Ainda mais erotismo

Uma leitora deixou um – em parte – pertinente comentário aqui no Deus lo Vult! ontem à noite. Entre outras coisas, ela disse:

[E]xiste tanto incentivo ao sexo heterossexual em tanto canto no mundo. Já olhou a letra dessas músicas de funk, hip hop, brega, forró? Internet, televisão, tudo hoje incentiva o sexo heterossexual.

É uma triste verdade, infelizmente incontestável. Para ficar em um só exemplo de tantos que poderiam ser citados, recebi dia desses de um amigo o link para este blog, comentando um vídeo que é um perfeito exemplo desta cultura erótica que permeia os nossos dias. Acredito que o vídeo foi feito em uma escola, já que as pessoas estão aparentemente fardadas. Eu não saberia precisar a idade dos meninos e meninas que aparecem, mas salta aos olhos que são crianças.

Esta dança pornográfica e apelativa é tão gritantemente imoral e tão obviamente prejudicial à educação das crianças que ninguém nem precisa ser católico para entender isso. Os próprios comentários [aliás, mal-educados] do autor do blog citado mostram isso. O outro blog lá linkado – este, que aparentemente foi a fonte original do vídeo – também revela isso: ele não tem a mínima conotação religiosa, e a autora começa o seu texto dizendo que não quer ter filhas.

No mês passado eu comentei também aqui sobre a erotização da moda infantil: mais um exemplo – entre tantos! – da degradação moral da nossa sociedade e do mundo que nós estamos deixando para os nossos filhos. Quando nós, católicos, combatemos a pornografia e tanta sujeira da qual está repleta a cultura moderna, somos chamados de ultra-conservadores, de sermos traumatizados com tabus sexuais, de estarmos fora de moda e tantas outras coisas mais. E quanto aos não-católicos que mantêm o seu senso moral relativamente intacto e têm a coragem de serem contra a erotização da sociedade na qual vivemos, eles são o quê? Influenciados pela Igreja, é isso?

Isto está errado. Salta aos olhos que está errado. No entanto, as atitudes tomadas frente ao patente erro pelos que não são católicos são sofríveis: o Eden revela um terrível pessimismo ao dizer que a culpa é “nossa que consumimos esse tipo de porcaria”, a Kellen diz que só quer ter filhos porque prefere “tem um filho garanhão e pegador de quem uma filha biscate” (sic) e a Isabela insinua que, se existe tanta apelação erótica heterossexual, não deveríamos nos preocupar tanto com a homossexual! É incrível, mas é verdade: sem Deus, o homem até percebe que está no abismo, mas não consegue nada a não ser cair cada vez mais fundo.

“Mercado de Moda Infantil”

[Publico um capítulo de um estudo realizado pela Universidade Estadual de Goiás sobre crianças e moda, chamado “Mercado de Moda Infantil”, que traz algumas considerações bem pertinentes sobre a corrupção da infância. Agradeço ao Rodrigo Pedroso que mo enviou por email.

O original pode ser encontrado aqui e é da autoria da sra. Nadima Chalup Ribas, estudante de design de moda e autora deste blog, em colaboração com o dr. Bento Fleury, professor doutor em Letras e Lingüística.]

Erotização da Moda Infantil

Um fato que preocupa pais, educadores e a sociedade em geral é a infância cada vez mais curta. É cada vez mais comuns ver meninas na faixa de 7 a 11 anos agindo como verdadeiras moças, ganhar brinquedo é uma ofensa, o presente bem vindo são roupas, acessórios, maquiagens.

As festas de aniversário também mudaram, não existe uma decoração com tema infantil, mas sim festas com DJ’s, luz negra ou então a festa é realizada dentro de um salão de beleza. Criança sempre foi vaidosa, a diferença era que elas colocavam suas vontades todas nas bonecas, hoje não precisam de bonecas, a realidade é mais interessante, elas são as próprias “cobaias”.

O problema tem origens da própria educação dos pais que, na sua maioria, vestem seus filhos, principalmente filhas como adultos em miniatura. Não imaginam o efeito que isso causa em um futuro próximo. Mesmo que alguns pais eduquem seus filhos de maneira coerente, eles acabam recebendo uma grande influência da televisão, a contra educação. O fato não é tão atual, existe uma diferença muito grande na moda infantil antes de depois do programa Xou da Xuxa, exibido na década de 80.

As meninas – as mais influenciadas – não queriam mais saber de vestir vestidos com babadinhos e sapatos. A febre na época eram os shortinhos e as botas, marca registrada da rainha dos baixinhos. A roupa da apresentadora que inspirava sensualidade contrastava com um cenário cheio de elementos infantis. Além de influenciar na moda, o programa também direcionou as crianças ao consumismo e a competição.

Nos anos 90 outra preocupação dos educadores era o então grupo de axé, É o Tchan. A atração do grupo eram as mulheres vestidas com roupas curtíssimas, coloridas e coladas ao corpo dançando com letras de apelo sexual. É obvio que a criança não entendia o significado da letra, mas se deixava levar pelo ritmo e o colorido das roupas das dançarinas.

Nunca uma criança foi tão desrespeitada como naquela época, a tendência da maioria é imitar sim as vestimentas de ídolos, não só as vestimentas, mas também as atitudes. As meninas andavam praticamente semi-nuas, e o pior era o orgulho que os pais sentiam em ver seus pequenos vestidos como os ídolos em programas de TV. Esses programas promoviam concursos de cover infantil e ainda ganhava ibope com isso.

A taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes aumentou consideravelmente, a sociedade se chocava no momento em que acompanhavam dados no jornal da TV, mas de nada adiantava, pois depois do jornal entrava a novela ou programas de auditório com a participação especial desses famosos grupos de axé.

Aproveitando o sucesso que o grupo tinha com as crianças, foram lançados diversos produtos da linha É o Tchan entre brinquedos, cosméticos e roupas. Ou seja, mais uma vez as crianças eram as principais vítimas de grandes empresários sem valores que pensam apenas em dinheiro.

Atualmente, um fenômeno que colabora para a erotização da moda infantil é a cultura do funk. Semelhante ao axé, as letras são de gosto duvidoso e também fazem apologia ao sexo. A criança novamente é seduzida pelo ritmo, as batidas. As roupas também são extremamente justas e curtas, a criança ao vestir a roupa, sente-se mais velha, e para elas, não existe coisa melhor.

O grupo Rebeldes, também tem uma parcela de influência nas vestimentas e no comportamento precoce das crianças. O grupo musical também conta com uma novela que é acompanhada assiduamente por crianças e adolescentes, mas principalmente as crianças. A história se passa em um colégio de classe média alta, os atores que interpretam adolescentes, na vida real, já são adultos. As protagonistas vestem uniformes curtíssimos, o que não seria permitido em um colégio da vida real. Além das roupas as crianças tentam imitar o comportamento intitulado como rebelde, o próprio nome diz tudo.

Fatores sociais também colaboram para o aceleramento dos fatores biológicos, as meninas de hoje entram na puberdade mais cedo.”Esta geração de meninas está tão erotizada, vem recebendo tantos estímulos para ficar moça que o cérebro acaba enviando sinais que detonam a produção dos hormônios mais cedo” afirma Jonathas Soares, ginecologista do Hospital das Clínicas e do Albert Einstein, de São Paulo.

Imposição gayzista nas escolas

Recebi por email do Julio Severo “o artigo ‘Diversidade sexual na sala de aula’, publicada na revista Presença Pedagógica” (v. 15, n. 85, jan./fev. 2009). Ele pode ser baixado aqui.

Trata o artigo, em resumo, sobre a sexualidade de crianças e adolescentes nas escolas públicas e, em particular, sobre o Projeto Educação sem Homofobia, um curso “com carga horária de 80 horas – 60 horas presenciais e 20 vivenciais” (dado o tema do curso, tenho até medo de imaginar o que isso signifique…), do qual participaram “240 professores e professoras” de abril a dezembro do ano passado. O curso serve para ensinar aos professores a “analisarem a própria escola e detectarem tanto a diversidade sexual ali presente (mas que não aparece e deve ser reconhecida) quanto situações de homofobia e sexismo, que devem ser combatidas”. Detalhe importante: “o projeto é financiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educadação (Secad/MEC)”. Como “homofobia” é uma palavra inexistente e inventada pelo Movimento Gay para designar qualquer coisa que ele queira combater e destruir (e, de modo particularíssimo, é bem sabido que isto inclui o Cristianismo e a Igreja Católica), o que nós estamos vendo é o Governo financiar, com o dinheiro dos impostos dos cidadãos em sua maioria cristãos, o combate ao próprio cristianismo.

Acham que exagero? São palavras do coordenador-executivo do Educação sem Homofobia, Marco Antonio Torres: “[a] comunidade escolar ainda não consegue ser totalmente laica, trabalhar suas questões internas isenta dos valores pessoais de alguns grupos religiosos. Enquanto a escola não conseguir trabalhar os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, sua missão em relação à diversidade sexual estará seriamente comprometida”. Considerando que os pais são obrigados a colocar os filhos nas escolas e, nelas, ensinam-se essas porcarias, estamos diante de uma verdadeira imposição estatal de valores anti-cristãos.

E o assunto não é novidade, pois “[a] discussão sobre sexualidade aparece nos Parâmetros Curriculares Nacionais, os PCNs, desde 1997, nos Temas Transversais. O documento sugere que a ‘Orientação Sexual na escola deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados'”. Leiam o que está escrito: escola precisa intervir pedagogicamente nas crenças dos alunos que não sejam compatíveis com o gay-way-of-life! Se isso não for uma declaração de guerra à educação católica e uma tentativa de se destruir os valores morais cristãos, é o quê?

Ainda acham que eu exagero? Vejam este livreto disponível em um site da UFRJ, indicado pelo mesmo artigo da revista! A página 18 carrega justamente o título de “Religião e Escola Pública”. Lá, é dito que “os valores religiosos (…) falam sobre valores que muitas vezes se pretendem universais” (a recursividade é por conta do autor do livreto). E também que “cada povo, cada grupo, cada ser humano, tem uma percepção e um entendimento diferente sobre a religião”. Como não poderia faltar, a calúnia histórica: “[n]ações indígenas tiveram sua cultura destruída em nome de uma salvação religiosa, cientistas foram perseguidos e mortos, mulheres queimadas em fogueiras, se fizeram e ainda se fazem centenas de guerras em nome da fé”. Após a primeira dose de relativismo e a segunda de calúnia, a sentença absoluta e intransigente: “a escola pública é laica e (…), portanto, não pode impor nenhuma religião, nem como crença, nem como prática, aos seus alunos”. Entenderam? Nem como prática. Ou seja, a moralidade vai para as cucuias. E o Estado, mais uma vez, impõe o estilo gay de se viver aos alunos.

Na verdade, a lógica do Governo Brasileiro é a seguinte: religião não pode ser “imposta”, mas o gayzismo não só pode como deve. E a religião não tem direito de falar, pois “o estado é laico” e, caso ela falasse, seria “homofobia”. A perseguição aos valores cristãos é manifesta. As coisas estão cada vez piores. Que Deus tenha misericórdia de nós todos.

João do Morro e cultura média

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=HqlUPoUxnlU]

Até a sexta-feira passada, nunca tinha ouvido falar neste sujeito. No entanto, as músicas dele literalmente tomaram conta de todo o Carnaval de Olinda e Recife! A música acima é uma das maiores pérolas musicais de toda a discografia recifense moderna. A letra é como segue:

Ela veio querer
meter a mão
na minha cara,
só porque
eu chamei ela de
Amara.

Ela veio querer
meter a mão
na minha cara,
Só porque
eu chamei ela de
Amara.

Comprei um vestido pra ela
e ela não aceitou não
Comprei um trancelim pra ela
e ela não aceitou não
Comprei um sabonete pra ela
e ela não aceitou não

Ela gritou na minha cara
que eu não era o homem do seu coração!

Sabe o que foi que ela fez?
disse somente uma palavra!
Ela pegou o sabonete
jogou na minha cara…

Sabe o que foi que ela fez?
disse somente uma palavra:
Ela pegou o sabonete
esfregou na minha cara…

Ai, Amara,
ai, Amara,
Jogasse o sabonete,
e pegou na minha cara!

Ai, Amara,
ai, Amara,
Jogasse o sabonete,
e pegou na minha cara!

Vinha saindo do beco
quando ouvi uma palavra
era as menina gritando
com medo do chupa-cabra

Vinha saindo do beco
quando ouvi uma palavra
era as menina gritando
com medo…

Mas dali eu saí correndo,
dali eu saí correndo
com meu pobre violão…

e de repente eu caí
e ouvi uma palavra:
era a menina, tava com medo,
com medo do chupa-cabra…

e de repente eu caí
ouvi uma palavra:
era as menina, tava com medo,
chupa-chupa

Chupa-chupa-chupa-cabra
[bééééééééé]
Chupa-chupa-chupa-cabra
[bééééééééé]

Lembro-me de que um amigo de Brasília, após ter escutado isso 200 vezes (sim, tocou MUITO no Carnaval), comentou que não havia entendido esta música: afinal, por que raios a mulher havia batido no cara?! Eu comecei a rir. Acho que ele não havia ainda sido contaminado com o nonsense do cenário musical pernambucano. E, da segunda parte da música (que começa com “vinha saindo do beco”…), ele comentou que era a mesma música, mas não era a mesma história… e que estava até agora tentando saber qual era “a palavra” que Amara disse…

Bom, João do Morro – isso é meio óbvio porque, afinal, caso contrário provavelmente não faria lá tanto sucesso… – não é lá o melhor exemplo de música recomendável. O show dele no Carnaval foi, ao que dizem, apoteótico. Ele – e isso é um ponto positivo – sofreu um processo de uma ONG gayzista por conta de uma suposta homofobia em uma de suas músicas politicamente incorretas. Mas, biografia à parte, o ponto que me interessa aqui é outro: o que raios explica a decadência musical (e, por extensão, cultural) moderna? A futilidade erigida como padrão máximo de arte aceitável e desejável? Eu reconheço que dá para rir (eu mesmo ri à beça) com a música da Amara e com algumas outras também, mas duas coisas me incomodam profundamente (e isso é apanágio de toda a música moderna, ao menos em Recife, e apenas tomo João do Morro como estudo de caso): um, a existência de imoralidades gritantes que não me atrevo a reproduzir aqui mas, no entanto, são cândida e publicamente entoadas como se fossem a coisa mais natural do mundo; e, dois… o monopólio da futilidade e o local de destaque que lhe é dado. É claro que nem tudo precisa ser sério o tempo todo – um pouco de bom humor é sem dúvidas importante -, mas me incomoda a… seriedade que se aplica à falta de seriedade das coisas.

E talvez seja este um dos maiores problemas da “cultura” moderna: ela está preenchida, em sua virtual totalidade, com coisas fúteis! Parece haver um empenho organizado, um esforço conjunto, para que as pessoas fiquem ocupadas com coisas sem nenhuma importância, que aprendam a gostar delas, e que – por ausência de padrão comparativo – passem a considerá-las como parte substancial de suas vidas. Há incontáveis exemplos, da música ao Big Brother, passanto pelas novelas da Globo, etc, etc. Com a cabeça cheia de entulho, como se pode esperar que as pessoas se ocupem de coisas sérias?

Às vezes, fico desanimado, porque tenho a quase irresistível impressão de que é simplesmente impossível conversar com algumas pessoas sobre as coisas que realmente são importantes. É necessário um dedicado trabalho de… alargamento intelectual, para que coisas como, digamos, metafísica possa ser acomodada em mentes que foram acostumadas, desde a mais tenra infância, à futilidade. E este trabalho não pode ser feito unilateralmente. Não adianta discutir com quem não quer discutir e, muitas vezes, as pessoas simplesmente não são capazes de discutir sem um grande esforço para sair da pocilga e ousar elevar os olhos para o mundo… e muitos, muitos, muitos não estão dispostos a empreender este necessário esforço…

O que é possível fazer? Na minha opinião, oferecer resistência, e oferecer educação, não da maneira mágica e demagógica como falam os nossos políticos, mas educação cristã verdadeira, desde a mais tenra infância, às pessoas mais próximas de nós, em respeito à subsidiariedade, e com um verdadeiro esforço para preservarmos os educandos do ambiente deseducativo no qual eles estão inseridos. Não consigo vislumbrar uma possibilidade mágica de conversão da geração que hoje está aí; é somente nas gerações futuras que está a nossa esperança. E, aliás, urge trabalharmos, apressando a vinda destas, pois não sei ainda quantas gerações como as nossas o mundo é capaz de suportar.

Sugestões de leituras diversas

No “Exsurge Domine”, texto escrito pelo Gustavo Souza e por mim, sobre a moral sexual católica.

No site da CNBB (sim, isso mesmo!), este artigo de Dom Aloísio sobre o ensino da Teologia. Excerto: Quando é que vai haver unidade entre católicos  e outros amantes da  Palavra, lendo a mesma Bíblia?  Nunca. É que para nós “o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita, ou contida na Tradição, foi confiado só ao  magistério vivo da Igreja” (DV nº 10). Essa é a nossa praxe de fé, seguida pelos verdadeiros mestres dos ensinamentos de  Jesus.

Em ZENIT, esta notícia segundo a qual a Igreja Greco-Católica na Romênia corre o risco de ter seus bens expropriados pelo Estado. «Se este projeto de lei for aprovado se repetiria o que aconteceu em 1948, quando Stalin privou a Igreja na Romênia unida a Roma, greco-católica, do direito de existir, subtraindo-lhe os bens e prendendo seus bispos», afirma Dom Virgil Bercea, bispo da eparquia greco-católica de Oradea.

No Jus Navigandi, este texto do dr. Paul Medeiros Krause, sobre o Estado Laico e a religião materialista. O defensor do aborto, seja ele ministro, desembargador ou semideus, é o maior de todos os delinquentes que a humanidade já produziu.

A imposição da cultura gay

A cultura gay impõe-se não apenas “na canetada”, como querem fazer com a já tristemente célebre lei da Mordaça Gay. Acontece também “na surdina”, na subversão dos costumes, na glamourização do “gay way-of-life”, na disseminação de elementos gayzistas por meio das coisas banais do quotidiano; e o efeito de se viver no “mundo gay” que os gayzistas querem criar, onde se está diuturnamente exposto à homossexualidade, pode ser devastador. Especialmente para crianças e adolescentes. Os gayzistas sabem muito bem disso.

Isso explica, por exemplo, que a “Batwoman” seja lésbica. Quadrinhos que fazem apologia ao homossexualismo seriam impensáveis algumas décadas atrás! Não conheço esta personagem – descrita como “socialite lésbica à noite e uma combatente contra o crime mais tarde da noite” -, mas certamente o gibi tem leitores e fãs, e muito provavelmente uma parte considerável destes é formada por crianças e jovens. É sintomático que os propagadores do gayzismo desejem ganhar este espaço… eles sabem que, apresentando um super-herói homossexual, a sua figura enobrece e exalta os seus maus hábitos, que passam por bons, normais e – quiçá – até invejáveis e imitáveis.

A mesma coisa aconteceu numa escola do Distrito Federal, onde um professor foi acusado de fazer apologia ao homossexualismo. Sala de inglês, aula sobre verbos no passado, alunos entre 12 e 14 anos; a música escolhida pelo docente dizia “Eu beijei uma garota só para experimentar. Espero que meu namorado não se importe. Eu beijei uma garota e gostei do gosto de cereja do batom dela”. A “justificativa” do “educador”? Os verbos da música, todos eram no passado e eram o foco que eu tava trabalhando com os alunos na época. O colégio pediu para que o professor escolhesse outra música, e ele não concordou, levou a música para a sala de aula, e foi afastado da escola – graças a Deus! Se o motivo era verdadeiramente trabalhar os verbos no passado (e não fazer uma desgraçada apologia ao homossexualismo – de novo, nada surpreendentemente, entre adolescentes), então por que o professor não obedeceu ao colégio e escolheu uma outra música? Acaso a única música existente na língua inglesa que utiliza verbos no passado é uma música de uma lésbica? Que palhaçada!

Enquanto isso, o Governo Brasileiro diz que 99% – isso mesmo, 99%!! – dos cidadãos do país são “homofóbicos” e – mais grave! – precisam ser “reeducados”. A informação original é de LifeSiteNews.com, e a reportagem d’O GLOBO citada está aqui. O que é ser homofóbico? É acreditar em coisas como “Deus fez o homem e a mulher com sexos diferentes para que cumpram seu papel e tenham filhos” e “A homossexualidade é um pecado contra as leis de Deus”. Note-se ainda que esta estatística estapafúrdia nos diz que os próprios homossexuais são homofóbicos, já que – segundo eles próprios informam – “estudos atuais estimam que entre 5 a 10 % da população mundial seria composta por homossexuais”, e nenhuma ressalva é feita no sentido de dizer que o Brasil seja diferente.

A “reeducação” já começou e – como “é de pequenino que se torce o pepino” – ela almeja principalmente as crianças e os jovens: o homossexualismo presente nos heróis de quadrinhos e nas músicas badaladas são exemplos disso. Sinto muito, mas é um tremendo absurdo que 99% da população precise ser “reeducada” pelo 1% restante; a idéia é tão estúpida e, a presunção, tão descabida que me admira não ser ela objeto de chacota pública. Só podem ser já os efeitos da cultura gay. Acordemos, antes que seja tarde.

O Estado e a Depravação Sexual

Reinaldo Azevedo, hoje: protejam suas crianças do molestamento do Estado. É um texto longo, como o próprio Reinaldo diz, mas recomendo enfaticamente a leitura, para quem tiver estômago. Refere-se a um “kit” para as aulas de (des)educação sexual que o Ministério da Saúde está enviando às escolas. Não sei se a depravação está já generalizada por todo o território brasileiro ou se ainda se restringe à terra da garoa; mas as fotos exibidas pelo Reinaldo foram enviadas por uma pai de família que mora em São José do Rio Preto, no interior do Estado de São Paulo.

O tal kit contém coisas como um DIU, um diafragma, pílulas anti-concepcionais, pílula do dia seguinte, camisinha feminina e… um pênis de borracha (!), para ser usado nas aulas práticas (!) onde os alunos vão aprender a colocar a camisinha. O “público-alvo” desta educação petista são meninos e meninas de 12 ou 13 anos em diante. Não é novidade. Houve já, no ano passado, o escândalo da cartilha de educação sexual, lembrada pelo Reinaldo no texto acima linkado, e que vale a pena copiar aqui:

A cartilha sexual de Lula é destinada a jovens entre 13 (!!!) e 19 (!!!) anos, como se essa faixa etária existisse. Observem: estamos falando praticamente de uma criança e de um adulto, ambos expostos à mesma informação e, lamento dizer, estimulados a praticar sexo, inclusive entre si — o que pode até configurar crime. Tanto uns quanto outros lerão nas cartilhas entregues por Lula coisas assim:

– O beijo é como chocolate por “aguçar todos os sentidos” e “liberar endorfinas”. E tem uma vantagem: “queima calorias”, ao contrário do doce.
– Há espaço na cartilha para o estudante — de 13 a 19 anos, reitero — relatar suas “ficadas”. E o governo federal ensina que ficar compreende “beijar, namorar, sair e transar”.
– O pênis com a camisinha é chamado de “O pirata de barba negra e de um olho só [que] encontra o capuz emborrachado”. A associação entre pênis e pirata merece um estudo…
– O uso dos verbos no imperativo não deixa a menor dúvida: “Colocar o preservativo pode ser uma excelente brincadeira a dois. Sexo não é só penetração. Seduza, beije, cheire, experimente!”.

A cartilha de Lula é pornografia pura e simples. E eu não lastimo apenas o gosto estético de quem redigiu, mas também a saúde mental. Quem se dirige a crianças e adolescentes nessa linguagem tem problema. Precisa se tratar. Se algum adulto, na minha presença, referir-se a sexo, nesses termos, com as minhas filhas no ambiente, leva um tapão na orelha. Leva um pé no traseiro.

Sinceramente, isso já ultrapassa em muito todos os limites do tolerável. Estamos falando de um pênis de borracha! Como criticou muito apropriadamente o Reinaldo (que, óbvio, não publicou a foto do dito cujo), “alunos de 12, 13 anos estão sendo expostos a um “material didático” que não pode ser exibido em blogs e jornais voltados para o público adulto”. A educação dos filhos compete aos pais em primeiríssimo lugar, e só subsidiariamente ao Estado, como ensina a boa Doutrina Católica e também a Lei Natural. É óbvio ululante que esta pornografia chula ministrada em sala de aula para adolescentes de treze anos, além de ser uma agressão estatal aos direitos da Família, não pode provocar senão profundas deformações morais nos alunos. Crianças que têm contato com utensílios eróticos, que lêem material pornográfico e são incentivados a escrever neles as suas “experiências”, que são apresentadas a toda uma gama de apetrechos contraceptivos e abortivos (como o DIU ou a pílula do dia seguinte), que podem pegá-los gratuitamente e por si próprias nos postos de saúde (ou nas “máquinas de camisinhas” das escolas), que fazem “aulas práticas” nas salas de aula para aprenderem a sua utilização, tudo isso no clima da mais absoluta normalidade e não raro à revelia da sua família… que espécie de jovens irão se tornar? Será que é preciso ser psicótico ou neurótico, ou ultra-conservador e reacionário, ou alienado fundamentalista, ou estar vendo chifre em cabeça de cavalo, para perceber que tal processo não pode produzir senão monstros?

Evocam tanto a laicidade do Estado para retirar dos espaços públicos quaisquer referências a Deus ou à religião, sob o (furado) pretexto de que a exposição de um certo conjunto de crenças pode ferir as susceptibilidades das pessoas que não lhe são adeptas; mas e quanto a esta palhaçada pornográfica? Ela ofende, se não todas, uma parte sem dúvidas muito considerável das religiões existentes! Por que, quando se trata de impôr a depravação moral nas escolas públicas, o governo não se preocupa com a pluridade religiosa e a diversidade cultural do povo brasileiro – ao contrário, as desrespeita frontalmente? O Estado está firmemente empenhado em impôr a sua própria “moral” aos seus cidadãos, numa clara extrapolação das suas funções e num flagrante desrespeito ao seu povo. Colocam-se mil dificuldades para o ensino do Catecismo nas escolas; mas, para ensinar o anti-catecismo, o Partido é rápido e eficaz, e não aceita nenhuma discordância! Por acaso isto é governo? Isto é educação? Isto é respeito? Quanta patifaria!

Escolas infectadas de Marxismo

Recebi o texto abaixo por email; por se tratar de um tema da mais alta relevância – a educação – e por não ter conseguido encontrá-lo na internet, reproduzo-o aqui integralmente. Versa sobre a doutrinação ideológica à qual são submetidas a infância e a adolescência brasileiras. Recomendo a leitura.

P.S.: Após contactar o autor do texto, fui informado de que o mesmo foi originalmente publicado na revista Catolicismo de novembro de 2008. Eis, portanto, a referência correta.

* * *

Escolas infectadas de marxismo

No Brasil, é obrigatória a freqüência dos adolescentes às escolas reconhecidas pelo Estado. Entretanto, nelas está sendo imposta uma educação de tipo socialista.

Cid Alencastro

Os regimes comunistas e assemelhados sempre tiveram empenho em transformar a mentalidade das novas gerações, a fim de que estas assimilem os princípios, doutrinas e práticas marxistas. E o lugar privilegiado para esse fim têm sido as escolas, nas quais professores esquerdistas ministram uma educação de acordo com os interesses do regime. Cuba é disso um exemplo na América Latina.

Tal programa de ação comunista desfigura evidentemente a natureza do ensino, porque a educação deve visar a reta formação do caráter e o desabrochar da personalidade do jovem, com vistas a que ele possa cumprir sua missão específica na sociedade e diante de Deus; e não impingir-lhe idéias deformantes, como as marxistas, que levam o adolescente a transformar-se num robô das planificações socialistas e a ter uma visão falseada e sectária da realidade.

Impasse marxista

Mas, de outro lado, os esquerdistas estão diante de um problema quase insolúvel para realizar seus péssimos objetivos: as doutrinas socialistas em geral são profundamente contrárias à natureza humana, constituem uma camisa de força para o homem e a sociedade. Igualitarismo, propriedade comunitária, sociedade sem classes são fenômenos sociais monstruosos. Daí o empenho obsessivo dos regimes de esquerda numa antinatural “educação para o socialismo”.

Numa ordem religiosa, ao renunciar ao casamento e aos bens materiais por amor de Deus, as pessoas desapegam-se também de vantagens da natureza. Pode-se conceber desta forma o voto de pobreza voluntário e a renúncia a exercer algumas de suas qualidades naturais. Aí se forma uma tal ou qual igualdade, mas em vista de um bem superior, de ordem sobrenatural.

Querer impor a todos os homens de uma nação, por lei ou pela força policial, a renúncia a ter propriedade, a constituir família, queimando no altar do igualitarismo a possibilidade de desenvolver suas aptidões, é suma injustiça. Além de negar a cada um o que é seu, impede-se qualquer progresso social ou humano legítimo. É uma fábrica de revoltados e medíocres.

Reportagem elucidativa

Mostra uma reportagem da revista “Veja” (20-8-08) que, no Brasil, muitos professores e seus compêndios, com a justificativa de “incentivar a cidadania”, incutem nos alunos ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas.

Numa aula de História no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, o professor Paulo Fioravanti pergunta: “Quem provoca o desemprego dos trabalhadores?”. Respondem os alunos: “A máquina”. Indaga, mais uma vez, o professor: “Quem são os donos das máquinas?”. E os estudantes: “Os empresários!”. É a deixa para Fioravanti encerrar com a lição de casa: “Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso”.

Há uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por “Veja”. Pobres alunos…

O advogado Miguel Nagib fundou há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido, com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sintomas do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de História gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis… Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: “As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão”.

Estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio provocando miséria, assassinatos e injustiças durante o século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras, diz “Veja”.

A pesquisa

A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3000 pessoas de 24 estados brasileiros entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças, e acham que isso é sua missão principal — algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido.

Muitos professores brasileiros se encantam com personagens como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras; e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização.

“Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda — e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado”, diz a geógrafa Sonia Castellar, que há 20 anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP). “Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores”, diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (antigo “Curso Oswaldo Cruz”).

O sucesso do homeschooling

O Estado arvorar-se em educador único da juventude é imoral, uma vez que, segundo ensina a doutrina católica, a educação das crianças compete à família e à Igreja, e só subsidiariamente ao Estado. Ou seja, na melhor das hipóteses o Estado deve ser um auxiliar da família e da Igreja, quando necessário e requisitado para tal.

A infeliz situação atual do Brasil tem seu precedente na Revolução Francesa, durante a qual o sanguinário Robespierre defendia que “a pátria tem o direito de educar seus filhos; ela não pode confiar essa função ao orgulho das famílias nem aos preconceitos dos particulares” (Hippolite Taine, apud Le Livre Noir de la Révolution Française, Cerf, Paris, 2008 p. 851).

É muito salutar a prática que vem sendo adotada em vários países, de promover ou ao menos permitir a existência da chamada homeschool (algo como escola da família), em que famílias se organizam e criam suas próprias escolas para dar uma educação adequada a seus filhos. Ou então os colocam em estabelecimentos de ensino de pequenas proporções, criados para esse fim por associações nas quais os pais confiam.

De modo geral, os alunos das homeschools têm estado entre os primeiros classificados nos exames vestibulares das universidades. Exemplo característico é, nos Estados Unidos, a Saint Louis de Montfort Academy, patrocinada pela TFP norte-americana.

E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br

O elogio da censura

– Ora, tu sabes que, em qualquer empreendimento, o mais trabalhoso é o começo, sobretudo para quem for novo e tenro? Pois é sobretudo nessa altura que se é moldado, e se enterra a matriz que alguém queira imprimir numa pessoa?
– Absolutamente.
– Então, havemos de consentir sem mais que as crianças escutem fábulas fabricadas ao acaso por quem calhar, e recolham na sua alma opiniões na sua maior parte contrárias às que, quando crescerem, entendemos que deverão ter?
– Não consentiremos de nenhuma maneira.
– Logo, devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar as que forem boas e proscrever as más. As que forem escolhidas, persuadiremos as amas e as mães a contá-las às crianças, e a moldar as suas almas por meio das fábulas, com muito mais cuidado do que os corpos com as mãos.
[Platão, “A República”, Livro II (377a-e); Editora Martin Claret, São Paulo, 2006, pp. 65-66]

Há um princípio fundamental e basilar, não só da Doutrina Católica como também da Lei Natural, segundo o qual o erro não tem direitos. Pode e deve, portanto, ser coibido, principalmente se houver pessoas que, indefesas contra o erro, puderem ser por ele gravemente prejudicadas. Isso tem uma particular validade quando se trata de crianças, seres humanos em formação e que, mais que ninguém, são indefesas diante dos estímulos externos e grandemente influenciáveis por eles.

Platão já tinha percebido isso há mais de dois milênios! N’A República, ele expõe – pela boca de Sócrates – os princípios que, na concepção dele, deveriam nortear a construção – virtualmente ex nihil – de uma cidade. Embora seja verdade que o projeto ao qual se lança o filósofo grego é repleto de abstrações e de sugestões impraticáveis, muitos dos princípios apresentados são verdadeiros. Como, por exemplo, o trecho em epígrafe, que trata sobre a educação das crianças (no caso particular da obra, das crianças que serão soldados, mas é válido para a educação das crianças no geral), e diz que, neste particular de extrema importância, nem tudo é conveniente e algumas coisas podem e devem ser proibidas. Censuradas.

A palavra “censura” é capaz de provocar horror diante de alguns paladinos dos (supostos) direitos humanos modernos, fazendo-os rasgarem as vestes e soltarem gritos histéricos de repulsa. Associam-na imediatamente (talvez porque rime) com outra palavra à qual eles têm horror absoluto, que é “ditadura”. Não pretendo tratar dos dois assuntos, que – ao contrário do que muitos podem querer fazer acreditar – são bastante diversos. Apenas lembro que a histeria supramencionada é particularmente ativa em uma espécie de gente que, em maior ou menor grau, do flerte ao concubinato, é simpática às idéias esquerdistas; o que não deixa de ser cômico, porque o marxismo, não somente em suas manifestações históricas (URSS, China, Cuba) como também em seus princípios, é abertamente ditatorial ([a] purificação da sociedade dos males feudais só é possível se o proletariado, liberto das influências dos partidos burgueses, for capaz de se colocar à frente do campesinato e estabelecer sua ditadura revolucionária. Marx & Engels, “Manifesto do Partido Comunista”). Para essa gente, as mesmas coisas são, ao mesmo tempo, enorme virtude ou pecado abominável, dependendo somente se são aplicadas por elas ou contra elas. É um impressionante cinismo.

Embora todas as ditaduras comunistas apliquem descaradamente a censura (ao mesmo tempo em que todos os esquerdistas repudiam completamente quer a censura, quer as ditaduras), é preciso deixar claro que a censura, como inúmeras outras coisas, não é uma coisa má em si. Ela pode ser má ou boa, infame ou virtuosa, dependendo daquilo que é censurado e do porquê da censura. Um regime assassino censurar a pregação do Evangelho é evidentemente uma coisa má; mas os pais censurarem as coisas que os filhos vêem na internet é uma coisa boa, justa e necessária até. Repetimos o que foi dito acima: o erro não tem direitos. O que a Igreja condenou não foi a censura, e sim – ao contrário – a “liberdade absoluta”: a liberdade de pensar e publicar os próprios pensamentos, subtraída a toda regra, não é por si um bem de que a sociedade tenha que se felicitar; mas é antes a fonte e a origem de muitos males (Leão XIII, Immortale Dei, 38).

Digamos, pois, ousadamente, que a censura é necessária, sim; não censura da Verdade (como nos países comunistas), mas censura dos erros e dos vícios, dentros dos justos limites: porque é verdade que há as liberdades individuais, mas há também o bem comum que precisa ser especialmente considerado. Em particular, os pais têm o direito de educarem os seus filhos na Lei de Deus e, por conseguinte, têm o direito de não quererem expôr as suas crianças aos erros e aos vícios. A bandeira da “liberdade absoluta” ostentada por esquerdistas e filo-esquerdistas é falsa em si (já que a liberdade absoluta é um grande mal) e cínica considerando os que a levantam (já que não há liberdade nos países comunistas). O espantalho não nos assusta. Há um Deus, há uma Verdade e, por conseguinte, há coisas dignas de louvor e coisas dignas de repreensão, não sendo justo que ambas tenham o mesmo tratamento – certas coisas podem e devem ser censuradas. Afinal, as coisas justas são dignas de serem incentivadas e, as ímpias, de serem reprimidas, se quisermos que os nossos jovens “sejam tementes aos deuses e semelhantes a eles, na máxima medida em que isto for possível ao ser humano” (Platão, op. cit., p. 73).

“A Freira e seu mundo” – prof. Luiz Delgado

O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã [José Luiz Delgado].

Encontrei um texto do professor Luiz Delgado, único colunista digno deste nome que ainda escreve no Jornal do Commercio. Vai em anexo. Fala sobre a verdadeira obra caritativa da Igreja, a verdadeira opção evangélica pelos pobres, a verdadeira obra social que tem verdadeiro valor. Fala sobre “um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares”. Hoje, fala-se muito em “educação” como uma condição fundamental para o desenvolvimento do país; sem dúvidas, não é nenhuma novidade, pois a Igreja sempre deu valor à educação. Fundou escolas paroquiais, fundou as Universidades na Idade Média, fundou inúmeras escolas dirigidas pelos membros de Suas ordens religiosas ao longo dos séculos.

O problema, hoje, é que a educação é deixada nas mãos do Estado. Transforma-se em instrumento de doutrinação ideológica. Não é mais obra de caridade que a Igreja toma para Si, e sim interesse estatal em formar os seus cidadãos desta ou daquela maneira. Não é mais serviço desinteressado, realizado sem retribuições, por pessoas que se entregaram completamente a Deus, e sim trabalho remunerado, sujeito às leis econômicas do mercado. Ora, se o Estado tem obrigação de fornecer educação para os seus súditos, então para quê as ordens religiosas vão perder tempo erigindo escolas?

O problema atual não é que o Estado não oferece educação, é precisamente o contrário: o Estado oferece educação e não deixa os demais (p.ex., a família; p.ex., a Igreja) fazerem aquilo que sempre fizeram ao longo dos séculos. O problema para a crise educacional não será jamais resolvido pelo Estado, e até mesmo supôr isto é já uma demonstração de que não se entende a natureza do problema. É necessário voltar à caridade cristã, aos exemplos das freiras de Recife e da “Casa do Pobre”; exemplos dos quais a desgraçada Teologia da Libertação, com o seu discurso comunista, só é capaz de produzir caricaturas.

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Anexo: Jornal do Commercio de 28/10/2008

A freira e seu mundo
Publicado em 28.10.2008

José Luiz Delgado
jlmdelgado@terra.com.br

A rua fazia parte do caminho das maxambombas para Olinda. Quando fizeram a estrada nova, na frente, reta, vindo de Santo Amaro, e não mais da Encruzilhada, a rua ficou um tanto à margem. E mais à margem ainda ficaria quando construíram, do outro lado, atrás, a continuação do complexo Salgadinho, no rumo de Paulista. Entre uma e outra, entre as vias modernas, aquele arruado ficou como perdido fora do tempo e do espaço.

Nele, naquele pequeno mundo, o Padre Sidrônio Wanderley (sobre quem o padre José Aragão publicou expressivo depoimento) plantou importante obra social – uma escola para meninos de famílias de baixa renda, a “Casa do Pobre”, cujo sentido já estava no próprio nome. Depois, ao lado, edificou uma capela simpática e de singelo bom gosto. Era outro tempo – um tempo em que a Igreja, com seu eterno senso do social e do fraterno, antecipava-se ao Estado para a criação de escolas populares. Assim como o padre Airton Guedes fazia em Peixinhos, com a Escola Dom Bosco, e tantos outros, em variados arrabaldes.

Na obra da Casa do Pobre, o cônego Sidrônio contou com a ajuda da irmã freira, que conseguiu encaminhar algumas religiosas para se instalarem permanentemente na instituição. Várias delas vinham e se iam. Duas vieram e ficaram definitivamente. Nas minhas mais remotas lembranças da infância lá estão sempre aquelas duas – madre Redentor e irmã Filomena. Além de dirigir a “Casa”, a primeira se dedicava também aos filhos das famílias de classe média, ensinando-lhes (era outro tempo…) datilografia. A segunda gostava de artesanato, sobretudo de frutas de cera, que ensinava aos meninos e vendia em quermesses de fim de ano.

O arruado de famílias antigas, tradicionais, com um grande descampado no meio das casas e uma pequena lagoa atrás, ficou marcado pela presença daquelas religiosas. A madre Redentor faleceu há 6 anos. A irmã Filomena se foi agora, no último dia 6 – com seu sorriso permanente, sua doçura, sua suavidade, seu jeito sempre discreto e modesto. Poucos saberiam das dificuldades financeiras em que a instituição e as freiras sempre se debateram. Viviam um real voto de pobreza e de obediência. Não a pobreza literária, fácil, de pura retórica. A lição silenciosa e profunda do cônego Sidrônio, tão bem salientada no opúsculo do padre Aragão, perpetuava-se na dedicação das duas freiras. Na vida humilde que levaram, são exemplos de milhares de outras moças que renunciaram ao mundo e se consagraram à vida religiosa, vida ao mesmo tempo de oração e de intenso serviço aos pobres. Foram integralmente fiéis, não se seduzindo pelas atrações da moda, nem se perturbando com as defecções e as levianas infidelidades em torno. Mesmo quando o padre Sidrônio morreu, elas continuaram na instituição, mantendo a sua obra, sob a orientação dos novos diretores que os Arcebispos dom Helder e dom Cardoso nomearam.

Era um outro mundo e um outro tempo. As obras humanas têm muitas vezes existência igual à dos homens, raramente sobrevivem aos seus criadores. Dói, tantas vezes, vê-las decair, assim como dói a partida definitiva de um amigo. Mas não é importante que as obras fiquem como tais, para sempre. As coisas mudam, o tempo e o mundo se modificam, instituem-se novas práticas e novos valores. O Estado, por exemplo, passa a assumir serviços que, anteriormente, eram realizados somente pela inspiração da caridade cristã. Importante é que cada pessoa responda aos problemas do seu tempo e do seu meio da melhor forma que puder. Fecunde o mundo em que lhe foi dado viver. Corresponda às angústias e aos clamores dos anos que passar na terra. E foi isso mesmo que aquelas duas freiras fizeram – integralmente dedicadas a Deus, à Igreja, aos pobres, segundo a lição admirável do cônego Sidrônio.

A mínima justiça que se poderia fazer a elas, sinal da gratidão de toda a comunidade daquele modesto arruado, seria simplesmente dar à praça, que a prefeitura há pouco construiu no meio, acabando com o lamaçal que ali havia, o nome de irmã Filomena.

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