O pelagianismo e “essa coisa de contar”: entre a TL e o Papa Francisco

Uma seqüência de três posts do Rorate Caeli (aqui, aqui e aqui), aos quais desgraçadamente o Fratres in Unum fez eco do lado de cá do Equador (aqui), colocou recentemente o mundo católico em polvorosa. O motivo é que o Papa Francisco encontrou-se com um grupo de representantes da CLAR (Confederação Latino-americana e Caribenha de Religiosas e Religiosos) e, neste encontro, teria feito algumas declarações inusuais. O encontro é fato, mas as declarações são fofoca pura no sentido mais depreciativo da expressão. No entanto, como elas ganharam enorme repercussão (saindo até nas páginas da mídia secular, como o El Mundo), pode ser proveitoso analisá-las um pouco.

De todas as coisas que podem ser concluídas a partir da leitura do texto, a mais evidente é a sua inverossimilhança tanto maior quanto mais filo-modernistas são as palavras que a CLAR põe nos lábios do Papa Francisco. O apogeu deste delírio se encontra aqui (na tradução do Fratres):

Partilho com vocês duas preocupações. Uma é a corrente pelagiana que existe na Igreja neste momento. Há alguns grupos restauracionistas. Conheço alguns; coube a mim recebê-los em Buenos Aires. E nos sentimos como se tivéssemos voltado 60 anos atrás! Antes do Concílio… Sentimo-nos em 1940… Um relato, só para ilustrar esse grupo, não é para que riam disso, eu tive respeito, mas preocupa-me; quando eu fui eleito, recebi uma carta de um desses grupos, e eles disseram: “Sua Santidade, nós lhe oferecemos este tesouro espiritual: 3.525 rosários.” Por que eles não dizem: “nós rezamos pelo senhor, pedimos…”? Mas essa coisa de contar… E esses grupos voltam a práticas e disciplinas que eu experimentei – não vocês, porque vocês não são velhos – a disciplinas, a coisas que naquele momento aconteceram, mas não agora, elas não existem hoje em dia…

Que o Papa não tenha nenhuma predileção especial pelas disciplinas católicas pré-conciliares é uma coisa que me parece bastante evidente. No entanto, que ele fosse capaz de zombar das orações que fiéis lhe entregaram, é um absurdo sem nenhum cabimento. Não é plausível – absolutamente! – que o Papa tenha pronunciado essas palavras, por pelo menos quatro razões.

Primeiro, porque o hábito de contabilizar rosários (e missas, e comunhões, etc.) não é uma prática da década de 40. Chama-se “ramalhete espiritual” e nunca deixou de ser praticada, ao menos esporadicamente, pela totalidade do mundo católico sério. Por ocasião do conclave que elegeu o Papa Francisco foi criado um site especificamente para este fim, cujos resultados foram depois entregues aos cardeais em Roma: naquele momento, eram «37450 Missas, 121434 Pai Nossos, 661646 Ave Marias, 41038 Angelus, 41988 Terços, 13853 Vias Sacras, 20130 Adorações (horas), 17843 Jejuns (dias) e 29401 Sacrifícios». Ainda: que me conste, o Apostolado da Oração (que não tem nada de “grupo restauracionista”!) sempre teve a prática de produzir ramalhetes espirituais, e não é crível que o Arcebispo de Buenos Aires pudesse desconhecer este fato. O mais provável, certamente, é que a parte podre da vida religiosa, a cúpula da CLAR que se encontrou com o Papa, por não rezar e por estar acostumada a tratar com desdém aquelas velhinhas de fitas vermelhas, desconheça o fato de que o costume não é apanágio do mundo tradicionalista.

Segundo, porque o Papa já falou de “pelagianismo” antes, e o alvo da crítica pontifícia era exatamente o oposto do excesso de orações: era a falta delas! De fato, assim se expressou o Papa Francisco: «os cursos de auto-ajuda na vida podem ser úteis, mas viver a nossa vida sacerdotal passando de um curso ao outro, de método em método leva a tornar-se pelagianos, faz-nos minimizar o poder da graça». Estas palavras estão no site do Vaticano e, portanto, nós temos certeza de que o Papa as disse; já as da CLAR…

Terceiro, porque imaginar que o Papa – e justo o Papa Francisco! – pudesse exercer a maledicência diante uma comitiva oficial é mais do que inverossímil: é ultrajante à pessoa do Santo Padre, injurioso, inadmissível e não pode ser tomado a sério por ninguém. Como disse um amigo, tem toda a cara de ser intriga TL, que lamentavelmente o mundo tradicionalista recebe de braços abertos e divulga alegremente como se fosse a coisa mais fidedigna do mundo. Mais uma vez, estas supostas palavras do Papa Francisco estão em franca oposição às suas palavras reconhecidamente autênticas: há não muito tempo, ele disse com todas as letras que «as fofocas destroem a Igreja»! Acusá-lo de fazer em privado aquilo que ele condena em público é tremendamente ofensivo, e semelhante insinuação não deveria ser aceita por ninguém sem que fossem apresentadas provas bastante sólidas a seu favor. E o relato oficioso de uma comitiva da CLAR não atende aos critérios mínimos de confiabilidade exigidos para pôr em dúvida o caráter do Papa Francisco.

Quarto, porque quando a coisa começou a feder a presidência da CLAR veio a público dizer que não era bem assim: lamentou a divulgação do texto e acrescentou, como se fosse uma banalidade, que «não se pode atribuir ao Santo Padre, com segurança, as expressões singulares contidas no texto, mas apenas o seu sentido geral».

“Apenas o seu sentido geral”, certo. Esta declaração camaleônica pode significar qualquer coisa. Ela, no entanto, nos dá autorização para rejeitar, e com veemência, que o Papa possa ter menosprezado a piedade tradicional de tantos católicos que rezam por ele. Dá-nos autorização para descartar esta intriga que um grupelho da Teologia da Libertação parece empenhado (com a inacreditável ajuda da mídia tradicionalista!) em provocar. Entre a TL e o Papa Francisco, parece-me óbvio que todo homem de bem tem o dever moral de se colocar ao lado deste último.

E no sentido geral, será que é possível interpretar corretamente estas declarações? Será que se pode criticar esta prática tradicional de alguma maneira? Sim, por certo, e fazer esta meditação é sem dúvidas proveitoso para quem tem o costume de confeccionar ramalhetes espirituais. Para tanto, remeto à leitura deste post, do qual traduzo (rápida e livremente) apenas o finalzinho:

A oração não muda Deus, ela muda a nós. Todas as nossas orações vocais, por mais que remontem às grandes tradições da Igreja, precisam desta espécie de substrato [hinterland] se nós não quisermos moldá-las, involuntariamente, às nossas próprias paixões.

E é a isto que eu penso que o Papa se referiu quando falou de Pelagianismo no contexto de contar rosários. (…) Se a oração é um sistema preconcebido e humanamente controlável – com as numerosas parafernálias das ações racionais -, então em que medida ela pode ser uma relação com Deus, uma união de corações e mentes? Não há máquinas de rezar, como não há máquinas de amar. Estas coisas não funcionam desta maneira.

Esta reflexão, sim, este sentido geral, é razoável imaginar que o Papa Francisco possa ter feito. O tom de deboche que a CLAR empregou (certamente para indispôr bons católicos para com o Vigário de Cristo, criando atritos desnecessários dentro da Igreja de Deus), este não. Decerto não vem do Papa, e sim do ranço estrebuchante de uma teologia moribunda que, contra tudo o que esperava, está vendo no Papa Francisco o coveiro destinado pela Providência a lançar a última pá de cal sobre o seu caixão.

Last but not least, não deixem de ver a foto (ao que parece, oficial) do encontro. Notem duas coisas. Primeiro, a total falta de respeito dos membros desta comitiva, apresentando-se à paisana diante do Vigário de Cristo: sem uma legenda na foto ninguém diria que se trata de superiores religiosos. Segundo, a cara do Papa Francisco, o novo Papa-Sorriso, que ainda outro dia afirmou que «o cristão jamais é triste». Vejam o terrível efeito que a CLAR conseguiu provocar no Bispo de Roma.

papaclaruno

Rezemos pelo Papa, porque ele precisa desesperadamente de nossas orações. Rezemos com amor e confiança, com submissão filial ao Vigário de Cristo, sem nos deixarmos perturbar com o que dizem inimigos declarados da Igreja Católica. Rezemos à Santíssima Virgem, a quem o Papa tem tão especial devoção, para que Ela o ilumine sempre no governo da Igreja e não o entregue jamais nas mãos dos seus inimigos. Mesmo dos que o visitam em comitivas oficiais. Mesmo dos que dão crédito a fofocas.

Publicado por

Jorge Ferraz (admin)

Católico Apostólico Romano, por graça de Deus e clemência da Virgem Santíssima; pecador miserável, a despeito dos muitos favores recebidos do Alto; filho de Deus e da Santa Madre Igreja, com desejo sincero de consumir a vida para a maior glória de Deus.

76 comentários em “O pelagianismo e “essa coisa de contar”: entre a TL e o Papa Francisco”

  1. Esta polêmica encontrou espaço (mais uma vez) na incrível disposição de alguns católicos em chafurdar o que está limpo, procurar algum ranso na vida do papa Francisco, qualquer conduta que o desabone. Que o façam os inimigos declarados da Igreja, isto já se espera. Ou nos emendamos de vez ou tomamos logo o nosso partido.

  2. Jorge, a reparar na expressão do Papa na foto com o grupo foi uma sacada ótima, rs. É natural, pela cara deprimida dele, que a gente imagine que o encontro não foi dos mais agradáveis.

    Até onde sei, é pecado espalhar informações negativas temerárias sobre qualquer pessoa, imagine só se essa pessoa é, tipo assim… o representante do Cristo da Terra! Certos blog católicos deveriam pensar mil vezes antes de postar uma fofoca sobre o Papa (e não é a primeira vez). Além de pecado, é ridículo.

    Valeu pelo post!

  3. Quanto li o post do Rorate Caeli imediatamente me veio à mente aquela pretensa situação vivida entre o Papa e Monsenhor Guido Marini. Conforme noticiado na ocasião, o Papa, além de ter dispensado os serviços do fiel monsenhor ainda por cima o cobriu de insultos chamando as vestes que este lhe ofereceu de “carnavalescas.” E no que deu? Em nada. O competente monsenhor continua fazendo o seu trabalho junto ao Santo Padre e não se falou mais no assunto. Só não mudou uma coisa: os responsáveis pela divulgação da notícia jamais se retrataram e a grande maioria dos leitores não percebeu que foi vítima de uma maldosa tentativa de desacreditar o Papa Francisco.
    Na minha opinião, estamos diante de uma situação semelhante. É triste, mas há poucos inocentes nesse mundo e infelizmente no mundo da Igreja não é diferente. Pouquíssimos prefeririam a morte a mentir ou desvirtuar as palavras de um Santo Padre.
    Para não ser tão dura, é claro que existe aquela situação, que todos conhecem, quando várias pessoas saem de uma reunião e dão versões completamente diferentes do que aconteceu e foi dito por lá. Nem sempre o fazem propositalmente, as vezes são vítimas da própria subjetividade. Mais um motivo para não divulgar fatos antes de uma séria investigação.

  4. Acho que a analise de que eles enxergam o Papa Francisco como “o coveiro destinado pela Providência a lançar a última pá de cal sobre o seu caixão” foi muitíssimo bem acertada, creio que assim como a conversão que está ocorrendo na África e na Ásia provoca uma reação violenta e propagandista do Islã (que por todos os meios tentam se fazer parecer maiores do que são), esta tendência caluniosa só pode ser sinal de desespero por parte de quem não sabe mais o que fazer, o que não é sinal de que devemos relaxar, pelo contrário, quanto mais encurralados eles estiverem maiores serão os absurdos dos quais teremos que nos defender.
    Concordo em todos os aspectos!(não que minha opinião valha alguma coisa)
    Obrigado pelo ótimo trabalho!

  5. No entanto quem deveria ser o primeiro a desmentir e afirmar o que o papa realmente disse deveria ser o porta voz do vaticano. Por que o silencio? e o Frates é um blog jornalístico. Não entendo a critica a um blog que nos mantém informado sobre tudo o que ocorre na igreja. Ele não inventou o acontecido, apenas postou. Os comentaristas são que dão sua opinião. Nada mais do que isso. Eis o fato, e mais ainda, publicou a resposta do Clar.

  6. É incrivelmente lamentável essa tendência de alguns canais de notícias do mundo rad-trad de divulgar quaisquer fofocas sobre o Santo Padre. O Fratres divulgou, horas após a eleição de Francisco, aquela mentira escabrosa de que o Papa teria humilhado Mons. Guido Marini com aquele estória de que “o carnaval acabou”. Muito mais do que a veracidade ou não das notícias, o que revolta é o fato de viverem na defensiva com relação ao Papa, como se ele não fosse nosso Pai espiritual, mas um inimigo que devemos temer, uma ameaça à fé que precisa ser vigiada o tempo todo. É no mínimo curioso o conceito deles sobre o que seja a “Tradição”. Acho ótimo um site de notícias como o Fratres, mas quando o editor-anônimo assume sua “linha editorial”, é uma tragédia.

  7. O Fratres é um site jornalístico? Tenho duvidas, pois também se trata ali de apologética, doutrina e afins. O comunicado publicado lá em seguida, pela tal CLAR, não teve a adesão dos comentários anteriores, que aliás contaram com muito bom senso por parte dos… comentaristas. A imensa maioria embarcou na fofoca. Curioso é que, na seqüência, surge um artigo nada jornalístico sobre a importância da correção fraterna! Com um viés muito interessante para a ordem dos fatos anteriores.
    Prezado Ferraz, irmão em Cristo: mais uma vez agradeço seu bom senso, equilíbrio e obediência ao Santo Padre. Suas palavras tem sido um bálsamo sobre a campanha ostensiva contra o Santo Padre que alguns tantos se empenham em disseminar.

  8. Prezado Jorge, salve Maria.

    No nosso outro debate indiquei entrevista “séria” concedida por Francisco, em um site “sério”, onde ele indubitavelmente questiona a necessidade dos sacramentos, a partir do exemplo referente aos católicos japoneses (“apenas o batismo bastaria?”, ele se questiona!).

    Agora ele novamente diz que os sacerdotes não são mais necessários, que já deram o que tinham que dar. Veja como batem as declarações neste sentido!

    Finalizando, inacreditável é também você crer que com toda esta tecnologia atual os participantes do encontro com Francisco não tenham gravado a conversa com um simples celular oculto dentro de algum bolso, digamos, mais modernoso…ainda mais este povo aí que adora uma modernidade!!!!

    Abração! Continuemos que em breve Cristo resolverá esta situação!!! Creio que nem ele aguenta mais o momento atual.

    Sandro de Pontes

  9. Quanto delírio sedevacantista! Desta praga maldita, livrai-nos, Senhor!

  10. “Peço-vos que rezem ao Senhor para que me abençoe, a oração do povo pedindo a bênção pelo seu bispo. Façamos em silêncio esta oração.” O preâmbulo a este pedido – benção que seria estendida a “todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade” – foi tudo menos protocolar. Francisco I surpreendeu os fiéis ao dizer que, antes da bênção, lhes iria pedir “um favor”. Devido à surpresa, à euforia ou ao respeito pelo novo líder, nenhum dos fiéis católicos ousou falar enquanto Francisco I esteve em silêncio.

  11. O histórico modernista de Francisco está para quem queira ver.Como bem lembrou o Sandro de Pontes, Francisco já disse várias e várias heresias em relação a Doutrina Católica.

    O problema é que os modernistas da TL se esqueceram que não estão vivendo nos anos 60,70,80, quando os únicos meios de informação eram os canais de televisão, jornais impressos, revistas,rádios…todos comprados e sempre tendentes a apoiar toda e quaisquer coisa que favorecessem os modernistas.

    A internet possibilita que qualquer escândalo que venha do clero modernista não fique oculto e venha a luz o mais rápido possível.

    O que me chama a atenção é que os católicos conservadores populares – que tem o estranho comportamento de apoiar e defender as mais estranhas declarações da Roma apóstata -ficarão sem palavras quando Francisco ou qualquer sucessor modernista não esconder mais o seu comportamento apostata.

  12. Guilherme, salve Maria.

    Concordo com você que o sedevacantismo é uma praga maldita! Para exterminá-la, basta que seja eleito um papa verdadeiro, que professe, como não poderia deixar de ser, a fé católica, e assim sedevacantismo será extinto instantaneamente.

    Rezemos para que Cristo suscite, o quanto antes, este papa, há tempos sumido, por causa dos meus pecados, e dos seus também. Deus nos pune por nosso tibieza, e não pense que não temos culpa.

    Cordialmente,

    Sandro de Pontes

  13. Jorge,

    Como você sabe que as declarações são mentirosas? Se nem o Papa desmentiu, quem é você para desmenti-las? Claro que as interpretações, como a que você deu para a citação do rosário, podem estar equivocadas. A meu ver, o Papa disse apenas que não via com bons olhos aqueles que gostam de se aparecer com toda sua “santidade”. Afinal, por que não dizer simplesmente “rezei por você”?

  14. Emanuelle,

    Como você sabe que as declarações são mentirosas?

    Eu disse que elas não eram plausíveis, e apresentei as razões (especificamente, quatro) para isso.

    Se nem o Papa desmentiu, quem é você para desmenti-las?

    De fato, eu não estava presente na citada reunião e portanto não posso desmentir nada. Só posso fazer o que fiz: argumentar que é inverossímil que o Papa, na frente de terceiros, tenha desdenhado das orações que recebeu.

    A meu ver, o Papa disse apenas que não via com bons olhos aqueles que gostam de se aparecer com toda sua “santidade”

    Sem dúvidas faz muito bem Sua Santidade (e aliás qualquer um) em não ver com bons olhos quem goste de ostentar “santidade”. O problema é que, se isso foi dito pelo Papa, não está no texto divulgado pela CLAR (cujo vazamento, aliás, foi depois “lamentado” pelo presidente da Conferência, e que igualmente se apressou a dizer que as palavras do Papa lá contidas não eram literais).

    Afinal, por que não dizer simplesmente “rezei por você”?

    Porque oferecer ramalhetes espirituais para as pessoas é uma devoção popular legítima. Cadê o respeito às diversidades dentro da Igreja??

    Abraços,
    Jorge

  15. Jorge e demais amigos, salve Maria.

    O Felipe Coelho publicou em seu blog um documento de grande importância. É uma carta dirigida em 1950 ao Episcopado Brasileiro, e que foi redigida pela Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades (aprovada, claro, por Pio XII). Eis o link:

    http://aciesordinata.wordpress.com/2013/06/07/a-voz-de-roma-vi/

    Neste documento, uma aula referente a prática teológica da Igreja Católica, a congregação de Pio XII reza o seguinte:

    “Um outro erro, igualmente condenado pela Igreja, deve ser evitado pelo cristão: o Liberalismo. Ele nega que a Igreja, em razão do seu nobilíssimo fim e da sua divina missão, tenha uma natural SUPREMACIA a respeito do Estado.

    Admite e encoraja a separação entre os dois poderes. Nega à Igreja Católica o poder indireto sobre as matérias mistas. Afirma que o Estado deve mostrar-se indiferente em matéria religiosa, no que respeita a todos os fiéis; que se deve conceder a MESMA LIBERDADE à verdade e ao erro; que à Igreja não cabem privilégios e favores ou DIREITOS MAIORES do que os concedidos às demais confissões religiosas, nem sequer nos países católicos; que a Ação Católica não tem direito de intervir nas questões temporais e civis, nem mesmo quando estas tocam os interesses supremos da religião e as finalidades próprias da Igreja.

    Ora deve-se ter presente, hoje como no passado, que, onde as circunstâncias o aconselharem, se poderá usar de TOLERÂNCIA PARA COM AS FALSAS RELIGIÕES e as falsas doutrinas, mas que onde tais circunstâncias não se verificam, DEVEM SER MANTIDOS OS DIREITOS DA VERDADE e os homens devem ser preservados do erro. O cristão que fala diversamente TRAI A SUA FÉ, DÁ FORÇA AO INDIFERENTISMO e PRIVA os seus concidadãos do benefício que lhes oferece o CULTO e o AMOR DA VERDADE”.

    Xiiiii…..

    Abraços a todos,

    Sandro de Pontes

  16. É o Papa! Enfim, ele é o líder espiritual para todos nós, Católicos; Ele é o herdeiro de Pedro. Contudo, além de todos as dúvidas, é preocupante a sua amizade com o claudio hummes, o patrinho politico do lula. E o bertone continua no cargo?

  17. Não, Wilson, acho que não é o JBC. O comentário veio de outro lugar. Do mesmo computador, a propósito, que veio este comentário daqui.

    Apenas faço questão de repetir que eu não censurei nada: foi o próprio comentarista que escreveu “CENSURADO!” em negrito na caixa de comentários e enviou.

    Abraços,
    Jorge

  18. Jorge,

    Está claro para todos que a transcrição não foi literal. E, mesmo assim, o que possivelmente causou a essência da declaração não foi um desprezo aos Rosários, mas a ostentação que, muitas vezes, esse grupo de pessoas infelizmente esbanja. Por isso ele disse: “por que não dizer simplesmente rezei por ti?”. E por mais que, para você, não seja plausível isso e aquilo, lembre-se que nem mesmo foi desmentido pelo Vaticano ou pelo próprio Papa essas declarações, supondo-se que tinham muito mais de verossímil do que se imagina. Estranho é sua interpretação do episódio aliar-se a dos tradicionalistas, você que justifica até a Conferência Episcopal Alemã de não aprovar a pílula do dia seguinte, mas a pílula que ainda não foi inventada do dia seguinte sem causar abortos no caso de estupro. Para mim, esse artigo foi uma furada.

  19. Emanuelle,

    Está claro para todos que a transcrição não foi literal.

    Sem dúvidas, agora que o superior da CLAR teve que vir a público dizer que não era literal, está claro. No começo, na virtual totalidade dos locais onde as supostas palavras do Papa foram originalmente divulgadas, as interpretações eram bem literalistas: o Papa teria zombado de uma prática de piedade tradicional e menosprezado um presente que lhe fora oferecido. Foi contra isto que escrevi aqui.

    o que possivelmente causou a essência da declaração não foi um desprezo aos Rosários, mas a ostentação que, muitas vezes, esse grupo de pessoas infelizmente esbanja.

    De uma sentença juncada de condicionais e indeterminantes assim, não há o que discordar. Sim, se é que houve alguma declaração neste sentido, ela foi possivelmente causada pela ostentação de certas pessoas orgulhosas da sua religiosidade exterior – em bom português, fariseus. E, sim, faria muito bem o Papa em prevenir os seus fiéis dos riscos de uma mentalidade farisaica. A grande questão, como eu disse antes, é que do relato da CLAR é possível concluir tanto isso quanto qualquer outra coisa.

    lembre-se que nem mesmo foi desmentido pelo Vaticano ou pelo próprio Papa

    Foi rapidamente relativizado e posto em perspectiva pelo presidente da CLAR. Para mim, isto significa muita coisa.

    Estranho é sua interpretação do episódio aliar-se a dos tradicionalistas

    Oi? Os tradicionalistas estavam (e alguns devem estar ainda) descendo o sarrafo no pobre do Papa por conta dessas declarações, eu vim defendê-lo contra a maledicência generalizada que tinha tomado conta do mundo tradicional, e você vem dizer que estou me aliando aos tradicionalistas? Você leu este texto e os links aqui colocados?

    você que justifica até a Conferência Episcopal Alemã de não aprovar a pílula do dia seguinte, mas a pílula que ainda não foi inventada do dia seguinte sem causar abortos no caso de estupro

    Eu e a Pontifícia Academia para a Vida, como já falei aqui na ocasião. Julgo estar em muito boa companhia, obrigado.

    Para mim, esse artigo foi uma furada.

    Bom… paciência. Eu o julguei importante. Sinto muito se você não gostou, se servir de alguma coisa saiba que o escrevi na melhor das boas intenções.

    Abraços,
    Jorge Ferraz

  20. A questão, sejamos sinceros ao menos uma vez, é a absoluta má vontade de alguns em relação ao Papa Francisco. Para mim, algo totalmente incompreensível. Fazendo uma analogia com o matrimônio ( porque a adesão de uma pessoa a Igreja é uma aliança), imaginem se sempre pensasse o pior do meu esposo, suspeitasse de todos os seus atos, vivesse em busca de busca de provas para incriminá-lo, desprezasse o seu trabalho, falasse mal dele pelas costas, não tivesse uma única palavra caridosa para com ele, não seria justo se me perguntassem por que afinal de contas ainda continuo casada? Caberia, nesse caso, a desculpa que o faço porque é meu dever corrigi-lo? Que sou muito melhor do que ele, que sei mais, que me empurraram um falso esposo ou que “ele não me representa” ? Mas que ele, mesmo assim, é obrigado a me aturar? Pode ser uma analogia simplória, mas para mim faz todo sentido. Definitivamente, a lealdade parece ser coisa liquidada. Assim como a coragem de assumir clara e publicamente as suas posições. Com todo respeito, ainda prefiro alguém como o Sandro de Pontes ( muitíssimo bem educado nos seus comentários) que assume publicamente a sua posição em relação à Igreja : é um sedevacantista e não esconde isso de ninguém. Está a espera do papa dos seus sonhos, que fazer? Embora não concorde e lamente a sua opção, louvo a sua transparência. Ao menos diz a que veio. Ou aqueles corajosos o suficiente para fazer as malas e dizer ” para mim não serve!”. Mas traição na própria casa, não dá.

  21. Prezada Marta, salve Maria

    Obrigado pelo tom cordial usado para comigo.

    Gostaria de realçar a você que não acordei um dia, tomei café da manhã e pensei algo do tipo: “ei, este é um bom momento para dizer que João Paulo II não é papa, ou que Bento XVI não é papa”. Claro que não.

    Quando comecei a perceber que as coisas não andavam bem, era fiel de missa diária aqui na minha cidade, participava de pastorais e era leitor assíduo do Veritatis Splendor, e portanto defendia a verdadeira doutrina de que o papa não pode errar em matéria de fé e de moral, e nem de disciplina, ainda quando não se pronuncie de forma “ex-cátedra”.

    Só para lhe dar um exemplo, existe aí o vídeo da participação ativa de Francisco, que é o mesmo homem que o cardeal Bergoglio, no culto judeu. E participação ativa em cultos acatólicos, se feita pertinazmente, é sinal de apostasia pública, e ão tácita, da fé católica. Pode ler os manuais de teologia que o Jorge bem conhece.

    Logo, não pretendo inventar doutrina. Acuso Francisco, e o faço convictamente, tal qual um promotor que acusa o réu diante de um tribunal. Quem julga é o juiz, quem julga é Cristo, mas quem acusa e pede a condenação é o promotor.

    Espero que compreenda esta analogia. Cristo (e talvez a Igreja), julgará Francisco. E ele será condenado, prezada, creia-me. A bíblia diz que o homem espiritual julga a todos e não é julgado por ninguém, e que quem não crê já está julgado.

    Francisco já está julgado!

    Cordialmente,

    Sandro de Pontes

  22. Prezado Sandro,
    que Cristo julgue a todos nós com Justiça e Misericórdia. E nos dê forças e sabedoria para agir segundo a Sua Vontade.
    Em Cristo.

  23. Marta,

    Você está muito equivocada no que diz. O fato é que as declarações não foram negadas pelo Papa Francisco e nem pelo Vaticano. E, depois, de tudo o que foi dito, a referência ao movimento auto-intitulado Tradicional foi a coisa menos importante de todas.

    O Papa faz referência, por exemplo, ao documento de Aparecida onde diz que os pró-vida devem se referir e denunciar as causas que envolvem a legalização do aborto no mundo (uma referência às fundações internacionais). Além do mais, deplora o carreirismo, o apego material dos religiosos e o gayzismo na Igreja. Gente, é tudo o que qualquer um que vislumbra a crise da Igreja Católica lamenta! São palavras que nos enchem de esperança e nunca um movimento da TL inventaria algo assim, até porque a maioria dos que estão metidos nessa ala corrupta da Igreja são também da TL.

    E outra coisa, Sandro Pontes é uma pessoa que de educação não tem nada. Ele já discutiu comigo no tópico sobre a Conferência Episcopal, veja com seus olhos:

    https://www.deuslovult.org//2013/02/22/esclarecimentos-conferencia-episcopal-alema-e-pilula-do-dia-seguinte/

    Para esses pobres sedevacantistas, só nos resta rezar e nunca elogiar sua “transparência” que não passa de confusão mental. Lamento pelo seu comentário.

  24. Prezada Marta, salve Maria.

    São Paulo diz que se deve responder a cada um “como convém”. Para os de reta intenção, ternura, para os reticentes, firmeza, e para os empedernidos, paulada!

    Alguns, sendo corrigidos, se emendam, mas a maioria faz beicinho e dá de ombros, porque o orgulho é o seu nome. Aliás, o orgulho é o pecado maior do mundo, que hoje está justamente nos católicos, e por isso Deus os pune dando-lhes um “santo padre” que celebra com judeus em seus cultos e rejeita os sacramentos da Igreja, com exceção do batismo e do matrimônio.

    Assim, esta Emanuelle teve o que merecia, mas não aprendeu. Ela não aprende. Deve andar de calças….

    Ah, a bíblia diz que maldito é aquele que chama o justo de pecador e o pecador de justo. Defender Francisco é certamente cair nesta condenação.

    Inté!

    Sandro de Pontes

Os comentários estão fechados.