobre o caso, que foi comentado pelo William Murat. Agora, há uma semana, o documentário completo (30 min.) foi disponibilizado para ser assistido na internet.

Foi a primeira vez que vi “Direito & Saúde: o caso de Alagoinha”. Nada de inesperado: as mentiras de sempre (como, p.ex., que o aborto inseguro é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil), o apelo emocional (com algumas cenas e entrevistas na cidade natal da menor duplamente agredida), a cantilena “o-estado-é-laico-e-mimimi” perpassando o documentário de uma ponta a outra. Ninguém lembra que a laicidade do Estado implica também, por definição, que ele não pode privilegiar a fé dos ateus em detrimento da Fé dos católicos. E ninguém lembra que o assassinato de inocentes não é uma questão religiosa. No final, o documentário é mais um exemplo do modus operandi abortista: mente, distorce alguns fatos quando é conveniente e ignora outros quando são desagradáveis, e faz a caveira da Igreja Católica, pintando-a como a grande vilã da história. Nada de novo.

Mas duas coisas interessantes. Primeiro, a declaração de um médico aos 10m18s. In verbis: “Então a gente não sabe realmente (…) Ela [a menina de Alagoinha] teria um risco muito aumentado de pré-eclâmpsia, de parto prematuro, ruptura prematura das bolsas, hemorragia pós-parto ou de ruptura interina mas, eu não sei dizer qual é o risco. Eu sei que é muito maior; eu não sei se é 1%, 2%, 3%, não sei; mas que é muito maior do que a população geral, isso era”. Então, o artigo do Código Penal que não pune o aborto quando “não existe outra maneira de salvar a vida da gestante” foi evocado para assassinar duas crianças porque a mãe teria (atenção ao tempo verbal) um certo risco (de magnitude desconhecida) de sofrer algumas complicações no decorrer da gravidez? O fato é que, no momento do aborto, ela não tinha nada! “Aborto preventivo” agora também é “legal” no Brasil?

E, segundo, a narrativa do seqüestro da garota. A partir dos 11 min. “Nós fomos ao hospital [IMIP] (…) a direção do hospital estava sendo pressionada”. “Fomos, Curumim, SOS Corpo, (…) a secretária de políticas (…) e uma secretária adjunta dela, fomos (…) conversar com a diretoria médica do IMIP”. “Ligávamos para os promotores (…) [perguntando] aonde nós podemos atuar (…) para garantir que a lei seja cumprida?”; “Nós estamos falando de lei, e eu acho que o Brasil sendo um país laico (…)”; “contactamos outro serviço de atendimento ao aborto legal, perguntamos se eles receberiam a garota”. “Conversamos com a mãe dela, explicamos a situação (…) colocamos para ela todas as possibilidades que ela tinha para que ela tomasse uma decisão”. “Ali mesmo ela assinou o pedido de alta. (…) E a gente fez uma operação de guerra, pegamos as coisas da menina, botamos dentro das sacolas, uma sai com a menina, a outra sai com a mãe, a outra sai duas para disfarçar, e o carro vem pegar de um lado, vem pegar do outro”. “Ela chegou [no CISAM] num carro preto, com vidro fumê”. “Começou o tumulto, a imprensa, já tinha gente aí de todo o lugar (…) eu fui lá, e a gente tratou de isolá-la na enfermaria”.

Lamentável. No documentário, também uma médica residente “contra” o aborto, as declarações de Lula e de Temporão, e muitas outras besteiras que nem vale a pena comentar. Enquanto isso, padrasto engravida menina de 12 anos no interior de Pernambuco. Na semana passada. A gestação já está em seis meses e, por isso, provavelmente, a menina estará livre do lobby abortista (contextualizando: aqui)…

A resistência, o Leão de Campos e a Sé de Pedro

Dom Antonio de Castro Mayer sempre me pareceu mais sensato e equilibrado do que Dom Marcel Lefebvre, a despeito de ambos quase sempre serem citados juntos na “resistência” ao Vaticano II – e também na excomunhão… Ontem, eu e mais dois amigos conversávamos sobre o assunto, julgando interessantes alguns aspectos da vida e do ministério episcopal do Leão de Campos.

Por exemplo, Dom Mayer não proibiu jamais nenhum dos seus padres de celebrar o Novus Ordo Missae. Apesar dele próprio ter sempre utilizado o missal de S. Pio V, em sua diocese nenhum padre foi impedido de adotar (caso desejasse) a Reforma Litúrgica. Cada padre de Campos recebeu uma cópia do Missal de Paulo VI quando ele foi promulgado, junto com uma nota diocesana avisando que, em Campos, manter-se-ia a viva a Liturgia tradicional, apesar de cada sacerdote ser livre para optar por uma ou outra forma de oferecer o Santo Sacrifício.

Mais: Dom Antonio nomeou párocos que celebravam o Novus Ordo. Ou seja, em Campos, havia paróquias onde as missas eram celebradas segundo a Reforma Litúrgica, e isso sem nenhuma perseguição do então bispo diocesano (ao contrário do que aconteceu no resto do Brasil – e mesmo em Campos, depois – em contrapartida, quando os bispos perseguiam quem ousasse continuar celebrando segundo as antigas rubricas). Em Campos, apesar dos problemas de consciência de Dom Antonio, as duas formas do Rito Romano coexistiram. Fico imaginando se a nossa situação atual não seria incomparavelmente melhor caso exemplos assim houvessem perdurado e se multiplicado… afinal, na prática, o que fez Dom Mayer foi uma aplicação diocesana (com mais de três décadas de antecedência) do que estabelece o Summorum Pontificum para toda a Igreja. O Missal de Paulo VI e o de São Pio V lado-a-lado. Com uma liberdade muito maior para este último – é evidente – do que se pode encontrar hoje, mas sem nenhuma perseguição de nenhum dos lados.

E Dom Mayer não foi jamais perseguido por causa disso. Não foi suspenso de ordens (ao contrário do prelado francês), não foi afastado, não recebeu censura alguma da Santa Sé. Um ano antes da sua renúncia em 1981, em visita ad limina apostolorum (junto com o então pe. Rifan, a propósito), encontrou-se com João Paulo II e, em Roma, tudo transcorreu em clima da mais completa normalidade. Apresentou ao Vigário de Cristo a situação da sua diocese, falaram sobre os assuntos pertinentes à visita, e a situação litúrgica em Campos não foi colocada em questão. Até se tornar bispo emérito, no início dos anos oitenta, Sua Excelência manteve-se em fiel espírito de submissão e respeito à Sé de Pedro. O que aconteceu depois disso foi mais complicado; mas, até João Paulo II aceitar a renúncia do bispo de Campos em 1981, Dom Mayer – ao que parece – serviu plenamente à Igreja de Cristo, como se espera que faça um Sucessor dos Apóstolos. Algumas pessoas, muitas vezes, “esquecem-se” disso, e querem ver no bispo de Campos somente o superior da União Sacerdotal São João Maria Vianney.

Sobre o mesmo assunto, ler também: Carta de D. Mayer ao Papa Paulo VI. Vejam-se as palavras, o tom, o objetivo. Destaco:

Cumpro, assim, um imperioso dever de consciência, suplicando, humilde e respeitosamente, a Vossa Santidade, se digne, por um ato positivo que elimine qualquer dúvida, autorizar-nos a continuar no uso do “Ordo Missae” de S. Pio V, cuja eficácia na dilatação da Santa Igreja, e no afervoramento de sacerdotes e fiéis, é lembrada, com tanta unção, por Vossa Santidade.

Ao que me consta, infelizmente esta carta não obteve nunca resposta…

Que assim seja!

Leio em ZENIT que Dom Fernando Saburido vai receber o pálio no próximo dia 29 de junho. A mesma notícia recorda que a peça de lã branca é “símbolo da união com o sucessor de Pedro”. Que assim seja! Oremus pro Antistite nostro Ferdinando – stet et pascat in fortitudine tua, Domine, in sublimitate nominis tui.

Leio também que o Papa Bento XVI, em discurso aos bispos do Regional Leste II da CNBB, disse recentemente que os bispos têm “a missão de ensinar com audácia a verdade que se deve crer e viver, apresentando-a de forma autêntica”, e também que eles devem “procurar que a liturgia seja verdadeiramente uma epifania do mistério, isto é, expressão da natureza genuína da Igreja, que ativamente presta culto a Deus por Cristo no Espírito Santo”; pois “[d]e todos os deveres do (…) ministério [episcopal], «o mais imperioso e importante é a responsabilidade pela celebração da Eucaristia»”. Que assim seja! Não só para a “Regional Leste II”, mas para todo o Brasil.

E, por fim, leio com alegria o Santo Padre lembrar que, para ser cristão, é necessário tomar a sua cruz. “Tomar sua cruz significa empenhar-se em vencer o pecado que obstaculiza o caminho em direção a Deus, acolher diariamente a vontade do Senhor, intensificar sua fé especialmente diante dos problemas, das dificuldades, do sofrimento”. Que assim seja! Para todos nós, ad majorem Dei Gloriam.

Comentários sobre a revolução paterna

Gostaria de tecer agora os comentários sobre o Pai-Nosso Revolucionário que não expus anteontem. Não há necessidade, creio eu, de se ser muito sistemático e analisar em pormenores cada um dos versos e estrofes da tal canção. A mensagem anti-católica fala por si só, e às escâncaras, não havendo muito o que esmiuçar.

Indo direto ao ponto: quem escreveu aquela música não tem Fé. Isto não é um juízo temerário, porque é a análise justa e honesta da “poesia” apresentada. O “pai” apresentado na música não é de todos, mas só dos “torturados” [pelo Regime Militar, quiçá], “marginalizados”, etc. A vontade do “deus” lá da música é que não sejam seguidas as “doutrinas corrompidas pelo poder opressor” [no caso, a Doutrina da Igreja Católica]. O que se pede a este “deus” não é a conversão do pecador, mas a destruição dos “reinos em que a corrupção é a lei do mais forte” (seja lá o que signifique esta frase). Este “pai” apresentado pela oração não é o conservador das coisas que criou – ao contrário, é “revolucionário”.

Não é preciso gastar cinco minutos de raciocínio para chegar à conclusão de que este “pai revolucionário” não é o Deus criador dos Céus e da Terra em Quem professamos a nossa Fé todos os dias. Portanto, este “deus dos oprimidos” não é o Deus da Fé Católica e, portanto, quem professa fé neste “deus” não pode, ao mesmo tempo, ter Fé no Deus Único.

Argumente-se contra isso que o sujeito pode, de boa fé, escrever e cantar este tipo de lixo. Concedo: o sujeito pode, sim, perfeitamente, ser um ignorante religioso a ponto de não saber mensurar o grau de heresia das coisas que escreve e canta. No entanto, se ele não sabe a Fé que tem, então ele não tem Fé, porque Fé é saber. Ao afirmar isso, está-se apenas fazendo uma constatação factual, sem nenhum juízo sobre o grau de culpabilidade do indivíduo que produz, canta e divulga este tipo de música. “Ah, ele pode ser um ignorante” – sim, pode. Mas isso não torna a sua música menos herética, e nem o autoriza a sair por aí apresentando um “pai revolucionário” como se o Deus Católico fosse.

Argumente-se ainda contra isso que a música apresenta, em suas partes e desconsiderados os significados mais comuns dos seus termos, muitas coisas que são aproveitáveis. Concedo, também; contra isso, no entanto, faço notar que (i) desconsiderar o sentido mais comum dos termos e o “contexto” da música para analisá-la “em si”, concedendo o máximo possível o beneplácito da boa interpretação, é falsear a obra artística, posto que a interpretação resultante deste procedimento pode ser (e, aliás, será quase sempre) completamente irreal; e (ii) qualquer coisa tem pontos aproveitáveis, pois o mal absoluto não existe. Certamente há muitas coisas boas e certas em todos os erros e heresias do mundo, e nem por isso o conjunto passa a ser aceitável por meio do aproveitamento das coisas certas e pela “ressignificação” das erradas. A heresia é condenável, mesmo que possua (como sempre possui) pontos positivos; este “pai-nosso revolucionário” é sim condenável, ainda que se possa encontrar nele algo de bom ou conceder uma interpretação ortodoxa às suas partes mais escandalosas.

Afinal de contas, provavelmente não existe ninguém no Inferno (à exceção talvez dos anjos) que nunca tenha feito, em sua vida, nada que aproveitasse. Do mesmo modo, certamente não existe ninguém no Céu – à exceção da Bem-Aventurada Virgem Santíssima [p.s.: e outras exceções] – que não tenha feito nada de condenável enquanto esteve na terra. Aplicar uma “tesoura” à revolução paterna do “deus” da TL para tentar salvá-lo é não ter respeito à Verdade (uma vez que ou se vai pôr em risco a Fé dos incautos aceitando tudo, ou se vai falsificar a realidade dando aos termos empregados pelos hereges um sentido distinto do que eles claramente possuem) e nem senso de realidade (por achar que semelhante idéia pode dar certo…).

Carta ao Santo Padre, dos participantes do encontro sobre o Summorum Pontificum em Garanhuns

Fonte: Diocese de Garanhuns

A Sua Santidade
O Papa Bento XVI

Beatíssimo Padre,

Participantes do “I Encontro Sacerdotal sobre o Motu proprio Summorum Pontificum, um grande dom espiritual e litúrgico para toda a Igreja”, realizado na cidade de Garanhuns, PE, Brasil, nos dias 17, 18 e 19 de junho de 2010, patrocinado pela Diocese de Garanhuns e pela Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, com o apoio e o incentivo da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, expresso em carta de S. Emcia. o Cardeal William Levada, no encerramento deste nosso encontro e ainda sob a influência da graça do Ano Sacerdotal, vimos expressar a nossa profunda gratidão pelo ministério petrino de Vossa Santidade, a nossa sincera solidariedade, união e plena comunhão, bem como o nosso leal desejo de colaborar com o Sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo na aplicação da Carta Apostólica Summorum Pontificum, colocando todo o nosso empenho na construção da “Paz litúrgica”, tão desejada por Vossa Santidade.

Este nosso Encontro, que foi previamente comunicado à CNBB e à Nunciatura Apostólica no Brasil, contou com a participação de Sacerdotes oriundos de diversas partes do nosso País, cada qual com a devida permissão do seu Bispo ou Superior, tendo sido realizado, portanto, dentro do mais autêntico espírito de comunhão eclesial.

É com esse espírito de comunhão e colaboração com a Igreja no Brasil e no mundo que imploramos humildemente a Vossa Santidade a Benção Apostólica para nossas pessoas e nosso ministério.

Garanhuns, 19 de junho de 2010.

+ Fernando Guimarães, Bispo Diocesano de Garanhuns, PE

+ Fernando Áreas Rifan, Administrador Apostólico – Campos, RJ

+ Adalberto Paulo da Silva OFMCap, Bispo Auxiliar emérito de Fortaleza, CE

Mons. Lucilo Alves Machado, Reitor do Rosário dos Pretos, Natal, RGN

Mons. Joelson Alves de Andrade, Pároco de Santo Antônio, João Pessoa, PB

Pe. Paulo Sampaio, C.O – Congregação do Oratório, São Paulo, SP

Mons. Sérgio Costa Couto, Reitor de Nossa Senhora do Outeiro da Glória, representando a Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ

Pe. Jailton da Silva Soares, Vigário Paroquial da Catedral de Natal, RN

Pe. Érico Rodrigues de Mello Falcão, Vigário Paroquial da Catedral de Maceió, AL

Diác. João Jefferson Chagas, Arquidiocese do Rio de Janeiro, RJ

Pe. Nildo Leal de Sá, Pároco de São Sebastião e São Cristovão, Arquidiocese de Olinda e Recife

Frei Pedro Rogério Martins OFMConv, Pároco de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB

Frei Marcelo da Silva Dutra OFMConv, Vigário Paroquial de Nossa Senhora Aparecida e Cristo Redentor, João Pessoa, PB

Pe. Expedito Miguel do Nascimento, Administrador Paroquial Nossa Senhora dos Remédios, Recife, PE

Pe. José Sampaio Alves, Pároco de Porteiras, Diocese de Crato, CE

Pe. Claudiomar Silva Souza, Pároco da Igreja Principal da Administração Apostólica S. João Maria Vianney, Campos, RJ

Manoel Lourenço de Oliveira, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE

Rodrigo Alves de Oliveira Arruda, seminarista da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, Paulista, PE

Dom Bento de Lyra Allertin OSB, Prior Conventual do Mosteiro de São Bento de Pouso Alegre, MG

Pe. Ricardo Pereira da Silva, Pároco de Cristo Rei, Arquidiocese de Campo Grande, MS

Pe. Salmuel Brandão de Oliveira MSC, Professor de Sagrada Escritura, Faculdade Católica de Fortaleza, CE

Pe. Carlos Augusto Azevedo da Silva, Pároco de Santa Maria Goretti, Arquidiocese de Belém, PA

Pe. Marcelo Protázio Alves, Pároco da Imaculada Conceição, Quipapá, Diocese de Garanhuns

Pe. Wiremberg Silva, Arquidiocese de Belém

Pe. Reinaldo Barbosa, Vigário da Paróquia de Santa Rita de Cássia, Arquidiocese de Sorocaba, SP

Pe. José Emerson Alves da Silva, Pároco de São Sebastião, Diocese de Garanhuns, PE

Pe. José Edilson de Lima, Administração Apostólica São João Maria Vianney, Juiz Auditor do Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro

Abaixo-assinado: Cura d’Ars, padroeiro dos sacerdotes

Esperava-se que o Papa Bento XVI, no fechamento do Ano Sacerdotal, proclamasse São João Maria Vianney como padroeiro dos sacerdotes. Para surpresa e decepção geral, no entanto, isso não aconteceu.

Nós, católicos apostólicos romanos, estamos sinceramente convencidos de que sacerdotes como o Santo Cura d’Ars são exatamente o tipo de sacerdotes dos quais a Igreja precisa nos tempos de hoje. Por este motivo, queremos divulgar o abaixo-assinado (a ser entregue a Sua Santidade) pedindo que São João Maria Vianney seja proclamado padroeiro de todos sacerdotes da Igreja Católica, como fora anunciado anteriormente e como é desejo do povo de Deus, a fim de produzir frutos de vida e santidade para a Igreja dos tempos de hoje.

O Presbíteros também já divulgou. Reproduzo abaixo o texto dele, com os textos para sacerdotes e leigos de língua portuguesa; para outros idiomas, visitem o site do abaixo assinado. Assinem, e divulguem!

* * *

Para sacerdotes:

Súplica dos sacerdotes a S.S. o Papa Bento XVI

Beatíssimo Padre,

desejamos manifestar a nossa gratidão pelo ano sacerdotal há pouco concluso, expressão da paterna solicitude de Vossa Santidade em relação a nós sacerdotes. Nessa ocasião, Vossa Santidade nos propôs como exemplo de ideal sacerdotal São João Maria Vianney, modelo do dom total a Jesus Cristo, sacerdote e vítima. Para melhor recolher os frutos deste ano sacerdotal, nestes tempos em que as vocações precisam ser encorajadas e os sacerdotes apoiados na fidelidade aos compromissos sacerdotais, vimos suplicar, Santo Padre, que haja por bem proclamar São João Maria Vianney Padroeiro de todos os sacerdotes da Igreja Católica, por ocasião da celebração da sua festa.

Asseguramos a Vossa Santidade as nossas orações, segundo as intenções da Santa Igreja e rogamos filialmente que se digne abençoar o nosso ministério…

Assine aqui! (para sacerdotes).

Para leigos, religiosos e seminaristas:

Petiçao em apoio à súplica dos sacerdotes

Fiéis da Igreja Católica, nós somos os primeiros beneficiários do ministério dos sacerdotes, que dirigimos a Sua Santidade o Papa Bento XVI esta súplica, para obter a proclamação de São João Maria Vianney Padroeiro de todos los sacerdotes da Igreja Católica. Desejamos associar-nos à petição dos sacerdotes, convictos de que do seu amor ao ideal sacerdotal dependa a nossa santificação…

Assine aqui! (para os leigos, religiosos e seminaristas)

“Pai-Nosso Revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos!”

Depois do sucesso do Trem das CEBs, segue o fantástico “Pai Nosso Revolucionário”, também mérito da PJ. Créditos ao Gustavo que primeiro encontrou a pérola no youtube – ambos a ouvimos ontem, quando voltávamos de Garanhuns.

Faço questão de colocar também a letra. Depois, com mais calma, teço alguns comentários.

* * *

Ôôô…

Pai nosso
dos pobres marginalizados.
Pai nosso
dos mártires, dos torturados…

Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida,
Teu nome é glorificado, quando a Justiça é nossa medida.

Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão
maldita toda violência que devora a vida pela repressão!

Ôôô…

Queremos fazer Tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador,
não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor!
pedimos-Te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões,
o pão que traz humanidade, que constrói o homem em vez de canhões.

Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte
perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte!
Protege-nos da crueldade, do esquadrão da morte, dos prevalecidos,
Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos…

Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos!

O Altar. O Céu.

De Recife para Garanhuns são boas três horas de viagem. Fi-las, ontem, duas vezes: indo e voltando. Seis horas de estrada (um pouco mais, devido às adversas condições climáticas tanto na Veneza quanto na Suíça brasileiras), junto com mais alguns amigos: fui à Cidade das Flores porque, lá, estava acontecendo (terminou hoje) o Encontro Sacerdotal sobre o Motu Proprio Summorum Pontificum. Alguns padres meus amigos estavam lá presentes; outros, conheci lá. No total, cerca de trinta padres de todo o Brasil reunidos em um congresso sobre a Forma Extraordinária do Rito Romano.

E fui ontem porque o único evento aberto para leigos no referido encontro foi o Pontifical celebrado por Dom Fernando Arêas Rifan, Bispo de Cedamusa e Administrador Apostólico da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Quis estar presente à referida Missa, para agradecer ao Altíssimo por este encontro e pedir-Lhe que ele dê frutos para o bem de toda a Igreja Santa de Deus. Claro que tiramos fotos, mas não as tenho ainda – elas virão (Pacheco?). Por enquanto, as principais imagens são as que ficaram impressas n’alma.

Que, aliás, eu não tenho palavras para exprimir. Não sei o nome de todos os acólitos presentes (cruciferário, “tocheiro”, “candelário”…), nem de todos os sacerdotes que estavam junto ao senhor bispo no Altar (fora o diácono, o sub-diácono e o presbítero-assistente, havia pelo menos mais dois), não sei os nomes de todos os paramentos e objetos litúrgicos que eu vi serem utilizados (entre aqueles, as luvas e as “sapatilhas” do bispo celebrante e, entre estes, a “candela”)… enfim, eu não saberia descrever, até por ignorância das expressões, a celebração que assisti ontem à noite. Sei apenas que foi portentosa.

E, na homilia, Sua Excelência falava sobre a importância de se dar o melhor a Deus. E contou a história do índio que assistia à Primeira Missa celebrada no Brasil (sobre a qual eu já falei aqui) e que, falando a outros recém-chegados, apontava para o Altar e apontava para o Céu. “O melhor comentário sobre a Missa que já vi” – disse ontem Sua Excelência. E eu me sentia então um pouco como aquele índio anônimo que, com tanta naturalidade, provavelmente até sem o perceber, foi o autor de um tão valioso comentário sobre a Santa Missa, que atravessa os séculos sem perder a sua força de expressão. O Altar, o Céu.

Porque não é necessário conhecer a língua, não é necessário entender pormenorizadamente o significado de cada uma das orações, dos gestos e das partes da Missa, não é necessário perceber cada um dos detalhes das funções de cada um dos sacerdotes e acólitos presentes no presbitério. A única coisa necessária é colocar-se humildemente em oração e deixar-se impressionar pelo espetáculo que se desenrola diante dos olhos. O Sacrifício do Filho de Deus. A Presença Real na Santíssima Eucaristia. O Altar. O Céu. E, com isso, colocar-se na presença de Deus, sem saber precisar ao certo se é a alma que se eleva ao Trono do Altíssimo ou se é o Céu que desce até tocar a alma. O que importa é que a alma – digamos – “deixe-se tocar” pelo Sagrado e, desse contacto propiciado pela Liturgia, possa haurir as graças necessárias para viver bem esta vida na Terra, a fim de um dia poder participar das Bodas Eternas do Cordeiro que a Santa Missa de certo modo antecipa. O Altar, o Céu. A Santa Missa. O Céu na terra.

“Eles deram o testemunho mais forte de sua fé: seu sangue”

É da semana passada, mas vale muito a pena para quem ainda não leu: “Do comunismo ao catolicismo e ao sacerdócio”. “Educado na União Soviética comunista, Yurko Kolasa não sabia nada da fé católica até o início de sua adolescência”. No entanto, a Igreja estava viva, mesmo sob a terrível perseguição que sofria.

E dava o testemunho silencioso – porém eloqüente – do sangue dos Seus mártires. E aquilo que Tertuliano dizia nos primórdios do Cristianismo permanece verdade até os dias de hoje: o sangue dos mártires é semente de cristãos. O martírio – palavra que significa precisamente “testemunho” – é capaz de provocar milagres. Até mesmo de transformar um militante comunista em sacerdote do Deus Altíssimo. Em pastor de almas.

Sanguis martyrum, semen christianorum! Prodigioso florescimento, que atravessa a História e dá sinais de vitalidade até mesmo nos tempos ateus modernos. Porque também nos modernos tempos de hoje – aliás, principalmente nos tempos de hoje – há perseguição religiosa, e há os que dão ao Todo-Poderoso o supremo testemunho do próprio sangue.

No moderno e evoluído século XXI – pois sim! Mas não é em vão. Os cristãos multiplicam-se quando são perseguidos. O sangue dos mártires fortalece a Fé dos que ficam. As suas orações diante do Altíssimo redundam em nosso favor. Semen christianorum! Deus não permitiria o mal se, dele, não pudesse tirar alguma coisa ainda melhor – diz Santo Agostinho. E o martírio é um exemplo bem claro desta verdade postulada pelo Bispo de Hipona. Da perseguição religiosa, do assassinato covarde, Deus tira o testemunho supremo do martírio: e permite que, desta radical fidelidade, nasçam outros cristãos.

Certa vez, alguém me disse que a única vantagem de se morar em Cuba era crescer escutando os gritos de “Viva Cristo Rei!” que os católicos davam no Paredón ao serem fuzilados. De fato, esta vantagem existe: a de forjar a própria Fé com base no testemunho vivo dos que dão o sangue por Cristo Nosso Senhor. Bendita seja a Igreja em Seus mártires! Que o sangue deles derramado possa aumentar em nós a Fé, e congregar na Igreja Imaculada de Cristo cada vez mais homens – criados por Deus para a santidade.

A salvação vem do Twitter!

A campanha do “CALA BOCA GALVAO” é uma coisa realmente interessante. Da primeira vez em que vi o vídeo, não entendi direito – achei que era alguma piada para divulgar o pedido de silêncio ao famoso locutor da Globo. Engraçada, mas… nada demais.

Só depois eu soube da história completa: por ocasião da abertura da Copa, os brasileiros começaram a twittar “CALA BOCA GALVAO”, e twittaram tanto que a expressão chegou ao topo dos Trending Topics, onde aliás está até hoje. Como estas estatísticas são mundiais, as pessoas que usam Twitter mundo afora começaram a ver a expressão “bombando”, e começaram a retwittar também perguntando o que significava, pois não conseguiam traduzir. Ou seja: não foi a “campanha-piada” que motivou as estatísticas disparadas, mas ao contrário: foram estas que ensejaram a piada!

E então os brasileiros começaram a sacanear, inventando histórias absurdas para “explicar” aos gringos o que “significava” aquilo. Surgiu de tudo: uma hora era uma música nova de Lady Gaga, outra hora (esta é a melhor) era uma campanha para salvar uns pássaros brasileiros (vejam o vídeo aqui). Morri de rir quando li o seguinte tweet “explicativo”:

Foto: "Não Salvo"

Vejam o vídeo que linkei acima para terem uma noção dos esforços que foram feitos para movimentar a piada. O início da história está aqui e, a repercussão, aqui (foi bater no El País, no The New York Times e na Globo).

Dada a repercussão mundial que a brincadeira alcançou, um monte de gente começou a falar no Twitter que “[o] CALA BOCA GALVAO mostra que se brasileiro se unisse para fazer alguma coisa útil, o país estaria em condições absurdamente melhores”. Eu discordo.

Primeiro que “alguma coisa útil”, por definição, não ia mobilizar tanto os brasileiros quanto a possibilidade de tirar sarro com a cara dos gringos. As pessoas precisam entender que a natureza da coisa mobilizada é, ela própria, força motriz da mobilização. É simplesmente irreal achar que os brasileiros iriam abraçar com tanto gosto uma “causa séria”. Não iam. Segundo, que eu não consigo imaginar nenhuma coisa análoga que pudesse “melhorar absurdamente as condições do país”. Estas não podem ser melhoradas pelo Twitter! Às vezes eu não sei em que mundo esta gente vive…

E, terceiro, porque se unir para sacanear os outros não é lá um exemplo de virtude capaz de “melhorar” as condições de um país. Eu entendo o bom humor brasileiro e morri de rir com a história toda; mas só consigo ver nela, no máximo, um dom jocoso inato, que de propriamente “construtivo” não tem lá muita coisa, nem mesmo em gérmen. Passa-me a impressão de que a “turma séria” do Twitter está tão desesperada por vislumbrar uma luz no fim do túnel que começa a ver “sinais” proféticos em qualquer coisa que apareça. Puro wishful thinking.

Mas que este vídeo do Hitler valeu a piada, ah, isso valeu…